Luna – O vento gelado bate no meu rosto e, ao inspirar profundamente, sinto um alívio momentâneo, como se o ar pudesse amenizar a dor que arde no meu peito.
É como um luto. Como se alguém tivesse arrancado um pedaço do meu coração e deixado apenas um vazio sombrio no lugar. Talvez seja isso mesmo… uma perda irreparável — de mim para mim mesma.
Hoje faz exatamente um mês desde o dia em que entrei no meu próprio apartamento e encontrei meu noivo… com a minha melhor amiga.
Sim, eu sei, meninas. Muitas vezes os sinais estão escancarados diante dos nossos olhos, mas a gente insiste em acreditar que certas pessoas jamais seriam capazes. E aí a vida vem e mostra que, sim… as pessoas podem ser cruéis.
Desde então, Bruno — meu ex — não para de me perseguir, implorando perdão, dizendo que foi apenas uma “recaída”, jurando que nunca mais aconteceria.
Eu o amei. Me entreguei inteira. Era apaixonada por ele de corpo e alma. Mas não perdoo traição. O único sentimento que ele desperta em mim agora é nojo.
A cena que presenciei me quebrou em mil pedaços, e confesso… está sendo difícil continuar respirando no mesmo lugar onde tudo aconteceu.
Por isso, decidi: está na hora de deixar essa fase para trás. Preciso, e vou recomeçar.
Meu irmão me chamou para morar com ele em Paris. E é exatamente onde estarei em breve. As malas já estão prontas, e eu espero apenas o dia amanhecer… para embarcar rumo a um novo capítulo da minha vida.
Meu nome é Luna, tenho 25 anos, formada em gastronomia e apaixonada por confeitaria desde que me entendo por gente.
Sempre acreditei que o açúcar podia curar qualquer dor, até que provei o gosto amargo da traição.
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O saguão do aeroporto está lotado, mas, no momento em que meus olhos encontram os dele, o barulho ao redor parece desaparecer.
Lucca.
Ele abre um sorriso caloroso e começa a caminhar até mim. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, seus braços já estão ao meu redor. É um abraço firme, quente… o tipo de abraço que parece colar de volta as partes quebrada.
Lucca tem 35 anos, é formado em engenharia, empresário de sucesso e, para completar, dono de uma beleza que não passa despercebida. Alto, porte elegante, sorriso fácil… basta um olhar para perceber que ele poderia ser o protagonista de qualquer romance — e provavelmente já foi na vida de muitas mulheres. Mas, para mim, ele sempre será apenas meu irmão
Lucca: Ah, minha pequena… você não faz ideia de como eu senti sua falta.”
Luna: Eu também, Lucca… mais do que eu mesma imaginava.
Ele afasta o rosto só o suficiente para me olhar nos olhos, como se quisesse confirmar que eu realmente estou ali.
Lucca: Agora acabou, está bem? Você está comigo. E aqui, nada vai te machucar.
Eu apenas aceno com a cabeça, sentindo meus olhos arderem. Não choro. Não aqui.
Saímos lado a lado, e o ar frio de Paris me envolve. No carro, enquanto ele dirige pelas ruas iluminadas, sinto uma estranha mistura de medo e esperança.
Ele fala sobre o apartamento onde vamos morar, descrevendo cada detalhe, como se quisesse me mostrar que ali eu teria um novo lar.
E, pela primeira, começo a acreditar que talvez eu possa recomeçar.
O carro para diante de um prédio de fachada imponente, iluminada por luzes suaves que realçam cada detalhe arquitetônico. O porteiro abre a porta com um sorriso e cumprimenta Lucca pelo nome, como se ele fosse um velho amigo.
Luna: Uau… você mora aqui?
Lucca: (sorri de canto) Sim, e agora você também.
Entramos no saguão e, por um instante, eu me sinto em um filme. O chão de mármore branco reflete a luz dourada do lustre de cristal, e uma parede inteira é coberta por um jardim vertical perfeitamente cuidado. O elevador é silencioso e espaçoso, com espelhos nas laterais que refletem nossos rostos — o dele sereno, o meu ainda tentando se acostumar.
Ao chegarmos ao último andar, Lucca abre a porta de um apartamento amplo, banhado pela luz das janelas que vão do chão ao teto. A vista é de tirar o fôlego: Paris inteira parece se estender diante de mim, com a Torre Eiffel brilhando ao fundo.
Luna: Meu Deus… Lucca, isso é lindo.
Lucca: É seu lar agora, Luna. Quero que você se sinta segura aqui.
A sala é decorada com sofás de veludo cinza, almofadas claras e uma lareira moderna que parece convidar para noites longas e aconchegantes. Nas paredes, quadros minimalistas e fotografias em preto e branco da cidade. Um aroma leve de baunilha e café paira no ar.
Ele me guia por um corredor até um quarto só meu. As paredes têm um tom suave de bege, a cama é enorme, coberta por um edredom branco e travesseiros fofos. Ao lado, uma poltrona junto à janela cria um cantinho perfeito para ler ou apenas observar a cidade. As cortinas são de tecido leve, que deixam a luz da manhã entrar suavemente.
