Há alguns anos...
— Elara! Você está atrasada!
Ouço a voz da minha mãe e saio do quarto as presas, desço às escadas correndo, enquanto termino de vestir o meu moletom de maneira desleixada.
Corro até a cozinha, onde os meus pais estavam tomando café.
— Sente-se, não pode sair antes de tomar café. -Diz minha mãe e eu assim o faço, me sento e começo a comer rápido.
— Vai acabar engasgando se continuar comendo como se a comida fosse correr. -Diz o meu pai e eu começo a comer mais devagar.
— Posso ir treinar com o senhor hoje, pai? - Pergunto assim que termino de engolir.
O meu pai dá um leve sorriso e olha para a minha mãe, como se pedisse permissão.
— Por favor, mãe? - Pergunto voltando o meu olhar para ela.
— Não adianta fazer essa carinha, mocinha. Já falei que não gosto que você frequente esses lugares, isso não é para você, ainda tem 11 anos, minha filha. - Diz e eu suspiro derrotada, sei que não vai adiantar tentar fazê-la mudar de ideia.
O meu pai era consigliere do lider da máfia do Sul da Itália, mas nos mudamos há duas semanas para uma cidadezinha no território de uma máfia rival. Entramos de maneira clandestina e ninguém pode saber que somos do sul.
Não sei o motivo, mas o meu pai virou inimigo do nosso próprio capo e tivemos que fugir para continuarmos vivos. Não importa quantas vezes eu pergunte, os meus pais nunca irão me dizer o motivo e isso me deixa frustrada.
— Ela precisa saber se defender, amor. Para lutar contra os inimigos que hão de vir, é a única garantia de que nada acontecerá com ela. - Diz meu pai, me deixando intrigada, a maneira que ele se expressou me chamou atenção.
A minha mãe suspira, passando a mão no rosto como se estivesse angustiada.
— Mãe..
— Leve-a para a escola, ela está 30 minutos atrasada. - Diz a minha mãe cortando a minha fala, ela se inclina, beijando o topo da minha cabeça.
Esse dia foi estranho, como se as horas passassem sem pressa alguma, estava com um sensação horrível no peito, o meu pai não foi me buscar na escola no fim do dia, então uma das minhas professoras foi me deixar em casa, que parecia mais sombria.
— Quer que eu entre com você, querida? - Pergunta me olhando.
— Sim, professora. - Ela sorri e nós entramos, mas assim que passamos pela porta, um barulho estronda e sinto um líquido quente no meu rosto, a professora havia sido atingida por um tiro e o seu sangue respingou em mim. Assustada e sem saber o que fazer, eu grito.
.....
[...]
— Farei exatamente o mesmo com você, então olhe bem para cá. ‐ A voz dele soa na minha mente e por mais que eu feche os olhos, sei o que está acontecendo.
— Façam essa vagabundazinha abrir os olhos, quero que ela veja.
Sinto os outros homens se aproximarem, o meu couro cabeludo dói quando um deles me puxa pelos cabelos, o outro me força a abrir os olhos, tento me soltar, mas é inútil, completamente inútil.
— Não! Para!
Suplico com a visão embaçada, as lágrimas rolam sem cesar. A visão é demoníaca, meu estômago embrulha.
— Mãe! - O meu grito é rasgado, carregado de uma dor inexplicável.
— Elara, viva bem...deixe a sua mãe orgulhosa....viva..por mim...- Sussurra num último fôlego de vida e eu desço o olhar para onde o meu pai estava sendo torturado, eu não posso perdê-lo também.
— Poxa! Já? Não acredito que ela morreu e eu nem brinquei o seu corpo delicioso, é melhor aproveitar, logo, logo, ele esfria. - Diz o homem de maneira nojenta.
— Não encosta nela! - Grito com raiva e dor, eu já não ligo se vou morrer ou não, eu perdi o que eu tinha de mais valioso, a minha vida, é apenas um detalhe, não tem mais sentido.
Ele sorriu se divertindo e se aproximou ainda mais do corpo dela, eu fechei os olhos com força sabendo o que iria acontecer.
Infelizmente eu não posso enxergar o rosto de nenhum deles, pois todos usam malditas máscaras asssustadoras.
— Olhe para cá! - Grita e os outros tentam me forçar novamente.
