Meu nome é Irene, tenho 19 anos e trabalho sendo gamer. Eu ainda moro com os meus pais e eles me dão muita liberdade e apoiam a decisão que eu tomei para o meu futuro.
Como eu sou do ramo de jogos e sou bem conhecida na Twitch, fui convidada para a "Netnerd", um evento onde vários fãs e gamers se juntam para resenhar, conversar, dar autógrafos e etc. Obviamente eu aceitei o convite e já fui logo ansiosa contar para os meus pais.
Era daqui 2 dias e eu precisava do carro de papai, mas quando eu reuni os dois na sala e contei pra eles...mamãe não parecia muito contente.
"Será na cidade vizinha, começará às 15:00 e encerrará às 20:30. Eu prometo que chego em casa antes das 23:00. Por favor!". Disse eu tentando convencer eles de alguma forma.
Ah, esqueci de falar uma coisa. Minha mãe não gosta que saímos depois das 23:00, ela disse que há algo nas ruas. Eu obviamente não acredito nela, mas ainda sim tenho que seguir essa regra estúpida.
Depois de um tempo convenci eles e não foi nada fácil, eu até entendo eles, sabe? Por mais que me apoiem eles tem medo de acontecer alguma coisa comigo, é amor parental.
Subi para o meu quarto pois já estava atrasada para começar minha live, o jogo escolhido era "Life is strange", um dos meus jogos favoritos. Contei sobre a minha participação na Netnerd e vi meus fãs confirmando que irão lá para me ver. Fiquei super feliz com isso e então iniciei minha partida.
1 dia depois
"É amanhã, é amanhã!" Pensava eu arrumando minhas malas para embarcar na viagem de 2 horas e meia. Maquiagens, roupas, coisas para cabelo... é, aparentemente estava tudo pronto.
Era 18:00 e eu já estava pronta para sair de casa, quis ir mais cedo para não pegar estrada tarde e correr o risco da minha mãe me barrar e também não queria ir no próximo dia, disseram que o hotel era lindo, queria ter essa experiência.
Desci com as minhas malas e despedi dando um beijo na face da minha mãe e do meu pai. Assegurei-os de que chegaria bem e que eu iria avisar quando eu chegasse no hotel.
Saí de casa as 18:04.
Liguei o rádio e por sorte estava tocando minha música favorita "Everybody wants to rule the world". O sol ainda estava no céu, as ruas não tão cheias e o clima estava ótimo, eu chegaria logo no hotel.
A escuridão já havia devorado o céu, mas eu já estava na metade do caminho. Estava tudo indo muito bem ate que eu senti algo estranho vindo de uma rua completamente deserta com uma floresta quase devorando a pista. Ao passar naquela rua tudo ficou mais frio, o rádio havia parado de funcionar, o carro ficou mais fraco e os faróis começaram a reduzir e aumentar simultaneamente parecendo que iriam queimar. Ignorei tudo isso, ainda nem era 20:00, não tinha nada ali, deve ser só algum erro no carro, mas nada explicava o frio tão repentino.
20 minutos dessa anomalia se passaram e tudo voltou ao normal assim que eu saí daquela parte. Demorou mais do que o esperado pois o carro estava engasgando toda hora. Isso foi no máximo estranho e no mínimo bizarro. Por mais que tudo estivesse normal, eu jurava que tinha visto algo pelo canto do olho na beira da pista, mas deve ter sido só uma impressão causada pelo "desespero" na hora.
Cheguei no hotel depois de um tempo e todos tinham razão, o hotel era lindo! Fiz o que tinha que fazer e logo me instalei no meu quarto no décimo andar que tinha uma vista incrível da grande cidade. Tomei um banho e liguei para os meus pais para avisar que havia chegado e me instalado bem e antes das 23:00.
Depois de arrumar minhas coisas para o evento eu decidi pedir uma pizza, pois no hotel não havia jantar. Comi, escovei meus dentes e me preparei para dormir.
Foi uma das melhores noites da minha vida, o colchão era maravilhoso e o ar condicionado era simplesmente o melhor que eu já havia visto. Acordei às 08:30, escovei meus dentes e comi o resto da pizza como café da manhã.
Fiquei de bobeira por um longo período de tempo até eu ver o horário e me assustar, era 13:30 e eu tinha que pegar uns 40 minutos de estrada até chegar no local onde era o evento.
