O ar permanece, o coração bate, a vida corre, nada muda. Passam os dias, o brilho some, o sonho se torna pesadelo: o imigrante se torna estrangeiro.
A língua muda, a roupa muda, a comida muda, a música muda, as pessoas são outras, lembrança surge.
O pensamento não erra, a saudade dilacera, dá vontade de ouvir um "oi". E como haverei eu, de viver num lar que não é meu, numa terra que não é minha?
Sinto saudade dos meus pais, dos churrascos de família, do samba e de toda batida, até dos funks eu reclamava, saudades da terra que amava, mas para qual não voltarei.
Agora, me sinto alguém novo. Ainda com saudades, não minto, mas não muda o que eu sinto, sobre este meu novo lar, o lugar onde vivo.
Em prosa ou em verso, talvez até não esteja certo, mas escrevo o que o coração sente, cotidiano que não é do corpo e sim da mente, terapia pra adaptar.
Talvez um dia, neste lugar onde vivo, um dia me sinta vivo, como me sentia lá.