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FILHOS DO CREPÚSCULO - Quando a Última Fêmea Morreu, o Céu Aprendeu a Chorar.

APRESENTAÇÃO

SIM! ELA FICA COM OS 5, SE QUISER CONTINUAR SAIBA QUE ISSO É UM DARK ROMANCE.

Sou Kael, filho da última fêmea.

Líder do Clã de Eryon — o coração das terras verdes, onde a natureza renasceu sobre os ossos do mundo antigo.

Mas eu não governo sozinho.

Há cinco de nós.

Cinco machos moldados pela mesma maldição, cada um nascido de uma linhagem de sangue que a guerra e o tempo não conseguiram apagar.

Cinco asas que dominam o céu, cinco sombras que mantêm o equilíbrio entre o que resta da Terra e o que ainda pode despertar.

O primeiro sou eu.

Kael, de Eryon.

Minhas asas são negras como breu, longas e densas, com pontas que refletem o azul do céu quando o sol nasce. Meu corpo carrega a marca de séculos — músculos talhados pela guerra e cicatrizes como inscrições sagradas de batalhas antigas.

O cabelo é preto, pesado, cai até a nuca e brilha como carvão molhado. Meus olhos, dizem, são de um azul impossível — um tom que não pertence a este mundo, herdado, talvez, de minha mãe.

Tatuagens cobrem meu peito e braços, linhas em espiral que lembram constelações perdidas. São marcas tribais, símbolos de comando e dor.

Dizem que quando eu abro minhas asas, o vento muda de direção.

Talvez seja verdade.

Sou o mais jovem dos cinco, mas carrego o sangue mais antigo. E isso basta para que me temam — e para que alguns me odeiem.

O segundo chama-se Rhyor, senhor do Clã do Norte.

Nenhum vento é mais frio do que o de suas montanhas, e nenhum olhar é mais gelado que o dele.

Rhyor tem cabelos brancos curtos, como neve recém-caída sobre o aço. Seu corpo é bronzeado, como se o frio tivesse decidido poupá-lo em respeito.

Uma tatuagem negra desce do lado esquerdo do rosto até o pescoço — uma marca em forma de lâmina, símbolo de domínio e sangue.

Os olhos dele são de um cinza cortante, tão claros que parecem refletir a morte.

Rhyor é o mais calado entre nós, e o mais implacável.

Quando fala, o ar parece congelar.

Seu clã é feito de guerreiros endurecidos pela solidão, sobreviventes de nevascas eternas e inimigos invisíveis.

Dizem que ele matou o próprio pai para assumir o comando.

Ele nunca negou.

O terceiro é Darek, o titã do Clã do Deserto.

A areia é sua casa, e o calor, seu alimento.

Darek é imenso — mais alto que todos nós, com músculos que parecem feitos de pedra viva. O cabelo negro desce até a altura das maçãs do rosto, moldando seu semblante feroz e selvagem.

Os olhos são dourados, como o sol que nunca se põe sobre as dunas.

Cada passo que ele dá faz o chão estremecer.

Sua pele, queimada pelo sol e marcada por centenas de batalhas, carrega cicatrizes que ele usa como troféus.

Dizem que Darek já enfrentou sozinho um exército inteiro de híbridos rebeldes e que sua fúria fez o deserto mudar de forma.

Quando ele abre as asas — longas, cobertas de poeira escura — o vento do deserto se ergue como um grito.

Darek não é apenas um guerreiro. É uma tempestade.

O quarto é Varyn, senhor do Clã do Abismo.

Seu domínio são as montanhas sombrias, onde o sol raramente toca o chão.

Varyn tem cabelos vermelhos, como fogo vivo, e olhos que ardem como chamas. O olhar dele é hipnótico, intenso, e poucos conseguem sustentá-lo por muito tempo sem sentir o calor do medo.

A pele é bronzeada, o corpo alto e perfeito, moldado pela violência e pela beleza.

Quando fala, a voz dele é como o rugido do fogo em pedra.

As asas são negras com reflexos avermelhados, como brasas presas sob penas.

Dizem que Varyn nasceu durante uma erupção, e que o calor da lava o escolheu como filho.

Ele é o mais imprevisível dos cinco — belo e perigoso como uma chama livre.

