O reencontro de duas famílias
Melissa Malen, 26 anos, filha única do poderoso e temido Augusto Malen, cresceu cercada de luxo, mas também de intrigas familiares.
Inteligente, leal e curiosa, sempre acreditou nas histórias que seu pai contava sobre os Reis, os inimigos jurados da família, que teriam destruído parte da vida de seus antepassados.
Apesar de sua educação refinada, Melissa carregava dentro de si uma desconfiança natural e uma determinação inabalável de proteger sua família.
Brenno Reis, 32 anos, herdeiro da família Reis, conhecida pelo império empresarial que controlava o mercado e pela frieza de seus membros, foi marcado pelo ódio aos Malen desde jovem.
Inteligente, calculista e metódico, Brenno dedicou sua vida a estudar estratégias de vingança e esperava apenas o momento certo para acertar contas. Para ele, os Malen não eram apenas rivais.
— eram o inimigo que precisava ser destruído.
O salão principal da Mansão Reis estava impecavelmente decorado, como sempre, refletindo poder, riqueza e controle absoluto.
Lustres de cristal projetavam uma luz dourada que iluminava cada detalhe do mármore reluzente, e o ar estava impregnado com uma tensão silenciosa, perceptível apenas por aqueles que conheciam o histórico das duas famílias.
Brenno estava ali, observando cada convidado com atenção, mas seus olhos não desviavam de um ponto específico: a entrada dos Malen.
Quando Melissa atravessou a porta, acompanhada de sua tia Simone Malen, Brenno sentiu imediatamente a familiar hostilidade que nutria por aquela família.
Melissa mantinha a postura elegante de uma herdeira, mas havia algo na sua maneira de andar e de cumprimentar os presentes que lembrava Brenno de todos os motivos pelos quais ele desejava vingança.
Ela não era apenas a filha de Augusto Malen.
— era a encarnação da rivalidade que o consumia desde a adolescência.
Simone, por outro lado, exalava confiança e audácia.
Dona de negócios próprios e conhecida por seu charme e reputação controversa, ela sabia jogar com as regras do poder e do submundo.
O olhar afiado que direcionou a Brenno ao entrar no salão indicava que ela já havia percebido o impacto que sua presença causaria, e isso lhe dava um sorriso discreto e estratégico.
Brenno permaneceu imóvel por um instante, observando a sobrinha e a tia.
Não havia dúvida em sua mente: aquela noite seria um campo de batalha disfarçado de evento social.
Seu objetivo estava claro: estudar cada movimento, cada palavra, cada gesto dos Malen, e garantir que nenhum detalhe passasse despercebido.
Melissa, por sua vez, mantinha a atenção fixa em Brenno, consciente de que aquele homem representava tudo o que ela fora ensinada a odiar.
O patriarca Augusto Malen entrou logo em seguida, impondo a presença que sempre tivera.
Seu olhar avaliador percorreu o salão até encontrar Brenno, e naquele instante ficou claro para todos que o encontro não seria amigável.
Cada gesto, cada cumprimento, cada sorriso ensaiado carregava uma tensão silenciosa, quase palpável.
Brenno apertou o copo de cristal na mão, mantendo a compostura, mas atento a cada detalhe.
— Boa noite, Brenno
— disse Augusto com a voz firme, medindo cada palavra.
— Imagino que já tenha se familiarizado com o salão.
— Boa noite, senhor Malen.
— respondeu Brenno, mantendo o tom frio e controlado.
— Sim, familiarizado o suficiente para perceber que nada mudou.
Melissa permaneceu ao lado do pai, sentindo a tensão crescer com cada segundo que passava.
O ódio que nutria pelos Reis, cuidadosamente cultivado ao longo de toda a vida, era agora confrontado com a presença física de Brenno, que se mantinha calmo, como se dominasse a situação apenas com o olhar.
Era um desafio silencioso, uma batalha sem armas, travada apenas com gestos, posturas e olhares.
Simone, percebendo a tensão entre os dois, deu um leve toque no braço da sobrinha.
— Respira, menina… Lembre-se de que a guerra ainda não começou, mas já está em curso.
— murmurou, com um sorriso malicioso.
Melissa assentiu discretamente, consciente de que qualquer reação impulsiva poderia ser usada contra ela.
Brenno, observando o pequeno gesto entre Melissa e Simone, percebeu que não estava lidando apenas com uma herdeira ingênua, mas com alguém que já aprendia a se proteger e a jogar.
Isso aumentava sua determinação de estudar cada movimento dela antes de decidir sua estratégia.
