—Luna, um prazer revê-la — diz papá, mostrando o pescoço em sinal de submissão, mamã faz o mesmo enquanto eu ganho o olhar dos dois homens e também de Luna, mamã percebe e me dá uma cotovelada em sinal de que faça o que eles fizeram.
—Já faz muito tempo, Luna Stela — digo mostrando o pescoço de má vontade, esta gente não merece respeito da minha parte, mas o que podemos fazer? Ela é a Lua, devemos mostrar-lhe respeito.
—Você cresceu muito desde a última vez que nos vimos, Emma — diz Luna, olhando-me de cima a baixo com um sorriso.
—Sim, bom, a última vez que você me viu não foi a última vez que eu a vi, já sabe, eu estava mal e quase não me lembro de nada desse dia — digo com sarcasmo que obviamente não passou despercebido.
—Lamento muito o que...
—Não lamente, porque não há nada para lamentar, a verdade é que nos expulsarem foi a melhor coisa que podia ter-me acontecido, para a minha mãe e para mim, claro, a única coisa que lamento é que o meu pai não pôde voltar a ver a sua família, mas do resto fico feliz que tenha acontecido.
"Emma, prometeste que te comportarias, mocinha", repreende-me mamã pela ligação mental.
"Desculpa, mamã, não pude evitar."
Luna Stela olha-me surpreendida e os outros dois homens também, mas eles têm uma mistura de surpresa e raiva, é óbvio que não gostaram que eu falasse assim com a sua Lua.
—Desculpe-a, Luna, ela está um pouco nervosa e a viagem não foi do seu agrado — Luna olha para papá, dedica-lhe um sorriso e assente.
—Apresento-lhes o Beta Mike — aponta para o homem loiro de olhos castanhos — e ele é o gama Ángel — aponta para o moreno de olhos castanhos.
Eles estendem a mão em sinal de cumprimento, hesitam um momento em oferecê-la e eu também hesitei em recebê-la, mas no final o fiz porque mamã lançou-me um olhar que me deu medo.
—E os trigêmeos Alfas? — pergunta mamã, fazendo com que o estômago se embrulhe.
—Estão a caminho, não demoram a chegar — diz Luna enquanto nos guia para o interior da casa da matilha, o meu estômago embrulha quando estou dentro, estar aqui não me traz boas recordações.
—Como têm estado estes anos? — pergunta Luna Stela, mamã responde de forma amável a todas as suas perguntas e eu tento não me envolver na conversa porque não quero causar problemas.
—E você, Emma, como tem estado? Espero que bem.
E aí está a pergunta que tanto queria evitar.
—Tenho estado bem, obrigada — respondo seca.
—Espero que não tenhas voltado a ficar doente como da última vez.
Que necessidade há de mencionar isso? Será que não me vejo bem ou quê?
—Não, graças aos médicos humanos não voltei a ficar doente e, pois, estou eternamente agradecida por salvarem a minha vida.
—Pois também não é como se tivessem feito muito, és um lobo, não acho que haja necessidade de agradecer tanto quando só fizeram algumas coisas.
E até aqui chegou o meu limite.
—Pois não, na realidade devo estar eternamente agradecida a eles, fizeram de tudo para me salvar e deram-me o apoio que os da minha espécie me negaram — faz cara de desgosto, obviamente não gosta que elogie os humanos, mas eles procuraram isso — além de que nesse momento eu era apenas uma menina de dez anos, o meu lobo não podia ajudar-me, então eles fizeram muito, demasiado diria eu, e não merecem que lhes diminua todo o seu esforço só porque os lobisomens não gostam dos humanos, tenho vivido no mundo humano há oito anos e, pois, trataram-me melhor que os da minha espécie, lá nunca fui julgada nem maltratada só porque não tinha um lobo, nunca gozaram comigo só porque era "fraca", então tenho muito a agradecer ao mundo humano.
Luna fica sem palavras, embora tenha dito tudo com a maior tranquilidade possível, vê-se o quanto me afeta saber que o apoio que tinha que dar-me os da minha espécie deram-me os humanos.
—Emma! Chega — repreende-me papá.
—O que é que eu disse, papá? Será que é mau dizer a verdade?
Papá e mamã sabem o quão mal eu passei e sei que não me repreendem por dizer a verdade, mas porque é uma falta de respeito falar dessa maneira com a Lua da matilha.
—Calma, ela deve estar um pouco alterada, entende-se que não tem uma boa imagem de nós e entendo o porquê.
Diz Luna depois de sair do seu transe, o gama e beta querem assassinar-me com o olhar, mas importo-me muito pouco.
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Atualizado até capítulo 49
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