Capítulo 1 – O Início do Fim
O sol nascia lentamente sobre a pequena vila de Eirin, banhando as casinhas de pedra com sua luz dourada suave. O canto dos pássaros ecoava pelas árvores ao redor, e o som de martelos batendo em ferros, de pessoas conversando e crianças brincando preenchia o ar.
Ren, um garoto de cabelos negros desgrenhados e olhos igualmente escuros, balançava sua espada de madeira no quintal. Seu pai, Hiro, o observava com um sorriso orgulhoso.
— Não está nada mal, Ren. Mas seu pé esquerdo está torto. Ajuste-o. — disse ele, batendo levemente no pé do filho com a ponta de seu bastão de treino.
— Aaai, pai! Tá bom… — resmungou Ren, ajeitando a postura e recomeçando seus movimentos. Seu rosto estava suado, mas seus olhos brilhavam de determinação.
Hiro era um homem alto, de cabelos curtos e negros já mesclados com fios brancos, com braços fortes de tanto manusear espadas ao longo da vida. Ele deu uma gargalhada alta ao ver a expressão emburrada do filho.
— Se continuar assim, logo vai me superar, garoto.
Ren sorriu com orgulho.
Depois do treino, os dois entraram em casa, onde Ayame, sua mãe, terminava de preparar o café da manhã. Ela era uma mulher de aparência gentil, cabelos longos e pretos presos em um coque simples, com olhos castanhos calorosos.
— Bem na hora, vocês dois. Vão lavar o rosto antes de comer. — disse ela, sorrindo.
— Sim, mãe. — respondeu Ren animado, correndo até ela e lhe dando um abraço por trás. — O que tem pra hoje?
— Arroz, peixe grelhado e legumes. — disse ela, rindo enquanto acariciava o cabelo bagunçado do filho. — Depois do café, vamos até o mercado comprar ingredientes para o jantar. Seu pai disse que vai te levar naquele restaurante que você gosta amanhã, lembra?
— Sério? O de carne assada? — os olhos de Ren brilharam. Hiro apenas assentiu, sorrindo de canto.
O café da manhã foi tranquilo, com conversas leves sobre o treino e sobre como estava a vila naquele dia. Depois de comer, Ren foi com a mãe até o mercado. No caminho, cumprimentava todos com um sorriso no rosto.
— Bom dia, senhora Kaede! — dizia ele para a senhora que vendia maçãs.
— Bom dia, senhor Tanaka! — acenava para o ferreiro local.
— E aí, Ren! Treinando muito com seu pai? — perguntava um cavaleiro que patrulhava as ruas.
— Muito! Vou ficar mais forte que ele! — dizia o garoto confiante, arrancando risadas de todos.
Ao chegar em casa, Ren ajudou a mãe a cortar legumes para o almoço. Suas pequenas mãos seguravam a faca com dificuldade, mas ele fazia questão de ajudar.
— Você vai fazer uma boa esposa um dia, Ren. — brincou Ayame.
— Maaae! Eu sou homem! — disse ele, corando.
— Hahaha! Eu sei, eu sei… — respondeu ela, beijando sua testa.
Quando a noite caiu, Hiro chamou Ren para o quarto, onde estavam sentados em volta de uma pequena lamparina.
— Quer ouvir uma história antes de dormir? — perguntou o pai, enquanto Ayame terminava de dobrar algumas roupas.
— Sim!
Hiro pigarreou e começou:
— Há muito tempo, existia um herói que enfrentou sozinho um exército de monstros para salvar seu vilarejo. Ele não tinha poderes especiais, mas treinou todos os dias, até seus ossos quebrarem. E mesmo depois que eles quebravam… ele se levantava novamente.
— E o que aconteceu com ele? — perguntou Ren, com os olhos pesados de sono.
— Ele salvou todos. Mas depois, partiu em jornada para se tornar ainda mais forte, porque sabia… que em algum lugar do mundo, existia alguém ainda mais poderoso que ele.
— Eu quero ser como ele… — disse Ren, já bocejando.
Ayame sorriu, acariciando seus cabelos, e Hiro deu um beijo em sua testa.
— Então treine, coma bem, e durma. Por hoje, durma, Ren.
Ele fechou os olhos, e o quarto mergulhou no silêncio da noite, com apenas o som dos grilos ao longe.
…
De repente, gritos começaram a ecoar pelas ruas. Barulhos de madeira quebrando, pessoas suplicando por ajuda, e rosnados estranhos.
Ren abriu os olhos assustado, vendo sua mãe com expressão de puro pavor olhando pela janela.
