Lara Benoit
Patricinha? Ela até gosta do título. No seu caso, soa quase como um elogio.
Lara aprendeu cedo a esconder o caos com elegância. Cresceu em meio a escândalos familiares, silêncios ensurdecedores e expectativas sufocantes. Ser perfeita virou um escudo — e uma arma. Ela faz de tudo para ser o orgulho dos pais, principalmente da mãe, mesmo que essa aprovação nunca venha do jeito que ela espera.
Sempre impecável, Lara domina os corredores da universidade com saltos altos, olhar afiado e uma confiança que quase ninguém ousa questionar. Mas, como qualquer garota de carne, osso e coração, ela já caiu na armadilha de um amor idealizado — Evan Smith, o capitão do time de hóquei. Alto, atlético, sorriso fácil… o tipo que sabe que é desejado. Por um tempo, Lara achou que ele seria o seu conto de fadas moderno. Mas todo conto tem um fim. E o deles terminou com uma traição silenciosa, o tipo que quebra mais do que o coração — quebra o orgulho.
Desde então, Lara decidiu focar no que realmente importa: seu futuro. Estudante de moda, ela sabe que vestir-se bem é só a superfície. Para ela, moda é arte, poder e expressão. E nada — nem uma desilusão amorosa — vai tirá-la do caminho.
Mas para alcançar a média perfeita e garantir sua vaga na maior empresa do ramo, Lara precisa de um pequeno "extra".
Um projeto.
Uma responsabilidade.
Um castigo disfarçado de missão: virar a babá de Logan Morgan.
Logan Morgan
Ele é o tipo de homem que não passa despercebido.
Alto, com ombros largos, músculos definidos e um andar que exala confiança, Logan Morgan é o astro absoluto do time de hóquei — e o desejo secreto (ou nem tanto) da maioria das garotas do campus. O cabelo bagunçado como se tivesse acabado de sair da cama, o olhar intenso e aquele sorriso torto que promete problemas... e entrega todos eles.
Mas por trás da imagem de bad boy sexy e inatingível, existe alguém que carrega um peso.
Filho de um dos maiores jogadores de futebol americano do país, Logan nasceu dentro de uma sombra. E cansou dela. Foi por isso que trocou os touchdowns pelos gols na pista de gelo — e decidiu traçar o próprio caminho, longe das expectativas do sobrenome Morgan.
Só tem um problema: Logan não sabe jogar conforme as regras.
Indisciplinado, sarcástico e alérgico a qualquer coisa que exija comprometimento além do rinque, ele vive no limite entre a glória e o fracasso. As notas estão despencando, os avisos da diretoria já se acumulam, e ele está a uma advertência de ser suspenso do time.
É aí que entra o castigo.
Ou a provocação.
Ou a perdição.
Lara Benoit.
A garota que ele nunca conseguiu decifrar — nem esquecer. Ex do melhor amigo, perfeitinha até demais, com um olhar de quem julga e deseja na mesma medida. Inteligente, sarcástica, imune aos seus encantos… ou pelo menos finge muito bem.
Agora, por obra do destino ou pura ironia, ela é sua “babá acadêmica”. Responsável por mantê-lo nos eixos.
Próxima demais.
Tentadora demais.
Proibida demais.
E o detalhe mais perigoso?
Em um campus inteiro repleto de mulheres, só Lara tem o poder de deixar Logan Morgan louco.
E ele mal pode esperar para descobrir até onde isso pode levá-los.
Evan Smith
Ele é o tipo certo. O tipo seguro. O tipo que os pais adorariam ver ao lado da filha.
Capitão do time de hóquei, Evan é tudo o que um líder deve ser: responsável, focado e respeitado. Com postura impecável dentro e fora das quadras, ele conduz o time com firmeza e ética, conquistando não só vitórias, mas também admiração — dos colegas, dos professores e até dos adversários.
Evan é o oposto de Logan Morgan em quase tudo.
Enquanto Logan joga com o instinto, Evan joga com estratégia.
Enquanto Logan provoca, Evan acolhe.
Enquanto Logan queima como um incêndio, Evan é o porto seguro — constante, confiável, estável.
