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Hired To Love You

A entrevista

pensamentos: (tal coisa) sussurros: ~ola ação: *pega o copo* gemidos: ~~ corado: ///
A chuva caía fina naquela tarde de outono, borrando os contornos da cidade cinzenta. Kim Jiseok apertou a barra da jaqueta surrada, tentando ignorar o frio que insistia em se infiltrar pela gola. O celular em sua mão tremia levemente — de nervosismo ou frio, ele já não sabia.
kim jiseok
kim jiseok
última chance, jiseok... não estrague isso *murmurou pra si mesmo*
O prédio em que ele entrou era elegante e silencioso demais. Luxuoso demais. Tudo ali gritava “perigo disfarçado de sofisticação”. Ainda assim, ele seguiu até o 11º andar, como instruído. Quando a porta do escritório se abriu, a presença do homem diante dele quase o fez recuar.
Jeon Wonwoo.
Terno preto. olhar gélido. postura impecável. ele parecia julgar Jiseok da cabeça aos pés em silêncio absoluto.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
você é o amigo do park taemin?
a voz era baixa, porém firme
kim jiseok
kim jiseok
s-sim. Eu sou Kim Jiseok... estou aqui pela vaga de babá.
wonwoo ergueu uma sombrancelha. Babá. A palavra parecia destoar completamente daquele lugar.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
tem experiência com crianças?
kim jiseok
kim jiseok
eu cuidei de alguns primos quando era mais novo... e aprendo rápido.
silêncio. um longo, desconfortável silêncio.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
o salário é de cinquenta e um mil por mês.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
pode começar amanhã. hoje você vai conhecer meu filho
Jiseok piscou, surpreso com a decisão tão repentina.
kim jiseok
kim jiseok
isso é tudo? não vai me perguntar mais nada?
jeon wonwoo
jeon wonwoo
não precisa. taemin falou que você é confiável. E... você parece ser bom com crianças.
pela primeira vez, um traço de expressão suave cruzou o rosto do chefe.
antes que jiseok pudesse responder, a porta lateral se abriu e uma mulher entrou com um bebê no colo. jeon jun-ho.
o pequeno arregalou os olhos, observando jiseok com curiosidade, depois sorriu — um sorriso tão puro e sincero que fez o coração de jiseok se apertar sem motivo algum.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
ele não costuma sorrir para estranhos...
jeon wonwoo
jeon wonwoo
talvez você seja diferente.
jiseok não sabia como reagir ao sorriso do bebê. estava acostumado a olhares de julgamento, distância e frieza. mas aquele pequeno rosto redondo e curioso que sorria para ele.... aquilo o desarmou.
jun-ho esticou os bracinhos em direção a ele.
a mulher que o segurava — aparentemente a governanta — pareceu surpresa, mas não hesitou em entregá-lo a jiseok com um aceno sutil de cabeça. ele o pegou com cuidado, com um pouco de hesitação, mas para a própria surpresa, jun-ho se acomodou em seu colo com facilidade, encostando o rostinho em seu ombro.
kim jiseok
kim jiseok
ele... é bem tranquilo
jiseok disse baixo, alisando suavemente as costa do bebê.
wonwoo cruzou os braços, observando com atenção cada movimento dos dois.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
ele não chorou. isso é raro.
disse, e pela primeira vez, a rigidez em sua voz diminuiu um pouco
Jiseok levantou os olhos, encarando o homem à sua frente. Por trás da frieza, havia algo quebrado. Ele reconhecia aquele olhar — ele mesmo o via no espelho todos os dias.
kim jiseok
kim jiseok
por que está contratando uma babá agora?
jiseok perguntou sem pensar, e logo se arrependeu
houve uma pausa.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
porque preciso proteger o que me resta... e isso exige que eu esteja em lugares que não são seguros para um bebê.
a resposta foi direta, e pesada. jiseok engoliu em seco
kim jiseok
kim jiseok
o senhor... trabalho com o quê exatamente?
wonwoo soltou um suspiro curto, quase impaciente.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
eu lido com negócio, alguns deles... envolvem riscos.
ele se aproximou, a poucos passos de jiseok.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
mas isso não te diz respeito. sua única função aqui será cuidar dele
Os olhos de Wonwoo caíram novamente sobre o filho, que agora brincava com os dedos da camisa de Jiseok.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Se alguém tocar um fio de cabelo dele...
A voz ficou grave, ameaçadora
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Você será o primeiro a responder por isso.
Jiseok não recuou. Em vez disso, segurou o bebê com mais firmeza, como se instintivamente soubesse que o protegeria com a própria vida, se fosse preciso.
kim jiseok
kim jiseok
Eu entendo.
Disse com firmeza incomum em sua voz suave.
kim jiseok
kim jiseok
Mas posso garantir que comigo ele estará seguro.
Por um segundo, os olhos de Wonwoo piscaram com algo próximo à surpresa. Depois, assentiu.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Ótimo. Amanhã, 7h. Traga apenas o necessário. Não gosto de bagunça.
A mulher voltou para pegar o bebê, e Jun-ho relutou por um instante antes de soltar o tecido da camisa de Jiseok. O rapaz fez um leve carinho na cabeça do pequeno antes de soltá-lo.
Quando saiu do prédio, a chuva havia parado, mas o mundo ainda parecia cinza. Mesmo assim, Jiseok sentia algo diferente no ar. Um pressentimento.
Aquele trabalho mudaria tudo.
Talvez fosse a chance que ele precisava para recomeçar. Ou talvez... fosse o começo do fim.

