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Estou debruçado sobre uma pilha de papéis na minha mesa no escritório. A sexta feira está de doer.
💭Que merda! Como que meu pai não surtou nesses anos todos ?💭
Esse pessoal é igual rato, bom, um bando de ratos bêbados. A quantidade de quebras de garrafas de bebidas é absurda. E o pior é que noventa e cinco por cento do montante dessa quebra é de causa desconhecida, ou seja, são extraviadas. Como não dá pra sair daqui com nada na bolsa, já que os seguranças revistam tudo na portaria, eu presumo que os funcionários estejam trabalhando embriagados.
Reviro meus olhos.
Os chocolates também somem de maneira surpreendente.
Será que na indústria temos esse tipo de problema também?
Não é possível!
Respiro fundo e me levanto afim de esticar as pernas e pegar uma água mineral no frigobar.
Sheila bate na minha porta.
- Senhor Barsamian, o senhor Machado está aqui e deseja vê-lo.
Reviro meus olhos outra vez ouvindo isso. Esse cara veio chorar as pitangas como minha mãe diz. Tem uma terceirizada que faz um serviço de limpeza nos elevadores e nos locais mais altos, eles usam equipamentos que o pessoal diretamente contratado daqui não tem acesso, e sempre fazem isso nos fins de semana quando o CD e a indústria estão fechados. Acontece que eu notei que tem algo errado com as notas de prestação de serviço, tem um produto em específico que sofreu um aumento de cem por cento em três meses.
- Tudo bem Sheila, pode mandar ele entrar...
Ela se vira e antes que saia eu me apresso em dizer.
- Quer fazer uma hora extra comigo?
Sheila dá um sorriso de canto e usa uma voz sedutora pra mim.
- Aqui no seu sofá ou na sua cama?
Enfio minhas mãos nos bolsos.
- A gente pode começar aqui e parar na sua. O que acha?
- Vou pensar no seu caso, senhor Barsamian.
É lógico que ela vai aceitar. Está tentando me seduzir fazendo um joguinho barato. A sorte da senhorita Maldonado é que eu ainda não enjoei dela, por isso aceito o joguinho. Minha assistente se vai deixando a porta livre pra que César entre.
- Boa tarde, Bruno.
Faço uma cara de poucos amigos. Paciência nenhuma pra desculpas esfarrapadas, que é o que está na cara dele que veio fazer.
- O que você deseja, Machado?
Cesar é um homem corpulento, com uma barriga de grávida de nove meses. Esse cara devia se cuidar, aposto que não consegue ver o próprio p*u por causa dessa pança toda.
- Vim aqui conversar sobre a quebra de contrato que seu advogado avisou que está acontecendo. Por que interromper algo que tem dado certo por tantos anos assim?
Fecho meus olhos e balanço a cabeça.
- Porque eu não estou aqui pra ser feito de otario, César. Meu pai não notou, mas eu sim, você aumentou e muito o preço de custo das coisas. Eu não consigo entender o porquê de você ter feito isso, mas se pensou por algum momento que eu sou relapso e deixaria essa festa continuar, você está redondamente enganado.
E bota redondamente nisso, seu rolha de poço!
- Está dizendo que eu estou roubando vocês?! O reajuste foi feito de acordo com a demanda.
Deixo um sorriso dançar no meu rosto.
- Se a carapuça serviu, não posso fazer nada.
Ele fica indignado comigo e explode.
- Nunca fui tão ultrajado assim na minha vida! Seu pai não te deu um pingo de noção e civilidade, Bruno?
COMO É QUE É?!
- Ultrajante é você achar que pode vir aqui e se fazer de vítima. Se dê por satisfeito de eu pagar a rescisória dessa droga de contrato. Quanto ao seu questionamento, mais do que ser civilizado meu pai me ensinou a não ser trouxa.
Cesar estar vermelho de ódio de mim.
- Você não pode descartar as pessoas assim. Vocês são os meus maiores e melhores clientes, tenho pais e mães de família que dependem de mim. Como vou fazer agora pra manter os empregos deles?
Arqueio a sobrancelha direita pra ele.
- Pensasse nisso antes de agir de má fé. Ou então arrume outro pato pra depenar.
O homem se encaminha até a porta e depois fala comigo em uma última olhada cheia de rancor.
- Quando fiquei sabendo que você voltaria para o Brasil e que assumiria o lugar de seu pai, ouvi histórias de que você é um homem arrogante, prepotente e soberbo. Deixe esse comportamento de lado, Bruno, ou vai terminar seus dias sozinho e ninguém consegue viver assim.