O salão começou a se encher de conversas e cumprimentos formais, mas cada palavra era carregada de tensão, cada sorriso tinha uma pontada de desconfiança.
Os dois lados mantinham suas máscaras de civilidade, mas os olhos de Brenno e Melissa continuavam se encontrando, cada encontro um lembrete silencioso de ódio, rancor e memórias passadas.
Enquanto os convidados se dispersavam, Brenno aproximou-se da mesa de bebidas, sempre atento, calculando cada passo.
Melissa, percebendo o movimento, manteve-se firme, consciente de que cada gesto poderia ser interpretado como provocação.
Simone, ao lado da sobrinha, cruzava os braços com confiança, observando a dinâmica que se desenrolava com um misto de diversão e cautela.
— Parece que o ódio entre nossas famílias não diminuiu com o tempo.
— disse Melissa, mais para si mesma do que para Brenno, mas com voz audível o suficiente para que ele percebesse.
Brenno ergueu uma sobrancelha, sorrindo levemente de forma quase desdenhosa.
— Pelo contrário…
Ele se fortaleceu. Mas não é interessante perceber que a mesma história continua se repetindo?
Melissa não respondeu, mantendo-se firme.
Cada palavra de Brenno era como uma provocação disfarçada, cada gesto calculado para lembrá-la de que aquela guerra estava longe de acabar.
Ela se manteve em silêncio, respirando fundo, enquanto observava os movimentos dele e dos convidados ao redor.
A noite continuou, e a tensão entre Brenno e Melissa se manteve inalterada. Nenhum deles permitia que o outro visse qualquer sinal de fraqueza ou hesitação.
A guerra estava declarada, e, por mais elegante que fosse o salão, o ar parecia pesado, carregado de ódio e desafios silenciosos.
Simone, por sua vez, acompanhava cada movimento com interesse, ciente de que aquela dinâmica poderia ser crucial para proteger Melissa ou mesmo manipular situações futuras a favor dos Malen.
Quando o jantar terminou, Brenno fez questão de manter seu lugar de observador, atento a cada detalhe.
Melissa, sentindo a tensão subir, sabia que aquela noite seria apenas o primeiro capítulo de uma batalha longa e complicada.
O ódio entre as famílias não seria apagado com palavras ou sorrisos; ele estava vivo, pulsando em cada olhar, em cada gesto.
E assim, o reencontro das famílias Reis e Malen terminou a primeira noite com a promessa de que a guerra ainda estava longe do fim.
Brenno e Melissa, embora separados por deveres, raiva e ressentimentos, agora estavam frente a frente, preparados para medir forças, proteger suas famílias e, inadvertidamente, iniciar uma história que mudaria tudo para sempre.
O dia seguinte amanheceu com uma luz fria que atravessava as enormes janelas da Mansão Malen.
Melissa estava sentada à escrivaninha de seu quarto, revisando documentos da empresa do pai, mas a mente dela estava longe do trabalho.
Cada gesto de Brenno na noite anterior ainda reverberava em sua memória.
O simples fato de ele ter cruzado o salão como se fosse dono do espaço, medindo cada convidado, cada detalhe, irritava-a profundamente.
— Essa família…
— murmurou para si mesma, apertando a caneta com força.
— Não importa quanto tempo passe, eles continuam os mesmos. Arrogantes, calculistas… inimigos.
Simone entrou no quarto com passos firmes, o saltar de seus sapatos ecoando no silêncio.
Vestida com uma roupa elegante, mas chamativa, ela tinha o jeito de quem não se intimidava com ninguém.
— Ainda pensando no herdeiro dos Reis?
— perguntou com um sorriso provocador.
— Claro que sim, tia… mas não de um jeito…
agradável — respondeu Melissa, franzindo o cenho. — Ele é… insuportável. Frio. Calculista.
Um verdadeiro veneno.
— Veneno que dá para usar a favor, se você souber como.
— Simone sentou-se na ponta da escrivaninha, cruzando as pernas.
— Mas cuidado, Melissa.
Às vezes, quem parece o inimigo mais óbvio é justamente quem pode te surpreender.
Melissa revirou os olhos, mas não respondeu.
Ela sabia que Simone sempre tinha uma maneira própria de ver as coisas, um olhar estratégico que poucos compreendiam.
E, por mais que quisesse negar, não podia evitar sentir que a tia tinha razão… em parte.
Enquanto isso, Brenno retornava à sede da empresa Reis, onde cada detalhe de seu dia era cuidadosamente planejado.