primeiro dia

Jiseok acordou antes do despertador. Vestiu sua camisa branca e calça preta, o único conjunto formal que possuía. Prendeu os cabelos brancos de forma leve, tentando parecer mais “apresentável”. No espelho, encarou os próprios olhos escuros. Estavam calmos, mas ele sabia que, por dentro, não estava nem um pouco tranquilo.
kim jiseok
kim jiseok
Respira... É só um trabalho.
Mas o nome Jeon Wonwoo ecoava em sua mente desde o dia anterior. O jeito que ele falava. O olhar firme, frio... e ao mesmo tempo, o cuidado silencioso com o filho. Era um contraste perigoso — e estranhamente... atrativo.
Quando chegou à mansão, foi recebido pela mesma governanta que lhe entregou Jun-ho no dia anterior. Ela parecia mais aberta agora.
governanta
governanta
o senhor jeon está em reunião. Você vai direto para o quarto do pequeno.
O quarto de Jun-ho era surpreendentemente aconchegante. Paredes em tons suaves de azul e cinza, brinquedos organizados, um berço impecável. Jiseok encontrou o bebê sentado no tapete, com um urso de pelúcia maior que ele no colo.
kim jiseok
kim jiseok
Olá, jun-ho
Disse com um sorriso gentil.
Ao ouvir sua voz, o bebê virou e abriu um largo sorriso, esticando os braços. Jiseok não conseguiu evitar sorrir de volta, pegando-o no colo com facilidade. O pequeno se acomodou no pescoço dele com um suspiro satisfeito.
kim jiseok
kim jiseok
Você é realmente tranquilo demais pra um bebê...
Murmurou, fazendo carinho nas costas dele.
kim jiseok
kim jiseok
Ou talvez só confie em mim... mesmo sem saber por quê.
Ele se sentou com Jun-ho no colo, cantando baixinho uma música antiga da infância — coisa rara de lembrar. O bebê parecia gostar.
Alguns minutos depois, sentiu um par de olhos o observando.
Virou-se devagar... e lá estava ele.
Wonwoo, de pé na porta do quarto, encostado no batente. Ainda usando o terno escuro impecável, mas com o paletó desabotoado. Os olhos escuros estavam fixos em Jiseok e no filho em seu colo. Por um instante, ele parecia... vulnerável.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Ele não costuma dormir no colo de ninguém.
Disse baixinho, cruzando os braços.
Jiseok olhou para baixo. Jun-ho dormia profundamente, com a mãozinha segurando um dos dedos dele.
kim jiseok
kim jiseok
Talvez... ele só precisava de um pouco de carinho.
Respondeu.
Wonwoo encarou o rapaz por longos segundos, depois desviou o olhar.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Hoje você vai almoçar aqui. Quero conversar com você depois do almoço.
kim jiseok
kim jiseok
Algum problema?
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Não. Só quero te conhecer melhor.
Disse de costas já, saindo do quarto.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
E saber se você é tão confiável quanto parece.
Assim que ele sumiu no corredor, Jiseok soltou um suspiro pesado.
kim jiseok
kim jiseok
(Primeiro dia e ele já quer conversar... ótimo.)
Mas o que ele não sabia... Era que aquele almoço mudaria tudo.

