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DEPOIS DAQUELE TAPA

PEDIDO DE SOCORRO

Mulher_ 112. Qual é a emergência?

Menina_ Socorro, ele está matando a minha mamãe.

Socorrista _ Quem está matando a mamãe?

Menina _ O meu papai! Faz alguma coisa, ajuda ela.

Socorrista_ Você sabe o endereço, querida?

Menina_ Bastionstrabe 104, Düsseldorf. Vem logo, ela está gritando muito.

Socorrista _ Já estamos indo querida, continue na linha. Qual o seu nome?

Menina_ Farah

Socorrista _ Quantos anos tem?

Farah_ Cinco. Ahhh Ele está vindo!

Socorrista_ Tem onde se esconder? Corra e se esconda, mas não saia do telefone ok?

A menina fica quieta e a única certeza que a atendente tem é que ela está na linha, pois pode ouvir a sua respiração.

Homem _ Onde você está? Eu sei que está no celular da sua mãe, eu vejo todas as ligações dela. Me dê aqui.

A atendente só ouve o grito da criança.

Farah _ Solta o meu cabelo, aí, eu já chamei a polícia.

Homem _ O que eu faço dentro da minha casa não é da conta de ninguém!

Farah _ Me solta! Mamãe, socorro

É a última coisa que a socorrista ouve antes da ligação cair.

"Comecei com esse capítulo tão triste e doloroso, pois agosto é o mês da Conscientização e Combate à violência contra a mulher. Não podemos fechar os olhos para o que vem acontecendo no Brasil, muitas mulheres perdem a sua vida na mão de companheiros ou ex-companheiro abusivo. Temos que combater esse mal, não podemos ignorar vizinhas e parentes, como já disse no livro anterior, em briga de marido e mulher é dever de todos meter a colher sim. É uma questão de humanidade e não de fofocas de vizinhos. Grite se você for vítima, denuncie se você está ouvindo o abuso acontecer.

Pense, não só a mulher que está passando por isso, pense também nas crianças, não é justo uma criança ver a sua mãe passar por isso, se for menina, quando crescer, vai achar que apanhar do marido é normal, se for menino, vai crescer achando que pode bater na mulher ou namorada.

Me basiei na ligação da menina de seis anos em Bragança Paulista, que não sabia nem o endereço de onde morava, mas já sabia que aquilo era errado e tinha que denunciar. A mãe, apesar de machucada, não queria denunciar o agressor, por medo de represálias, mas ela foi firme e obrigou a mãe a falar. O agressor foi preso, sei que certamente, não ficará preso por muito tempo. A lei é falha, ou pelo menos, quem as faz cumprir. Temos que denunciar!

Agosto foi escolhido por causa da lei Maria da Penha, que faz aniversário em agosto, e o lilás foi escolhido como a cor do respeito.

As vezes, é tudo o que uma mulher quer, é ser respeitada. Enquanto sonhamos em encontrar um príncipe, desses dos livros, outras sonham em encontrar somente respeito, uma coisa tão inerente a qualquer ser humano, mas tão em desuso no mundo em que vivemos.

Sei que vocês, como eu, também querem um mundo melhor, não custa pegar o telefone e tirar alguém das garras da morte.

Denuncie! "

O PRIMEIRO TAPA

HEIDI

Saio do casamento possessa, eu chorei tanto por esse homem. Eu não acredito que ele está vivo e me enganou esse tempo todo.

Se ele não queria a nossa filha não precisava ter inventado uma morte. Eu o quis, se me entreguei para ele, a responsabilidade também foi minha. Eu assumiria a minha filha, e a rejeição teria matado o amor que sentia por ele.

Farah _ Mamãe? Porque está chorando? Porquê bateu naquele homem? Ele não fez nada comigo.

Heidi _ Eu sei querida, a mamãe se descontrolou. Me perdoe.

Farah_ Eu só vi você assim, quando o papai puxou os meus cabelos. Você estava toda machucada, mas mesmo assim, me salvou.

Heidi _ Filha, já conversamos sobre isso! Aquele homem não era o seu pai.

Farah_ Eu sei, você me disse que se casou com ele quando eu tinha dois anos, mas ele é o único pai que eu conheço.

Heidi _ Pegue o tablet habibi, assista um desenho, a mamãe precisa pensar.

Ela obedece como sempre, mas com um vinco na testa, tão parecida com o pai.