Alguns o chamam de “Coração Ardente”, outros de “O Devorador do Céu”.

Nenhum nome o contém.

O quinto é Eldric, senhor do Clã das Ruínas.

Ele reina entre o que sobrou das cidades antigas — prédios engolidos pela hera, templos rachados, máquinas enferrujadas que ainda sussurram memórias do passado humano.

Eldric é alto e pálido como mármore. O cabelo preto cai até os ombros, liso e pesado.

Os olhos são escuros, profundos, cheios de melancolia.

Dizem que ele é o mais velho de nós — alguns afirmam que já vive há mais de seiscentos anos.

Suas asas são imensas, de penas negras e longas, que se abrem com o som de um trovão distante.

No silêncio das ruínas, ele ouve o passado.

Eldric carrega consigo o conhecimento do antigo mundo — máquinas, armas, histórias, tudo o que foi antes do vírus.

Entre nós, é o mais sábio… e o mais solitário.

Cinco machos. Cinco mundos.

Cada um representa uma face da Terra renascida.

Juntos, somos os guardiões e as feras que a habitam.

Nossos corpos são obras de uma mutação divina e cruel: altos, musculosos, resistentes. A pele brilha sob o sol como metal, e as asas — enormes, negras, poderosas — são o símbolo do que restou da glória e do erro humano.

Nenhum de nós envelhece, e nenhum de nós conhece o descanso.

Às vezes, quando os reunimos sob o mesmo céu, o ar parece vibrar de poder.

Cinco pares de asas negras se abrem ao mesmo tempo, cobrindo o sol — e por um instante, parece que a noite caiu sobre o mundo.

O vento se curva. A Terra se cala.

E o céu, testemunha de nossa existência, observa em silêncio os filhos da guerra que se recusam a desaparecer.

Mas há algo novo em nossos olhos.

Um pressentimento.

Algo que desperta no ar, algo que sussurra entre as folhas e os ventos.

Nenhum de nós fala sobre isso, mas todos sentimos.

É como se o próprio planeta respirasse diferente, como se a Terra — mãe e carrasco — preparasse o nascimento de algo novo.

Talvez um milagre.

Ou talvez o fim que tanto adiamos.

Eu olho para os outros e sinto o peso do destino em cada um.

Rhyor, com sua frieza mortal.

Darek, o titã do deserto.

Varyn, o fogo indomável.

Eldric, o guardião das ruínas.

Cinco monstros belos e imortais — e eu, Kael, o mais jovem, herdeiro do sangue da última fêmea.

Somos a lembrança viva de um erro que o universo não conseguiu apagar.

E juntos, moldaremos o que restar do amanhã.

2

VISÃO DE KAEL

Capítulo 1 — A Terra Depois da Queda

Meu nome é Kael. E eu sou o último filho de uma era que não deveria mais existir.

Há mais de trezentos anos, nasci de uma fêmea que nunca conheci. Ela morreu minutos depois de me trazer ao mundo, e dizem que seu corpo foi o último a carregar o perfume sagrado das mulheres de nossa espécie. Desde então, o vento sopra apenas o cheiro da terra e da cinza — lembranças do que fomos, ecos do que perdemos.

O mundo que conheço é um cemitério renascido.

Cinco séculos atrás, os humanos destruíram tudo. A guerra não foi apenas entre nações — foi entre ideias, entre arrogâncias, entre mãos que acreditavam poder controlar o próprio destino. Criaram uma arma para vencer a morte e libertaram algo que se alimentou da vida. Um vírus, forjado em laboratórios, alterou o sangue dos homens, distorcendo o que havia de puro e transformando o corpo humano em um novo molde.

Nasceram então os híbridos — nós.

Primeiro vieram os bebês com asas negras, corpos longilíneos e músculos densos como aço orgânico. A mutação nos fez belos e terríveis, um reflexo cruel da natureza tentando sobreviver ao erro da humanidade.

Mas o dom tinha um preço.

As fêmeas começaram a morrer.

Uma a uma, desapareceram como brasas consumidas pelo vento. A última delas foi minha mãe — a última voz suave neste mundo de gritos e aço. Com sua morte, a eternidade se tornou uma maldição: vivemos por séculos, mas sem procriar, sem recomeço.