— Não! Não! PARA! - Após o meu grito de dor soar, tiros invadem o local.
........
— NÃO!
Acordo completamente suada e ofegante, mais um maldito pesadelo! Olho em volta e percebo que o sol já está prestes a nascer, eu me levanto e vou para o banheiro tomar banho, assim que ligo o chuveiro eu tiro as minhas roupas, e me permito deixar a água levar todo esse sentimento.
Depois de um longo tempo, eu pego a toalha e vou para o closet, visto uma roupa de missão, pego as minhas armas, penteio os meus cabelos, pego o meu capacete e saio do meu apartamento.
Desço para a garagem, pego a minha moto e dou a partida, indo até o galpão, onde irei me encontrar com os outros.
Estaciono a minha bebê e vou até eles.
— Bom dia, rapazes.
Digo e eles me olham com sorrisos.
— Bom dia, se você demorasse mais um pouco, Ryan infartaria com medo de não ter a sua melhor capanga na equipe. - Diz Daniel, um amigo próximo e companheiro de trabalho.
Volto o meu olhar para Ryan que vem ao meu encontro.
— Estava prestes a mandar alguém atrás de você. Tudo bem? - Ele pergunta beijando a minha testa.
Éramos melhores amigos desde a escola, Ryan é o Capo da máfia do Oeste da Itália, ele me ajudou a sair da antiga cidade que eu morava com o meu pai. A nossa relação se baseia em ficadas sem compromisso.
— Tudo sim. Agora me digam, quem vamos matar? - Pergunto animada, preciso derramar o sangue fresco de alguém.
— Os desgraçados da Manchestary continuam no nosso caminho, fazem dois dias que um dos nossos carregamentos foram explodidos. - Diz Ryan, Manchestary é a nossa principal e maior inimiga, vivemos em pé de guerra.
— Mas vale lembrar que tudo começou porque você mandou os seus capangas desviarem um carregamento de drogas deles, Ryan. - Diz Daniel.
— Por que você fez isso? - Pergunto.
— Você ainda pergunta? Nós sabemos o que a máfia dele fez à sua mãe. - Diz e eu fecho os meus punhos.
— Não sabemos se realmente foram eles...- Diz Daniel.
— Me diga, Daniel, além da Manchestary, mais qual máfia é conhecida pelo uso de máscaras? - Questiono e ele suspira derrotado.
— Vamos esmagar cada integrante daquela maldita merda. -Digo decidida, desde que perdi a minha mãe, eu vivo para acabar com os responsáveis.
|| Elara...||
Um grupo com um total de 10 homens esperava por nós na saída da cidade, assim que vêem Ryan todos mostram respeito.
— Está tudo certo? - Pergunta Ryan e o homem à sua frente acente.
— O carregamento vai chegar no local previsto em 10 minutos, senhor.
— Ótimo, vamos! Não temos tempo a perder. -Diz Ryan, fazendo todos entrarem nos veículos e partimos para a cidade inimiga.
Eu lutei muito para não sucumbir as trevas do submundo como a minha mãe queria, mas foi nele que eu encontrei coragem para lutar e assim vingar a sua morte.
— Vamos começar uma guerra. - Diz um dos homens praticamente num sussurro.
— A guerra começou há 6 anos, vamos apenas mostrar que eles não são os donos do mundo. - Diz Ryan decidido.
Assim que chegamos, todos se posicionaram, esperando o trem com as mercadorias.
Daniel por ser o mais inteligente, anda até os trilhos para sabotá-los, ficamos dando cobertura para ele e escutamos um dos nossos homens assobiar, chamando a nossa atenção.
— Ele chega em 1 minuto, senhor. - Diz.
— Rápido, Daniel.- Ryan o apressa e Daniel acelera as coisas.
De longe já é possível ouvir o trem se aproximando.
— Daniel! - Diz Ryan impaciente.
— Preciso de concentração. - Diz Daniel calmo, fazendo a tensão e a adrenalina exalarem de todos. Assim que ele consegue sabotar o sinalizador, nós corremos para nos escondermos, esperando o momento certo.
— Elara, você vai com o Daniel pegar o carregamento no segundo vagão, enquanto eu e os outros vamos para o último vagão. - Sussurra Ryan e eu balanço a cabeça em concordância.
