Isabela cresceu em uma casa onde o cheiro de café fresco se misturava ao som das risadas de sua mãe, Helena, e às conversas sérias de seu pai, Antônio. Eles eram o seu porto seguro, o exemplo de dedicação e amor que ela carregava consigo.
"Eu sempre soube oque eu queria ser quando crescesse, que a minha liberdade estava em dar vida a ideias, não apenas em seguir os caminhos traçados. E foi essa busca por independência que me levou a trabalhar. Aos 16 anos, enquanto estudava, consegui um emprego de meio período em um supermercado. Era ali que eu guardava cada centavo para o futuro, e foi ali que tive a minha primeira experiência com o amor e a minha primeira desilusão."
"Foi um namoro de adolescência, simples, que terminou da mesma forma que começou".
Depois de concluir o ensino médio, Isabela começou a pesquisar faculdades na área de marketing. Ela descobriu que a melhor faculdade para a sua área de interesse era em São Paulo e sabia que precisava ir.
Helena: "São Paulo é uma cidade enorme, filha. Você tem certeza que quer ir sozinha?"
Mamãe perguntou, com a voz embargada de emoção.
Isabela: "Tenho, mãe. É a minha hora de criar o meu próprio roteiro, de crescer e ser independente."
Seu pai, Antônio, que esteve em silêncio por um tempo, a abraçou forte.
Isabela: Não fique assim papai, eu sei me cuidar, prometo que sempre vou ligar pra vocês, E nas minhas férias escolares eu venho visitar vocês .
Antônio: "Só estou pensando, filha, estou orgulhoso da minha princesa e com medo."
Isabela riu da expressão de seu pai. Helena e Antônio ficaram um pouco relutantes com a partida da filha, preocupados com o quão grande e caótica a cidade era, mas apoiaram a ambição dela.
Com a decisão tomada, Isabela se dedicou a pesquisar apartamentos mobiliados próximos à faculdade, tudo online. Entrou em contato com a imobiliária e, com a ajuda de sua mãe, Helena, que revisou cada detalhe do contrato de locação, ela finalizou a papelada. Mesmo Isabela falando que não precisava, pois tinha suas economias guardadas, seu país já deixou pago um ano de aluguel, também depositam um dinheiro em sua conta para ajudar com as despesas.
Estava tudo pronto; ela já teria um lugar para morar assim que chegasse a São Paulo.
Uma semana antes de sua partida, a família organizou uma grande festa de despedida. Tios, primos e amigos se reuniram para celebrar a nova fase de sua vida.
Tia Fátima: "Cuidado lá, menina. Não se esqueça de nós!"
Seu primo, que era quase um irmão, a abraçou forte:
Primo Bruno: "A gente sabe que você vai brilhar. É a nossa futura grande profissional de marketing!"
Seus outros tios vieram a cumprimentar e desejar uma boa viagem.
suas primas, Camile e Rebeca também lhe desejaram boa viagem.
Naquela noite, em meio aos abraços e às promessas de ligações, Isabela sentiu o peso da despedida e o brilho da esperança. E, uma semana depois, com a passagem na mão, ela embarcou em um avião, com o coração cheio de medo e excitação.
"São Paulo. A cidade onde meu futuro começava", ela pensou, enquanto olhava a metrópole da janela do avião, pronta para abraçar o desconhecido. "A cidade que me faria uma nova mulher, e o palco de uma história que eu ainda não podia imaginar."
O avião pousou no Aeroporto de Congonhas. A agitação de São Paulo a recebeu com uma energia diferente da qual estava acostumada. O ar, pesado e elétrico, vibrava com a promessa de que ia conseguir realizar seus sonhos. Isabella sentiu o coração acelerar. Apesar de já ter viajado para vários lugares com seus pais, até mesmo para fora do país, ela não pôde deixar de sentir um pouco de nostalgia e medo, mas a vontade de aprender mais e realizar seus objetivos a impulsionava. Aquele não era mais o cheiro de café fresco de sua casa, mas o de asfalto quente, fumaça de carros e a diversidade de perfumes de pessoas de todas as partes. Era o cheiro da liberdade.
Na saída do aeroporto, ela pegou um táxi e, no caminho para o seu novo lar, olhava pela janela, admirada com a vastidão da metrópole. Edifícios altos se perdiam no horizonte, o trânsito parecia uma coreografia caótica, mas impressionante. Ela se sentia uma pequena peça em um tabuleiro de xadrez gigante, mas essa sensação, em vez de assustá-la, a encheu de uma nova confiança.
Chegando ao prédio, ela se dirigiu à portaria, onde um homem de meia-idade a recebeu com um sorriso.
"Boa tarde, em que posso ajudar?", perguntou o porteiro.