Hoje, a Terra é um corpo em recuperação. As cicatrizes da guerra antiga ainda se mostram em cidades quebradas, engolidas pelas raízes das florestas que voltaram a crescer. Rios tornaram-se espelhos cristalinos. O céu — dizem os mais velhos — voltou a ser azul. Eu mesmo nunca o vi de outra cor. É estranho pensar que esse mesmo céu já foi coberto por fumaça e fogo. Agora, ele parece limpo demais, como se zombasse de nós — sobreviventes de um pecado que não cometemos.

Vivemos divididos em cinco clãs, todos da mesma raça, todos machos.

O Clã do Norte, onde o frio corta até o osso; o Clã do Deserto, que ainda luta contra as tempestades de cinza; o Clã das Ruínas, que vive entre as torres partidas do antigo mundo; o Clã do Abismo, oculto nas montanhas onde o vento nunca dorme; e o meu — o Clã de Eryon.

Eu sou seu líder, embora seja o mais jovem entre todos.

Talvez o destino tenha me deixado por último para carregar o peso dos mortos.

Carrego em minhas costas asas negras como a noite sem lua. São imensas — quando as abro, o vento se curva. Meus músculos, forjados pela mutação e pelo tempo, são mais uma lembrança de que somos a cópia imperfeita de deuses que nunca existiram. Vivemos séculos, curamos feridas que matariam qualquer humano, suportamos frio, fome, dor. Mas dentro de nós há um vazio que nem o tempo consegue apagar.

O silêncio deste mundo é antigo.

Os lagos refletem o sol com uma calma enganosa, as cachoeiras cantam canções que ninguém mais entende. Às vezes imagino que a própria Terra tenta nos consolar, sussurrando que a guerra acabou, que podemos descansar.

Mas descanso é algo que não conheço.

Liderar o que sobrou da nossa espécie é caminhar sobre o fio entre o passado e o esquecimento.

Os anciãos contam histórias de quando as fêmeas caminhavam entre nós — criaturas de olhos profundos e asas tão belas quanto o amanhecer. Dizem que eram mais fortes que muitos machos e que suas vozes podiam acalmar até os corações mais selvagens. Eu ouço essas histórias e sinto algo que não entendo.

Desejo, talvez. Ou apenas curiosidade.

Nunca vi uma fêmea.

Não sei o som da voz de uma.

Não sei o toque, o olhar, o calor.

Só conheço a solidão que veio depois.

Há séculos tentamos compreender o vírus que nos criou. Alguns acreditam que ele nos deu poder demais e nos roubou o equilíbrio. Outros dizem que foi a própria Terra quem nos moldou para sobreviver à destruição. Seja qual for a verdade, somos o último capítulo de uma história que o universo parece querer esquecer.

Os cinco clãs se odeiam.

É um ódio antigo, tão profundo quanto as raízes das árvores que cobrem o mundo. Guerras sem propósito mantêm o sangue fluindo — talvez seja a única maneira de lembrar que ainda estamos vivos.

Quando o sol nasce, vejo os céus cortados por asas. Irmãos e inimigos se confundem. O som das lâminas, o choque das penas, o rugido do vento — tudo isso se repete há séculos.

Mas há algo diferente agora.

Algo no ar.

O mundo está mudando outra vez.

As florestas crescem com uma rapidez que assusta. As criaturas que sobrevivem ao nosso redor tornaram-se maiores, mais espertas. Às vezes, nas ruínas das cidades antigas, encontro marcas no chão, pegadas que não pertencem a nenhum de nós.

Há rumores entre os clãs.

Alguns dizem que a Terra está tentando criar de novo o que perdeu. Que o vírus ainda vive, adormecido sob o solo, pronto para despertar.

Outros acreditam que novas fêmeas nascerão, e que o ciclo começará novamente.

Eu... não sei o que acreditar.

O vento sopra sobre os campos quando fecho os olhos.

Penso em minha mãe — aquela que nunca vi, mas cuja morte moldou todo o meu destino. Sinto como se cada batida das minhas asas carregasse um pouco do sangue dela, uma lembrança distante de algo que não consigo compreender.

Talvez o que chame de liderança não passe de uma tentativa de preencher o vazio que ela deixou.