— Tomem cuidado, "os cavaleiros" têm pacto com o diabo e sentem de longe quando tem intrusos no seu território. - Diz e sinto um arrepio em minha espinha, aqueles desgraçados são considerados demônios, ninguém, absolutamente ninguém, é tão cruel no submundo quanto eles.
A "trindade sangrenta" composta pelos três irmãos, se aponsentou, e os três passaram o seu legado e a Manchestary para as mãos dos seus filhos, conhecidos como "os cavaleiros da morte".
Mas uma hora, os temidos cavaleiros, irão cair!
Assim que o trem para, respeitando o sinal, nós avançamos contra ele e subimos nos espaços entre os vagões.
— Temos pouco tempo até que eles descubram que foram enganados. - Diz Daniel e nos separamos, como foi combinado, eu e Daniel partimos para o segundo vagão e pude perceber que vários homens estavam de guardas.
Eles pagam os seus rádio e ficam olhando em volta, como caçadores. Eles já sabem que tem intrusos a bordo.
— Temos que bolar um plano.
— Apenas fique atrás de mim. Já temos um plano. - Digo segurando firme a minha arma.
— E qual é? - Pergunta me olhando.
— Matar cada um desses filhos da puta. - Digo e ele engole a seco.
— No três, atacamos. TRÊS! - Digo saindo de trás do vagão, atirando nos homens, dois deles caem mortos, enquanto os outros correm para se proteger, começamos uma troca de tiros insana.
Após um breve conflito, conseguimos matar os outros, mas isso acabou com quase todas as minhas balas, tenho somente uma. Adentramos no vagão, onde tinha vários pacotes enormes de drogas, além de armas e jogos adulterados.
— Pelo visto, a Manchestary iria reabastecer um dos seus cassinos. - Daniel diz admirando a quantidade.
Eu pego o rádio, entrando em contato com Ryan.
— Já estamos com a mercadoria. - Digo e ele parece nervoso do outro lado.
— Saiam daí o mais rápido possível, o plano deu errado! - Diz ofegante, como se estivesse correndo.
Eu e Daniel nos entre olhamos nervosos.
— O que tá acontecendo, chefe? - Pergunta Daniel.
— Os Cavaleiros estão vindo, corram!
— Porra! - Xingamos juntos, enquanto saímos às pressas do vagão.
Descemos do trem, mas para a nossa surpresa, não havia nenhum dos veículos nos esperando, estamos sozinhos!
— Mas que droga! Merda! Não acredito que Ryan nos deixou sozinhos nessa. - Diz Daniel furioso.
Não, Ryan não nos deixaria na mão, porra! Nem temos tempo para raciocinar o que pode ter acontecido, os barulhos de carros chamam a nossa atenção.
— São eles. Vamos!
Digo correndo para a floresta, escura e densa, corremos em meio a vegetação por cerca de alguns minutos, mas as nossas pernas se cansam e Daniel acaba tropeçando em alguma coisa.
— Daniel!
Digo voltando para ajudá-lo.
— Acho que torci o pé esquerdo. - Diz com dor, vozes e focos de lanternas se aproximam.
— Achem os malditos. - A voz soa impaciente.
— Melhor irmos logo. - Digo, mas ele recusa a minha ajuda de tentar levantá-lo.
— Não...Eu só irei atrasar você..vá sozinha, eu vou distraí-los. - Diz ofegante.
— Claro que não, vamos sair dessa juntos, ainda temos algumas balas. - Digo mesmo sabendo que não temos chance alguma.
— Eles são muitos, morreríamos antes mesmo de tentar. Obrigado por tudo, você é foda, garota. Agora vá! - Diz e eu continuo parada, as vozes se aproximam ainda mais, Daniel continua me pedindo para correr, mas eu simplesmente não consigo me mover, flashbacks entre passado e presente me acertam, mais uma vez alguém próximo a mim irá morrer e eu, mais uma vez, não posso fazer nada.
— Corre!
Saio do transe e começo a correr, corro muito, até as minhas pernas falharem, me escondo atrás de uma árvore grande, enquanto o meu peito sobe e desce.
Um tiro ecoa e eu sei, Daniel partiu. O medo, a porra do maldito medo, estou fedendo a isso, apesar da pouquíssima iluminação da lua, me sinto observada, me levanto agarrada a minha arma e dou passos para frente, sinto novamente uma onda por todo o meu corpo, me fazendo arrepiar. Que droga está acontecendo?
