Izabella Ramirez… 10 anos/25 anos...
Sebastián Ramirez, irmão da Izabella... 8 anos/23 anos
Izabella...
Eu sou cubana, nasci num dos bairros mais pobres de Cuba, La Guinera, hoje eu e meu irmão moramos aqui na Suíça. Em Cuba morava com os meus pais e o meu irmão mais novo. Meus pais Vanessa e Carlos, sempre foram uns piores pais do mundo... Vou contar a minha trajetória até hoje.
17 anos atrás...
Vanessa: Izabella! Vem tirar o palerma do teu irmão daqui não vê que eu e o seu pai estamos ocupados!…
Izabella: Sim... Fui lá tirar o meu irmão e o levei para o nosso quartinho, e o abracei enquanto chorava, e ele não falava muito, só limpava as minhas lágrimas e apertava o abraço e dizia para não ficar triste...
Eu estava farta daquilo, eles faziam sexo na nossa frente, sem pudor nenhum, quando dava vontade faziam, não importava o lugar. Eu era só uma criança só tinha 8 anos e o meu irmão 6 anos, eu já entendia, um pouco das coisas por isso sabia o que estavam fazendo devido à escola, já andava no 4 ano, e o meu irmão não... Era o primeiro ano dele, na escola. Quando estávamos na escola era o nosso único momento de paz e tranquilidade, eu tinha uma professora ótima, sempre trazia lanche para mim e eu dividia com o meu irmão, ela começou a trazer esse lanche quando viu que eu e meu irmão não comíamos no recreio como outras crianças e nem brincávamos, porque estávamos sem energia, nos isolávamos num cantinho, e quando acabasse a aula íamos para casa, para o nosso tormento.
Passávamos fome em casa, às vezes era só metade de pão e água quente com açúcar. E nossos pais batiam em nós por nada, só de passar por eles, ou respirar perto deles. O meu pai batia na minha mãe, e parecia que ela gostava daquilo porque depois faziam sexo, estavam sempre bêbados, nossa casa estava cheia de garrafas de cerveja, mas raramente tinham dinheiro para comida, e no dia que estivessem felizes até faziam comida de verdade, mas, era um evento raro, tem dias que era só massa spaghetti com água e sal…
No ano seguinte as coisas pioraram, nossa casa era frequentada por homens estranhos, entravam 5 homens diferentes por dia, e durante essas visitas a minha mãe ficava no quarto com eles e o meu pai na sala fumando e bebendo, e quando eles saíam a minha mãe vinha para sala toda sorridente e entregava dinheiro ao meu pai, e depois sentava no colo dele e riam e bebiam, apesar daquilo tudo, uma coisa tinha melhorado, tínhamos pelo menos uma refeição decente por dia, para quem não tinha nada isso era muito...
Alguns homens quando saíam olhavam-nos com um olhar estranho que não entendiamos, eu e meu irmão sempre num cantinho no chão juntos, esperando a hora que íamos apanhar, não passava dois dias sem porrada... E o meu pai olhava para o homem que olhava para nós com sorriso e dizia vais ter de aguentar um pouco, eu não entendia o que ele queria dizer com aquilo...
Mais um ano se passou agora faria 10 anos e eu comecei a ficar esperta, quando eles dormiam de tanto estarem, bêbados, roubava o dinheiro, mas só um pouco de cada vez para não suspeitarem, e escondia debaixo de uma árvore que tinha acaminho da escola.
E aquela vida continuava, e os homens só aumentavam cada vez mais na minha casa aquilo parecia um supermercado. E outros deixavam um pó branco em uns pacotes, eu não sabia o que era, mas às vezes o meu pai mandava o meu irmão para entregar na vizinhança... Uma vez meu irmão me contou que foi entregar numa casa onde havia homens com armas grandes, e ficou com muito medo, assim que entregou, mandaram não contar para ninguém e ele disse sim, e saiu de lá correndo assustado... As tinha pesadelos a noite… A situação foi ficando cada vez mais insustentável... O pior de tudo é que não tínhamos onde queixar, os polícias também frequentava nossa casa alguns deles.
Izabella...
Chegamos da escola mais cedo hoje, enquanto estávamos na porta ouvi uma discussão dos meus pais, e puxei o meu irmão para pararmos lá fora, queria ouvir o porquê discutiam.