Caminho até o limite das montanhas e olho o horizonte. O sol se despede com cores que lembram fogo líquido. As sombras das árvores alongam-se sobre a terra úmida. O ar tem o gosto metálico da memória.

Às vezes penso que a guerra nunca terminou — apenas mudou de forma.

Agora é travada dentro de nós.

Entre o instinto e a razão, entre o passado e o futuro que talvez nunca venha.

Os anciãos dizem que eu carrego o olhar dos primeiros — os que viram o mundo que existiu antes da queda. Não sei se acredito nisso, mas sinto o peso de cada século em meus ombros. Sou jovem, dizem, mas o tempo me observa com paciência cruel.

Tenho mais de trezentos anos, e ainda espero por algo que nem sei nomear.

O vento sopra mais forte. Minhas asas se abrem sozinhas, respondendo ao chamado do ar. O som é como o de trovões distantes.

Olho para o céu azul e imagino o que haveria além dele, se ainda existe algo como esperança.

A Terra renasceu — mas nós, os filhos do erro, continuamos presos ao que fomos.

E eu...

Sou Kael, o último nascido do ventre de uma fêmea, o primeiro a liderar um povo sem futuro.

Carrego o sangue da última mulher e o peso de um mundo que insiste em sobreviver.

Talvez seja isso o que resta de nós: uma lembrança viva de que a perfeição sempre cobra o preço mais alto.

3

VISÃO DE KAEL

Capítulo 2 — Invasão e Sombras

O vento cortava meu rosto enquanto minhas asas se abriam, carregando-me sobre as terras geladas do Clã do Norte. Rhyor, o senhor do frio eterno, havia cometido um erro que eu não poderia ignorar.

Seu clã ousou atravessar as fronteiras de Eryon e atacar um de nossos postos de vigia. Alguns dizem que foi apenas um teste de força, mas eu não aceito insultos — não quando se trata do meu povo.

O mundo está morto, mas nossa honra ainda respira, e eu não deixaria que o desrespeito de Rhyor passasse sem consequência.

Meus irmãos e subordinados voavam atrás de mim, suas asas negras cortando o ar, formando um exército de sombras. A tensão era quase palpável.

Quando pousamos, a neve crivada de gelo rangia sob nossas garras. Rhyor nos esperava no campo aberto, suas asas parcialmente abertas, o frio envolvendo-o como uma armadura invisível. Seus olhos cinza me desafiaram. Eu sorri — o frio nunca me tocou.

“Kael”, disse ele, a voz mais afiada que lâmina, “não deveria ter vindo. Isso custará caro.”

“E você pagará, Rhyor. Pela audácia de tocar nosso território”, respondi.

Não havia espaço para palavras suaves entre nós. Apenas ação.

O choque veio como uma tempestade.

Nossas asas se abriram, criando ventos que lançavam neve e gelo como lâminas cortantes. Nossos músculos se tensionaram, e o ar pareceu vibrar com cada golpe. Meus punhos colidiram com o peito dele, e ele respondeu com um chute que quase me arremessou para trás.

Não houve piedade. Cada golpe era calculado, cada movimento uma dança de morte. Os subordinados em volta de nós tentavam imitar nossa força, mas eram apenas sombras diante de dois monstros alados.

A neve ao redor se tingiu de vermelho, e mesmo assim nenhum de nós cedeu.

Rhyor atacava com ferocidade, combinando velocidade e força em um ritmo que faria qualquer inimigo comum recuar. Mas eu também não era comum. Cada golpe que ele desferia eu bloqueava, cada investida que ele fazia eu devolvia com dobro de intensidade.

As asas bateram, a terra tremeu, e os gritos dos nossos subordinados se misturaram ao rugido do vento. Alguns caíram feridos, arrastando-se entre a neve, mas nós seguimos lutando, cientes de que aquele embate não permitiria interrupções.

Minutos ou horas se passaram — não sei. O tempo parece distorcido quando corpos monstruosos se chocam no limite da força e da habilidade. Finalmente, percebi uma abertura. Rhyor hesitou por uma fração de segundo, e eu não precisei de mais. Um golpe certeiro, direcionado à lateral, o empurrou contra a rocha.

Ele recuou, respirando fundo, olhos ainda fixos em mim. O respeito mútuo surgiu entre nós, não como amizade, mas como reconhecimento de quem sobreviveu.