Esse pensamento sempre foi para mim, um bálsamo, pensava ter ficado com uma parte do seu amor. Mas não existiu amor, pelo menos não da parte dele. Desgraçado, porquê os homens têm que ser tão covardes?

Estou com vinte e seis anos, dois relacionamentos e já lidei com a dor da perda, com a dor da insegurança. Vivi um relacionamento abusivo no meu casamento, e demorei muito para perceber isso.

A violência silenciosa é a pior, se tem violência física e mais fácil de ser provada e denunciada. E foi o que a minha filha fez.

Olha para ela tão parecida com ele e me lembro como tudo começou.

 Seis anos antes

Os meus pais morreram, mas deixaram o meu futuro garantido, quando terminei o colégio na Alemanha, fui para Londres estudar moda, o meu sonho era estudar em Paris, mas consegui ingressar na faculdade de Londres, a minha segunda opção. Morava com a minha tia, depois que eles morreram, nos despedimos no aeroporto, e nunca mais a vi.

Ela morreu enquanto eu estava fora estudando, fiquei sozinha no mundo.

Ainda tinha mais um ano de estudos pela frente, quando o conheci. Nunca fui de namorar e estava bem com isso. Fui ao jogo do pessoal da faculdade, uma amiga estava interessada em um jogador e me arrastou com ela para aquele evento.

Depois do futebol, tinha uma festa eu queria escapar mas não teve jeito. Estava na festa quando senti alguém passar a mão na minha bunda. Me virei enfurecida, um homem estava vermelho me olhando, tive certeza que foi ele, virei um tapa na cara dele, que ficou branco como cera.

Um adolescente ao seu lado falou algo em árabe que eu não entendi, e quis vir para cima de mim, e ele o segurou. Falou duro com o garoto que saiu de cabeça baixa.

Homem _ Peço desculpas pelo meu irmão.

Heidi _ Ele só quis defendê-lo, o pior foi você, tocando em mim sem permissão. Árabe não é? No seu país pode ser comum, tratarem as mulheres como objeto, mas aqui, assediar uma mulher dessa maneira é crime.

Homem_ Você está errada! Eu não toquei em você, o meu irmão fez isso, por isso pedi desculpas, e você já esteve em meu país para saber como as mulheres são tratadas, não acha que é preconceito da sua parte? Existem homens bons e maus em toda a parte do mundo. Não pode criticar uma cultura que você sequer conhece.

Heidi_ E você acha certo um homem ter tantas esposas enquanto uma mulher pode ter só um parceiro pela vida toda?

Homem _ Não digo que é certo ou errado, é apenas um costume, uma tradição, mas um homem não é obrigado a ter muitas esposas, tem quem as quer e possa sustentá-las.

Heidi _ E, porque uma mulher não pode se sustentar sozinha?

Homem _ Quem disse que não pode? A poligamia existe por vários motivos, às vezes é somente por status social, mas já vi homens se casarem com uma segunda ou terceira esposa, para proteger uma mulher de maus tratos, ou extrema pobreza. O casamento é um contrato que envolve as famílias, uma responsabilidade financeira. A perspectiva de uma mulher islâmica é diferente, ela vê o casamento com várias esposas como uma maneira de criar uma família islâmica, das mulheres terem igualdade financeira como os homens. Já no ocidente, vocês só veem o homem ter muitas esposas, como se ele fosse desonesto, ou só para fins sexuais, mas muitas vezes ele precisa dar abrigo para uma mulher, e perante a lei, ele não pode fazer o que fazem os homens no ocidente, enganam, engravidam uma mulher sem responsabilidade e simplesmente partem para outra. Você sabia que um homem não se casa pela segunda vez se a sua primeira esposa não permitir?

Heidi_ Não.

Homem _ O que o meu irmão fez com você, aqui é passível de pena, que não passa de uma noite na cadeia, ou pagar uma multa irrisória, isso se a denúncia for para frente. Em alguns países islâmicos ele poderia perder a mão. Qual o seu nome?

Heidi _ Heidi.

Homem _ Eu me chamo Khalid, mais uma vez peço desculpas pelo meu irmão. É a primeira vez que ele sai do país, e algumas pessoas preconceituosas lá, acham que todas as mulheres do ocidente são descartáveis e não merecem respeito.

Heidi _ Touché! Já entendi, nem todos os homens árabes são desonestos, assim como nem toda mulher ocidental é descartável!