— Mãe? O que tá acontecendo? — perguntou ele, mas Ayame não respondeu. Ela tremia, enquanto Hiro pegava sua espada rapidamente.
— Fiquem atrás de mim. — disse ele em voz firme.
Quando Ren espiou pela janela, seu corpo gelou. Centenas de goblins marchavam pela vila, alguns carregando tochas, outros armas enferrujadas. Suas peles esverdeadas refletiam as chamas que consumiam casas e lojas.
No meio deles, havia um goblin diferente. Gigante, com quase três metros, pele azulada, armadura feita de ossos e um grande machado negro. Seus olhos vermelhos brilhavam com fúria.
[Chefe Goblin – Gorrak – Rank SS]
— Um Chefe Goblin… — murmurou Hiro, suando frio. — Isso não é normal… Eles nunca atacam desse jeito…
— Pai… eu tô com medo… — disse Ren, tremendo.
— Ayame, leve Ren até a floresta. Fujam daqui. — disse Hiro, apontando para os fundos da casa.
— Não! Vamos juntos! — gritou ela com lágrimas nos olhos.
Antes que pudessem se mover, a porta foi arrombada por dois goblins menores. Hiro empurrou Ren e Ayame para trás e avançou contra os monstros, decapitando um deles rapidamente. Mas outros surgiram pela entrada, pulando em cima dele, mordendo seu braço e perna. Ele gritou de dor, mas os derrubou com sua espada.
— CORRAM! — rugiu ele.
Ayame puxou Ren pela mão, correndo para os fundos da casa. Mas antes que conseguissem escapar, o teto foi destruído por Gorrak, que desceu esmagando Ayame com seu machado gigante. O sangue dela espirrou no rosto de Ren, que gritou em desespero.
— MÃEEEE!!! — ele tentou correr até ela, mas foi segurado por um goblin menor.
Hiro, com o braço sangrando, correu em direção ao chefe goblin, mas foi atingido por um chute tão forte que seu corpo se chocou contra a parede de pedra, quebrando sua coluna. Ele caiu cuspindo sangue, olhando para o filho com lágrimas.
— Ren… corra… — disse ele, antes que Gorrak pisoteasse sua cabeça, esmagando-a completamente.
O goblin menor que segurava Ren sorriu mostrando seus dentes podres, e levantou sua adaga. O garoto tremia, chorando tanto que mal conseguia respirar. Mas antes que fosse morto, algo dentro dele despertou. Uma HUD azulada apareceu em sua frente.
[Habilidade: Sobrevivência Ativada]
[Status de dor reduzido em 50%]
[Velocidade +30 temporariamente]
Ele sentiu seu corpo se mover sozinho, desviando do ataque do goblin e pegando sua adaga. Com olhos sem vida, Ren enfiou a lâmina no pescoço do monstro, que caiu morto.
Mas quando ele virou, Gorrak estava parado em sua frente, olhando-o de cima com desprezo. Com um movimento rápido, ele desferiu um soco contra Ren, que foi lançado para fora da casa, batendo a cabeça no chão de pedra. Sua visão ficou turva, e a última coisa que viu foi o corpo dos pais sendo devorado pelos goblins.
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Anos depois
A neve caía lentamente em uma dungeon gelada. Ren, agora um jovem de 17 anos, estava sentado encostado em uma parede, com sua espada negra apoiada no ombro. Seu cabelo estava maior e bagunçado, seus olhos escuros semicerrados, com expressão entediada e cansada. Sua capa preta balançava levemente com o vento frio que soprava pelo corredor congelado.
Ao redor dele, dezenas de goblins surgiam, armados com lanças e machados enferrujados. Eles rosnavam e gritavam, sedentos por carne humana.
Ren bocejou, se levantando lentamente, enquanto sua HUD azulada aparecia.
[Status de Ren]
HP: 1100
ATQ: 120
SPD: 150
STAM: 200
Rank: B
Ele girou o pescoço estalando os ossos e ergueu sua espada, olhando para os goblins sem qualquer emoção.
— Hah… Vocês de novo?
Os goblins avançaram todos juntos, gritando como feras. Ren apenas sorriu de canto e desapareceu, surgindo no meio deles, cortando um por um sem hesitar. Seus olhos negros refletiam apenas vazio, enquanto o sangue dos monstros tingia a neve ao seu redor.
Fim do Capítulo 1.
