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A Escritora e o Mafioso.

Ester Ávila.

Sou a Ester, tenho 20 anos e depois de passar tanto trabalho na vida aprendi que nada seria fácil.

Não fiz faculdade, era matar ou morrer, precisava trabalhar para viver, contando um pouco da minha vida meu pai me abandonou nem sei quando, não tenho uma única lembrança dele, existe somente uma informação que é seu nome “Luís Otávio”, mas não sei quem é, de onde vem e para onde iria, ele largou minha mãe grávida.

Minha mãe, quanta saudade, ela morreu quando eu tinha 14 anos e ali fiquei sozinha, digo sozinha porque fui morar com minha avó, ela não valia nada e me entregou para as autoridades dizendo que eu dava trabalho, eu nunca dei trabalho algum, mas aceitei o que me foi imposto, um dia o orfanato pegou fogo e muitas de nós fugiram, eu já tinha 16 anos e fui morar com a minha amiga Letícia, ela tinha 18 anos e me acolheu sendo mais que eu esperava, como falei... minha vida nunca foi fácil.

  Crescer sem um pai, perder minha mãe tão jovem... Bem, isso te faz aprender cedo que ninguém vai te salvar. Passei anos tentando encontrar meu lugar sozinha com minha mãe, depois que ela morreu com minha avó, lembro de quando a família se reunia e todos falavam sobre ser um fardo, a pequena Ester era um estorvo no mundo, eu tinha um sonho, mas com 18 fui trabalhar em uma rede de fast food, não deu certo, depois o mercado não exigia faculdade, mas matava meu tempo todo e assim fiquei pulando de um emprego para outro, sem nunca sentir que pertencia a algum lugar. Até que, um dia, frustrada e perdida, resolvi escrever, estava no meu intervalo, véspera de feriado e sentei com meu notebook e comecei a digitar, pensei em algo picante, algo que eu mesma gostava de ler, quando dei por mim tinha passado do horário de voltar, mas não podia cortar, ali senti que daria certo e em um surto de loucura vim para casa.

Peguei meu notebook velho, sentei na mesa improvisada da cozinha e continuei firme em uma certeza, era a minha chance.

As palavras simplesmente fluíram. Era como se, finalmente, eu tivesse encontrado a saída de tudo. Criei um romance quente, algo ousado e intenso, e pela primeira vez me vi mergulhada em um mundo onde eu tinha o controle. Publiquei o e-book na plataforma, sem esperar muito nesse primeiro momento.

Letícia vivia comigo até encontrar o namorado, agora praticamente mora lá.

No primeiro mês, o dinheiro foi suficiente para comprar comida.

No segundo, comprei um notebook melhor. No terceiro, o valor aumentou ainda mais.

Eu estava em choque. Nunca imaginei que algo meu pudesse fazer tanto sucesso. Era como se, depois de anos de luta, eu finalmente tivesse uma chance de recomeçar.

Agora, com o sucesso do meu primeiro best-seller, isso mesmo, ainda me recordo da alegria quando lemos aquilo: 15.000 e-books vendidos, passei da margem dos R$100k, a sensação era surreal.

Ainda me lembro de quando abri meu aplicativo bancário e vi o saldo. Era real. Um sorriso tímido escapou dos meus lábios enquanto eu navegava na internet, pesquisando passagens para a Itália.

A Itália. Sempre foi um lugar que me fascinou, tanto que virou cenário de várias histórias que escrevi. E agora, com dinheiro no bolso, eu finalmente pude realizar esse sonho. Decidi comemorar sozinha no apartamento. Não que fosse novidade. Nunca fui de grandes festas ou de dividir minhas vitórias com muita gente.

— Você precisa sair desse mundo virtual, Ester! — a voz de Letícia ecoou pelo telefone. — Não adianta nada viajar para a Itália e não viver um romance de verdade. Já passou da hora de perder essa virgindade, garota!

— Isso é fácil para quem é como você, destemida, corajosa, linda e bem resolvida, ninguém quer uma sem graça como eu que nem beber não bebe, mas vou curtir muito amiga, prometo, agora deixa eu desligar, te amo e não esquece de cuidar do meu gato na minha ausência — falei e ela pela câmera me mandou um beijo.

Eu só ria das suas investidas, sabia que quando alguém aparecesse eu perderia a virgindade, mas resta saber quando isso vai de fato acontecer, embora minhas bochechas tenham ficado vermelhas, fiz piada da situação. Letícia nunca perdia a chance de me provocar.

