Bora para mais uma aventura de CEO? Boraaaa ❤️🔥
Maylla nunca imaginou que a busca por um simples emprego a colocaria frente a frente com Gabriel Mellius, um CEO frio e calculista. Entre propostas absurdas, orgulho ferido e a dura realidade de quem luta para sobreviver, ela descobre que às vezes a vida pode mudar em um único “sim”, ou em um corajoso “não”.
...PERSONAGENS...
...❤️🔥 Gabriel Mellius ❤️🔥...
...❤️🔥 Omar Duran ❤️🔥...
...❤️🔥 Maylla Sullivan ❤️🔥...
...❤️🔥 Emir Kayan ❤️🔥...
^^^❤️🔥 Maylla ❤️🔥^^^
Sou Maylla, tenho vinte e cinco anos, e só agora tomei vergonha na cara e decidi procurar um emprego de verdade. A verdade é que a vida me empurrou para isso. Minha irmã mais velha, Marcela, que sempre foi o meu porto seguro, arrumou um emprego melhor em outra cidade e me deixou para trás. Não de forma cruel, claro. Ela me olhou bem nos olhos e disse:
— Chega de eu carregar você nas costas, Maylla. Agora é a sua vez de se virar, e procurar um emprego que pague melhor.
No começo, fiquei com raiva. Achei injusto, chorei, até briguei com ela. Mas depois percebi que era verdade. Eu sempre vivi na sombra dela, sempre acomodada, aceitando qualquer desculpa para não ir atrás do meu próprio caminho, e vivendo de trabalho em trabalho que pagavam uma mixaria, que mal dava para mim. Marcela foi embora e eu fiquei com uma pilha de contas em cima da mesa, olhando para a minha cara e pedindo solução.
Foi assim que parei aqui, no corredor da Mellius Enterprise.
Eu, uma garota que até ontem acordava tarde e enrolava o dia inteiro, agora estava sentada com as pernas cruzadas, olhando fixamente para a porta de uma sala onde aconteceria minha primeira entrevista séria.
E não era qualquer entrevista. Era com Gabriel Mellius, o CEO.
Só de pensar nisso meu estômago dava voltas. Eu havia pesquisado sobre ele na internet, quem não pesquisaria? Gabriel Mellius, trinta e dois anos, um dos empresários mais jovens e influentes do país, dono de um império construído sobre tecnologia e inovação. Matérias de revista o descreviam como frio, exigente e completamente intolerante com erros.
E eu estava prestes a entrar na sala dele.
Olhei para o lado e quase desanimei de vez. O corredor de espera estava cheio de mulheres. Lindas, bem vestidas, seguras de si. Todas com ares de quem nasceram prontas para esse tipo de coisa. Enquanto isso, eu estava com minha saia lápis preta comprada em promoção, uma camisa branca que amarrei por dentro da saia para parecer justa, e um salto que peguei emprestado da minha vizinha.
Engoli em seco.
“Será que tenho chance aqui? Será que não estou me iludindo?”
As outras candidatas conversavam entre si, riam baixo, mexiam no celular como se aquele fosse apenas mais um dia normal. Eu, por outro lado, estava suando frio, sentindo meu coração bater tão rápido que parecia que ia sair pela boca.
Peguei minha bolsa no colo, abracei contra o peito e fechei os olhos por alguns segundos, tentando me acalmar. “Vai dar certo, Maylla. Só respira.”
Quando abri os olhos de novo, uma das secretárias da empresa apareceu com um bloco em mãos. Ela chamou alguns nomes, e as candidatas começaram a entrar uma a uma para a entrevista.
O tempo parecia não passar.
A cada vez que a porta se abria, eu tentava enxergar um pouco do homem que estava lá dentro, mas nunca conseguia ver nada além de uma parte da sala e da mesa enorme que dominava o espaço.
Minhas mãos estavam trêmulas. Eu me sentia deslocada, pequena. Mas ao mesmo tempo, uma parte de mim, a parte que Marcela tinha cutucado quando foi embora, dizia que eu precisava enfrentar aquilo.
“Se você correr agora, vai continuar sendo a mesma de sempre, Maylla. E eu sei que você não quer mais isso. Afinal, suas contas estão à sua espera."
Minha mente começou a viajar. Pensei em como seria se eu conseguisse aquele emprego. Poder pagar minhas próprias contas, talvez até ajudar minha mãe que vivia reclamando de dor nas costas por causa do trabalho pesado. Pensei em como seria andar por corredores de empresa com crachá pendurado no pescoço, como se eu fosse alguém importante. Não, minha mãe não está comigo, minha irmã pode muito bem ajudar ela, mas também posso fazer minha parte como filha e dar um pouco de orgulho não custa nada.