Ele revisava contratos, estratégias de mercado e, inevitavelmente, lembrava-se da interação com Melissa na noite anterior.
O ódio que sentia pelos Malen não diminuía, mas a presença dela perturbava algo dentro dele que não tinha nome.
— A filha do inimigo…
— murmurou Brenno, olhando para a janela do escritório.
— Como alguém pode ser tão irritantemente obstinada… e ainda assim…
causar um desconforto estranho?
Ele sacudiu a cabeça, afastando qualquer pensamento que considerasse fraco ou inútil.
Brenno sempre se orgulhara de manter o controle, e não pretendia deixar que qualquer lembrança de Melissa interferisse em seus planos.
O dia passou entre reuniões e estratégias empresariais, até que uma chamada inesperada trouxe Melissa e Brenno para o mesmo ambiente novamente: um acordo conjunto entre as empresas das duas famílias, que exigia presença de ambos para discutir cláusulas e condições de um contrato polêmico.
O ambiente do escritório estava carregado de tensão. Cada palavra trocada era medida, cada gesto calculado.
Melissa não poupava sarcasmo em suas observações, enquanto Brenno respondia com ironias frias que cortavam como lâminas.
Era uma batalha silenciosa, mas exaustiva.
— Se vocês insistem em interpretar isso como um jogo, eu não vou participar de provocações inúteis.
— disse Melissa, erguendo as mãos em um gesto de rendição aparente, embora a rigidez em sua postura contradissesse a frase.
— Provocações? — Brenno arqueou uma sobrancelha. — Só estou sendo… direto.
Você deveria experimentar.
Melissa retrucou, cada frase carregada de tensão e desafio.
Simone, que acompanhava discretamente o encontro, mantinha-se ao lado, pronta para intervir caso algo fugisse do controle.
Ela entendia melhor do que ninguém que aquele tipo de embate não era apenas sobre negócios; era sobre estratégia, reputação e poder.
Horas se passaram entre negociações e cortes frios de palavras. Nenhum dos dois cedia, e cada frase trocada parecia acender ainda mais a rivalidade.
Porém, por trás de cada gesto agressivo, havia observadores atentos: funcionários, parceiros de negócio e, claro, a tia Simone, que analisava cada detalhe com um sorriso enigmático.
Quando finalmente a reunião terminou, Brenno se levantou calmamente, recolhendo os documentos.
Melissa fez o mesmo, mas não sem lançar um olhar firme, carregado de desafio.
Os dois saíram do escritório lado a lado, mantendo o silêncio — o tipo de silêncio que dizia mais do que qualquer palavra poderia transmitir.
— Você não desiste, não é?.
— disse Brenno, finalmente quebrando o silêncio, a voz baixa e firme.
— E você acha que eu vou me curvar?
— respondeu Melissa, mantendo o olhar reto, desafiando-o. — Nunca.
Simone observava da porta, satisfeita. Sabia que a tensão entre os dois era apenas o começo.
Cada encontro, cada palavra cortante, cada gesto de desafio estava construindo algo maior: a inevitável colisão de mundos que nenhum deles poderia evitar.
Ao final do dia, Melissa voltou para casa exausta, mas com a sensação de que aquela guerra havia apenas começado.
Brenno, sozinho em seu escritório, também sentiu a exaustão.
— não física, mas de ter que lutar contra alguém que parecia ter aprendido, tão jovem, a se tornar sua contrapartida perfeita.
No entanto, nenhum dos dois admitiria jamais, sequer para si mesmos, que aquela batalha silenciosa entre ódio e provocação estava se tornando…
mais intensa do que imaginavam.
Ainda não era amor, ainda não era desejo — era apenas o jogo do ódio, do orgulho e da vingança, mas a semente do que poderia vir estava plantada.
Enquanto a noite caía, Simone observava a sobrinha à distância, pensando em como poderia usar a situação a favor da família Malen.
O confronto com Brenno Reis não era apenas inevitável; era uma oportunidade.
E se o ódio entre eles fosse a faísca que colocaria tudo em movimento, Simone sabia exatamente como manipular o fogo sem se queimar.
O dia amanheceu cinzento sobre a cidade, e a sede da empresa dos Reis parecia refletir o clima pesado.
Brenno estava em sua sala, revisando contratos importantes, quando recebeu um telefonema urgente: um problema crítico no galpão de distribuição da empresa, que exigia sua presença imediata.