Durante um bom tempo, Lara Benoit achou que era exatamente disso que precisava. E talvez fosse. Até perceber que entre estabilidade e intensidade existe um abismo. E Evan, por mais gentil e carinhoso que fosse, jamais conseguiria preencher algo que nem ela sabia que faltava.
Hoje, Evan está completamente apaixonado por Riley Cooper, sua atual namorada — doce, leal, o equilíbrio perfeito para sua energia centrada. Ele não esconde isso de ninguém. Faz questão de demonstrar, de cuidar, de proteger. E se alguma coisa em Lara ainda o incomoda… ele não deixa transparecer.
Mas o destino é cruel com laços antigos.
Principalmente quando envolve uma ex-namorada provocante e um melhor amigo imprevisível.
Riley Cooper
À primeira vista, Riley parece inofensiva. Delicada, com aquele ar calmo e sorriso gentil que conquista qualquer um em segundos. Mas quem a subestima por isso comete um erro. Um erro bem comum, aliás.
Riley é do tipo que observa em silêncio e só fala quando tem algo certeiro a dizer. Inteligente, intuitiva e emocionalmente madura, ela prefere estar nos bastidores do que nos holofotes — mas isso nunca a impediu de brilhar. Ao contrário, seu jeito tranquilo e seguro atrai exatamente o que ela precisa: paz, constância e equilíbrio.
E foi exatamente isso que Evan Smith encontrou nela. Depois de um relacionamento com Lara Benoit — intenso, complicado e repleto de expectativas —, Riley surgiu como o respiro.
O encaixe perfeito para alguém que cansou de drama.
Estudante de psicologia, Riley entende mais de pessoas do que deixa transparecer. Por isso, ela percebe — mesmo que ninguém diga em voz alta — o modo como o nome de Lara ainda pesa no ar entre ela e Evan… ou como Logan Morgan a observa com curiosidade contida, como se tentasse entender onde, exatamente, ela se encaixa nessa história.
Riley não é o tipo que compete.
Ela não precisa.
Ela já ganhou.
LARA
Faltam 200 pontos.
Duzentos.
E eu já fiz absolutamente tudo: trabalho voluntário, estágio em loja, meses na biblioteca do campus, fui monitora, organizei o maldito evento de meio de ano… tudo isso e, em troca? Quinze míseros pontos. Quinze.
A vaga na RubyArt não é só um sonho — é o destino que tracei com sangue, suor e salto alto. Cada escolha dos últimos anos foi pensando nisso. Entrar nessa empresa é meu objetivo final, minha carta de liberdade, o lugar onde posso finalmente mostrar que moda não é só sobre roupas bonitas — é sobre presença, identidade e poder.
E se para conseguir isso eu tiver que apelar para o último recurso… que seja.
A professora Arlene — a única alma viva nesse campus que realmente entende o que essa oportunidade significa para mim — me encara com aquele sorrisinho cúmplice. Ela tem me ajudado a caçar todos os pontos extras possíveis, e sem ela eu já teria surtado.
— Tenho uma forma de você conseguir os 200 pontos que faltam — ela diz, com a voz leve demais pra ser boa notícia.
— Diz logo — respondo, sentindo a tensão subir pela espinha.
— O reitor está disposto a liberar a pontuação total… se você conseguir manter um certo jogador na linha por dois meses.
Dou uma risada seca.
— Tá, isso até parece fácil. É só segurar um desses malucos de esporte e fingir que me importo com as faltas deles, né?
Ela levanta uma sobrancelha.
— O jogador em questão é Logan Morgan.
Silêncio.
E então...
— Ah, não!
Justo ele.
O rei da arrogância, do sarcasmo e da testosterona ambulante.
O único homem neste campus inteiro capaz de me tirar do sério só com um olhar atravessado.
LOGAN
Encostado na parede do vestiário, encaro o treinador com a testa franzida. Ele me olha como se estivesse tentando escolher as palavras certas, o que já é um sinal de que vem merda por aí.
— Uma babá? — minha voz sai em um tom mais alto do que o necessário.
— Logan, olha suas notas. Sem falar na confusão no bar na semana passada. Estamos a dois meses da final, e você é o coração do time. O mais promissor. O único com potencial real de ir pra liga. Mas se levar mais uma advertência… vai pro banco. Por seis meses.