Sorri sozinha com a ideia.
Até que ouvi meu nome.
— Próxima: Maylla Sullivan.
Arregalei os olhos, meu corpo inteiro gelou. Era agora. Não tinha mais volta.
Me levantei devagar, tentando não tropeçar no salto emprestado, ajeitei a camisa branca e empurrei a bolsa para o lado, segurando firme no currículo impresso que eu mesma havia feito às pressas.
A secretária abriu a porta e eu entrei.
E foi aí que o mundo pareceu parar por alguns segundos.
Ele estava lá. Gabriel Mellius.
Sentado atrás de uma mesa imponente de madeira escura, em uma sala que parecia saída de um filme, com janelas enormes que deixavam a luz da manhã entrar e refletir nos móveis modernos.
Ele levantou os olhos castanhos do computador e me encarou.
Nunca tinha visto olhos tão intensos.
Era como se ele conseguisse atravessar minha pele e olhar direto para dentro da minha alma. Arregalei os olhos e quase esqueci como se respirava. Ele tinha um rosto forte, barba bem-feita, cabelos escuros levemente desalinhados como se tivesse passado a mão neles sem se importar. Estava de camisa social azul clara, sem gravata, as mangas dobradas até os cotovelos, revelando um relógio caro no pulso.
Ele não precisava dizer nada para impor respeito. Sua presença já preenchia todo o ambiente.
Eu, que já estava nervosa, fiquei ainda pior.
— Sente-se. — Disse com voz grave.
Engoli em seco e caminhei até a cadeira à frente da mesa. Me sentei com cuidado, segurando o currículo com tanta força que provavelmente amassaria o papel.
Ele estendeu a mão.
— Seu currículo.
Entreguei sem conseguir falar nada. Minha boca estava seca, e eu rezava em silêncio para não fazer papel de idiota ali dentro.
Gabriel pegou o papel, analisou rapidamente e arqueou uma sobrancelha.
— Experiência… praticamente nenhuma. — Ele ergueu os olhos para mim. — Por que eu deveria perder meu tempo contratando alguém que nunca trabalhou de verdade?
O coração disparou. Senti minhas bochechas queimarem. Era agora. Ou eu falava, ou saía dali humilhada.
— Porque eu aprendo rápido. — A resposta saiu mais firme do que eu esperava. — E porque eu preciso dessa oportunidade.
Ele me encarou por alguns segundos, como se medisse minhas palavras.
— Todos aqui precisam de oportunidade, senhorita.... — ele olhou no currículo — Sullivan. — completou. — Isso não é suficiente. — Ele se recostou na cadeira, cruzando os braços. — O que você tem de diferente para me convencer?
Minhas mãos suavam. As palavras demoravam a sair, mas no fundo do meu peito algo se acendeu.
— Eu não tenho um histórico cheio de empregos. Não tenho experiência em grandes empresas. Mas o que eu tenho é determinação. Quando eu quero algo, eu me esforço até conseguir. Se me der essa chance, vai ver isso na prática.
O silêncio se instalou.
Ele continuou me encarando, como se tentasse descobrir se eu estava mentindo. Eu respirei fundo, tentando manter a postura, mesmo que por dentro eu estivesse tremendo inteira.
Então, Gabriel soltou um leve sorriso ladino, quase imperceptível.
— Ótimo. Então veremos até onde vai essa sua determinação.
Naquele instante, senti que meu destino tinha acabado de mudar.
^^^❤️🔥 Gabriel ❤️🔥^^^
Meu nome é Gabriel Mellius.
A maioria das pessoas já ouviu falar de mim, e não digo isso por arrogância. É um fato. Está nas capas de revistas de negócios, nos sites de finanças, nos programas de televisão. Alguns me chamam de gênio, outros de frio demais. Talvez estejam certos nos dois pontos.
Sempre fui calculista. Não tomo uma decisão sem pensar três vezes, sem analisar prós e contras, sem preparar uma saída de emergência caso tudo dê errado. Essa é a forma como aprendi a sobreviver, como aprendi a vencer. Organização e controle são o que me mantém no topo.
Minha vida é milimetricamente planejada. Desde o horário em que acordo, até os minutos que gasto em uma reunião. Não suporto atrasos, nem desculpas. O que eu construí não veio por sorte, foi suor, disciplina e a incapacidade de aceitar o fracasso.
