Sombras de Luz
Capítulo
O palco estava em caos. Gritos. Correria. Luzes vermelhas piscando no ritmo do pânico. O mundo parecia prestes a desabar e Rumi mal conseguia respirar. Os fones estavam sem som, a batida havia morrido, e tudo ao redor se transformará em estática.
Jinu apareceu no último segundo.
Ela já tinha perdido a esperança de vê-lo de novo. Achou que ele tinha sumido, que tinha fugido, que...que não voltaria.
Jinu
Você achou mesmo que eu ia deixar você sozinha no final? (ele disse, com aquele sorriso desgraçado, charmoso, meio debochado.)
Rumi engoliu em seco. O plano estava falhando, e ela estava prestes a tomar a decisão mais estúpida da sua vida: se entregar.
Mas então ele fez o que sempre fazia. Entrou no caos, tomou as rédeas, e resolveu.
Ela não sabia exatamente como. Ainda não sabia como ele invadiu o sistema, enganou o inimigo e reverteu o ataque digital mas ele fez. E, ao contrário do que todos esperavam... não morreu no processo.
Quando a luz voltou, quando a música parou, e quando tudo ao redor se aquietou, ele estava lá. Em pé. Suado. Rindo. Vivo.
Rumi se jogou contra ele, o empurrou com força, depois o abraçou sem se importar com quem estivesse vendo.
Rumi
Você é um idiota. (Sua voz falhou.)
Jinu
Mais um idiota funcional. (Ele piscou.) Eu disse que você podia confiar em mim.
Ela apertou os olhos, como se quisesse não sentir o que estava sentindo. Mas era tarde.
Capítulo
Poucos dias depois, a tensão havia mudado de forma. O perigo havia passado. A casa das meninas agora abrigava um novo hóspede: Jinu.
Mira
Sério? Ele vai morar aqui agora? Ele é um Demônio
Mira perguntou, sem esconder o ceticismo
Zoey
Por mais que ele seja um demônio, ele salvou a gente. (Disse zoey, enquanto mexia no celular.) Não vamos tratá-lo como um intruso.
Rumi não disse nada. Estava ocupada demais fingindo que não sentia o cheiro do perfume dele no travesseiro extra. Que não via o jeito como ele andava pela sala de camiseta larga, descalço, como se sempre tivesse pertencido ali.
E que ele notava que ela notava.
A tensão crescia devagar, como fumaça num quarto fechado.
Era madrugada quando Rumi foi até a cozinha. Encontrou Jinu deitado no sofá, comendo cereal direto da caixa, vendo um dorama antigo.
Rumi
Sério? (ela cruzou os braços, de pijama.) Não consegue dormir como uma pessoa normal?
Jinu
Pessoas normais são chatas. (Ele deu um sorrisinho torto.) E... esse dorama é tipo um clássico da vergonha alheia. Vem ver.
Ela hesitou. Mas se sentou. Longinho. Só por precaução.
Rumi
Eu sei o que você está fazendo (ela disse, encarando a tela.)
Jinu
Estou tentando comer em paz?
Rumi
Não. Você tá tentando me fazer rir. Parar de pensar. Fazer parecer que está tudo bem.
Ele não respondeu de imediato.
Capítulo
Depois de alguns segundos, ele disse mais sério:
Jinu
Você precisa de alguém que faça isso, Rumi. Que tire essa armadura de vez em quando.
Ela desviou o olhar. Mas ficou ali. Perto demais pra ser casual. Longe demais pra ser íntimo.
Os dois sabiam que o que estava entre eles não era só brincadeira. Era alguma coisa mais densa. Mais perigosa. E inevitável.
Naquela noite, Rumi não dormiu.
Ficou deitada pensando no sorriso dele. Na voz rouca dele. Na maneira como ele sabia exatamente onde apertar.
Ela estava começando a gostar disso.
Na manhã seguinte, o sol ainda não tinha nascido quando Rumi se levantou. Precisava treinar, suar, pensar em qualquer coisa que não fosse o jeito como Jinu a olhava... ou o jeito como ela queria olhar de volta.
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