Me arrumei muito rápido e logo parti para o evento. Cheguei lá literalmente faltando 5 minutos para as portas abrirem, que alívio, eu não podia me atrasar, era o meu primeiro evento grande.
Horas se passaram e eu conheci muita gente incrível, recebi muitos presentes e fui muito bem recebida pelos organizadores. Amei cada momento em que estive ali, mas eu estava extremamente cansada, já era 21:00. Fui embora com meus olhos ardendo de tanto sono.
Eu estava dirigindo consideravelmente rápido para chegar o quanto antes no hotel e descansar logo. Cheguei em um tempo recorde, bem menos do que eu gastei para a ida. Descarreguei meu carro que estava cheio de presentes e me dirigi até o saguão.
Santo Deus, eu estava tão cansada e aquilo estava muito pesado. Queria alguém para me ajudar a levar tudo aquilo até meu quarto.
-Irene Lockhart?
Ouvi uma voz me chamando e olhei para trás que era de onde o som vinha e lá havia um homem alto com uma prancheta. Achei que ele iria me ajudar a carregar as sacolas e caixas até meu quarto, mas tive uma surpresa nada agradável.
-Sou eu.
- A senhora não pode passar a noite aqui, seu registro não confirma duas noites.
Não acredito, os administradores não deram duas noites para os participantes e não havia nada escrito no e-mail sobre isso. Eu não estava preparada para pagar por mais uma noite naquele hotel e não conseguiria nem se eu quisesse, aparentemente era um absurdo de caro. Fingi estar tranquila e compreensiva, sorri e disse:
- Ok. Foi uma surpresa e tanto, eu não sabia. Posso deixar essas coisas aqui? Só até eu pegar minhas outras coisas que estão no quarto?
- Não, senhora. Leve tudo de volta ao seu carro, essa área é apenas para quem está hospedado. Seja breve, você tem 15 minutos. Preciso liberar o quarto.
Após dizer isso o homem saiu. Pela sua má educação eu quis mesmo sair dali.
Sai do hotel e já eram 21:50, eu estava em desespero pois não havia como eu chegar em casa antes das 23:00 e por mais que eu não acreditasse na história da minha mãe eu não queria correr riscos.
Fui dirigindo para casa pois não havia nenhum outro lugar onde eu poderia ficar.
"mamãe vai me matar quando eu chegar" pensei o mesmo por longos minutos até que minha atenção foi direcionada ao painel do carro do meu pai que avisava estar quase sem gasolina.
Ótimo! Era tudo que eu precisava. Eu não sabia onde eu estava direito, não sabia onde tinha um posto e muito menos sabia onde eu iria passar a noite já que eu não queria desapontar minha mãe. E sem contar que eu não levei muito dinheiro para a minha viagem.
Respirei fundo para acalmar meus nervos e pesquisei no Google onde era o posto de gasolina mais próximo de onde eu estava. Achei um que estava a 15 minutos dali, rezei para que a gasolina desse até que eu chegasse ao meu destino.
Milagrosamente consegui chegar ao posto. Era um local pequeno, com pouca iluminação, apenas algumas luzes fracas funcionavam perto das bombas. Eu não tinha a menor certeza de que eu iria colocar gasolina verdadeira no meu carro, o lugar era muito esquisito. Mas há sempre uma contrapartida e nesse posto era uma lojinha de conveniência que tinha todas as luzes acesas e uma placa sinalizando estar aberto, mas não havia nenhum funcionário ali. E o exterior estava vazio e estava um silêncio agonizante. Então decidi sair dali o mais rápido possível e ligeiramente apertei os botões para que a gasolina saísse. Eu coloquei 50 reais nas configurações da bomba. O suficiente para que eu chegasse em casa, assim eu acredito.
E na hora que eu fui colocar a pistola na bomba ela não estava funcionando.
"Porcaria! Por que está tudo dando errado?" Isso rodava a minha mente, não é possível que eu esteja tão azarada assim.
Tomei coragem e fui até a loja para procurar ajuda de qualquer funcionário que estivesse ali, mas claramente não obtive sucesso. Bati na porta, entrei, chamei por alguém, toquei o sino que estava no balcão e nada. Suspirei fundo para não gritar e bater em qualquer coisa em minha frente. Perdi 50 reais, esse poderia ser o dinheiro em algum hotelzinho barato para essa noite, mas já não tinha mais ele.