— Eu sei disso — resmungo, rangendo os dentes. Não preciso que ele repita o que já me atormenta.
O treino começa e eu tento focar. Evan corre ao meu lado, lança aquele olhar de "relaxa, tô contigo", como se isso fosse me acalmar. O problema é que ele é parte do problema.
Na pausa pra beber água, mal tenho tempo de respirar antes que a professora de Artes entre no ginásio. E com ela, o furacão de pernas longas, salto agulha e olhar afiado como navalha: Lara Benoit.
Ela caminha ao lado da professora como se estivesse desfilando numa passarela invisível. Alta, loira, o rabo de cavalo impecável balançando como uma sentença.
Faz tempo que não pisa aqui. Não desde que o Evan partiu o coração dela ao se apaixonar por outra. E a reação dele é imediata: baixa a cabeça como um moleque arrependido. Eu sei que ele errou, mas Lara também não facilitou quando decidiu queimar a Riley viva em praça pública — pelo menos verbalmente.
A professora sorri como se estivesse anunciando um casamento arranjado.
— Treinador, acho que se lembra da senhorita Benoit. Ela foi designada para acompanhar o Morgan pelos próximos dois meses.
O som da minha risada morrendo na garganta se mistura com a exclamação do Evan:
— QUE?! — dissemos os dois ao mesmo tempo.
Olho para Lara. Ela cruza os braços, levanta o queixo, me encara como se estivesse prestes a arrancar meu couro com as unhas pintadas de vermelho.
— Não tem a menor chance disso dar certo. — falo, cruzando os braços, o tom carregado de incredulidade.
— Infelizmente para você, senhor Morgan, vai ter que dar. — a professora Arlene responde, impassível, como se tivesse lidado com muitos como eu antes.
Ela se volta para o treinador, que apenas assente com um suspiro resignado.
— Treinador, o senhor pode repassar os horários do Logan para a senhorita Benoit assim que possível.
— É claro — o velho diz, já remexendo uma prancheta como se isso fosse rotina. — Lara, se conseguir manter esse aí nos eixos, eu pessoalmente garanto os seus pontos.
Ouço alguém sentar com força na arquibancada. Quando olho, lá está ela — a Barbie Moda. Pernas cruzadas, blazer impecável, expressão dura. Me encara com aquele olhar afiado, como se fosse possível me decapitar só com o ódio que brilha nos olhos dela.
Me aproximo devagar, com um meio sorriso debochado nos lábios.
— Por que aceitou isso? — pergunto, inclinando o corpo ligeiramente na direção dela. — É alguma jogada mirabolante pra reconquistar o Evan?
Ela solta uma risada seca, elegante e venenosa ao mesmo tempo. Se vira para mim com lentidão, os olhos estreitos e carregados de desprezo.
— Eu preferiria dormir com um nerd do time de xadrez do que respirar o mesmo ar que o seu amigo.
Toco o peito, fingindo estar ofendido.
— Aí, isso doeu.
— Ótimo. — Ela levanta o queixo, fria e linda demais para o próprio bem. — Não se preocupe, Morgan. Isso não é sobre você. Não tem romance, não tem reconciliação, não tem drama. É só sobre os meus pontos… e o seu maldito hóquei.
Ela se levanta, o salto ecoando no chão como um aviso. Passa por mim sem desviar os olhos, o perfume dela me cercando como uma provocação.
— E se você atrapalhar meu caminho, Logan — ela diz por cima do ombro — vou te derrubar sem nem borrar o batom.
RILEY
Entro no refeitório e, pela primeira vez em meses, o silêncio paira sobre a mesa dos jogadores como uma nuvem estranha. Nenhuma gargalhada, nenhuma piada idiota. O clima está denso.
Evan está ali, mas parece longe. O olhar perdido em algum ponto invisível. Nem o sorriso habitual ele me dá — apenas me puxa pela cintura de forma automática e me faz sentar ao lado dele. Algo está errado.