Melissa, por sua vez, estava reunida com a equipe da Malen para discutir os detalhes do mesmo contrato conjunto, sem imaginar que Brenno também estaria no local.
Quando ambos chegaram ao galpão, foram surpreendidos pela situação: uma falha no maquinário colocava toneladas de produtos em risco, e a pressão de resolver tudo rapidamente aumentava a cada minuto.
— Isso é um desastre — disse Melissa, analisando a situação com precisão.
— Se não resolvermos em meia hora, parte do estoque vai se perder.
Brenno cruzou os braços, observando-a trabalhar com rapidez e eficiência. A irritação começou a misturar-se com outro sentimento inesperado: admiração.
Não era algo que ele admitiria, nem para si mesmo, mas a forma como Melissa assumia o controle e solucionava problemas que ele considerava complexos não passava despercebida.
— Então você sabe como lidar com crises, não é?
— provocou Brenno, tentando manter a postura fria, mas incapaz de ignorar a competência da rival.
— E você acha que é só porque tem um sobrenome que sabe lidar com tudo?
— retrucou Melissa, olhos faiscando.
— Talvez seja hora de deixar alguém mais experiente mostrar como se faz.
Eles começaram a trabalhar lado a lado, cada um dando ordens, corrigindo erros e reorganizando o fluxo do galpão.
O que começou como uma competição silenciosa tornou-se uma colaboração forçada, com cada gesto aumentando a tensão entre eles.
Cada toque ao passar ferramentas, cada aproximação para verificar medições, fazia o coração de ambos disparar, embora nenhum admitisse.
Simone observava de longe, mantendo-se discreta, mas com um sorriso satisfeito.
Ela sabia que aquela situação, apesar do risco e da tensão, estava criando algo poderoso entre Melissa e Brenno: uma faísca que nem o ódio poderia apagar.
Enquanto o relógio avançava, Brenno percebeu que estava impressionado não apenas com a competência de Melissa, mas também com sua coragem.
Ela não hesitava, não recuava e, de certa forma, parecia desafiá-lo de uma maneira que ele não encontrava em mais ninguém.
— Você é mais irritante do que imaginei…
— disse Brenno, respirando fundo, tentando afastar o efeito que ela causava.
— E você é ainda mais arrogante do que descrevi em meus piores pesadelos — respondeu Melissa, mantendo o tom desafiador, mas com uma tensão quase elétrica entre eles.
Quando finalmente conseguiram controlar a situação, ambos estavam suados, com roupas manchadas de graxa e poeira, e uma respiração ofegante denunciava a intensidade do trabalho.
Por um instante, ficaram apenas olhando um para o outro, conscientes de que algo havia mudado.
A atração que surgia era inesperada, violenta e perturbadora, mas ainda misturada ao ódio que nutriram durante anos.
Melissa respirou fundo, tentando recuperar a compostura:
— Bem… parece que conseguimos, apesar de tudo.
— Sim — respondeu Brenno, igualmente tentando manter o controle.
— Apesar de você.
O sarcasmo não conseguiu esconder o calor que ambos sentiam.
Por um breve momento, a guerra entre famílias e o rancor que ambos carregavam pareceram menores diante da tensão quase magnética que se estabelecera.
Simone, ao perceber a mudança, aproximou-se discretamente e tocou o ombro de Melissa:
— Viu? Às vezes, o inimigo revela facetas inesperadas… apenas não se esqueça de que ainda estamos em guerra.
Melissa assentiu, mas no fundo sabia que algo dentro dela havia mudado.
Brenno também sentiu o impacto daquela colaboração forçada: a irritação inicial havia se transformado em respeito… e algo mais profundo que ele não estava pronto para nomear.
Ao deixarem o galpão, ainda lado a lado, o ar parecia carregado de eletricidade.
O ódio permanecia, mas a primeira faísca de atração e tensão sexual se acendia.
Ambos sabiam que aquela situação não apagava anos de rivalidade, mas também entendiam que algo novo e perigoso começava a surgir.
— algo que, se não fosse controlado, poderia mudar tudo entre eles.
Enquanto a cidade mergulhava no crepúsculo, Melissa e Brenno voltavam para suas rotinas, conscientes de que aquela faísca era apenas o início.
O ódio ainda estava presente, mas agora misturado com uma tensão que nenhum deles poderia ignorar.
Simone observava de longe, satisfeita: sabia que o jogo entre as famílias havia entrado em uma nova fase, e que aquela tensão intensa poderia ser a chave para o futuro de Melissa — e talvez de todos os envolvidos.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!