📝 Capítulo 2 – Time skip
Anos se passaram desde o ataque ao vilarejo. Ren agora era um jovem com expressão cansada, mas um olhar frio e determinado. Seus cabelos negros cobriam parte do rosto, e ele sempre usava um capuz velho e rasgado.
Ele caminhava pelas ruas movimentadas da cidade, ouvindo o barulho de mercadores anunciando produtos, crianças correndo, guardas patrulhando. Parou diante de um quadro de missões preso em um poste, analisando os papéis pregados.
— Hm… Tudo missão lixo… nada que dê dinheiro de verdade… — disse suspirando, com as mãos nos bolsos.
Ren precisava pagar sua pequena moradia, um quartinho sujo nos fundos de um bar. Enquanto caminhava em direção à taverna onde morava, sentiu seu estômago roncar alto.
— Droga… tô morrendo de fome… — disse coçando o nariz, enquanto pensava no que conseguiria comprar com as poucas moedas que tinha.
Quando entrou no bar, sentiu o cheiro de carne grelhada e sopa quente. Seus olhos brilharam por um momento. Mas logo lembrou de suas finanças e suspirou. Sentou-se no canto, pensando em pedir apenas água para encher o estômago de alguma forma.
Enquanto estava sentado, três homens entraram no bar rindo alto. Um deles segurava pelos cabelos uma jovem garçonete que trabalhava ali.
— Vamo lá, vadia, paga logo o que deve! — disse o maior deles, segurando a cabeça dela contra a parede.
Os clientes ficaram quietos, sem coragem de se meter. O dono do bar apenas tremia atrás do balcão. A garota chorava, dizendo que ia pagar no próximo mês.
Ren olhou a cena, suspirou, colocou a mão na nuca e murmurou:
— De novo essa palhaçada…
Ele se levantou calmamente e caminhou até os três homens.
— Ei, vocês podem parar? Tô tentando descansar aqui… — disse com a voz entediada.
O maior deles se virou, rindo.
— Hã? E quem é você, moleque? Quer morrer também?
A HUD do bandido apareceu diante dos olhos de Ren:
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Bandido Mercenário – Rank D
HP: 500
Ataque: 90
Velocidade: 70
Stamina: 120
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Ren suspirou e coçou o nariz.
— Vocês fedem… — disse, antes de sumir.
Num piscar de olhos, Ren apareceu atrás do bandido maior e o acertou com um chute tão rápido que o homem foi jogado contra a parede do bar, desmaiando instantaneamente. Os outros dois nem conseguiram ver o movimento.
— O quê… o que foi isso!? — disse um dos bandidos, tremendo, antes de receber um soco no estômago e cair no chão sem ar.
O último tentou correr, mas Ren o pegou pela nuca e jogou na porta, quebrando a madeira.
Todos no bar ficaram em silêncio, observando Ren limpar as mãos na calça. A garçonete o olhava com lágrimas nos olhos.
— M-muito obrigada… você… você me salvou… — disse ela, tremendo.
Ren apenas deu de ombros.
— Vocês deviam contratar guardas melhores pra esse lugar… — disse enquanto voltava para sua mesa.
O dono do bar, tremendo, chegou perto dele.
— E-eu… não tenho muito, mas… você pode comer de graça aqui hoje, por favor, aceite como agradecimento!
Os olhos de Ren brilharam, ele coçou a nuca com um sorriso bobo.
— Sério!? Valeu mesmo! Tô morrendo de fome!
Ele comeu como se não houvesse amanhã. Enquanto comia, pensava consigo mesmo:
— É… pelo menos hoje eu não vou dormir com fome… mas ainda preciso arrumar dinheiro pra pagar o aluguel esse mês…
Quando terminou de comer, se levantou, agradeceu e saiu andando pelas ruas escuras.
— Amanhã… vou ter que achar alguma missão que preste… — disse, enquanto caminhava em direção ao seu quarto, com o rosto cansado iluminado apenas pela lua.
📝 Capítulo 3 – O Caçador das Sombras
O sol começava a nascer quando Ren abriu os olhos, deitado em sua cama simples. Ele olhou para o teto quebrado de sua moradia e suspirou fundo, se sentindo exausto como sempre.
— Haa… mais um dia cansativo começando… — disse bocejando, enquanto se levantava e coçava o nariz.
Ele vestiu sua capa surrada e prendeu sua espada velha na cintura, ajustando seus equipamentos de sempre.
— Hoje eu preciso achar alguma missão que realmente me renda dinheiro… ou eu vou acabar virando mendigo… — disse, olhando para sua bolsa quase vazia.
