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Em Meio a Dor Eu Te Encontrei, Alice &David

Cicatrizes da Infância

Me chamo Alice Rodrigues Oliveira, tenho 25 anos e moro com minha tia,

Elis Oliveira do Vale, de 45 anos.

Nasci e cresci no Brasil, mais precisamente na zona sul de São Paulo. Minha infância foi terrível. Meu pai era alcoólatra e minha mãe, omissa,

Elizabeth Rodrigues Oliveira.

Tenho dois irmãos:

Eloá Rodrigues Oliveira (20 anos)

e Leonardo Rodrigues Oliveira (23 anos).

Passamos por muitas dificuldades. Meu pai, em vez de trabalhar para sustentar a família, preferia gastar o pouco que tínhamos com bebidas, bares e mulheres. Minha mãe trabalhava como faxineira em casas de família, mas o dinheiro mal dava para o básico. Éramos quatro filhos, mas minha irmã mais nova faleceu ainda bebê, vítima de meningite — uma doença comum naquela época.

Minha adolescência foi ainda pior. Aos 12 anos, comecei a trabalhar em uma padaria para tentar ajudar com as despesas. Quando completei 15 anos, descobri o verdadeiro monstro que meu pai era. Um dia, a padaria entrou em manutenção e fiquei em casa. Meu pai não sabia que eu estava no quarto. Minha mãe estava trabalhando e meus irmãos, na escola. Foi quando ouvi uma conversa dele com um homem desconhecido.

Lembranças on...

Homem:

— Não posso esperar mais, José. A garota já tem 15 anos. Já dá pra ser minha mulher.

José (meu pai):

— Tudo bem. O senhor me paga o que combinamos e hoje à noite levo ela até a sua casa.

Homem:

— Espero vocês até, no máximo, às 20h. Se não vierem, eu mesmo vou buscar o que é meu. Lá eu faço o pagamento pela "mercadoria".

José:

— Pode ficar tranquilo. Quem manda aqui sou eu. Levo ela antes disso.

Homem:

— Não se esqueça, eu quero a Alice. Se você aparecer com outra, além de não pagar, ainda te denuncio.

José:

— Tá tranquilo, meu camarada.

Eles se deram as mãos e saíram. Fiquei paralisada. Eu já sabia que ele nunca foi um pai amoroso, mas vender a própria filha ultrapassava qualquer limite. Não pensei duas vezes: arrumei uma mochila com o pouco que tinha, saí pelos fundos da casa e fui direto para a casa da minha tia Elis — meu verdadeiro anjo. Ela sempre ajudava como podia. Era viúva, sem filhos, e quando contei o que havia acontecido, ficou horrorizada. Disse que estava vendendo a casa e que não queria mais viver ali. No mesmo dia, fugimos para o interior e, meses depois, nos mudamos para os Estados Unidos.

Lembranças off...

Não sei como, mas minha tia conseguiu uma procuração assinada pelos meus pais, tornando-se legalmente responsável por mim até eu completar 18 anos. Aos 17, comecei a trabalhar em um hotel luxuoso, graças a um contato que ela tinha. Lá, conheci o dono do hotel, senhor William

William Jones Adams, 59 anos

que se tornou um amigo e verdadeiro pai para mim. Com o apoio dele e da minha tia, ingressei na faculdade de Hotelaria e turismo. Seu marido, falecido, era americano e muito influente, o que facilitou minha entrada nesse novo mundo.

Aprendi tudo sobre o funcionamento do hotel, da administração até os restaurantes. Aos 24 anos, me tornei gerente-geral. O senhor William tem um filho, David, mas nunca o conheci. Ele administra os outros hotéis da rede ao redor do mundo e não tem uma boa relação com o pai.

Foi também nos Estados Unidos que conheci meus dois melhores amigos:

Isabela Gonçalves Pereira, 25 anos

e Benjamin Rivera Foster, ambos com 24 anos. Conheci os dois no meu primeiro dia em solo americano, quando entrei em uma pequena cafeteria local. A conexão foi imediata, como se já nos conhecêssemos há anos. Desde então, nos tornamos inseparáveis — mais que amigos, somos irmãos de alma.