Dou dois passos para trás, e sinto o meu corpo gelar.
— Está perdida, darling? - Uma voz grave sussurra ao pé do meu ouvido. Não sei se por conta do pânico, mas todo o meu corpo falhou miseravelmente.
Olhei quase que em câmera lenta e o pouco de iluminação que havia, refletiu sobre a máscara de morte que a pessoa usava.
Por instinto, eu saquei a minha arma e sem pensar duas vezes, atirei em sua direção, a única bala restante no meu revólver está no corpo desse maldito agora. Mas antes que eu pudesse fazer, dizer, ou pensar em algo mais, fui atingida na cabeça, perdendo a consciência.
|| ☠️...||
— Caralho, deixou mesmo ela atirar em você? - Pergunta o meu primo e eu dou um sorriso abafado por conta da máscara, enquanto pressiono o ferimento.
— Matou o cara? - Pergunto mudando o foco da conversa.
— Rápido e sem remorso. Mas e a garota, o que vamos fazer? - Pergunta e eu olho para o chão onde ela estava desacordada.
— Mande os nossos homens voltarem, apenas nós quatro iremos prosseguir, vamos foder com o território da Copolla, os moradores de Imperia conhecerão a dor e as ruas serão lavadas de sangue. Quanto a coisinha aí, ela é problema meu. - Digo me abaixando para carregá-la , a sua pele está fria, por conta da brisa fresca que a madrugada carrega. Levanto com ela nos braços e saímos da floresta.
— Avisem as meninas que iremos precisar dos serviços de hackers, quero entrar e sair como a porra de uma entidade demoníaca. - Diz o outro e nós rimos, ansiando pelo estrago que faremos.
|| Elara Vitalli ...||
Forço os meus olhos a se abrirem e olho em volta, me assustando quando me dou conta de onde estou. Como vir parar aqui?
Coloco a mão na minha cabeça, onde fui atingida e veio um pouco que sangue nos meus dedos, me fazendo ter certeza de que não foi um sonho. Olho para o meu próprio corpo e vejo que estou usando uma das minhas camisolas.
— O...quê? - Pergunto completamente perdida.
Mas logo volto a minha atenção para a porta, por onde passa Queila, uma mulher que trabalha no meu apartamento.
— Bom dia, senhorita! Que bom que já está de pé, o seu pai está na sala e deseja vê-la. - Diz com um sorriso.
— Obrigada por avisar... diga que vou vê-lo em dez minutos. - Digo me sentando na cama, ela acente e estava prestes a sair.
— Queila? - Falo chamando a sua atenção.
— Sim?
— Como eu cheguei aqui? - Pergunto e ela me olha confusa, assim que noto que ela nem deve fazer ideia do que estou falando, eu suspiro.
— Esqueça isso.
— Como a senhorita quiser. - Diz saindo e eu me levanto, indo até o banheiro, enquanto ainda tento achar uma explicação para o que aconteceu naquela floresta e como Ryan teve coragem de nos abandonar lá.
Após um bom banho, eu me arrumo e saio do quarto, sei muito bem o que o meu pai veio fazer e já vejo mais uma conversa terminar em briga.
— Se você tivesse dito que ela ainda iria instalar o chuveiro, eu teria vindo com mais tempo. - Diz o meu pai, levando a xícara com café até a boca.
— Menos, pai. Eu já estou aqui. - Digo chamando a sua atenção, ele sorri se levantando, caminhando para me abraçar.
— Filha! Que saudades, minha pequena. - Diz beijando os meus cabelos, enquanto me esmaga no abraço.
— Eu..não con-sigo..respirar..
Digo e ele me solta ainda feliz.
— Estava com saudades também, coroa. - digo sorrindo e ele me olha indignado.
— Me respeita, sua fedelha.
Diz me fazendo rir, nós sentamos para tomar café, já que Queila havia preparado várias coisas.
— O que trouxe o senhor à cidade? - Pergunto já sabendo a resposta, ele termina de tomar o café e diz.
— Não se faça de desentendida, ele já sabe que você mudou de cidade e sabe que você está trabalhando para outra máfia. Meu Deus, filha! Ele está furioso.