Isabella: "Boa tarde, meu nome é Isabella Castro. Sou a nova moradora do 123", ela respondeu, estendendo a mão para se apresentar.
"Ah, sim, a senhorita Castro! Meu nome é Jorge, sou o porteiro. Seja muito bem-vinda", ele disse, verificando os documentos dela e entregando as chaves.
Jorge: "Qualquer coisa que precisar, pode me procurar."
Isabella: "Muito obrigada, Jorge. E pode me chamar só de Isa", ela respondeu.
Ela subiu para o apartamento, que a surpreendeu. Era um pouco amplo, com uma sala e cozinha integradas e duas suítes, o que era um luxo para uma estudante. A vista da janela era linda, a cidade se estendendo até onde a vista alcançava. Ela largou suas malas e mochilas, sentindo um misto de alívio e excitação.
A fome bateu, então ela decidiu pedir comida. Pegou o celular e abriu um aplicativo. A variedade de restaurantes era imensa, e ela se perdeu por um tempo antes de decidir. Pediu um prato de massa com um suco natural. Enquanto o pedido não chegava, começou a arrumar suas coisas, guardando roupas no armário e livros na estante. Isabella tomou um banho e ficou sentada no sofá esperando o seu pedido chegar.
De repente, o interfone tocou. Era Jorge avisando que tinha um entregador na portaria com sua refeição. Ela autorizou o entregador a subir, pagou e agradeceu.
Isabella abriu a marmita e viu que estava com uma cara ótima. Sentou-se no chão da sala, pôs a marmita em cima da mesa de centro e começou a comer.
Enquanto Isabella comia, pegou o celular e ligou para sua mãe, que atendeu rapidamente.
Ligação on
Helena: "Oi, minha princesa, chegou bem?"
Helena: "Já comeu alguma coisa, você está se adaptando?"
Nesse momento, Isabella não pôde deixar de rir, então ouviu seu pai dizer:
Antônio: "Querida, se acalme, não tem nem muitas horas que a nossa filha saiu de casa", disse ele rindo.
Helena suspirou e disse:
Helena: "Verdade, mas parece que já tem dias, eu já sinto tanta falta do meu bebê."
Isabella: "Também já estou morrendo de saudades de vocês, e respondendo à sua pergunta de antes, mamãe, eu comecei a comer agorinha."
Helena: "Você não fique se enchendo de porcarias não, viu, dona Isabella? Se alimente direito."
Isabella: "Eu sei, mãe, prometo que vou me alimentar direito e vou me cuidar, estou comendo massa e um suco natural."
Isabella: "Daqui a pouco irei ao mercado fazer umas compras."
Antônio: "Querida, deixe a nossa filha, ela sabe se cuidar. Minha princesa, qualquer coisa que você precisar ligue para a gente, ok?"
Antônio: "Eu sei que você quer ser independente e me orgulho muito disso em você, porém, nós somos seus pais e ficamos preocupados. Não hesite em nos falar se estiver precisando de algo, mês que vem iremos te visitar."
Isabella: "Está bom, papai, eu prometo. Agora eu vou ter que desligar. Ainda tenho que ir ao mercado, e amanhã vou acordar cedo para ir à faculdade ver qual vai ser a minha sala."
Helena: "Ok, meu amor, beijos. Te amo."
Antônio: "Beijos, princesa, te amo."
Isabella: "Beijo, meus amores, amo vocês."
Ligação off
Isabella se levantou na cozinha para jogar a vasilha no lixo. Depois, foi ao banheiro escovar os dentes, fez suas necessidades e pegou sua bolsa para ir ao mercado.
Isabella pegou o celular, chamou um carro por aplicativo e seguiu para o supermercado mais próximo. Enquanto o carro a levava, ela pensou que, apesar de estar longe de sua família, estava finalmente vivendo o seu próprio roteiro. E, a cada esquina, a cada nova experiência, ela estava escrevendo uma nova página de sua vida.
Isabella estava perdida em pensamentos que nem se deu conta de que já havia chegado ao mercado.
Motorista: "Moça, chegamos."
Isabella: "Me desculpe, não havia percebido", disse meio sem graça.
Ela pagou e saiu do carro.
Entrando no mercado, Isabella pegou o carrinho e foi colocando tudo o que ia precisar durante o mês. Depois, foi ao caixa, pagou e chamou outro carro para ir para o apartamento.
Chegando ao apartamento, ela pagou e o motorista a ajudou a colocar suas compras dentro do elevador. Quando as portas estavam prestes a se fechar, ela viu uma mão impedindo que a porta se fechasse. Então um homem entrou, um moreno lindo de olhos verdes.
