A Primeira Vista da Casa das Marés

 Sofia mal conseguira dormir depois da descoberta das cartas. A emoção de encontrar um fragmento tão íntimo e pessoal da história de Beatrice e Thomas mantivera sua mente em constante atividade. Ela sabia que aquelas cartas eram apenas o início de uma investigação que poderia mudar sua vida e a de muitas outras pessoas em Bellehaven.

Na manhã seguinte, Sofia acordou cedo, a ansiedade e a curiosidade pulsando em suas veias. Após um rápido café da manhã na aconchegante sala de jantar da pousada, ela partiu novamente em direção à Casa das Marés. O sol mal começava a iluminar o horizonte quando ela chegou à propriedade, imersa em uma neblina matinal que conferia um ar ainda mais misterioso à mansão.

Ao atravessar o portão enferrujado, Sofia sentiu uma sensação de reverência. A fachada da Casa das Marés, com suas pedras antigas e hera trepadeira, parecia contar histórias de uma era passada. Ela caminhou lentamente pela entrada principal, observando cada detalhe arquitetônico e imaginando como seria a vida na mansão durante os dias de glória.

Dentro da casa, o ar estava carregado de um cheiro peculiar, uma mistura de poeira, madeira antiga e maresia. O hall de entrada era amplo, com um lustre imponente e uma escadaria de madeira que levava ao andar superior. Sofia abriu as janelas, deixando o ar fresco entrar e dissipar um pouco da escuridão que permeava os cômodos.

Ela decidiu começar o dia no salão principal, uma sala espaçosa com lareira de mármore e janelas que iam do chão ao teto, oferecendo uma vista deslumbrante do oceano. O papel de parede desbotado e as cortinas rasgadas falavam de anos de abandono, mas também de um passado cheio de vida e elegância.

Enquanto inspecionava as paredes em busca de mais cavidades ou compartimentos escondidos, Sofia não pôde deixar de se imaginar vivendo ali, cercada de luxo e mistério. Seus dedos tocaram suavemente o papel de parede, sentindo a textura desgastada sob as pontas, como se quisesse absorver a história que ali repousava.

A meio da manhã, Daniel Whitmore chegou à casa para oferecer sua ajuda. Ele era o historiador local, um homem de cabelos castanhos escuros e óculos que lhe conferiam um ar acadêmico. Eles haviam se conhecido brevemente no dia anterior, e Sofia ficou grata por ter um aliado tão conhecedor da história local.

"Bom dia, Sofia", disse Daniel, com um sorriso caloroso. "Como está a restauração até agora?"

"Bom dia, Daniel. Está indo bem. Fiz uma descoberta interessante ontem. Encontrei uma caixa de cartas antigas escondida em uma parede no andar superior. Acho que pertenciam a Beatrice Davenport."

Os olhos de Daniel se arregalaram de interesse. "Beatrice Davenport? Isso é fascinante! Sempre houve rumores sobre ela e um romance proibido, mas nunca houve provas concretas."

Sofia assentiu, sentindo a excitação crescer. "Sim, parece que essas cartas podem revelar muito. Você poderia me ajudar a decifrá-las e talvez descobrir mais sobre essa história?"

"Claro, adoraria ajudar. A história de Beatrice é uma das mais intrigantes de Bellehaven. Se pudermos descobrir mais, será um grande passo para entender o passado desta casa."

Os dois passaram o resto da manhã trabalhando juntos, examinando cada centímetro do salão e discutindo as possíveis implicações das cartas. Daniel trouxe mapas antigos da cidade e documentos históricos que poderiam fornecer contexto às descobertas de Sofia. A colaboração deles começou a desenhar um quadro mais claro do que havia acontecido ali há mais de um século.

Na pausa para o almoço, Sofia e Daniel sentaram-se no jardim da casa, apreciando a vista do mar enquanto discutiam suas descobertas. Daniel contou a Sofia sobre a lenda que cercava a Casa das Marés, uma história de amor, traição e tragédia que havia sido passada de geração em geração em Bellehaven.

"Segundo a lenda, Beatrice e Thomas estavam profundamente apaixonados, mas o pai de Beatrice, Lord Charles Davenport, era um homem autoritário que nunca aceitaria o romance. Thomas era apenas um pescador, e para Lord Davenport, isso era inaceitável. Dizem que ele fez de tudo para separar o casal, mas ninguém sabe ao certo o que aconteceu com Thomas."

"Essas cartas podem ser a chave para desvendar esse mistério", disse Sofia, pensativa. "Se pudermos entender o que realmente aconteceu, poderemos finalmente contar a verdadeira história de Beatrice e Thomas."

"Exatamente", concordou Daniel. "E isso não só ajudaria a preservar a história de Bellehaven, mas também poderia trazer uma sensação de justiça e fechamento para a memória deles."

À medida que a tarde avançava, Sofia e Daniel voltaram ao trabalho, agora com um novo senso de propósito. Cada descoberta, cada detalhe, parecia aproximá-los mais da verdade. No entanto, Sofia não podia deixar de sentir uma tensão crescente. A Casa das Marés não era apenas um lugar de histórias passadas, mas também um cenário de segredos enterrados e forças que talvez ainda não quisessem ser reveladas.

Ao final do dia, Sofia se sentia exausta, mas também animada. Havia muito a fazer, muitas perguntas a responder, mas ela sabia que estava no caminho certo. Enquanto trancava a casa e se preparava para voltar à pousada, ela olhou para trás, para a imponente mansão à beira-mar. A Casa das Marés parecia observá-la de volta, suas janelas como olhos que guardavam segredos profundos e antigos.

Sofia sabia que sua jornada estava apenas começando. As cartas eram apenas o início, e ela estava determinada a seguir cada pista, desenterrar cada fragmento do romance de Beatrice e Thomas, e finalmente trazer à luz a verdade que aquela casa guardava tão zelosamente.

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