Eu ia saindo da loja quando me senti sendo observada. Com medo me virei e havia um homem de longas barbas, camisa xadrez vermelha e um boné verde de algum time de futebol americano.
"Posso ajudá-la, senhorita?" Soou sua voz grossa.
"há quanto tempo está aí?" Perguntei com receio.
"O suficiente para ver seu carro dando problema, você entrar e quase alcançar um ápice de raiva." Ele disse em um tom sério.
"Por que não veio antes? Olha, eu preciso de ajuda, a pistola não está funcionando no meu carro e eu quero sumir daqui logo." Disse tentando controlar minha raiva.
"Provavelmente a senhorita não destravou a pistola. É preciso apertar um botão de um cadeado aberto, não a vi fazendo isso em momento algum." O atendente disse em um tom provocativo e ele tinha razão, eu não apertei botão algum.
O agradeci e saí da loja. Fiz o que o moço disse e funcionou. Estava voltando para o meu carro quando eu pensei que eu poderia comprar algo para comer naquela loja já que eu iria enfrentar um longo caminho e eu não comia já fazia um bom tempo. Me dirigi até a loja e peguei dois salgadinhos e um energético. Fui até o caixa onde o homem me encarava com uma expressão confusa.
" O que você faz aqui nessa hora? Não percebe que não acontece coisas boas aqui?"
Essa hora? O que ele quer dizer com isso? Procurei um relógio e me assustei com o horário, 22:45. Dei um suspiro e levei minhas mãos a cabeça.
"Aí não, minha mãe vai me matar. Você conhece algum lugar onde eu possa me hospedar aqui perto?" Perguntei em um tom quase desesperado.
"Você ainda não respondeu minha pergunta, o que você faz aqui?"
"Eu estou saindo dessa cidade e estou voltando para a minha, é próximo, mas não posso andar por aí depois das 23:00. Por favor, onde eu posso ficar?"
"Hm, eu conheço um lugar, mas pra isso preciso ir com você."
Fiz uma cara de nojo e medo ao mesmo tempo.
"Não se preocupe, eu não quero nada com você. O hotel é no caminho da minha casa e te deixar ir sozinha essa hora sabendo de tudo que acontece nessa região seria muita imprudência da minha parte. Seria mais imprudência ainda se eu oferecesse minha casa para você, eu não te conheço, não sei o que você é capaz de fazer. Eu fecho às 23:00. Você poderia me esperar, eu te levo até lá e depois te deixo em paz, está bom pra você?" Disse o atendente.
Seu tom me fez confiar um pouco nele então topei e rezei para que nada de ruim acontecesse.
Da loja mesmo tranquei meu carro e me sentei atrás do balcão enquanto eu comi os salgadinhos que comprei do homem.
Bateu 23:00 e o som do relógio me subiu um arrepio na espinha, eu estava desobedecendo minha mãe, nunca havia feito aquilo, mas pelo menos ela não ia saber.
Saí com o homem em uma distância considerável segura já que éramos dois desconhecidos. Entrei no meu carro e percebi que ele estava me guiando para um lado onde tinha um pouco mais de iluminação. Depois de um tempinho chegamos em um lugar chamado: "SPY NIGHT". Era realmente o menor hotel que eu já vi.
"Esse é o seu destino. Seja legal com Mark e ele será legal com você. Siga todas as regras e nada de ruim irá te acontecer. A propósito meu nome é Luke. Peça pelo quarto número 8, é o quarto que eu costumo dormir. Meu número está na segunda gaveta da escrivaninha. Eu sempre deixo ali caso alguma mulher bonita ache e tenha a curiosidade de ligar." Luke disse e deu uma risadinha. Não esbocei emoção alguma e então ele parou de rir e disse em tom sério:
"Tenha cuidado...Boa noite e boa sorte." Ele se afastou do meu carro e foi em direção ao dele.
Obrigada, Luke.
Estacionei meu carro e adentrei na recepção.
"Boa noite, eu quero reservar o quarto número 8." Disse com voz firme ao atendente.
"Boa noite, senhorita. O quarto 8 está ocupado, pode ser o 9?" Disse o homem que apontava ser Mark, o recepcionista.
"Você tem certeza que tem alguém no quarto, eu precisava mesmo daquele." Disse tentando convencer ele.
"Eu tenho certeza. Já te disse que só tenho o 9. Não posso tirar nenhum cliente de seu quarto." Disse ele aparentando estar se estressando.