  Uma verdade? Eu nunca namorei. Nunca tive tempo ou coragem. Não é fácil quando você passa anos apenas tentando sobreviver. Mas, mesmo sem experiências, meus livros conhecem paixões intensas e encontros avassaladores. Era mais fácil criar essas histórias do que vivê-las.

Eu me peguei diante do espelho enquanto arrumava algumas roupas na mala. Observei meu reflexo. Meus longos cabelos pretos caíam sobre os ombros, e os olhos castanhos dourados que sempre considerei comuns brilhavam com algo novo: Esperança. Eu nunca achei nada especial, mas agora... Agora parecia que o mundo estava se abrindo para mim.

Os últimos dias antes da viagem foram um misto de ansiedade e empolgação. Tudo parecia estar mudando. Pela primeira vez, senti que algo bom estava realmente prestes a acontecer.

Naquela noite, antes de embarcar, sentei-me à beira da cama, olhei pela janela e respirei fundo.

— Itália, aqui vou eu. — Murmurei para mim mesma, sentindo o coração acelerar.

Era o começo de algo novo. Eu podia sentir isso. E, pela primeira vez, estava pronta para arriscar.

No aeroporto o som dos anúncios ecoava pelos alto-falantes, misturado ao barulho das rodas das malas no chão e às conversas apressadas das pessoas ao meu redor.

Eu estava tentando não me perder em meio à confusão, mas era impossível não sentir um frio na barriga. Itália, aí vou eu. Meu sonho de infância finalmente estava se tornando realidade.

Na fila para despachar minha bagagem, me distraí ajustando a alça da minha mochila quando ouvi uma voz masculina, carregada de um leve sotaque.

— Você está indo para a Itália?

Virei-me e dei de cara com um homem alto, bem-vestido e com um sorriso fácil. Seus olhos castanhos brilhavam, e ele segurava um passaporte italiano na mão.

— Sim, é a minha primeira vez lá. Estou muito animada! — respondi, sorrindo. — E você? Está voltando para casa?

— Exatamente. Moro em Roma, mas viajo bastante a trabalho. Meu nome é Marco Ricci. — Ele estendeu a mão.

— Ester, — respondi, apertando sua mão rapidamente. — Você parece conhecer bem o país. Alguma dica para uma novata?

Ele riu, um som caloroso e despreocupado.

— Ah, a Itália tem muito a oferecer. Depende do que você gosta. Roma é obrigatória, claro, mas eu recomendo Florença se gosta de história e arte. É uma cidade que inspira.

— Florência está no meu roteiro! — disse, animada. — Eu amo história. Meu trabalho tem muito a ver com isso, na verdade.

Marco arqueou uma sobrancelha, intrigado.

— Sério? O que você faz?

— Sou escritora. Escrevo romances. Meu último livro foi inspirado por histórias de poder e mistério. E agora espero usar a Itália como cenário para o próximo.

Ele pareceu impressionado:

— Uma escritora famosa! Bem, se precisar de ajuda ou de um guia local, ficarei feliz em mostrar alguns segredos que os turistas não conhecem.

A oferta era inesperada, mas sua simpatia parecia genuína. Troquei contato com ele antes de nos despedirmos em segurança. Enquanto me afastava, não pude deixar de pensar que Marco poderia ser uma boa conexão. Afinal, quem melhor do que um local para ajudar com detalhes autênticos?

O início da minha aventura prometia ser tão fascinante quanto o que eu imaginava para o meu próximo livro. O que eu não sabia é que minha curiosidade inocente logo me levaria a um mundo que nem mesmo minhas histórias mais ousadas haviam explorado.

Matheu Ricci.

Ser quem sou não era para qualquer um. Desde que me entendo por gente, o peso do nome da nossa família esteve sobre os meus ombros, meus irmãos Marco e Enzo são meus braços direitos e juntos precisamos manter tudo a punhos de ferro.

Meu pai, Otto Ricci, fez questão de me lembrar disso em cada passo que dei. Ele é o homem que construiu nosso império, que transformou nossa família na mais poderosa da Itália. Agora, era a minha vez de carregar essa responsabilidade.

A vida nunca foi sobre escolhas fáceis para mim. Desde muito cedo, fui moldado para liderar, para carregar o peso do nome Ricci e o legado que vinha com ele. Ser o chefe da família mais poderosa da máfia italiana não é apenas uma posição, é uma sentença de responsabilidade que jamais cessa, e estou mais do que pronto para isso.