Luna: (tocando a colcha) Parece um quarto de hotel cinco estrelas…
Lucca: Hotel nenhum tem o meu café da manhã. E sim, já comprei tudo pensando em você.
Abro o armário e encontro roupas de cama extras, toalhas macias e até um roupão felpudo. Na escrivaninha, um vaso com flores frescas.
Luna: Você pensou em tudo…
Lucca: Queria que, quando você chegasse, sentisse que já pertencia a este lugar.
Por um instante, não consigo responder. Meus olhos percorrem cada detalhe e percebo que não é só luxo é cuidado. É amor de irmão.
Lucca: Amanhã vou te mostrar a cidade. Mas hoje, quero que descanse. Está em casa, Luna.
Sorrio, e sinto meu peito aquecer.
A ausência dos nossos pais parecia menos pesada com Lucca ali, ao meu lado, firme e protetor.
Luna: Eu te amo, Lucca. Mais do que tudo. Obrigada por estar comigo.
Lucca: Boa noite pequena.
Ele sorriu, e com carinho depositou um beijo suave no topo da minha cabeça, como quem sela uma promessa silenciosa de cuidado. Depois, se afastou, me deixando com aquela sensação de paz.
Fiz minha higiene rapidamente, o corpo ainda cansado. Deitei-me na cama do quarto de hóspedes, o quarto que, enfim, seria meu, pela primeira vez em semanas, o sono veio fácil, profundo.
Na manhã seguinte, acordei devagar, ainda envolta no silêncio confortável do apartamento de Lucca. O lugar era um reflexo do dono: sofisticado, moderno, mas com detalhes que o tornavam aconchegante.
Lucca me leva para tomar uma café na cafetaria próximo ao seu apartamento.
Luna: Nossa, Lucca, esse vestido floral é perfeito pra esse dia.
Lucca: Você fica linda, Luna. Precisava ver esse sorriso no seu rosto. Hoje é dia de sair da rotina.
Eles caminham pelas ruas charmosas de Paris, até chegarem num café aconchegante, com mesinhas na calçada e cheiro de café fresquinho no ar.
Lucca: Aqui é meu lugar favorito pra pensar... e pra fugir um pouco do mundo.
Enquanto escolhem a mesa, um rapaz elegante, que claramente já conhece Lucca, se aproxima.
Victor, 38 anos, sócio e melhor amigo do Lucca.
Victor: Lucca! Que surpresa te ver por aqui.
Lucca: Mana, essa é a primeira vez que vou te apresentar oficialmente o Victor. Ele é o cérebro por trás das nossas últimas conquistas na empresa.
Victor: Prazer em finalmente conhecer a irmã do Lucca, mesmo que só agora.
Luna: O prazer é meu.
Ela deu um sorriso contido, mantendo aquele ar de quem prefere observar.
Victor notou o jeito meio fechado, mas ao mesmo tempo, viu um brilho diferente nos olhos dela, como se escondesse uma história bem interessante.
Lucca: Junte-se a nos.
Victor puxou a cadeira para sentar ao lado de Lucca, enquanto Luna ficou um pouco mais reservada, olhando o movimento ao redor.
Percebendo o clima um pouco tenso, riu e cutucou Victor no braço.
Lucca:Cuidado, Victor, essa aqui ainda tá em “modo escudo ligado” — ele fez uma pausa dramática — mas eu protejo minha irmã como um leão protege a cria. Qualquer coisa, tô aqui pra garantir que ela fique só com coisa boa.
Victor riu, soltando um “boa, Lucca!”, e Luna não pôde deixar de sorrir pela primeira vez naquela manhã.
O clima ficou mais leve, as conversas fluíram com naturalidade, e mesmo que Luna ainda não se abrisse, algo no ar dizia que aquele encontro seria só o começo de algo novo
Victor: Então, Luna, o que te traz a Paris?
Ela sorriu levemente, os olhos carregando um misto de distância e força.
Luna: Ah, sabe como é... às vezes a gente precisa se perder um pouco pra se encontrar.
Victor arqueou as sobrancelhas, intrigado, mas respeitou o silêncio.
Lucca: É, minha irmã é dessas. Mistério e charme que não se revelam fácil.
Victor riu, encantado com o jeito dela que, mesmo fechada, já mostrava que não era qualquer uma.
Victor: Entendo. Às vezes, um mistério é a melhor parte de uma história.
Luna desviou o olhar por um instante, depois olhou direto nos olhos dele.
Luna: Talvez. Ou talvez eu só ainda esteja escrevendo o meu capítulo.
Lucca bateu de leve no ombro de Victor.
Lucca: Olha, só não tenta correr atrás dela rápido demais, viu? Minha irmã tem um jeito meio selvagem, mas sabe ser leal pra quem merece.
Victor sorriu, já percebendo que ali tinha algo a mais do que só um encontro casual.
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