Ah, pelo amor de Deus!
- Eu sou Bruno Barsamian, César. Não preciso das pessoas, elas é que precisam de mim.
Era só o que me faltava!
Levar lição de moral de quem está errado. Eu detesto levar de quem está certo, quem dirá de quem está me roubando ainda.
Me encaminho até o bar no canto do meu escritório e sirvo uma dose de Bourbon, e enquanto eu olho a vista e vejo o pátio do CD e a indústria lá em baixo, eu sinto a irritação deixando meu corpo.
💭 Vou dar um jeito nessas empresas, ah se vou!💭
Meu telefone toca e eu pego em cima da mesa sem me virar, quando confiro a tela dou um sorriso de canto.
É a minha cadelinha preferida. A que sempre se rasteja pra mim depois que eu virei um homem de verdade.
Atendo e antes mesmo de um alô, eu já escuto:
📲🔊 - Poxa Bruno, você voltou e nem me falou nada.
Reviro os olhos ouvindo a voz manhosa que ela faz comigo, achando que eu ainda sou o mesmo otario que fazia tudo que ela queria quando usava esse truque infantil pro meu lado.
📲🔊 - Eu tenho coisas mais importantes pra fazer, Kim.
Ela estala a língua chateada do outro lado da linha.
📲🔊 - Você é tão grosso! Nem sei porque eu ainda falo com você, fiquei esse tempo todo sem te ver e é assim que você me trata?
Não resisto a piadinha infame.
📲🔊 - É justamente por eu ser grosso, em todos os sentidos, que você ainda fala comigo. E deixa de drama, você me viu há quatro meses atrás. Se esqueceu que viajava direto pra ir me ver e eu te tratava mais do que bem?
Ela desiste de fazer a sonsa e muda de tática. Vai direto ao assunto.
📲🔊 - Ah, que seja. Escuta, eu comprei uma lingerie nova, daquela marca que você gosta. Quero usar ela hoje, por que você não vem me ver?
Hum, Kim usando Pleasurements é um espetáculo. Ela é uma ordinária mas tem um corpo perfeito, toda gostosa, e quando ela usa essas lingeries pra mim eu quase morro. Mas como sempre eu vou mostrar a ela que sou eu quem mando agora e que as coisas vão ser sempre do meu jeito, e não do dela.
📲🔊 - *Porque hoje eu vou c*mer outra*.
O silêncio que ela faz me diz que ouvir isso assim de mim, com tanta naturalidade, a pegou de surpresa. Eu daria qualquer quantia em dinheiro pra ver a cara dela agora.
📲🔊 - Nossa Bruno, eu tenho sentimentos, sabia?
Fecho meus olhos percebendo o tom de voz magoado com que ela me fala isso.
É um inferno, de vez em quando eu ainda sou aquele babaca que não gosta de magoar ninguém, principalmente se for ela.
Mas logo eu me lembro o quanto ela me magoou e isso passa. Mesmo assim eu suavizo meu tom.
📲🔊 - Olha Kim, só não dá hoje, tá? Eu te ligo amanhã e nós fazemos alguma coisa, te compenso por hoje.
📲🔊 - *Quem te disse que amanhã eu vou querer te ver?! Pode ficar com quem seja a vadia que você vai tr*par hoje, eu não preciso de você, Bruno, eu sou uma mulher linda, rica e gostosa, homem é o que não falta*.
Ah, pelo amor de Deus...
📲 🔊- *Homem é o que não falta mesmo, a maior prova disso foi você sendo uma vagabunda de primeira comigo e me enfiando um chifre quando eu era todo burro e te entregava o mundo de bandeja. A questão toda senhorita Avakyan, é que nenhum deles é como eu. Nenhum te f*de como eu, nem te trata como eu te trato em cima de uma cama, não tem metade do meu charme e nem a mesma cara bonita que eu tenho. Quem não precisa de você sou eu, aliás, você sabe muito bem que eu não preciso de ninguém, e quando eu digo ninguém, é ninguém mesmo. Então me faça um favor e suma da minha vida de vez*.
Encerro a chamada sentindo a irritação voltando a se instalar em mim. Sirvo mais uma dose de conhaque e bebo de uma vez, pra ver se dissipo a tensão do meu corpo.
Olho no relógio do meu pulso e ainda são duas e quarenta e dois da tarde.
Inferno!