Cada decisão que tomo molda o destino da nossa organização. Frio, calculista e sempre um passo à frente, é assim que me veem. Mas, no fundo, sou somente um homem lutando para proteger o que é nosso. E quando digo "nosso", estou falando dos meus irmãos e da nossa irmã. Eles são o meu centro, cada um desempenhando um papel essencial no equilíbrio dessa dinâmica perigosa.

Marco, meu irmão do meio, é o consiglier da família. Ele é a voz calma em meio ao caos, o homem que pensa antes de agir, que mede cada palavra e calcula cada risco, é aquele que pode olhar nos olhos do inimigo e convencê-lo de que a derrota é uma ideia dele mesmo. Ele tem uma elegância natural, sempre impecável em ternos sob medida, mas seu poder está na mente. Marco é o estrategista, a bússola que mantém o navio em direção ao sucesso.

Enzo, por outro lado, é o oposto de Marco, nosso executor. Onde Marco usa palavras, Enzo usa ações, e ações rápidas, impiedosas e precisas. Ele é o tipo de homem que prefere resolver as coisas com os punhos ou, quando necessário, com um revólver. Enzo é o bom vivant da família, com um sorriso malandro que encanta e intimida na mesma medida. Ele vive pelo momento, aproveitando os prazeres da vida, mas nunca hesita quando chega a hora de proteger a família.

E então há Sofia, nossa caçula, nossa princesa. Sofia é a única luz pura neste mundo cheio de sombras. Ela tem um coração generoso, uma mente afiada e uma curiosidade que às vezes me preocupa. Sempre foi a favorita de todos nós, e não é difícil entender por quê. Enquanto Enzo e Marco representam as duas forças que me ajudam a manter o equilíbrio, Sofia é o que nos lembra por que lutamos.

Eu sou o líder. Cada plano, cada movimento passa por mim. Sou aquele que carrega o peso das escolhas, que precisa estar à frente dos nossos inimigos e, às vezes, até mesmo dos nossos aliados. Minhas preferências refletem minha posição: gosto de luxo e eficiência. Nada de excessos desnecessários. Um bom vinho tinto, um relógio clássico, ternos bem cortados e armas discretas, é tudo o que preciso.

Nós três somos diferentes, mas juntos formamos uma unidade impossível de quebrar. É isso que faz de nós uma das famílias mais respeitadas e temidas da máfia italiana. Marco mantém nossa estratégia intacta, Enzo é a força que protege nossas fronteiras, Sofia é a nossa alma, e eu sou a mão que guia.

Nosso ramo de trabalho era um segredo a céu aberto. Oficialmente, tínhamos hotéis de luxo, vinícolas exclusivas e uma cadeia de restaurantes premiados. Extra-oficialmente? Controle de portos, comércio de arte e joias, e influência em cada canto onde houvesse poder e dinheiro, ou seja, o sub mundo nos pertence. Não havia um negócio ilegal ou uma transação milionária que não passasse pelas nossas mãos.

O luxo que me cercava era uma extensão da nossa riqueza. Meu escritório, no topo de um prédio com vista para o centro de Milão, era um exemplo disso. O mármore italiano revestia as paredes, e uma mesa de madeira maciça importada ocupava o centro do cômodo.

O relógio suíço no meu pulso valia mais do que a casa de muitas pessoas. Mas nada disso importava para mim. Eu não fazia questão de ostentar. O que realmente me interessava era manter o controle.

Foi nesse cenário que recebi meu pai, Otto Ricci. Ele entrou no escritório com sua presença imponente, como sempre fazia. Seus sessenta anos não haviam diminuído sua autoridade. Pelo contrário, cada ruga no rosto dele parecia carregar o peso das decisões que o fizeram chegar ao topo.

— Matheu, precisamos conversar. — Ele disse, sentando-se na cadeira de couro diante da minha mesa.

Suspirei. Sempre que meu pai começava com esse tom, sabia que vinha algo que eu não queria ouvir.

— Sobre o quê? — Perguntei, recostando-me na cadeira.

Ele cruzou os braços, me encarando como fazia quando eu era criança e não queria obedecê-lo.

— Casamento.

Eu ri, balançando a cabeça.

— Isso de novo? Já deixei claro que não tenho interesse em me casar.

— Matheu, um líder solteiro não é um líder. — Sua voz era firme, intransigente. — A família precisa de estabilidade. Você precisa de uma esposa.