Saiu pelas ruas ainda silenciosas da cidade e parou diante do quadro de missões, analisando tudo com atenção. Seus olhos encontraram uma missão simples: “Limpeza de monstros em caverna próxima à cidade”. A recompensa não era tão boa, mas poderia ajudar.
— Caverna, huh… talvez eu ache algum tesouro lá… — disse, coçando a nuca com um sorriso bobo.
Ren saiu da cidade, passando pelos portões de madeira enquanto os guardas o observavam. Caminhou pelo campo gramado até chegar na entrada da caverna, um buraco escuro cercado de rochas pontiagudas.
— Hmm… essa caverna me parece familiar… — murmurou, entrando sem medo.
O interior era úmido e frio. Ele foi descendo cada vez mais, atento a qualquer barulho. De repente, pequenos slimes verdes apareceram na sua frente.
A HUD dos inimigos surgiu diante dos seus olhos:
Slime Verde – Rank F
HP: 30
Ataque: 5
Velocidade: 10
Stamina: 20
Ren sorriu, se agachou e entrou em posição de corrida. Num movimento tão rápido que parecia teleporte, passou por todos os slimes os atingindo com chutes velozes.
— Geleia de slime é boa pra produtos de beleza… vende bem… — disse, pegando os restos para vender depois.
Continuou descendo até ouvir barulhos de asas. Morcegos surgiram do teto da caverna, voando na sua direção. A HUD deles apareceu:
Morcego Sombrio – Rank E
HP: 60
Ataque: 15
Velocidade: 30
Stamina: 35
— Morcegos são como slimes voadores… fracos e fáceis de derrotar… o problema é pra quem não tem magia ou arco… — disse sorrindo.
Ele correu pelas paredes da caverna, agarrando os morcegos e jogando um contra o outro até derrotar todos.
— Que saco… nenhum tesouro até agora… se eu demorar muito, minha loja favorita de lámen vai fechar… — disse com olhar triste.
Quando continuou andando, ouviu gritos vindos de uma fenda no chão. Ele olhou para baixo e viu uma garota de cabelos brancos lutando contra goblins. Seu corpo tremia e lágrimas caíam dos seus olhos.
— J-já era… por que eu sou tão fraca…? — dizia ela, chorando.
Ren respirou fundo, quebrou o chão ao seu redor e caiu na frente dela. Seus olhos se fixaram nos goblins. Ele suspirou, colocou a mão na espada e disse sério:
— Esses goblins… servem pra aquecer…
A HUD dos goblins apareceu:
Goblin Guerreiro – Rank B
HP: 800
Ataque: 90
Velocidade: 70
Stamina: 150
Goblin Gigante – Rank B+
HP: 1200
Ataque: 130
Velocidade: 50
Stamina: 200
Um dos goblins gigantes tentou socar Ren, mas ele pulou por cima e cortou seu braço com facilidade.
— Seu maldito!!! Vamos acabar com você e abusar dessa mulher na sua frente!!! — gritou o goblin, rindo perverso.
Ren fechou os olhos por um segundo e, em sua mente, flashes de seu passado apareceram – o dia em que perdeu os pais para goblins.
— Uma vez… eu fui fraco… — disse, lembrando-se de seu eu chorando criança em frente aos corpos dos pais.
Ele abriu os olhos, frios e sombrios.
— Mas agora… vocês são os fracos.
Ren esticou sua espada para o lado, sombras começaram a cobri-la. Ele respirou fundo e murmurou baixo:
— …Sobrecarga das Sombras…
E então gritou:
— I… AM… SHADOW!!!
Num corte vertical, ele atravessou todos os goblins ao seu redor, criando uma rachadura no chão da caverna e um eco sombrio pelo local. Os monstros caíram mortos, sem nem saber o que os atingiu.
Ele guardou a espada, olhou para a garota que o encarava assustada e disse:
— Não era pra você estar aqui… esse lugar é perigoso…
Quando começou a sair andando, ela agarrou sua calça, com lágrimas nos olhos.
— P-posso… me juntar ao seu grupo…?
Ren olhou para ela com indiferença por um momento, mas pensou:
— Hmm… talvez ela seja útil… e eu posso botar ela pra trabalhar e ganhar muito dinheiro… hehehe…
Ele suspirou e disse:
— Tá… mas não me atrapalha.
Os olhos da garota brilharam de felicidade.
— O-obrigada… chefe…
Ren olhou pra ela sem graça.
— Chefe não… me chama de Ren… — disse andando na frente, enquanto ela sorria atrás dele, limpando as lágrimas.
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