Khalid _ Eu abomino qualquer tipo de preconceito, estou estudando aqui para levar conhecimento ao meu povo. Sonho em um dia construirmos um mundo melhor, onde cada país seja visto e copiado em suas conquistas e não baseados em alguns fatos religiosos. Procuro o conhecimento para fazer diferença.

Heidi_ Você está certo, tem mesmo muita coisa errada no mundo e precisamos compreendê-las antes de tentar mudar.

Khalid _ Você não é britânica nem tampouco americana, tem um sotaque no seu inglês que eu não consigo descobrir de onde vem.

Heidi _ Sou Alemã.

Khalid _ O seu povo também já sofreu preconceito por causa da história.

Heidi_ Sim, no primeiro dia de aula aqui fiquei possessa com um rapaz que me fez a saudação nazista. Era como se eu fizesse parte do exército nazista, foi horrível, pois só tinha visto essa saudação nos filmes, na Alemanha ainda é proibido glorificar aquele homem.

Estamos conversando e nem por um momento ele tira os seus olhos dos meus, não olha para o meu decote, como muitos já fizeram hoje, por eu ter vindo com a camiseta da Wendy.

Ela derramou cerveja na blusa que eu estava, durante a comemoração do gol, a sorte é que ela tinha uma limpa na bolsa, ela é meio ousada, e sou maior que a Wendy, então os meus seios ficaram em evidência, e até agora, ele foi a única pessoa aqui que não olhou para eles.

Ele é lindo e tem um sorriso maravilhoso. De repente alguém esbarra nele e ele vira o copo de água em cima de mim, e me segura pela cintura, assim que sinto aqueles dedos na minha cintura, um calor me invade e sinto algo que nunca senti antes, ele também me pareceu afetado pela nossa proximidade.

(Foto criada por IA)

DEPOIS DO PRIMEIRO TAPA

HEIDI

Depois desse dia, ficamos inseparáveis, ele pediu o meu número e eu dei. Mas fez questão de me acompanhar até o apartamento que eu dividia com a minha amiga no Campus.

Respeitosamente beijou a minha mão na hora da despedida, e eu fiquei encantada, nunca fui tratada dessa maneira.

Quando a Wendy chegou, eu perguntei a ela o que sabia sobre ele, pois ela conhecia o Campus inteiro.

Ela disse que ele era discreto, estudioso, que muitas garotas já tentaram ficar com ele, mas não tinham conseguido, o pai dele era rico ou influente, que além de ser lindo, educado, elas corriam atrás dele por causa do dinheiro também.

Wendy _ Não sonhe muito com ele, você pode não conseguir também.

Heidi_ Você acha que ele nunca ficaria comigo?

Wendy _ Não é isso, eu adoro você, é uma das poucas amizades sinceras que fiz aqui, eu não quero que se machuque. Ele pode até ficar com você, mas você é sonhadora, tenho certeza que quer um amor para a vida toda e não sei se ele é o homem certo para você.

Heidi _ Está dizendo que ele pode não se apaixonar por mim?

Wendy _Estou dizendo que ele é homem, muçulmano, uma cultura diferente da nossa, pelo que falam é muito rico, quais são as chances de um romance assim ir para frente? Não quero que entregue o seu coração e saia ferida, se quiser só ir para a cama dele, tudo bem, mas não envolva o seu coração, que eu saiba os dois são virgens ainda, o seu corpo e o seu coração.

Ela estava certa, não deveria ter envolvido o meu coração, mas nunca fui de fazer nada pela metade, e me entreguei de corpo e alma aquele homem, aquele sentimento.

Quando ele me ligou, senti-me feliz e ansiosa para passear com ele como me propôs.

Percorremos as ruas de Londres, conversando, rindo, no final do passeio, eu peguei na mão dele para atravessar uma avenida e não soltamos mais, ele parecia feliz e eu estava radiante, ele entrou no meu coração muito rápido e acreditei que eu tinha entrado no dele também.

Levou uma semana inteira de encontros na biblioteca, no Campus, passeios pela cidade, para que ele me beijasse.

Eu comecei a pensar que ele não me queria, já que nunca tomou iniciativa de nem ao menos me beijar, combinámos de ir ao cinema naquele dia, e eu estava ansiosa, esperando que enfim o beijo saísse.