A mão que impediu a porta do elevador de se fechar era forte, com dedos longos e bem cuidados. Então, ele entrou. Meu coração deu um salto, e não foi pelo susto. Ele era alto, muito alto, e seu corpo parecia esculpido sob o terno escuro que vestia. Tinha a pele morena, um bronzeado que parecia beijado pelo sol, e os cabelos escuros, quase pretos, caíam em ondas sobre a testa. Mas o que realmente me prendeu foram os olhos. Verdes. De um verde tão intenso que pareciam esmeraldas, e me olhavam com uma curiosidade que me fazia prender a respiração.
Ele sorriu, um sorriso que iluminou o rosto e revelou uma covinha discreta na bochecha.
"Boa noite", ele disse, e a voz era grave, com um sotaque suave que eu não soube identificar de imediato.
Isabella: "Boa noite", respondi, sentindo minhas bochechas esquentarem. Tentei me recompor, lembrando que estava com sacolas de supermercado e parecia uma bagunça.
O elevador começou a subir, e o silêncio entre nós era preenchido apenas pelo suave som do motor. Eu tentava desviar o olhar, focando nos números do painel, mas sentia a intensidade dos olhos verdes dele sobre mim. Era como se ele estivesse tentando decifrar um enigma.
Quando o elevador parou no meu andar, eu me apressei para sair, equilibrando as sacolas pesadas. Ele, percebendo minha dificuldade, estendeu a mão para segurar a porta.
"Deixe-me ajudá-la", ele ofereceu, com a mesma voz melodiosa.
Isabella: Ah, obrigada, não precisava...eu murmurei, um pouco sem graça, mas aceitei a ajuda. Ele pegou as sacolas mais pesadas com uma facilidade impressionante, como se não pesassem nada.
Caminhamos juntos pelo corredor. O cheiro do perfume dele era amadeirado e sofisticado, e eu me peguei inalando-o discretamente.
"Você é nova no prédio, não é?", ele perguntou, quebrando o silêncio. "Nunca a vi por aqui."
Eu sorri.
Isabella: Sim, acabei de me mudar. Cheguei hoje
"Bem-vinda, então", ele disse, e seus olhos verdes brilharam com um interesse genuíno. "A propósito, sou Ricardo."
Eu, que ainda tentava processar a situação, sorri.
Isabella: Prazer, Ricardo. Eu sou Isabella.
Ricardo:"Isabella", repetiu, saboreando o nome.
"Aqui está" disse ao deixar as sacolas na porta do meu apartamento.
Isabella: Obrigada
Ricardo:Espero vê-la novamente.
Ele se despediu com um aceno de cabeça e se virou para ir embora, em direção ao apartamento 125. Eu fechei a porta lentamente, ainda sentindo o eco de sua voz e a intensidade de seu olhar. Ricardo. Meu vizinho. E, por alguma razão, eu sentia que a minha história em São Paulo havia acabado de ganhar um novo personagem.
Com as sacolas no chão da sala, eu me permiti um suspiro. Aquele encontro inesperado havia injetado uma dose extra de adrenalina no meu dia. Ricardo era, sem dúvida, um homem muito bonito.
Seus olhos verdes pareciam ter deixado uma marca em minha mente, e seu sorriso, mesmo que em breve, tinha um charme inegável. Eu me peguei pensando em como seria tê-lo como vizinho, e um calor estranho se espalhou pelo meu peito.
Sacudi a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Eu acabara de chegar, e meu foco principal era a faculdade e a minha independência. Relacionamentos eram a última coisa na minha lista de prioridades.
Mas era difícil ignorar a sensação de que algo havia mudado no ar do meu novo apartamento.
Comecei a desempacotar as compras do supermercado, organizando os alimentos na geladeira e nos armários. Cada item guardado era um pequeno passo na construção da minha nova vida. Enquanto arrumava a cozinha, meus pensamentos voltavam para Ricardo. Será que ele era solteiro? Será que nos encontraríamos novamente no elevador? Eu ri de mim mesma. Estava agindo como uma adolescente.
Depois de guardar tudo, me sentei no sofá, exausta, mas com uma sensação de dever cumprido. A cidade lá fora zumbia com sua vida noturna, mas dentro do meu apartamento, eu sentia uma paz estranha, uma mistura de solidão e liberdade. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para meus pais, avisando que estava tudo em ordem e que amanhã iria a faculdade. Eles responderam com emojis de coração, me desejaram boa sorte e promessas de uma visita em breve.
Naquela noite, antes de dormir, olhei pela janela. As luzes de São Paulo piscavam como estrelas no chão, uma tapeçaria infinita de sonhos e possibilidades. Eu estava ali, sozinha, mas não me sentia solitária. A aventura havia realmente começado, e eu estava pronta para cada novo capítulo. O rosto de Ricardo, com seus olhos verdes, foi a última imagem em minha mente antes de adormecer, um lembrete sutil de que a vida em São Paulo prometia muito mais do que eu imaginava.
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