Mas, ainda assim, nem tudo na minha vida seguiu meu controle.
Meu fracasso pessoal tem nome: um relacionamento.
Eu amei uma mulher uma vez. E quando digo amar, quero dizer que entreguei tudo: tempo, confiança, planos. Fiz até concessões que nunca pensei em fazer. No fim, fui traído. Ela escolheu outro homem, alguém com menos dinheiro, menos poder, mas que a iludia com promessas de amor eterno. Eu ofereci estabilidade, ela quis aventura.
A partir daí, minha visão sobre relacionamentos mudou. Não confio em mulheres. Para mim, sempre existe um interesse escondido, um motivo oculto. Nunca sei se olham para mim ou para minha conta bancária. Nunca sei se o sorriso é verdadeiro ou calculado. Então, escolhi não confiar mais.
Não me apaixono. Não me entrego.
No máximo, passo noites com alguém, sem vínculo, sem expectativas. E, pela manhã, cada um segue seu caminho. É mais seguro assim.
Por muito tempo, esse estilo de vida me serviu. Mas ultimamente, não.
A mídia encontrou um novo alvo: eu.
Parece que viver sem escândalos amorosos, sem mulheres penduradas no meu braço em festas, sem exposições públicas de “namoros” fabricados, despertou uma curiosidade cruel. Começaram as especulações.
“Gabriel Mellius não aparece com nenhuma mulher há mais de dois anos.”
“Seria o poderoso CEO um homem reservado… ou homossexual enrustido?”
“Fontes próximas afirmam que Mellius vive uma vida dupla.”
Matérias, comentários, insinuações. Até em reuniões de negócios, já percebi olhares diferentes, como se todos estivessem me analisando, esperando por uma confirmação.
No começo, ignorei. Mas a insistência da mídia tem um peso. Afeta a imagem da empresa, afeta parcerias, afeta investimentos. Eu não ligo para o que pensam de mim como homem, mas ligo para o que pensam da Mellius Enterprise.
Meu braço direito, Omar, percebeu isso antes mesmo de eu admitir.
Ele é mais que um funcionário, é meu amigo de longa data. Diferente de mim, é espontâneo, fala demais, às vezes parece até inconsequente. Mas conhece o mercado, entende de gente, e sabe que certas coisas precisam ser feitas para manter a engrenagem girando.
Foi ele quem trouxe a ideia.
— Escuta, Gabriel. Você precisa de uma noiva. — Ele falou isso como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Uma esposa de fachada, entende? Casamento de contrato. A mídia para de especular, você mostra estabilidade, e de quebra…
Ele fez uma pausa proposital, como sempre faz quando quer me provocar.
— … você pode ter um filho herdeiro.
Revirei os olhos na hora.
— Você está delirando.
— Estou sendo lógico. — Ele retrucou. — Pense: você casa com alguém, gera um herdeiro, mostra que tem uma vida pessoal organizada, e depois… pronto. Ela pode seguir a vida dela, e você a sua. Afinal, contrato é contrato, você paga bem. É só encontrar uma desesperada.
Omar dizia aquilo como se fosse um simples negócio. E de certa forma, era.
Eu pensei muito. A princípio, rejeitei a ideia. Me parecia absurdo escolher uma mulher apenas para calar a mídia. Mas quanto mais os dias passavam, mais eu percebia que o plano fazia sentido. Um casamento falso me daria anos de tranquilidade, blindaria minha imagem e, ao mesmo tempo, garantiria a continuidade do meu legado.
Um filho. Um herdeiro. Alguém que carregasse o sobrenome Mellius.
O contrato seria claro: ela teria conforto, estabilidade, o filho teria tudo, e eu teria minha liberdade preservada. Entre nós, apenas amizade e respeito. Nada de amor, nada de ilusões. Veria meu filho nos dias estipulados, pagaria a pensão para os dois e ponto final, todos estariamos felizes.
Eu nunca havia considerado seriamente isso. Nunca… até ontem.
Quando a secretária trouxe os currículos das candidatas à vaga que abrimos.
Olhei todos. As mulheres eram praticamente iguais em um detalhe: todas tentavam impressionar. Currículos cheios de elogios a si mesmas, de experiências em excesso, de palavras ensaiadas. Pareciam mais interessadas em um palco do que em um emprego.
Mas aí veio o dela.
Maylla Sullivan.
