O segundo ano do ensino médio havia começado. A sala estava agitada como sempre, com conversas e risadas espalhadas pelos cantos. Bakugou, no entanto, não se envolvia com nada daquilo. Sentava-se de mau humor em sua carteira, apoiando a cabeça na mão, como se estivesse entediado de tudo e de todos.
Quando o professor Aizawa entrou na sala, o silêncio se instalou rapidamente. Ele olhou para os alunos com aquele jeito cansado de sempre e anunciou:
— Temos um aluno novo entrando hoje. Quero que todos recebam ele com respeito.
Bakugou não deu a mínima. Estava perdido nos próprios pensamentos, imaginando quem seria o novo aluno. “Provavelmente alguém sem graça... tanto faz.”
Mas, quando Aizawa falou o nome, tudo ao redor pareceu congelar:
— Izuku Midoriya.
O coração de Bakugou disparou. Ele levantou os olhos devagar, quase sem acreditar no que tinha ouvido. E lá estava ele: um garoto de estatura mediana, pouco mais de 1,50 m, cabelos verdes levemente bagunçados e olhos verdes intensos que pareciam carregar tanto força quanto ternura. Seu corpo estava mais definido, os treinos eram visíveis em sua postura, mas havia uma delicadeza em seus traços que chamava atenção.
Por um instante, Bakugou não conseguiu respirar. “É ele... não pode ser, mas... é ele.”
Quando Izuku começou a se apresentar, sua voz fez o tempo parar.
— Oi... meu nome é Izuku Midoriya. — disse de forma firme, mas com aquele tom suave que Bakugou lembrava de infância.
E então aconteceu: os olhares se encontraram. Verde contra vermelho. Uma conexão instantânea.
Os olhos de Izuku se encheram de lágrimas no mesmo momento. Ele não resistiu, correu até Bakugou e o abraçou com força, como se estivesse prendendo aquele instante para nunca mais perder.
— Kacchan... — sussurrou com a voz embargada. — Eu achei que nunca mais ia te ver...
Toda a sala ficou em silêncio, chocada. Ninguém jamais tinha visto Bakugou paralisado daquele jeito. Ele não empurrou, não explodiu, não gritou. Apenas ficou ali, imóvel, tentando raciocinar enquanto seu coração batia como nunca antes.
O garoto explosivo, temido, odiado e respeitado... estava frente a frente com a única pessoa que um dia havia sido capaz de arrancar dele risos sinceros.
E, pela primeira vez em muitos anos, Bakugou sentiu algo dentro de si se quebrar. A muralha de raiva e orgulho que havia construído começou a ruir.
Seu mundo, que sempre parecia escuro e solitário, finalmente tinha voltado a brilhar.