Isabela também é brasileira. Foi criada em um orfanato e, ao sair de lá, começou a trabalhar com uma senhora muito bondosa, que acabou a trazendo para os Estados Unidos. Desde então, Isabela construiu sua vida aqui, sempre com muito esforço e coragem. Sua história de superação me inspira todos os dias.

Benjamin, por outro lado, é americano, filho do dono da cafeteria onde nos conhecemos. Após se formar na faculdade, começou a trabalhar no mesmo hotel onde estou, e desde então dividimos a rotina, os desafios e muitas conquistas. Benjamin é o tipo de pessoa que ilumina qualquer ambiente com seu bom humor e lealdade.

Com eles, aprendi que família também é feita de escolhas e afinidades. E com o apoio da minha tia Elis, do senhor William, da Isabela e do Benjamin, venho reconstruindo minha vida — uma peça de cada vez — tentando deixar para trás as cicatrizes da infância e acreditando, pela primeira vez, que o futuro pode ser diferente.

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Olá meus amores, começando mais uma história, essa história é extremamente romântica, espero que gostem beijos

Feridas Abertas

Meu nome é David Jones Miller, tenho 29 anos e sou CEO da rede de hotéis Millers, com filiais espalhadas por diversos países. Passo a maior parte do tempo viajando entre os continentes, cuidando dos negócios e evitando o que mais me machuca: o passado.

Ao meu lado, sempre estiveram

Victor Russell Collins, meu melhor amigo, e sua irmã mais nova,

Emily Rousseau Collins.

Victor tem 28 anos e é meu braço direito nos negócios — e em tudo mais. Emily, com seus 25, é a irmã caçula que nunca tive einha assistente. Crescemos praticamente juntos. Nossos pais eram inseparáveis, e com isso, nós três também nos tornamos.

Quando perdi minha mãe para o câncer, eu era apenas um menino. Foi a mãe de Victor e Emily quem me acolheu com o carinho e o cuidado que só uma verdadeira mãe pode oferecer. Lembro dela me colocando para dormir quando as noites eram longas demais, e do pai deles, me ensinando a andar de bicicleta. Eles me ajudaram a suportar a dor que meu próprio pai, silencioso e distante, nunca soube lidar.

Victor é mais do que um sócio ou amigo. É meu irmão de alma. Dividimos vitórias, derrotas, responsabilidades. Quando assumi os negócios da família aos 21 anos, após meu pai decidir se afastar, foi Victor quem esteve ao meu lado. Inteligente, leal, e com uma visão afiada para os números, ele foi a base de que eu precisava naquele momento caótico.

Emily... Emily é luz. Sempre foi. Doce, mas firme, dona de um coração enorme, quando ela saiu da faculdade a convidei para serinha assistente e ela topou na hora. ela ama Victor com um amor protetor, quase maternal. E a mim, com o mesmo carinho que se dá a um irmão mais velho. Nos momentos em que minha raiva ou frieza ameaçam me consumir, é ela quem consegue me puxar de volta à superfície.

Mas nem a presença deles foi suficiente para me livrar da maior decepção da minha vida.

 

Lembranças on...

Na época, eu estava noivo de Michele.

Michele Statham Stell ex noiva de David

Namoramos por três anos e eu acreditava, com toda a certeza, que ela era o amor da minha vida. Tínhamos uma vida aparentemente perfeita, e eu estava pronto para construir um futuro com ela. Mesmo quando meu pai a conheceu e, de imediato, a rejeitou com uma frieza quase cruel, escolhi ignorar. Achei que ele estava sendo duro demais, possessivo até.

Dois meses antes do casamento, decidi fazer uma surpresa.

Saí do escritório mais cedo, comprei flores — suas preferidas — e os chocolates franceses que ela tanto amava. O porteiro do prédio me lançou um olhar estranho quando entrei, mas não dei atenção.