Consegui o que queria: demonstrar que Eryon ainda impunha medo, que nosso clã não seria violado.

Bati em retirada com meu grupo, levando os feridos e observando a neve queimada de sangue atrás de nós. Mas a vitória sempre traz consequências.

Não demorou para que Rhyor enviasse caçadores atrás de nós. Eles vieram como flechas cortando o ar, silenciosos e rápidos, determinados a nos atingir.

Empurramos para fora do alcance das planícies geladas, entrando em território que nenhum de nós ousava tocar — a floresta de Noctharis, conhecida em lendas por engolir homens e sons, onde a escuridão parecia ter vida própria.

A floresta nos envolveu, o sol desaparecendo entre árvores tortas e troncos que pareciam observar nossos movimentos. Cada sombra parecia respirar, e um arrepio percorreu a espinha de cada um dos meus subordinados.

Ainda assim, precisávamos de abrigo. Alguns feridos precisavam de cuidados imediatos. E então encontramos-o — um prédio antigo, abandonado há séculos, escondido entre as raízes e a escuridão.

A madeira rangia, o metal rangia, mas dentro havia espaço suficiente para tratar os feridos.

Enquanto meus subordinados cuidavam dos cortes e ossos quebrados, senti uma estranha vibração. Uma sensação que não pertencia à Noctharis. Algo antigo, escondido, esperando.

Segui pelo corredor, entrando mais fundo, meus passos ecoando. Foi quando encontrei a cápsula.

Era metálica, desgastada pelo tempo, mas ainda sólida. Estruturas e símbolos desconhecidos cobriam a superfície.

“Eliot, venha ver isso… parece tecnologia antiga”, murmurei.

Meu subordinado se aproximou, franzindo o cenho.

“Isso parece antigo, Kael…”, disse, mas eu já estava fascinado.

Havia um botão no painel central. Sem hesitar, pressionei.

Um som irritante, metálico e agudo, preencheu o ar. A cápsula começou a abrir-se lentamente, rangendo como se estivesse despertando de um sono de séculos.

E então, ela caiu.

Nos meus braços.

Pequena, magra, pálida como algodão, cabelos negros caindo sobre o rosto. O corpo frágil, mas estranho, parecia carregar um silêncio que ninguém jamais teria.

Abri os olhos para ela. E soube, imediatamente, o que nunca esperei: era uma fêmea.

Minha respiração travou. Cada segundo parecia pesado, como se o mundo inteiro tivesse parado para me mostrar aquele momento.

Ela olhou para mim, olhos grandes e azuis, confusos, assustada. Nunca vi nada igual — nenhum traço, nenhum sinal de semelhança com qualquer outro híbrido.

Era a primeira que meus olhos contemplavam desde que nasci, a primeira em mais de trezentos anos.

“É… uma fêmea…”, murmurei para meu subordinado, incapaz de desviar o olhar.

Ele assentiu, sem palavras. Até ele sabia da importância daquele instante.

O peso do sangue antigo, do destino, do futuro — tudo estava contido naquela pequena forma, caída em meus braços.

O ar na sala parecia mais pesado. A Noctharis rangia ao redor, mas dentro do prédio, o silêncio se tornou absoluto.

Por um instante, senti a lembrança de minha mãe — a última fêmea, que morreu logo depois de me trazer ao mundo.

Nunca a conheci. Nunca ouvi sua voz. Mas agora, naquela cápsula esquecida pelo tempo, eu tinha uma segunda chance de compreender o que havia sido perdido.

Meus dedos tocaram o cabelo dela, tão negro e macio quanto a noite sem lua.

Os olhos dela finalmente se abriram totalmente, e um olhar profundo encontrou o meu. Um olhar cheio de medo, mas também de vida.

Sim… vida.

Era isso que eu sentia, que há séculos não sentia: esperança.

A Noctharis rugia lá fora, os ventos levavam folhas e sombras, mas dentro daquele prédio antigo, éramos apenas nós.

A fêmea nos braços, meus subordinados em alerta, feridos e tensos. Eu sabia que aquele encontro mudaria tudo.

O mundo estava prestes a despertar novamente — ou cair em um caos que ninguém conseguiria conter.

Então ela fechou os olhos e dormiu.

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