Não demora muito para a resposta atravessar as portas com o som de um salto estalando contra o piso de cerâmica. Lara Benoit entra como se estivesse desfilando pela própria passarela. E eu quase rio — ela odeia comer aqui. Sempre odiou. Mas hoje... ela veio preparada para um espetáculo.
O rabo de cavalo alto balança, os cabelos loiros reluzem sob a luz artificial. E o sorriso... aquele sorriso malicioso no rosto dela já anuncia o caos que está prestes a se instalar.
Ela para bem na frente da nossa mesa, sem cerimônias, e joga uma pasta sobre a bandeja de Logan com o peso de uma sentença.
— Toma. — diz, com a voz doce como veneno.
Evan estica a mão para pegar a pasta, mas ela é rápida. Dá um tapa firme na mão dele, sem sequer desviar os olhos do Logan.
— Nem encosta, Smith. — dispara, com o tom de quem não esqueceu, nem perdoou.
— Lara... — Evan começa, mas ela o corta com um simples levantar de sobrancelhas.
— Não me chama.— vira-se para Logan com um brilho de prazer na voz. — Ei, projeto de Jack Frost, aqui está sua nova grade horária. Organizada para coincidir com a minha, nos mínimos detalhes. Ah, e já mandei no seu Instagram, caso perca esse papel.
— Você me chamou de quê? — Logan retruca, franzindo o cenho.
— Projeto de Jack Frost. — Ela repete com gosto, sem medo, como se estivesse nomeando uma obra de arte mal-acabada.
— Olha aqui, Barbie Moda e Magia, — Logan se levanta devagar, sua presença crescendo diante dela. Ele é enorme perto da Lara, e por um segundo, até eu prendo a respiração. — Você não pode simplesmente mudar meu horário.
— Ah, não só posso... como já fiz. — Ela dá um passo para trás, ainda encarando-o com desafio. — Então decora, Morgan. E se você tiver a brilhante ideia de faltar à primeira aula amanhã, eu mesma vou até aquele chiqueiro onde vocês chamam de fraternidade e te arrasto pelos cabelos.
Lara vira as costas como uma tempestade que sabe o estrago que deixou. Os saltos dela ecoam pelo refeitório, acompanhados do balançar decidido dos cabelos. Ela não corre, não olha para trás. Porque ela nunca precisa.
Logan fica ali, estático, os punhos cerrados.
— Eu odeio ela. — solta entre os dentes.
— Veja pelo lado bom, Logan, a Benoit é gata pra caralho. — diz Roger, o novato do time, com aquele ar inocente de quem não tem ideia do campo minado que acabou de pisar.
Pego a pasta e, ao abrir, vejo que a Lara realmente mudou toda a grade do Logan. Horários, professores, turmas… tudo milimetricamente adaptado para coincidir com a rotina dela. Ela não estava brincando.
— O que significa isso? — pergunto, ainda sem tirar os olhos do papel, mas meu estômago já dá sinais de incômodo.
A verdade? Eu tenho ciúmes da Lara. Não é algo que eu diga em voz alta, mas está ali, presente, como uma sombra constante. Sei que deixar o Evan me beijar foi uma traição — não só contra ela, mas contra a história que os dois tiveram. Eles terminaram em ruínas, e desde então, Lara mal olha para ele. Isso, de certo modo, me tranquiliza. Pelo menos ela parece ter seguido em frente.
Mas ainda assim... ela é o arquétipo da mulher que todo mundo deseja. Linda, inteligente, confiante, com aquele tipo de presença que silencia um ambiente inteiro.
E por mais que eu não me ache feia, em comparação a ela, sou... comum. Menos brilhante. Menos tudo. E isso me corrói por dentro.
— A Lara virou babá acadêmica do Logan, pra ele não ser suspenso. — Evan solta, a voz firme, sem emoção, como se quisesse se livrar logo da informação.
— O quê?! — minha cabeça gira para ele.
— É, Polly Pucket... — Logan resmunga do outro lado da mesa, largado na cadeira como se carregasse o mundo nas costas — ...estou preso pelos próximos dois meses com aquela Barbie infeliz.
Ele diz aquilo com desprezo, mas alguma coisa no jeito como seus olhos ainda seguem o rastro que Lara deixou ao sair… me inquieta.
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