Era uma cidade onde o tempo parecia mover-se devagar demais, como se tudo estivesse preso em velhos hábitos e promessas não cumpridas. Ali vivia Selene, uma jovem que jamais imaginara que sua vida pudesse ser tomada por alguém de maneira tão sutil quanto devastadora.
O homem se chamava Aric. No início, era apenas uma presença constante: encontros casuais, elogios persistentes, pequenos favores que pareciam inofensivos. Mas, com o tempo, cada gesto se tornou uma teia invisível que cercava Selene. Ela percebeu tarde demais que não podia mais decidir livremente para onde ir, com quem falar, ou até mesmo como sentir.
Aric não era violento de forma explícita, mas tinha um talento terrível: ele manipulava sentimentos, constrangia, usava sua influência para que ela se sentisse obrigada. Tudo parecia “destino” ou “proximidade natural”, mas Selene sentia no fundo do peito que estava sendo conduzida — controlada — por mãos que ela não podia ver.
Um dia, ao recusar um convite dele, Selene sentiu pela primeira vez o peso real da teia. Aric olhou para ela com uma calma quase cirúrgica, e disse:
— Não é preciso recusar, Selene. Você vai perceber que nosso destino está entrelaçado.
A frase parecia inocente, mas carregava uma coisa e eu não sabia explicar.