O currículo era quase vazio. Nenhuma experiência relevante. Uma folha fria, sem esforço para parecer brilhante. Normalmente eu descartaria sem pensar duas vezes. Mas algo naquele papel me prendeu.
Talvez tenha sido a simplicidade.
Ou talvez o desespero implícito nas poucas linhas.
Eu conheço esse olhar. Pessoas desesperadas dão tudo o que têm, porque não têm nada a perder. E isso, paradoxalmente, pode ser uma grande vantagem.
No meio de tantas candidatas preparadas demais, Maylla me chamou atenção justamente por não estar preparada. Ela parecia sincera. Não tentou me enganar, não tentou ser o que não era.
E, por incrível que pareça, isso me interessou.
Eu ainda não sei se ela serve para o emprego que abriu a entrevista. Mas já sei que ela pode servir para algo maior.
Ela será perfeita para o que eu quero.
Uma noiva de contrato.
Uma mãe para meu herdeiro.
E, acima de tudo, alguém que entrará na minha vida apenas para cumprir um papel. Depois, estará livre. É isso que preciso. É isso que quero.
E, quando olho para Maylla, vejo exatamente quem pode me dar isso sem me pedir nada além em troca.
^^^❤️🔥Maylla ❤️🔥^^^
Eu já vi de tudo na vida.
Já tentei vender cosméticos de porta em porta, já me ofereceram vaga em call center que mal pagava a passagem de ônibus, já passei pela humilhação de entregar currículo em loja de shopping e a gerente me olhar de cima a baixo como se eu fosse invisível. Em quase todos esses trabalhos, eu mesma desisti antes da entrevista.
Mas esse dia foi diferente.
Esse foi o primeiro em que eu sentei diante de alguém poderoso de verdade. E não de qualquer um, mas de Gabriel Mellius.
Antes da entrevista, eu havia pesquisado sobre ele na internet. E não faltavam informações. Descobri que, além de ser dono da Mellius Enterprise, ele acumulava uma fortuna que parecia de outro mundo. Matérias mostravam fotos de suas mansões espalhadas pelo país, uma cobertura luxuosa em São Paulo e até uma casa de veraneio em Miami.
Sem falar nos carros importados que colecionava. Ferrari, Lamborghini, Rolls-Royce, e todos exibidos como se fossem simples brinquedos. Também vi reportagens sobre o iate gigantesco atracado em Angra dos Reis e o jato particular que usava para reuniões internacionais.
Gabriel Mellius não era apenas um homem rico. Ele era o retrato do que significava ter tudo.
Mas para mim, a primeira impressão que tive dele? Um maluco. Sim, maluco. Só assim para justificar o que aconteceu.
Eu estava ali, com meu currículo fraquinho, tentando mostrar que merecia uma oportunidade, e ele simplesmente me disse que eu não tinha o perfil para ser assistente. Que, pelo meu jeito estabanado e despreparado, eu levaria a empresa dele à falência em menos de dois dias.
As palavras dele doeram, claro. Mas eu já estava tão calejada de rejeições que respirei fundo e pensei: “Tá bom, mais um que me subestima. Paciência.”
Só que ele não parou por aí.
Enquanto eu me levantava já pronta para ir embora, ele puxou um tablet de última geração, daqueles enormes, colocou diante de mim e deslizou a tela.
— Não para você ser minha assistente. Mas eu tenho outro trabalho para você. — A voz dele soou firme, como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Leia.
Olhei para a tela e comecei a ler.
Cada linha que meus olhos percorriam, mais eu sentia meu coração acelerar.
No início pensei que fosse uma espécie de piada. Ou um teste psicológico maluco, daqueles que os chefes inventam só para ver como a gente reage. Mas não era.
Era um contrato. Sim, um contrato.
E, entre várias cláusulas, uma frase saltou como se estivesse piscando em neon diante de mim:
“O período mínimo de um ano em união formal, com a obrigação de gerar um herdeiro masculino.”
Quase engasguei com a própria saliva.
Eu? Gerar um herdeiro? Para ele?
Meus olhos arregalaram tanto que, se tivessem câmera escondida, dariam um close e colocariam em câmera lenta para todos rirem depois.
Continuei lendo, mesmo sem acreditar. O contrato falava sobre uma união de fachada, sobre aparências públicas, sobre manter a imagem dele limpa diante da mídia. No papel, eu seria a esposa perfeita. Na vida real, eu seria apenas alguém cumprindo um acordo.
— Isso é uma piada, né? — soltei, com a voz embargada entre riso nervoso e desespero.
