“Eu gostaria de contar uma história para vocês. Existe um lago que é próximo a uma antiga vila que foi abandonada na década de 1920. Quando eu era mais jovem, por volta dos meus treze anos, observava pessoas em volta do lago, olhando para ele por horas e horas. Dizem que aquele lago causa paz e tranquilidade na alma, acredita-se também que é milagrosa. Eu fiquei animado e queria conhecer. A vila em que eu morava não é longe da outra, então, eu fui para lá de noite. A água ficava mais bonita com o reflexo da Lua, mas aquela vila tinha energias ruins… muito ruins. De repente, eu escutei uma voz feminina. Uma mulher alta, seus cabelos azuis longos batendo quase no calcanhar, pele pálida como a Branca de Neve e estava sem as suas roupas.
— Você precisa sair daqui. As pessoas não são boazinhas como pensa. Elas são cruéis e invejosas. Estão com ódio em seus corações e querem ocupar mais terras. Fuja enquanto ainda dá tempo.
Eu senti aquele arrepio na espinha. Quando tentei falar com ela novamente, desapareceu em um raio de segundos.
Novamente fui para a vila. As pessoas estavam sendo mortas de forma brutal. O motivo seria a fome e pequenas terras para a colheita. A mulher estava certa. Tentei me afastar e acidentalmente fiz barulho pisando em um galho. Um homem olhou para mim e jogou um machado em minha direção. Por pouco perco a perna. Fui para a floresta e fiquei por cima de uma árvore, sem produzir nenhum som. O homem desistiu e se retirou.
A moça dos cabelos longos apareceu novamente em minha frente, sentada em um dos galhos. Dessa vez, usava um kimono branco com flores vermelhas destampadas e seu cabelo preso com uma longa trança. Seu rosto era estranhamente atraente. Seus olhos eram totalmente brancos e sua boca rosada, com cílios longos e claros, como se tivesse na neve.
— A vila está condenada. Não é seguro ficar aqui. Venha comigo para que sua vida não corra risco.
Aquela mulher misteriosa se movimentava delicadamente, apesar do seu tamanho e cabelo volumoso. Desci da árvore e a segui sem dizer uma palavra, apenas olhando para seu andar.
O lugar era ‘comido’ por plantas e rosas, com um aroma agradável. Em minha frente, uma lápide escrito: descanse em paz, Aidala. Não entendi bem até ela me explicar.
— Esse é meu túmulo. Tinha apenas 18 anos quando me mataram. A inveja foi algo que eu não pude evitar, mas nunca guardei mágoas dos meus assassinos. Eles também tiveram um fim de forma horrível por conta de suas escolhas.
Eu me assustei e não acreditei que eu seguia um espírito o tempo todo. Minha mente estava confusa e minhas emoções só esboçaram medo.
— Por favor, não tenha medo de mim. Eu não irei mal algum, mas por favor, não suje meu lago ou irrite os animais.
Ela me tratou bem e cuidou de mim até a minha fase adulta. Deixei a minha vila e me despedi dela. A última coisa que eu escutei dela foi:
Siga sua jornada sem arrependimentos e sem sentimentos ruins em sua mente.
Ela nunca foi uma pessoa maldosa, eles a mataram… se você encontrou isso, eu peço que não a machuquem ou a irrite.”
Kojiro Shizuoka, 23 de setembro de 1931
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