Ao abrir a porta do apartamento, fui recepcionado por roupas espalhadas no chão da sala. Meu coração disparou, mas tentei manter a calma. Subi as escadas em silêncio.

E ali, na minha cama, encontrei Michele. Nua. Montada em outro homem.

Maycon. O “primo” dela.

— Calma, meu amor, eu posso explicar... — disse Michele, tentando se cobrir às pressas.

— Explicar o quê? Que você tropeçou e caiu cinquenta vezes no colo do seu primo?

— Não fala assim com ela, otário, — Maycon retrucou com um sorriso sujo. — Sempre fomos amantes. Só estávamos esperando o casamento pra te dar o golpe.

Naquele momento, vi vermelho.

Não lembro exatamente como, só que meus punhos encontraram os rostos deles. Expulsei os dois do apartamento, pelados, gritando para o prédio inteiro ouvir. Liguei para os seguranças e dei ordens claras: proibição total de entrada. Nem na calçada.

Lembranças off...

Depois disso, tudo mudou. Comecei a enxergar os sinais. Meu pai sabia desde o início, e eu, cego de paixão, não quis ver. Não confiei nele, e isso abriu um abismo entre nós. Hoje, só nos falamos uma vez por ano, na festa de fim de ano da empresa na Itália — onde vivo atualmente.

Desde Michele, nunca mais permiti que alguém se aproximasse de verdade. Meus relacionamentos são passageiros, superficiais. Faço questão de deixar claro: cama sem sentimento. Sem esperanças. Sem promessas.

Amor? Não acredito mais nisso. Nunca mais.

O que vivi foi suficiente para endurecer qualquer coração. E mesmo que Victor e Emily estejam sempre por perto, tentando reacender algo em mim, a verdade é que aquele David de antes morreu naquela noite.

E o que sobrou... aprendeu a amar a distância.

O Silêncio de um Adeus

O som do relógio da recepção soava quase como um lembrete da passagem do tempo naquela manhã de outono em Manhattan. Era uma terça-feira cinzenta, o céu nublado — típico da cidade — e, embora o clima fosse melancólico, o hotel fervilhava com os preparativos para um congresso internacional.

Alice, agora com 26 anos, movia-se com a precisão de quem conhecia cada canto daquele lugar como uma extensão de si mesma. Desde que entrara no hotel como recepcionista, havia crescido ali. Hoje, era braço direito da administração e responsável por manter tudo em perfeita ordem. Seu olhar afiado observava cada detalhe: o uniforme dos recepcionistas, o sorriso dos atendentes, os ajustes da cozinha.

Mas naquela manhã, havia algo diferente no ar.

O senhor William Jones Adams, com seus cabelos grisalhos e postura sempre elegante, apareceu mais cedo que o habitual. Alice o viu se aproximar da recepção com passos lentos e semblante cansado, embora o sorriso ainda carregasse a doçura paternal que ela tanto conhecia.

— Bom dia, meu anjo — disse ele, com a voz mais baixa do que o habitual.

— Bom dia, senhor William. Está tudo bem?

— Só um pouco cansado... Mas nada que o seu café não resolva.

Subiram juntos para a cobertura, como faziam todas as terças. Era o ritual deles: café forte, sem açúcar, e conversas longas na varanda com vista para o o lago

. Naquele espaço silencioso, ele costumava lhe contar histórias da juventude, dos primeiros hotéis, da esposa falecida... e de David, o filho distante.

Alice preparou o café, atenta. Quando se virou com a xícara nas mãos, viu William levando a mão ao peito, o rosto pálido, a respiração curta.

— Senhor William?

O copo caiu de sua mão e se espatifou no chão.

— Senhor William! — gritou, correndo até ele.

Ele tombou em seus braços, os olhos arregalados e o corpo vacilante.

— Chama... chama a ambulância! AGORA! — berrou para o comunicador no cós da calça, as mãos tremendo.