— Foi ele que deixou esses hematomas no senhor? - pergunto observando o seu rosto, e a raiva toma conta de mim.
— Nada teria acontecido se você não tivesse saído da cidade. Querida, você não percebe? Ele virá atrás de você. - Diz angustiado.
— Primeiramente que nada teria acontecido se o senhor não me prometese em casamento a um nojento qualquer. Como pôde, papai? - Questionou magoada, eu era apenas uma criança de 11 anos!
— Filha...eu errei, reconheço, mas o pai dele salvou as nossas vidas quando...- Ele me olha com lágrimas nos olhos. — Quando mataram a sua mãe. - Completa passando a mão no rosto.
— Nós éramos inimigos e estávamos no território dele, foi compreensível que após nos salvar ele quisesse saber porque o consigliere da máfia rival estava no seu território. Eles iriam matar nós dois, eu...eu não podia perder você também. - Diz e eu coloco os cotovelos sobre a mesa, passando a mão no meu rosto.
— E a melhor solução foi me prometer como a noiva de algum velho desgraçado? - Pergunto com risos amargos.
— As coisas não são como você pensa, eu fiz isso pensando no seu bem, querida, ele irá proteger você, como ninguém mais consegue. - Eu apenas suspiro, sabendo que não vou conseguir convencê-lo ao contrário.
— Eu nunca irei me casar com esse maldito. Além do mais, eu estou com Ryan. - Digo e meu pai me olha sério.
— Não me diga que você já dormiu com ele? Eu prometi você virgem ao seu noivo. Eu vou morrer...- Diz passando a mão nos cabelos.
— Eu tenho 22 anos, pai. Se esse desgraçado pensou que eu seria a pura e "diferente das outras", enquanto ele rodou a Itália inteira, ele não poderia estar mais errado! - Digo me levantando.
— Tenho que sair, vou resolver algumas coisas. - Completo me retirando, pego a minha bolsa e saio do apartamento.
Chamei um carro, pois a minha moto ficou no galpão e durante o percurso até a casa do Ryan, eu olhei as imagens que as câmeras de segurança capturaram, mas não havia nada, absolutamente nada.
Chego na casa dele, pago o uber e entro, ele estava com alguns aliados reunidos na sala e assim que me ver vem me abraçar.
— Você está bem? Aqueles filhos da puta machucaram você? - Pergunta avaliando meu corpo, procurando ferimentos.
— Eu estou bem.
Digo e ele sorri.
— Que bom, minha vida. - Ele segura o meu rosto me dando um selinho demorado, eu apenas virei o rosto, fazendo ele me olhar confuso.
— Elara, que bom tê-la aqui. Já estávamos prontos para irmos atrás de você. - Diz um dos homens e eu forço um leve sorriso.
— Agradeço, mas aqui estou eu, viva e inteira. - Digo de maneira suave.
— E já que ela está aqui, sã e salva, vocês estão dispensados. - Diz Ryan.
— Assim você magoa os nossos corações. -Dizem brincando, eles se despedem de mim e saem, Ryan foi levá-los até a porta, eu continuo em pé, me perdendo em pensamentos.
O fato dele ainda não ter perguntado como ou onde está o seu melhor amigo e fiel consigliere me deixa perplexa, ele está simplesmente ignorando o fato do Daniel não ter voltado.
Sinto os seus braço me agarrarem por trás, enquanto ele beija o meu pescoço.
— Para, Ryan. - Digo saindo dos seus braços.
— O que aconteceu? - Pergunta suspirando.
— Ainda pergunta, Ryan? Vai continuar ignorando que o Daniel não voltou? Ele morreu! Ele se sacrificou para que eu pudesse viver e você simplesmente não liga pra isso?
— Eu..
— Você nos abandonou lá, você nos deixou para trás, mesmo sabendo que a Manchestary se aproximava, você escolheu deixar a gente. - Completo indignada, saindo da sala.
— Aonde você vai? - pergunta segurando o meu braço.
— Vou para o meu turno, afinal eu continuo sendo apenas mais um dos que morrerão para que nada aconteça com você, não é mesmo? - Eu puxo o meu braço, mas antes de sair eu me viro.
— Espero que ao menos uma missa em memória dele você faça, claro, se ele merecer isso aos seus olhos. - Finalizo antes de começar mais um dia de trabalho.
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