Chá com o Diabo
O FILHO REJEITADO
A tempestade rugia do lado de fora enquanto a rainha gritava em agonia. No interior do castelo, os guardas se entreolhavam em silêncio, tensos. Quando finalmente o choro do bebê ecoou pelos corredores, o alívio se espalhou... mas durou pouco.
Parteira
Tragam o rei...agora
*sussurrou ao ver o bebê*
O bebê era diferente. Sua pele tinha o tom dourado do sol, e seus cabelos eram brancos como a neve. Aquilo era uma afronta à linhagem do rei, uma linhagem marcada por pele clara e cabelos escuros há gerações.
Quando o rei chegou e viu o filho nos braços da esposa, seus olhos se encheram de raiva.
Rei Gaithe
Isso é traição, Guerta essa criança não é minha!
A rainha, fraca e ensanguentada, tentou se levantar.
Guerta
Ele é seu...sangue do seu sangue, talvez...
Rei Gaithe
Não minta!
*gritou o rei*
Rei Gaithe
Guardas, levem essa mulher e que seja executada ao amanhecer
*sai do quarto*
Mesmo condenada, Guerta olhou para a criada mais fiel, Leila, e sussurrou com o pouco de força que lhe restava.
Guerta
Fuja. leve o meu filho e proteja-o...mesmo que eu não possa
Laila obedeceu. Na calada da noite, cobriu o bebê com mantos escuros e escapou do palácio pelo jardim. Mas o mundo lá fora era cruel e devido a um descuido, perdeu o bebê. Ela procurou por horas, mas nenhum sinal do bebê.
Prometeu a si mesma achar a criança e cumprir o que a rainha havia lhe ordenado. Era sua responsabilidade.
Ysaac vivia entre becos e sombras. Nunca soube quem era. Nunca teve ninguém. Apenas a fome o acompanhava fielmente.
Em mais um dia de barriga vazia e chuva fina, viu um senhor vendendo doces em uma barraca improvisada. Sem pensar, correu e roubou um bolinho.
？？？
Ladrão!
*gritou o homem*
As pessoas em volta se reuniram para pegar Ysaac. A multidão o perseguiu pelas vielas, até que Ysaac, sem saída, entrou em um palácio antigo e em ruínas. Subindo até o sótão de um dos cômodos, ele percebe que o alvoroço na parte de fora se acalmou, assim só restando o silêncio e a chuva fina lá fora.
Se levantando de vagar, olhou em volta, percebeu que haviam várias mobílias e estátuas cobertas por lençóis cheios de poeira em sua volta.
O cômodo parecia denso e quanto mais adentrava no meio daquelas coisas, mais se sentia observado. Uma estante o chamou atenção, e enquanto vasculhava, ouviu um barulho estrondoso acompanhado com um trovão.
Olhando para trás, percebeu que havia algo estranho nas mobílias. Uma estátua estranha estava mais perto do que ele se lembrava, na verdade, ele não se lembrava dela estar ali antes.
Deixou de lado e volto a mexer na estante. Foi então que um barulho de algo se arrastando ecoou nas suas costas. Rapidamente virou para trás, se deparando com aquela mesma estátua bem na sua frente. Assustado deu um passo para trás o que fez a madeira ranger.
Dominado pelo medo e ansiedade, foi mais alguns passos para trás, parando bem em cima de uma madeira podre devido ao tempo. Inevitavelmente a madeira quebrou. Ysaac viu dispencando entre o esqueleto do palácio. E então. Tudo ficou escuro.
Quando acordou, sentiu o ar puro adentrar suas narinas e preencher seus pulmões. Uma dor aguda tomou conta de seu corpo, que por sinal, estava cheio de arranhões. Olhou em volta e percebeu que havia caído em meio de um salão. O salão não era fechado, havia pilares enormes que davam espaço para um jardim maravilhoso.
Percebeu que a sua frente havia um homem, alto, pele pálida parecia porcelana, seus cabelos eram escuros como a noite, e olhos vermelhos como brasas. Era imponente, se não fosse pelo sorriso substituindo o olhar rude, Ysaac poderia jurar que teria sua cabeça arrancada naquele momento.
reuniu coragem para perguntar quem ele era e como foj parar ali. claro que ele sabia que tinha caído de muito alto, mas isso não explica como ele foi parar em um lugar tão organizado, limpo e tomado pelo sol do verão , sendo que alguns minutos atrás, a chuva do lado de fora do palácio tinha se intensificado.
Baeony
pesso perdão se ficou confuso ou muito grande kk
Baeony
eu estava com esa obra em mente faz um tempo, mas tive medo de começar a escrevê-la e não agradar vocês e acabar ficando confuso. Enfim. Obrigado por lerem e até a próxima
CHÁ COM O DIABO
Ysaac ergueu o rosto, tentando entender se era real
Ysaac
Q-quem é você?
*perguntou a voz falhando*
O homem não respondeu de imediato
？？？
Eu? Eu sou aquele que se teme na noite. Quando os santos caem, eu sou o que permanece
Ele se aproxima mais,lentamente, até sua sombra cobrir todo o corpo de Ysaac. Ysaac por sua vez , prendeu a respiração, aquilo não era humano.
O homem se ajoelhou então, trazendo seu rosto próximo ao do garoto. Havia beleza ali, mas de um tipo que feria, como uma lâmina afiada demais.
Azael
Mas para você...apenas Azael
Ysaac franziu o cenho. Azaael! Isso se quer era um nome? ele se perguntou. Como se o homem lesse sua mente, ele o respondeu.
