CORAÇÕES ENTRELAÇADOS
Capítulo 1 – Uma nova vida na Fazenda Girassol
O carro parou diante do portão de madeira da Fazenda Girassol, e Giovanna Souza sentiu um nó se formar em sua garganta. A paisagem do interior era linda: campos verdes se estendiam até onde a vista alcançava, e girassóis enormes balançavam suavemente com a brisa da tarde. Mas toda beleza parecia não alcançar o vazio que sentia no peito.
Ela apertou a alça da mochila contra o corpo. Desde que perdera o pai, a cidade não parecia mais seu lar. E agora, com apenas 18 anos, precisava recomeçar em um lugar completamente desconhecido, longe de tudo que conhecia.
O portão se abriu e uma mulher elegante, de cabelo castanho claro e olhar gentil, saiu para recebê-la
dona Helena Mendonça
Giovanna! Que bom que finalmente chegou! Sou Helena, amiga da sua mãe. Espero que se sinta em casa aqui na Fazenda Girassol.
Giovanna Souza
Obrigada, dona Helena… eu estava tentando sorrir, mas a tristeza ainda apertava minha garganta.
Enquanto caminhavam pela entrada da fazenda, Giovanna percebeu um jovem a observando de longe. Ele tinha cabelos escuros e olhar penetrante, e parecia... irritado.
dona Helena Mendonça
Esse é meu filho, Gustavo Ele vai ajudá-la a se instalar.
Gustavo Mendonça
Então essa é a garota da cidade que vai morar aqui… Espero que saiba lidar com o campo.
Giovanna Souza
Eu vou me virar
Giovanna sentiu o rosto corar. Algo dentro dela dizia que aquele jovem não seria fácil de lidar.
O primeiro dia na Fazenda Girassol terminou com Giovanna ajudando a organizar seu quarto, ainda insegura sobre a vida que a esperava. Mas, ao olhar pela janela e ver o pôr do sol refletindo nos girassóis, ela sentiu uma pontada de esperança: talvez aquele fosse o começo de algo novo.
E, sem perceber, um novo capítulo de sua vida estava prestes a se desenrolar — um capítulo que traria não apenas desafios, mas também amor, segredos e descobertas que mudariam tudo.
Capítulo 2 – Primeiras Impressões
O sol ainda não havia se erguido totalmente quando Giovanna acordou com o canto dos galos. O som era tão diferente da rotina da cidade que ela demorou alguns instantes para perceber onde estava. Ao abrir a janela, encontrou um mar de girassóis iluminados pelos primeiros raios da manhã. Por um momento, sentiu uma paz inesperada.
Mas a tranquilidade logo se quebrou quando bateu à porta do quarto.
Gustavo Mendonça
Vamos, mocinha da cidade, aqui ninguém dorme até tarde
Giovanna Souza
Ainda são seis da manhã
Gustavo Mendonça
Pois é. E aqui no campo, o dia já começou faz tempo. Espero que não esteja pensando em viver deitada na cama o dia todo.
Giovanna Souza
Eu sei trabalhar viu não e por que vim da cidade que sou preguiçosa não
Gustavo Mendonça
Veremos. Minha mãe pediu para eu mostrar a fazenda. Se quiser sobreviver aqui, é bom aprender rápido.
Eles caminharam juntos pelo terreno, e Giovanna ficou impressionada com a imensidão da fazenda: estábulos, galinheiros, plantações que se estendiam até a linha do horizonte. Tudo parecia respirar vida.
No entanto, a forma como Gustavo explicava as coisas soava mais como uma provocação.
Gustavo Mendonça
Isso aqui é uma enxada — Não sei se suas mãos delicadas vão aguentar.
Giovanna Souza
Não subestime alguém só porque você acha que conhece.
Ele abriu um sorriso de canto, quase desafiador, mas não respondeu.
De volta à varanda da casa, Helena observava de longe. Um leve sorriso surgia em seus lábios. Sabia que os dois se bicariam de início, mas também tinha a intuição de que algo especial poderia nascer dali.
Giovanna, cansada do passeio, se jogou na cama ao final da manhã. Apesar da implicância de Gustavo, algo nele chamava sua atenção e ela se odiava por admitir isso
No fundo, porém, uma certeza ecoava em sua mente: aquele rapaz seria tanto o seu maior desafio quanto a peça essencial de uma história que estava apenas começando.
Capítulo 3 – O Quarto Esquecido
Depois do almoço, Giovanna resolveu explorar a casa principal da fazenda. O casarão era antigo, com paredes de tijolos aparentes e móveis de madeira maciça que guardavam marcas do tempo. Cada detalhe parecia contar uma história — histórias que ela ainda não conhecia.
Curiosa, percorreu o corredor do andar de cima até encontrar uma porta parcialmente aberta. Quando empurrou, o rangido ecoou, revelando um quarto empoeirado e aparentemente esquecido.
Dentro, havia móveis cobertos por lençóis brancos, uma estante cheia de livros antigos e uma penteadeira com o espelho rachado. O cheiro de madeira antiga misturado com flores secas pairava no ar.
Giovanna se aproximou da estante e, ao puxar um livro grosso de capa gasta, algo caiu no chão. Era uma caixinha de madeira entalhada, com a tampa levemente trincada. Ela a abriu com cuidado e encontrou dentro algumas cartas amareladas, amarradas por uma fita azul.
No momento em que tocou a primeira carta, uma voz atrás dela a assustou:
Gustavo Mendonça
O que você está fazendo aqui?
Giovanna levou um susto, quase derrubando as cartas.
Giovanna Souza
Eu... eu só estava olhando. Não sabia que esse quarto era proibido.
Gustavo Mendonça
Esse quarto não é para você. É um lugar antigo da família, cheio de coisas que não interessam a ninguém.
Giovanna Souza
Se não interessam, por que esconder?
Por um instante, os olhos de Gustavo pareceram perder a arrogância, revelando algo mais profundo — talvez dor, talvez lembrança. Mas logo ele desviou o olhar.
Gustavo Mendonça
Só fique longe daqui, Giovanna. É sério.
Ele saiu, levando a caixinha consigo. Giovanna ficou sozinha no quarto, o coração acelerado. A sensação de que aquele lugar escondia algo importante crescia dentro dela.
Enquanto voltava para seu quarto, não conseguiu evitar a pergunta que ecoava em sua mente:O que havia naquele passado que todos pareciam querer esconder?
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