Entre silêncios e olhares

A cozinha da mansão era grande demais para duas pessoas. A mesa de madeira escura se estendia como se pertencesse a um castelo antigo, mas apenas dois lugares estavam arrumados — lado a lado, não frente a frente.
Jiseok estranhou.
Ele esperava algo mais... distante. Frio. Um “você come na cozinha dos empregados e pronto”. Mas não. O lugar estava silencioso, limpo e o cheiro da comida recém-feita preenchia o ambiente.
Wonwoo já o esperava, sentado com as mangas da camisa dobradas até o antebraço e um copo de vinho na mão.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Sente-se.
Disse sem desviar os olhos do copo.
Jiseok obedeceu, mantendo a postura calma. Era bom em fingir tranquilidade. Desde os quinze, tinha aprendido a sobreviver com um sorriso educado e olhos frios por dentro.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
A governanta disse que Jun-ho dormiu por quase duas horas.
Comentou Wonwoo, enquanto a comida era servida.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Isso é... impressionante.
kim jiseok
kim jiseok
Ele parece confortável comigo.
Respondeu Jiseok com um leve sorriso.
kim jiseok
kim jiseok
Crianças percebem coisas que adultos ignoram.
Wonwoo finalmente o olhou. Direto. Intenso.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Você está certo, Eu percebi isso também.
Disse baixo.
Houve uma pausa. Apenas o som dos talheres.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Por que você aceitou esse trabalho?
Ele perguntou de repente.
Jiseok piscou.
kim jiseok
kim jiseok
Por que...?
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Salário é bom, mas o risco também é. Você sabe quem eu sou. O que eu sou. Isso te assusta?
Jiseok o encarou por alguns segundos antes de responder.
kim jiseok
kim jiseok
Sinceramente? Não.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Por quê?
kim jiseok
kim jiseok
Porque eu também não sou alguém comum.
O silêncio caiu como uma cortina. O olhar de Wonwoo mudou — não de surpresa, mas de interesse. Como se Jiseok tivesse dito algo que ele queria ouvir.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Você tem cara de quem já viu muita coisa.
Disse Wonwoo.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
E age como quem sabe se defender. Mas ao mesmo tempo... é calmo demais. Quase... pacífico.
Jiseok deu uma risada curta e amarga.
kim jiseok
kim jiseok
Paz é o que a gente aprende a fingir quando vive em guerra por dentro.
Os olhos de Wonwoo endureceram por um segundo. Aquilo o atingiu.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Você tem família?
kim jiseok
kim jiseok
Não.
Respondeu sem hesitar.
kim jiseok
kim jiseok
E, se tenho... não faz diferença.
Wonwoo não perguntou mais nada. Apenas assentiu com lentidão.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Entendo mais do que imagina.
O restante da refeição foi silencioso, mas não desconfortável. Era como se ambos tivessem compartilhado um pedaço da dor sem precisar gritar. Duas cicatrizes se reconhecendo.
Quando terminaram, Wonwoo se levantou e olhou para Jiseok mais uma vez.
jeon wonwoo
jeon wonwoo
A partir de hoje, você pode andar pela casa livremente. Mas... nunca entre no andar inferior sem permissão.
kim jiseok
kim jiseok
O que tem lá?
jeon wonwoo
jeon wonwoo
Coisas que não combinam com um bebê... nem com você.
E com isso, ele saiu da sala, deixando Jiseok sozinho. Mas algo naquela conversa havia mudado.
Não foi apenas uma conversa. Foi um aviso. E... uma abertura.

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