— Tenho estabilidade. Tenho controle. E não preciso de ninguém para governar ao meu lado.

— Você acha que isso é sobre o que você precisa? — Meu pai se inclinou para frente, os olhos fixos nos meus. — É sobre o que nossa família precisa. Um líder casado é um líder respeitável. Um homem com uma esposa ao seu lado é visto como mais confiável.

— Confiança? — Sorri, mas não havia humor no meu tom. — A confiança que temos é comprada, pai. Não preciso de um casamento para garantir isso.

Ele suspirou, mas seu olhar era de alguém que não aceitaria um "não" como resposta.

— Você está no comando, Matheu, mas há certas tradições que não podemos ignorar. Não estou pedindo para você amar alguém. Estou pedindo para fazer o que precisa ser feito pelo bem da família.

— Não vou me casar por conveniência. Isso é um jogo que não quero jogar.

Meu pai se levantou, ajeitando o paletó com um gesto calculado.

— Pense no que eu disse. Você tem até o final do ano para reconsiderar.

Eu o observei sair, o som de seus passos ecoando pelo mármore polido. Sabia que ele não desistiria. Otto Ricci não era o tipo de homem que aceitava derrotas. Mas, desta vez, eu também não estava disposto a ceder.

Olhei pela janela do escritório, a cidade brilhando sob meus pés. Para o mundo lá fora, eu era o herdeiro de um império, o homem mais poderoso da Itália.

Chegando na Itália.

Finalmente, Itália! O cheiro do aeroporto em Roma era diferente, uma mistura de café forte, perfumes sofisticados e o calor de um país vibrante. Enquanto esperava meu táxi, olhei ao redor, quase incrédula. Eu estava aqui. Realmente aqui, no aeroporto sorri vendo Marco se aproximar, ele não estava no mesmo lugar que eu, mas quem pensaria diferente né, esse homem exala poder e riqueza e eu vim na econômica sem vergonha alguma.

— Senhorita Ester, quer carona para o seu destino? — perguntou simpático, mas sem sorrir demais.

— Não sei ao certo, se tivesse mãe diria que ela me ensinou a não pegar carona com estranhos, mas como não tenho, aceito — falei tentando soar engraçada, mas acho que ele não entendeu.

— Estou brincando Marco, agradeço, estou hospedada no Hotel Villa Romana, sabe onde é? — questionei e ele assentiu, entrei no carro super chique que ele tinha e seguimos.

Com o dinheiro que ganhei com meu primeiro best-seller, comprei um pacote turístico para cinco dias. Era o suficiente para explorar um pouco e talvez até me inspirar para meu próximo livro. As ruas de Roma eram tudo o que eu tinha imaginado: uma história em cada pedra, movimento em cada esquina.

Ele me deixou no hotel e seguiu seu caminho. Fiquei mais apaixonada quando vi pessoalmente, o hotel era lindo, pequeno, charmoso, com uma vista adorável de uma pracinha.

Depois de desfazer as malas, decidi sair para explorar. O sol da tarde iluminava tudo, e cada rua parecia saída de um cartão-postal. Parei em uma trattoria e pedi algo que parecia irresistível no cardápio: lasanha alla bolognese. Quando o prato chegou, precisei conter um suspiro. Era perfeito, com camadas generosas de molho e queijo derretido.

Enquanto comia, mandei uma mensagem para Letícia:

"Cheguei! Isso aqui é um sonho! A comida, amiga... Meu Deus, você não faz ideia."

Ela respondeu quase na mesma hora:

"Aproveite, Ester. Só não se esqueça de viver também, tá? Nada de passar o dia todo escrevendo."

Depois do almoço, caminhei mais um pouco até encontrar uma pracinha tranquila. Escolhi um banco próximo a uma lanchonete. De lá, pude observar o movimento enquanto anotava ideias para meu próximo livro.

Coloquei o notebook no colo e comecei a digitar. Precisava de uma ideia forte, algo que prendesse o leitor desde o início. Romance? Claro, mas queria algo mais intenso. Algo realista.

Foi então que me lembrei de uma conversa que tive com Letícia meses atrás. Falávamos sobre mistério, perigo, histórias que envolvem o proibido. A máfia. Meu coração acelerou com a ideia. Era isso.

Abri o navegador e comecei a pesquisar: “Máfia italiana, história”, “Organizações criminosas na Itália”, “Casos reais”. Uma pesquisa levava a outra, e logo eu estava mergulhada em artigos, notícias e documentos. Havia algo fascinante nesse universo: o poder, as traições, os códigos de honra... e as histórias de amor impossíveis que poderiam surgir em meio a tudo isso.