Solto o ar com força e me sento na cadeira pra resolver algumas coisas, mas é inútil. Estou sem cabeça alguma pra isso.
*💭 Quer saber? F*da-se!💭*
Pego o telefone da minha mesa e Sheila me atende no primeiro toque.
📞 - Pois não, senhor Barsamian?
📞 - Encerra tudo aí, quero conhecer sua cama agora.
Ouço a respirada funda que ela dá. Usei meu tom de voz mais firme pra dizer isso, e sei que me conectei diretamente com a libido dela. Tanto que dessa vez ela não faz nenhum tipo de joguinho, me responde simples:
📞 - Agora mesmo.
Pego minhas coisas e ligo pra André.
📲🔊 - Estou encerrando meu expediente agora, mas não vou pra casa, vou pra casa da Sheila. Você pode me deixar lá e ir cuidar da sua vida, depois eu te ligo.
📲🔊 - Tudo bem, como você preferir.
Não demora muito e Sheila aparece na porta com a bolsa no ombro.
- Vamos? Eu tenho uma *garrafa de Bougrier branco. Algo me diz que você precisa de uma boa taça de Sancerre e um b*quete caprichado*.
Me aproximo dela e abro um sorriso enorme enquanto pego na sua b*nd*.
- Eu vou te dar um aumento, mulher.
*********
Acordo no sábado com Sheila grudada em mim. Olho pra esquerda e vejo a garrafa de vinho vazia, junto com os rastros da comida japonesa de ontem.
Olho no relógio de cabeceira dela e são pouco mais de nove da manhã. Uso um tom baixo pra falar com ela.
- Sheila, acorda, eu preciso ir e você está em cima de mim.
Ela geme e diz de olhos fechados:
- *Não, fica aí. A gente tr*nsa de novo e depois pede mais alguma coisa pra comer*.
Nem ferrando. É assim que a minha dor de cabeça começa.
- Tenho coisas pra fazer e preciso visitar meus pais.
Quando ela abre os olhos eu consigo perceber que está um pouco chateada pela minha resposta.
- Tudo bem, então.
Sheila se levanta e se enrola em um robe longo, eu dou um pulo na cama e uso o banheiro dela. Quando volto eu me enfio no meu terno e digo:
- Te vejo na segunda.
Não vou correr o risco de esperar André chegar, vou achar um táxi por aqui mesmo e cair fora o mais rápido que der.
*******
- O que aconteceu entre você e César?
Olho pra meu pai usando apenas uma bermuda amarela e óculos de sol. Ele me indaga assim que me vê chegando no jardim dos fundos.
Olho pra piscina e enfio as mãos no bolso da minha bermuda jeans. Depois volto minha atenção pra seu rosto.
- Aconteceu que ela estava superfaturando as coisas pra arrancar dinheiro fácil da gente e eu o cortei.
Meu pai pisca meio incrédulo, acho.
- Não é possível. Tem anos que Machado presta serviço pra mim, eu o conheço bem, é de minha total confiança.
Tiro meus próprios óculos escuros e deixo em cima da mesa branca de ferro, faço isso pra que ele veja meu revirar de olhos.
Pego a jarra de suco e enquanto eu sirvo dois copos, ao mesmo tempo que me sento, respondo:
- Não, o senhor não conhece aquele homem bem. Vou te mostrar segunda lá naquele escritório o aumento exorbitante e a jato que os produtos dele sofreram.
Meu pai segura o copo fazendo uma careta.
- Não é possível.
- Pois pode acreditar, senhor Barsamian.
Sinto um carinho no meu peito, em um toque que vem por trás. Abro um sorriso e pego a mão com a aliança enorme de casamento.
- Oi mãe.
Inclino a cabeça um pouco pra trás e ela beija minha testa.
- E então, resolveu o problema?
Ah, é...
- Não, eu me esqueci completamente.
Ela está falando sobre arrumar uma pessoa pra cuidar da minha casa. Contratei uma empresa especializada em faxina e uma senhora vai cuidar lá de casa duas vezes por semana, mas eu preciso de alguém pra manter organizado e cuidar da comida.
- Você precisa resolver isso, não dá pra viver de delivery pra sempre.
Faço uma gracinha com ela.
- Dá sim, estou forte e saudável.
Minha mãe me dá um peteleco.
- Trate de arrumar alguém, ou eu arrumo.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Fatima Gonçalves
será pode ser
2024-10-04
0
Raynna melice Santos
Será?
2024-09-21
1
Lucia Maria
lindos mãe e filho ❤️
2024-05-11
6