Vanessa: Carlos pensa bem, deixa ela pelo menos completar 14 anos, sabes o que vão fazer com ela, ela não vai durar muito e ainda vai nos trazer prejuízo, sabe que se ela tiver 14 anos o investimento será maior…
Carlos: Pensando desse jeito até faz sentido, mas, não posso esperar mais, eu prometi-lhe ( o comprador), que podia levar-la assim que completa-se 10 anos, sabes que ele está de olho nela desde ano passado. E eu não posso retroceder, porque sabe que palavras para eles é tudo, e se não cumprirmos, sabe o que vai acontecer conosco.
Vanessa: Bom! Eu não quero morrer, se prometeu está feito. Quando é que ele vêm buscá-la?
Carlos: No sábado, depois da amanhã, ele está de viagem, e só volta na sexta-feira. Ah! Não vamos falar sobre este assunto, na frente das crianças, não quero que ela fuja ou faça alguma besteira.
Vanessa: Ok! E o Sebastián? Quem vai cuidar dele?
Carlos: Não se preocupe ele também vai embora daqui a uma semana, o cara lá de cima gostou dele, vai usá-lo para vender as mercadorias pela vizinhança. E finalmente vamos nos livrar destes pestes e ainda vão nos render um dinheiro para nos mudarmos dessa espelunca.
Vanessa: Estou ansiosa por isso...
Esperamos mais 5minutos e entramos, e fingimos que não ouvimos nada, e fomos para o nosso quartinho trocamos de roupa e quando voltamos para sala eles falaram conosco de forma amorosa como nunca vimos antes até sorriam, e deram-nos alguns trocos para irmos comprar sorvete pela primeira vez na vida. Se não tivéssemos ouvido aquilo tudo, até íamos julgar que eles estariam a mudar, mas era tudo truque... Pela primeira vez me perguntei se eles realmente eram nossos pais?
Saímos para comprar sorvete, mas não compramos, fomos sentar naquela árvore que enterrei o dinheiro que roubava, e fui lá mostrei para o Sebastián l, e para a minha surpresa ele disse que também tem algum guardado que também começou a roubar porque uma vez me viu a fazer... Ali combinamos que no dia seguinte iríamos fugir, vamos pegar as pequenas coisinhas que temos que são as nossas roupas e vamos fingir que vamos para escola…
Dia seguinte...
Acordamos como sempre nos preparamos, arrumamos as coisas durante a madrugada, e ainda bem que fizemos isso, porque enquanto nos arrumávamos a nossa mãe veio para o nosso quartinho então ela podia ver, como a nossa roupa ficava por baixo da cama, ela não desconfiou de nada, levamos só 3 peças de cada os que estavam em um bom estado porque o resto estava gasto. Ela toda simpática, dormiram bem meninos? Nós sim, e passou a mão sobre o nosso cabelo e disse, toma aqui, nos deu 50 pesos, para comprar lanche, e agradecemos, e ela disse, hoje terão um almoço especial, pizza! Então não se atrasem, sorrimos e aceitamos com a cabeça e saímos…
O Sebastián correu para o esconderijo dele e foi buscar o dinheiro que ele guardava, depois passamos do meu esconderijo e peguei o meu, e contamos tudo deu 1550 pesos com o que a nossa mãe acabava de nos dar. Agora começava o nosso desafio, nós nunca saímos da nossa bairro. A nossa sorte é que a estação de comboio fica a 1 quilómetro da nossa escola, desviamos o caminho e começamos a correr, sabiamos que o comboio passava as 9h, porque ouvíamos o barulho, mas naquele momento não tínhamos como saber as horas, então corremos o mais rápido que conseguíamos e descansavamos caminhando de vez enquanto.
Chegamos a estação e perguntamos a uma senhora, onde se comprava os bilhetes ela apontou, corremos para lá e a senhora da bilheteira perguntou para onde íamos e ouvi o barulho do comboio a chegar eu disse rápido, vamos nesse comboio que está a chegar, ela nos olhou desconfiada, e eu disse nossa mãe disse para subirmos este comboio a essa hora e ela estará a nossa espera do outro lado quando descermos. Então ela sorriu e nos deu dois bilhetes, paguei e segurei a mão do Sebastián e corremos para entrar no comboio, e fomos nos sentar, não sabíamos qual seria o nosso destino nem para onde íamos. Só a esperança de ser livre é que nos mantinha forte. Apareceu alguém a vender uns bolos e refrigerantes e compramos para nós, e comemos...