Perdi a noção do tempo. Já estava escuro quando percebi o quanto tinha lido e anotado. Fechei o notebook e respirei fundo. Eu sabia que essa história poderia ser incrível, mas também senti um arrepio ao pensar no quanto parecia perigoso mergulhar nesse mundo se ele fosse real, ainda bem que é tudo ficção.

Peguei meu celular e liguei para Letícia.

— Leh, você não vai acreditar. Tive uma ideia incrível para um novo livro.

— Lá vem você com mais um romance daqueles...

— É diferente desta vez. É sobre a máfia italiana. Algo intenso, perigoso e realista.

— Ester... não sei se isso é uma boa ideia. Você sabe que certas coisas são melhor deixar de lado, né?

— Relaxa, amiga. É só uma história. Nada vai acontecer. — falei para ela, minha amiga me contou que o namorado dela é de uma organização criminosa de onde moramos, e que é difícil sair disso, e olha que ela não tinha envolvimento com nada, uma advogada quase formada excelente com palavras, feliz e com uma boa vida, mas que tem medo de não conseguir se desvencilhar disso, enfim entendo o medo dela e quis logo acalmar seu coração.

Quando voltei para o hotel, dormi rapidamente e nem vi nada.

No dia seguinte, acordei com o som do sino de uma igreja próxima. Estava ansioso para continuar explorando Roma, mas minha mente ainda girava em torno do que descobri na noite anterior.

Tomei o café da manhã no hotel, um cappuccino perfeito acompanhado de um cornetto doce, e saí com meu notebook na mochila.

Minha ideia era simples: encontrar um lugar calmo para continuar minhas anotações. A pracinha onde estive no dia anterior parecia o lugar ideal. O sol estava brilhando, e os cheiros das padarias e cafés enchiam o ar. Escolhi um banco sob a sombra de uma árvore e comecei a organizar o que havia encontrado.

Eu já tinha uma extensa lista de nomes de famílias mafiosas, casos que dizem ser reais e até detalhes sobre como as organizações se estruturam. Mas preciso de mais. Decidi me aprofundar.

Conectei-me ao Wi-Fi gratuito da praça e continuei. Passei de artigos históricos para fóruns obscuros, clicando em links que levam a páginas cada vez mais desenvolvidas. Meus dedos voavam pelo teclado, enquanto eu absorvia tudo: métodos de operação, alianças políticas, até os mesmos rumores sobre famílias específicas que ainda dominavam certas regiões da Itália.

Eu estava tão envolvida em minha pesquisa, mas mesmo assim notei quando dois homens vestidos de terno observaram meus movimentos à distância.

Eles estavam parados perto da entrada da praça, falando discretamente enquanto me olhavam.

Depois de um tempo, senti um desconforto estranho. Levantei os olhos e percebi os dois ainda ali. Talvez fosse paranoia, mas algo não parecia, como me olharam me deixava inquieta. Tentei ignorar e continuar escrevendo.

Algum tempo depois, uma garçonete da lanchonete próxima se aproximou. Ela parecia nervosa enquanto conversava:

— Signorina, com licença... você está bem?

Olha para ela, confusa.

— Sim, estou. Por quê?

Ela hesitou antes de responder.

— Só... tome cuidado com o que está fazendo. Não é seguro pesquisar certas coisas por aqui.

Meu coração disparou. Como ela sabia o que eu estava pesquisando?

— Desculpe, eu não entendo...

Ela apenas balançou a cabeça e se afastou, como se já tivesse dito aqui demais. Fiquei olhando para ela, tentando processar suas palavras. Seria coincidência? Ou realmente havia algo errado?

Fechei o notebook e decidi que era melhor voltar para o hotel. Enquanto caminhava de volta, senti como se estivesse sendo seguida. Olhava discretamente por cima do ombro, mas não via ninguém. Ainda assim, a sensação de que algo estava fora do normal era impossível de ignorar.

Quando cheguei ao quarto, tranquei a porta e respirei fundo. Talvez estivesse exagerando, mas o aviso da garota ecoava na minha mente.

Pensei na Letícia. Talvez devesse ligar para ela, contar o que estava acontecendo. Mas o medo de parecer loucura me impediu. Então, fiz o que sempre faço: escrevi. Abri o notebook e comecei a descrever a sensação de estar sendo observada, o peso de um olhar desconhecido.

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