"Tudo bem, desculpe, pode ser sim." Estendi a mão para pegar a chave.
"Fica em 10 reais. Apenas uma noite, sem comida, apenas água que é servida aqui na recepção." Ele disse antes de me entregar a chave.
Peguei minha carteira e paguei o valor cobrado.
Peguei a chave e saí até meu quarto. Assim que eu abri a porta o cheiro de mofo invadiu meu nariz e eu comecei a tossir por conta da minha alergia severa. Não tinha outra opção, fechei a porta atrás de mim já que as portas dos quartos davam para o estacionamento que era aberto e qualquer um poderia entrar.
Me tranquei e fechei todas as portas do armário que estava verde de tanto fungo.
Me instalei da melhor forma possível e tive que ficar com uma máscara para me proteger.
Não demorou muito para minha garganta começar a fechar e eu ficar com sede extrema. Não queria voltar na recepção, o homem era amedrontador e só aí me lembrei de uma possível máquina de bebidas que eu havia visto próximo ao local onde estacionei o carro. Me levantei e fui até lá.
Aproveitei para dar uma olhada no carro de papai, aparentemente tudo certo. Paguei 5 reais em uma coca cola, eu precisava de algo para me manter acordada e que matasse minha sede.
Voltei para o meu quarto bebendo aquela coca que estava estranha de alguma forma. Depois de beber todo o líquido da lata me senti tonta e achei que era efeito da minha alergia. Até que notei algo mais estranho ainda, estava tudo girando. As cores estavam se misturando, eu conseguia ouvir meu coração bater e eu estava andando completamente sem rumo e estava batendo nos móveis o que causava um barulho alto.
Eu estava tentando me manter de pé e achar meu celular para ligar para os meus pais, mas não estava nada dando certo. Não estava conseguindo me manter em pé, não achava meu celular e pior de tudo, parecia que eu ia desmaiar pois minha visão estava escura e minha cabeça começou a ficar leve.
Decidi sentar no chão até que tudo aquilo passasse, mas parecia não ter fim.
Comecei então a gritar por socorro.
"SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!" eu gritava desesperada esperando por alguém.
Não demorou muito até que Mark aparecesse e abrisse minha porta com sua chave extra. Ele furioso gritou de volta pra mim.
"POR QUE ESTÁ GRITANDO? NÃO SE PODE GRITAR. ESTÁ ATRAPALHANDO A VIZINHANÇA."
Eu quase sem ar tentava explicar.
"A máquina de refrigerantes...Tem alguma coisa nela..." Eu dizia em meio a tudo.
"Máquina de refrigerante? Do que está falando? Não tenho nenhuma máquina aqui. Se recomponha e pare de usar coisas ilícitas aqui no meu estabelecimento. Você está me irritando, tem sorte que eu ainda não te expulsei daqui!" Disse ele com extrema raiva e saiu batendo a porta.
Eu estava sozinha, precisava achar o número de Luke se eu quisesse viver por mais um dia. Me arrastei até minha cama e repousei minha cabeça no travesseiro duro. Tive que dormir por um tempo até que minha mente voltasse ao normal.
Acordei com um barulho na porta. Assustada e ainda meio tonta vi Mark me encarando com os olhos arregalados e a boca entreaberta. Fiquei com tanto medo que simplesmente continuei deitada fingindo que estava dormindo.
Depois de mais um tempo assim, ele agarrou um celular e tirou algumas fotos minhas, eu consegui ouvir os cliques do seu celular. Aquilo me bateu um desespero enorme, o que ele faria com essas fotos?
Só me levantei quando o ouvi sair dando umas risadinhas perversas enquanto passava as fotos em seu celular.
Me levantei rápido da cama e parei pra pensar em tudo que havia acontecido.
1- Máquina de refrigerante que não existia
2- Mark tirando fotos minhas
Que horas são? Procurei desesperadamente por meu celular, mas não o achava em lugar algum. Só havia um lugar que eu não olhei, o banheiro. O lugar que tinha a porta mais feia que eu havia visto, toda manchada e lá dentro fedia tanto. Era um cheiro de enxofre e lá da porta eu conseguia ouvir barulho de larvas se arrastando.
Eu não havia entrado no banheiro, mas eu tinha que olhar, não estava em lugar algum fora dali.