Izabella...
Não tenho noção de quanto tempo levamos para chegar, mas foram horas, já era quase de noite, acabamos por adormecer no trem. E uma senhora ao lado é que nos acordou e disse, chegamos e eu perguntei onde estávamos e ela respondeu Havana capital do país, e eu disse obrigada, ela perguntou se estávamos sozinhos e eu disse que não íamos ter com a nossa mãe provavelmente ela estaria lá fora nos esperando. Ela disse então tudo bem, e foi andando na nossa frente e nós descemos também.
E Uau, nos nunca vimos tantos prédios bonitos luzes por todo lado edifícios lindos, e sentíamos uma brisa diferente, fresca, mas não sabíamos o que era. Como já estava escuro e estávamos com fome tinha uma pastelaria aberta, e fomos lá, compramos comida a mais barata, comemos depois saímos, antes que comecem a fazer mais perguntas, percebi que aqui quando vêem crianças sozinhas perguntam muito, e só de pensar na ideia de ir parar na polícia e nossos pais nos encontrarem fico horrorizada.
Começamos a andar por ali, para achar um lugar para pernoitar, mas não conhecíamos nada, e nao poderíamos gastar dinheiro, encontramos um beco e tinha umas caixas de papéis grandes, entramos nelas e colocamos outra por cima para nos proteger do frio e furei uns dois buracos com caco de vidro que encontrei ali para podermos respirar.
Sebastián: Mana, eu estou com medo, o que vamos fazer agora?
Izabella: Não se preocupe querido nós vamos ficar bem. Eu estou aqui com você, vou cuidar de você sempre. Eu amo-te tanto maninho... o abracei…
Sebastián: Eu também te amo mana…
Dormimos abraçados, e ouvimos umas vozes de pessoas a noite, homens, eles faziam xixi por cima das caixas e outros dos lados, e assim foi a nossa noite, não nos molharam, mas o cheiro do xixi nas caixas era muito forte, devido à bebida.
Acordamos quando amanheceu, saímos das caixas, e começamos a andar e lá, no fundo dava para ver a orla e água, aquilo era mar, nós só vimos aquilo nos livros na escola. E eu disse ao Sebastián vamos correr até lá e entrar o que me dizes? Ele nem respondeu pôs-se a correr, e eu sorri e corri atrás dele, aquilo dava-nos uma sensação de liberdade e paz que nós nunca sentimos. Entramos só até os joelhos, e começamos a nos jogar água e brincar dando gargalhadas que nem sabia ter. Não podíamos ir mais fundo porque não sabíamos nadar e por ser muito cedo não havia ninguém lá, caso acontecesse algo para nos ajudar.
2 hora após brincar na água na areia, fazendo castelos e mais coisas, nem vimos a hora passar, de tanto nos divertirmos. E eu disse para o Sebastián, agora temos que procurar algo para fazer, e onde ficar, já vimos que é perigoso estar na rua de noite. Vamos lá comer algo e depois damos a volta pela cidade ver o que achamos. Os nossos pais devem estar com uma corda pendurada ao pescoço neste momento nem quero pensar neles, para mim, deixaram de existir depois que ouvi aquela conversa, antes ainda tinha alguma esperança que eles mudassem que olhassem-nos como filhos, mas não… Agora vou focar em cuidar de nós dois...
Vi um salão bonito que tinha rosto de uma mulher bonita, maquiada, deslumbrante no vidro, e paramos ali, eu fiquei hipnotizada com o rosto dela, por mais que seja uma imagem no vidro eu amei aquilo, peguei o Sebastián e o puxei para dentro do salão. E haviam 4 moças ali uma varria o chão outra a organizar, cada um fazia uma tarefa, e elas pararam e olharam para nós, e perguntaram, o que querem, e eu respondi de imediato, trabalho. Elas se olharam e riram, uma delas perguntas que trabalho menina? Vai para escola...
E eu respondi eu preciso de trabalho para ir para escola, nós dois. E continuaram a rir e nos mandaram sair, saímos e ficamos ali fora, sentadas na calçada, eu era teimosa ia ficar ali até conseguir o que queria..., quando tínhamos fome saíamos para comer e voltavamos, passávamos a noite ali, passaram 3 dias, até nos ameaçaram chamar a polícia, mas cedemos. Até que apareceu uma senhora toda elegante e nos chamou para entrar…
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