Gabriel apenas me encarou. Sem sorrir, sem levantar uma sobrancelha. Olhos fixos, duros, frios.
— Não é. — disse. — É a minha proposta.
Meu queixo quase caiu no chão.
— Você… quer que eu seja sua noiva?
— Por um ano. — Ele corrigiu, com a mesma calma de quem fala sobre o tempo lá fora. — Apenas o suficiente para calar a mídia.
— E me engravidar?! — minha voz saiu mais alta do que deveria, ecoando na sala enorme.
Ele cruzou os braços, como se eu fosse uma criança fazendo escândalo.
— Preciso de um herdeiro. Isso está no contrato.
Levei a mão à boca. Estava entre rir da cara dele ou sair correndo e nunca mais olhar para trás. Mas minhas pernas estavam presas ao chão.
— Você… não pode estar falando sério. — sussurrei.
Ele inclinou o corpo para frente, apoiando os cotovelos na mesa.
— Estou. — respondeu firme. — E você vai pensar nisso com calma antes de me dar uma resposta.
Me recostei na cadeira, tentando processar. Era tanta loucura que eu não sabia por onde começar.
Primeiro: eu, Maylla Sullivan, sem nenhuma experiência na vida, estava diante de um dos homens mais ricos do país, ouvindo ele me oferecer um contrato de casamento.
Segundo: não era um casamento qualquer. Ele queria um filho. Um herdeiro homem, como se eu fosse uma máquina programada para gerar especificamente o sexo que ele desejava.
Terceiro: eu não fazia ideia de por que ele tinha me escolhido. Eu, de todos os currículos daquela pilha.
Aí me veio a paranoia. Será que eu parecia tão desesperada assim? Será que minha cara de “preciso de emprego urgente” gritou para ele que eu era a pessoa perfeita para um plano tão maluco?
Meu estômago embrulhou.
— Você está louco. — murmurei, ainda olhando para o tablet.
— Sou prático. — Ele rebateu sem hesitar. — E sei reconhecer uma oportunidade quando vejo uma.
Bufei.
— Isso não é uma oportunidade. É… sei lá, tráfico de esposas! Você não é normal
Por um segundo, achei que ele fosse se irritar com minha ousadia. Mas não. Ele simplesmente me encarou, imóvel, como se já estivesse acostumado a lidar com reações assim.
— Você precisa de dinheiro. — disse em tom baixo, quase como se fosse um diagnóstico médico. — E eu preciso de alguém que aceite esse acordo. É simples.
Minha respiração falhou. Ele tinha razão, de certo modo. Eu precisava. Minhas contas estavam atrasadas, minha irmã tinha ido embora, minha vida estava um caos. Mas isso… isso era demais.
Tentei pensar em qualquer coisa para sair dali. Queria inventar uma desculpa, dizer que tinha que ir, fingir que tinha compromisso. Mas a verdade é que fiquei paralisada.
Parte de mim queria levantar e gritar “nunca mais fale comigo”.
Outra parte… ficou curiosa.
“E se eu aceitasse? E se isso mudasse minha vida de verdade?”
Afastei a ideia imediatamente. Eu não era louca.
— Olha… — minha voz saiu trêmula. — Eu não sei que tipo de mulher você acha que eu sou, mas isso aqui não faz o menor sentido.
— Faz. — ele insistiu. — Você só ainda não percebeu.
Me levantei da cadeira num ímpeto, empurrando o tablet de volta para ele.
— Eu não vou assinar nada disso. — declarei, com o coração batendo forte. — Isso é doentio.
Ele não respondeu. Apenas fechou o tablet, guardou na gaveta e se recostou de novo, cruzando as mãos sobre a mesa.
— Vai pensar. — falou, com aquela calma que me irritava. — Vai sair daqui, vai refletir, e quando perceber que é a única chance que tem, vai voltar. Vai ser divertido. Afinal, estarei lhe fazendo um favor. Quem não queria estar comigo? Quem não queria carregar um filho meu? Um herdeiro Multimilionário?
Olhei para o copo de água sobre a mesa, peguei e joguei na cara dele.
— Maluco!
Soltei o copo vazio sobre a mesa e saí da sala como se estivesse fugindo de uma prisão. Meu salto fazia barulho alto contra o piso de mármore. Quando cheguei no corredor de novo, as outras candidatas ainda estavam ali, esperando. Olharam para mim curiosas, talvez tentando adivinhar como tinha sido minha entrevista.
Se eu contasse, ninguém acreditaria.
Segurei a bolsa contra o corpo, respirei fundo e fui embora.
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