O fim do filme chegou, com os protagonistas num beijo profundo e eu olhei para ele esperançosa, ele estava me olhando, vi quando os seus olhos desviaram-se dos meus e ficaram presos na minha boca. Ele também quer, eu pensei, mas ele desviou o olhar e perguntou com a voz rouca.

Khalid _ Gostou do filme?

Heidi_ Gostei, não teve o desfecho que eu queria, mas foi bom.

Khalid _ Os dois ficaram juntos, enfrentaram muitos problemas, inclusive a oposição da família e ficaram juntos, o que mais você queria?

As pessoas estavam saindo da sala e nós continuávamos sentados.

Heidi _ Não era do filme que eu esperava mais.

Khalid _ Não? O que esperava?

Heidi_ Eu esperava que quisesse me beijar.

Ele arregalou seus lindos olhos e me disse naquela voz rouca que tortura os meus sonhos até hoje.

Khalid _ E quem disse que eu não quero? Quero muito! Mas antes precisamos conversar sobre as nossas famílias.

Heidi_ Eu não preciso do consentimento da minha família para ficar com você, estamos no Ocidente, você sabe. É só um beijo.

Khalid _ Quando eu beijar você, não será só um beijo, habibi. Irá durar a vida toda, você está pronta para lidar com isso? Eu nunca mais vou querer me separar de você, o nosso futuro será atrelado um ao outro.

Eu só o puxei pelo pescoço oferecendo os meus lábios e ele me beijou. E foi uma coisa mágica, me sentia nas nuvens. Não sei o quanto durou, sentir a boca dele, na minha as nossas línguas se acariciando, as suas mãos na minha cintura, estremeceram o meu corpo todo, enquanto uma mão, lhe puxava o pescoço a outra estava em cima do seu coração que batia feito louco.

Eu não senti aquilo sozinha, eu sei que ele estava lá comigo. Impossível uma pessoa fingir os batimentos cardíacos, a boca pode mentir o coração jamais.

Saímos do cinema ainda atordoados

Khalid _ Precisamos conversar habibi.

Heidi_ É a segunda vez que me chama assim, o que quer dizer?

Khalid _ Quer dizer meu amor.

Heidi _ Ohh

Eu suspirei fundo, ele me ama, como eu o amo.

Mais uma vez tomei a iniciativa e o abracei e beijei na rua.

Khalid _ Não posso te expor dessa maneira.

Heidi _ Eu não estou sendo exposta! O ocidente lembra? Aqui é comum os casais se beijarem em público.

Khalid _ Vamos para o meu apartamento, precisamos conversar.

Heidi _ Por favor Khalid, deixe que eu seja feliz por hoje. É o nosso primeiro beijo e você parece estar sério para conversar, se isso vai estragar as coisas entre nós, não diga nada, me deixe ser feliz mais um pouco. Sei que você só tem mais três meses de curso e depois provavelmente vai embora. Vamos só curtir a companhia um do outro nesses três meses.

Khalid _ Namorar como os ocidentais? Sem compromisso? Eu não sou assim!

Heidi_ Namorar com o compromisso só entre nós dois, sem família, sem choque de culturas, somente nós dois no nosso mundo particular.

Ele olha-me e eu ponho as minhas mãos em oração.

Heidi _ Por favor Khalid.

Khalid _ Quando você diz o meu nome assim, eu não resisto a nada.

Ele abre o seu sorriso maravilhoso e sei que ganhei, pelo menos teremos três meses para ser feliz.

Começamos aquele namoro, aquele pacto, sem nada a nos separar. Vivemos momentos maravilhosos.

Depois de um mês daqueles beijos, eu não aguentava mais. Ir às estrelas, beijar nas nuvens, já não me bastava.

Eu sabia o que queria e fui buscar. A Wendy me orientou, eu me preparei, comprei os preservativos, pedi os maiores que tinha na farmácia. Eu sentia aquela potência, aquele volume, todas às vezes que nos abraçávamos, eu sabia que ele era grande, mas não tive medo. Entrei até na Internet, procurando como agradar um homem na cama. Não queria que ele me achasse jovem demais ou ingênua.

Não queria que ele desistisse no meio do caminho. Sei que até agora não fomos para a cama, não porque não me quer, ele quer e muito. Não fomos porque, ele quer me proteger dele mesmo. Quer proteger a minha virtude, já tentei colocar na cabeça dele que a virtude não está no meu hímen.

Agora vou partir para o ataque.

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