Juntei coragem e abri a porta. Assim que eu abri eu quis vomitar tudo que eu havia comido nas últimas semanas, havia restos de alguém. As larvas estavam ali, o fedor era dali e finalmente percebi que a mancha era sangue.
Coloquei a mão na minha boca sentindo uma imensa falta da minha máscara que antes estava em meu queixo e agora misteriosamente desaparecida. Comecei a gorfar de tanto nojo, mas me recompus assim que ouvi a porta do quarto abrir novamente.
Entrei para o banheiro, fechei a porta delicadamente e a tranquei. Tudo se passou pela minha cabeça. Queria que fosse Luke me salvando dali, queria que fossem meus pais, a polícia, qualquer um, menos o recepcionista esquisito.
Mas infelizmente reconheci a voz de Mark.
"Eu sei que está por aqui, eu sinto você. Se você estiver dentro do banheiro você já viu o que acontece com quem não segue minhas regras. Aqui está seu celular, vou deixar na cama. Boa noite" ele disse e saiu do quarto.
Assim que a porta bateu eu saí do banheiro, já não estava mais aguentando o cheiro ruim que aquele lugar estava exalando. Me aproximei da cama com toda cautela e peguei meu celular.
Meu desespero foi grande quando eu vi que as fotos haviam sido tiradas do meu celular, mas tudo piorou quando eu continuei a passar pela minha galeria.
Corpos mortos, animais feridos, poças de sangue e diversas outras fotos estranhas, inclusive uma selfie de Mark, mas nessa foto ele estava sorrindo com enormes dentes afiados e olhos negros. Aquela foto me aterrorizou fazendo eu soltar o celular bruscamente e o mesmo caiu no chão.
Como eu iria sair dali? Não sei se eu iria sobreviver a mais uma noite. Eu ainda estava tonta pela bebida misteriosa que tomei, não tinha a menor ideia do que fazer. Minha chave não está no mesmo lugar em que eu deixei enquanto sóbria.
Estava tudo tão confuso e eu estava tão louca que decidi invadir o quarto número 8 que Luke me avisou, mas pra isso eu precisaria do meu celular que estava na beira da cama.
Abaixei para pegar sem olhar para debaixo da cama e liguei a lanterna para procurar algo em minha bolsa que pudesse me ajudar a abrir a porta do quarto que eu estava prestes a invadir.
Agarrei ao cartão antigo que eu guardava de recordação e saí do quarto sem fazer barulho.
Eu precisava fazer aquilo, invadir um quarto com uma pessoa aleatória dentro dele. A que nível eu cheguei? Acho que a droga no meu corpo não estava me deixando pensar totalmente bem.
Levei um certo tempo para conseguir, mas abri a porta e para a minha surpresa não havia ninguém ali. Estava calmo, mas os lençóis estavam bagunçados. Fui até a escrivaninha dita por Luke, mas eu não lembrava qual das 3 tinha o número dele. Saí abrindo todas com pressa.
Na primeira havia pacotes com algo fedorento e um líquido vermelho que provavelmente seria sangue.
Na segunda havia um enorme grupo de barata que saíam apressadas para fora da gaveta assim que eu abri. Meu maior medo/nojo! Me afastei bruscamente deixando minha emoção controlar meu corpo. Entrei em desespero pois algumas delas estavam subindo pelo meu braço e parecia que elas subiam cada vez mais assim que eu me debatia.
Não aguentei e por fim comecei a chorar e soltar rápidos gritos de agonia que estavam ficando cada vez mais altos e agudos. Maldito lugar, maldita noite, maldita praga e maldita possível criatura que Mark seria.
Não estava conseguindo me controlar e senti uma forte falta de ar que achei que era por causa da crise que eu estava tendo no momento, mas percebi que não era quando iluminei meu corpo através do espelho. Eram os braços de Mark. Ele estava me sufocando. Tentei de todas as formas me soltar daquela peste, mas todo meu esforço era nada comparando com a força daquela coisa.
"Eu disse para seguir minhas regras, achei que tivesse entendido. E outra coisa, da próxima vez é melhor olhar debaixo da cama".
Essas foram as últimas palavras que ouvi antes de tudo se apagar, tudo ficar frio e eu morrer.
Acordo assustada com um barulho vindo do meu notebook que eu havia deixado ligado ao meu lado noite passada. Abri minha caixinha de e-mails e lá estava:
"Olá, Irene! Somos da Netnerd e gostaríamos de te fazer um convite..."