Azael
Esse é apenas um...apelido. Nomes verdadeiros tem poder Ysaac
O homem se levanta, indo em direção à uma mesa redonda com uma chaleira e duas xícaras de porcelana. Aquelas coisas estavam ali antes? Ysaac deixou seus pensamentos de lado quando viu Azael acenar com a mão para que se juntasse a ele. Sem ao menos perceber que Azael sabia seu nome...mesmo não tendo dito a ele.
Ysaac hesitou antes de se sentar. Apesar da beleza daquele lugar, seu instinto o alertava de algo nas sombras, algo maligno que se escondia por trás da beleza e aconchego daquele homem. Quando finalmente se sentou, teve o deslumbre do cheiro doce e acolhedor do que havia na chaleira.
Azael derramou o líquido avermelhado dentro das duas xícaras, oferecendo uma para Ysaac que pegou e olhou com desconfiança.
Azael
Chá
* ajeita a xícara no pires*
Ysaac
nunca vi um chá dessa...cor
Azael não o responde, apenas o encara como estivesse esperando que ele bebesse do chá. Ysaac desconfortável, deu seu primeiro gole. Como ele esperava. Era doce.
Ysaac
Então...você é como eu? Diferente
* fixa seus olhos na xícara *
Azael da um sorriso alinhado, dentes brancos, bonitos.
Ysaac
Então você é um Deus?
Azael
Deuses mentem e se escondem. Eu...sou o que resta quando eles se calam
* a xícara tilintou em seus dedos*
Azael
Não é para entender. Pelo menos, não agora
Azael observa a criança a sua frente. Roupas surradas, sujo e com alguns arranhões. Ele inclinou a cabeça para o lado, apoiando a palma da mão em seu maxilar.
Azael
Sabe Ysaac. Eu gostei muito de você, então o ajudarei a voltar para o seu mundo
Azael apertou os olhos levemente acompanhado de um sorriso fechado. Ele se maravilhada com a inocência cega do menino, mas por dentro sombava da pequena criatura a sua frente.
Azael
Mas você terá que me fazer uma promessa
* levanta o indicador apontando para o teto *
Azael
Eu o levarei de volta, se prometer voltar para tomar chá comigo a cada um ano
Azael se levanta da cadeira indo até a borda do salão, ele parecia observas as roseiras que aviam ao pé da escada que dava para o jardim. Só naquele momento que Ysaac pode reparar que Azael era muito alto, esguio mesmo que parecesse ter muitos músculos por baixo de suas vestes.
Azael
Aqui é solitário. E percebi com a sua chegada, que seria muito bom nos tornarmos...amigos
Azael aproxima seu dedo de uma roza, mas evita tocá-la. Ysaac acha toda aquela situação estranha. Mas o que ele tinha a perder né?
Azael pareceu relaxar seu rosto por um momento, revelando um rosto sério e desdenhoso. Ele não moveu nada mais do que sua ires que ia em direção a Ysaac que agora estava de pé. O que fez a espinha do garoto vibrar. Mas logo um sorriso e um olhar carinhoso tomou conta de seu rosto novamente.
Azael
Ótimo
* Diz entusiasmado*
De repente o mundo começou a girar, tudo fica escuro e Ysaac cai no chão de mármore. Antes de perder a consciência por completo, Ysaac ouve a voz de Azael como um sussurro. " Não quebre sua promessa...porque aqui, promessas tem fome "
Baeony
Estarei disposta a responder qualquer pergunta
Baeony
Obrigado por lerem este capítulo. Até a próxima
A MARCA
O impacto foi leve, como se o chão tivesse o amparado. Mas não era o mesmo lugar de antes
O ar era úmido, o céu acinzentado. Ele estava do lado de Fora do palácio, de volta à realidade. O palácio em ruínas agora parecia vazio, mudo, como se nunca tivesse abrigado coisa alguma.
Ysaac levantou de vagar, a voz de Kael ainda ecoava em sua mente. Ysaac sentiu algo se mexendo na sua nuca, queimado levemente sob sua pele. Um símbolo.
Um círculo vermelho, no seu centro uma rosa. Também havia algumas runas. Não doía, mas estava ali, vivo e vibrando.
Ysaac
O que é isso?
* sussurrou*
Um corvo pousou em um galho próximo, observando-o.
Ysaac apertou os punhos. Algo dentro dele estava querendo sair. Uma chama que nunca havia sentido. Fechou os olhos por um momento e o mundo ficou silencioso, como se ele pudesse escutar as árvores, sentir os movimentos de cada ser ao seu redor. Seus sentimentos, pensamentos, intenções. Cada detalhe. Como se parte dele não fosse mais humana.
Mas com esse dom. Vinha o medo. O medo de voltar... De cumprir a promessa.
Mas de repente tudo se acalmou. Agora ele não iria mais fugir.
Kael andava silenciosamente por um corredor longo. ele carregava um colar com uma foto em seu interior. Ele observou essa foto, e com receio, passou o polegar pela pequena imagem.
Azael
Finalmente te achei...
Ele esconde aquele colar de volta em suas vestes. Erguendo a cabeça e voltando a caminhar. Ele sussurrou
Azael
Dessa vez não deixarei você escapar...
Baeony
Pesso perdão por este capítulo ser tão pequeno. Prometo que tentarei prolonga-los
Baeony
Obrigado por lerem. Até a próxima
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