Mas era tarde.

William segurou sua mão com força, os olhos marejados.

— Alice... minha menina... — sussurrou, com dificuldade.

— Não faz isso comigo... por favor, fica comigo! — ela chorava, tentando mantê-lo acordado, o coração em pânico.

— Você foi a filha que eu nunca tive... cuide do que construímos... como se fosse seu... você é meu orgulho... Diga para David que eu o amor que eu vou sempre amar

E então... o silêncio.

Seus olhos se fecharam suavemente, a mão escorregando da dela como um adeus.

Alice o abraçou com força, em choque. As lágrimas caíam em silêncio, seu corpo tremia. Os paramédicos chegaram minutos depois, mas já não havia mais o que fazer.

O hotel inteiro parou.

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Na Itália...

David Miller estava em uma reunião importante com investidores no hotel da família em Milão. A mesa de vidro refletia o rosto sério e concentrado do CEO, mas o celular sobre ela vibrava sem parar. Ele ignorou uma, duas, três vezes.

Na quarta, suspirou irritado e atendeu.

— O que foi, Emily?

Silêncio do outro lado.

— Emily? — repetiu, já com a voz mais séria.

A voz da amiga e secretária pessoal tremia, quase inaudível.

— David... sinto muito. Seu pai... ele teve um infarto. Não resistiu.

O mundo parou.

— O quê? — disse ele, a voz falhando.

— Ele morreu hoje de manhã... nos braços da Alice.

Ao lado dele, Victor se levantou na mesma hora, entendendo pelo tom que algo grave havia acontecido. Emily entrou na sala, o rosto pálido, lágrimas nos olhos. Sem esperar por perguntas, ela se aproximou e segurou o braço de David.

— Estamos com você — disse, firme, mesmo com a dor transbordando. — Vamos organizar tudo. Eu e Victor vamos com você a Nova York.

David fechou os olhos com força. O coração pesava, os punhos cerrados. O silêncio dentro da sala de reuniões se tornou ensurdecedor.

— A reunião acabou — declarou, levantando-se de uma vez.

Victor o segurou pelo ombro.

— Estamos juntos, irmão. Você não precisa passar por isso sozinho.

David assentiu em silêncio, sem conseguir pronunciar mais uma palavra. O peso de uma ausência que nunca pôde ser consertada o esmagava por dentro.

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De volta a Manhattan...

O velório de William Jones Adams foi realizado no salão nobre do próprio hotel, como ele teria desejado: simples, elegante, discreto. O ambiente estava repleto de flores brancas e fotos antigas do fundador da rede Millers, desde sua juventude até os dias atuais.

Alice estava lá, vestida de preto, a postura firme, mas os olhos fundos, marcados pela dor. Ao seu lado, como pilares silenciosos, estavam Benjamin e Isabela, seus amigos mais fiéis.

— Você foi tudo para ele, amiga — disse Isabela, segurando sua mão com carinho. — Ele sempre dizia que se sentia em paz porque você estava aqui.

Benjamin assentiu, com os olhos marejados.

— Ele sabia que estava deixando tudo em boas mãos.

Alice não conseguia responder. Segurava nas mãos uma carta — a última escrita por William — e o envelope lacrado do testamento, reservado para David.

Enquanto amigos, funcionários e clientes antigos passavam para se despedir, Alice se manteve forte. Mas ela sabia que o momento mais difícil ainda estava por vir:

A chegada de David.

Eles nunca haviam se encontrado pessoalmente. Trocaram apenas e-mails formais ao longo dos anos, quando assuntos administrativos exigiam. Ele morava na Itália e evitava tudo que o ligasse ao pai. Ela era o coração pulsante daquele hotel — a memória viva de William.

E agora, o destino, com sua ironia amarga, preparava o primeiro encontro entre duas almas marcadas por perdas diferentes, mas igualmente profundas.

A dor.

O luto.

O vazio.

Talvez... também o recomeço.

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