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Sr.Monteiro- Sangue, Luta e Desejo

Capítulo 1: A Foto Errada no Destino Certo

Capítulo 1 — A Foto Errada no Destino Certo

Meu coração parou. Literalmente. Por alguns segundos, o mundo silenciou, e tudo que eu conseguia ver era a maldita notificação na tela do celular.

Mensagem enviada para: Ethan Monteiro.

A foto.

A foto da lingerie. Aquela que eu tinha tirado, no impulso de me sentir ousada por um segundo na vida. Aquela que era pra ir pro cara da balada. Não pro meu chefe.

Meu. Chefe.

O sangue gelou nas veias, e eu fiquei ali, parada no banheiro dos funcionários da casa de Ethan Monteiro — sim, o lutador mais cobiçado do país, aquele mesmo das entrevistas sérias e dos nocautes históricos — encarando o celular como se ele pudesse se desculpar por mim.

Só que o celular não fez nada. Só vibrou mais uma vez. Nova notificação.

Ethan Monteiro: No meu escritório. Agora.

Eu quis desaparecer. Derreter e escorrer pelo ralo. Mas não. Eu estava ali, de calça jeans, uma blusa branca meio amarrotada, e com o estômago embrulhado de vergonha, medo e — droga — um resquício de curiosidade.

Como isso foi acontecer?

Talvez a resposta estivesse em Harmony Creek, no interior de Michigan, onde tudo era mais simples. Onde as pessoas se conheciam pelo nome do cachorro, e as maiores decisões envolviam o sabor da torta da feira.

Foi de lá que eu saí, com uma mala surrada, dois pares de tênis e um caderno cheio de sonhos. Nova York me recebeu com buzinas, cheiro de cachorro-quente e um frio que parecia morder os ossos.

Vim por causa da faculdade de Design de Interiores. Consegui uma bolsa parcial e a fé inabalável de que daria um jeito de sobreviver. E dei. Me virei com bicos: barista, garçonete, panfletagem na Times Square. Dormia pouco, comia mal, mas carregava comigo uma vontade do tamanho dos arranha-céus que me cercavam.

Aos poucos, as coisas começaram a se ajeitar. Um estágio não remunerado aqui, um freela acolá. E então, o milagre: uma vaga de secretária particular na Monteiro Sports.

Me inscrevi sem pretensão. Mas fui chamada.

Primeira entrevista: com o gerente. A segunda… com ele.

Ethan Monteiro.

De camisa social branca, a barba por fazer e olhos de um azul tão cortante que pareciam atravessar a alma.

"Charlotte Reed, certo?", ele disse, lendo meu currículo. Sua voz era grave, com um sotaque indecifrável e uma calma que impunha respeito. "Para alguém tão jovem, você tem um currículo impressionante."

"Obrigada, senhor Monteiro. Eu me esforço muito", respondi, me esforçando para não babar.

E eu consegui o emprego. Em dois anos, virei braço direito dele. Ou talvez só uma engrenagem que ele confiava. Ainda assim, me tornei indispensável: organizava compromissos, cancelava reuniões, administrava caos. E segurava firme minha vontade de me perder naquele par de olhos toda vez que ele me chamava pelo nome.

"Acorda pra vida, Charlotte!", minha amiga Elen vive dizendo. "Você mora no Brooklyn, tem vinte e quatro anos e tá vivendo como uma senhora de sessenta."

Ela não tá totalmente errada.

E foi por isso que, naquele fim de semana, eu saí. Elen me arrastou pra uma balada no centro. E, pela primeira vez em muito tempo, eu dancei. Sorri. Me permiti ser só uma garota qualquer, num vestido justo e batom vermelho, sem crachá, sem prancheta.

Foi nessa noite que conheci ele Henrique. O cara da tatuagem no braço e sorriso torto no bar. Beijei sem pensar. Rimos. Trocamos contatos.

E eu voltei pra minha realidade: segunda-feira, casa de Ethan, montanhas de e-mails e reuniões que começavam às sete da manhã.

Foi no fim do expediente, enquanto eu me arrumava no banheiro antes de pegar o metrô de volta pro meu microapartamento no Brooklyn, que tudo deu errado.

Olhei meu reflexo no espelho. Tirei os óculos, soltei um botão da blusa, vi a alça preta da lingerie de renda aparecer. Era só um flerte. Uma provocação inocente.

Clique. Foto tirada. Quase sem pensar, selecionei o contato do cara e… enviei.

Só que, na pressa — e no cansaço — cliquei no nome errado.

Ethan Monteiro.

Agora, aqui estou eu, caminhando em direção ao escritório dele, suando frio com as pernas bambas e o coração querendo fugir pela garganta. Cada passo ecoa como uma contagem regressiva para minha própria execução.

A porta está entreaberta. Bato levemente. Ele não responde. Entro.

A sala está na penumbra, iluminada apenas pela vista de Nova York através das janelas gigantes. Ele está de costas, de pé, encarando a cidade. A figura dele parece ainda maior na penumbra — um gigante prestes a julgar meu destino.

“Senhor Monteiro...?” Minha voz saiu num sussurro envergonhado.

Ele se vira. Os olhos caem direto em mim — ou melhor, no decote que eu tentei cobrir com a bolsa. Ele ergue o celular. A tela iluminada exibe a imagem que eu tanto queria apagar do universo.

"Foto interessante", diz ele, com uma calma que me arrepia mais do que qualquer grito.

“Foi um engano! Eu juro! Eu ia mandar pra outra pessoa, eu nem sei como... eu tô tão... eu... desculpa. De verdade.”

As palavras saem emboladas, tropeçando no desespero.

Ele dá um passo. E depois outro.

A cada movimento, o ar na sala parece mais denso, como se o oxigênio estivesse sendo sugado.

“Relaxa, Charlotte.” Sua voz é baixa, quase um sussurro. "Não vou te demitir por isso."

Engulo em seco.

"Você sempre foi impecável. Profissional. E agora... me manda isso?"

"Foi sem querer! Juro!" Tento parecer firme, mas minha voz treme. Minhas mãos também.

Ele está perto agora. Perto demais. Consigo sentir o calor que emana do corpo dele, o perfume amadeirado e amargo que sempre me bagunçou por dentro.

“Você sabe o que mais me intriga nessa foto?”, ele pergunta, os olhos fixos nos meus. “É que ela mostra uma parte de você que eu sempre soube que existia. Escondida. E agora... ela resolveu aparecer.”

O tempo para.

E eu odeio, com todas as forças, o fato de estar gostando dessa tensão.

"Você tá ultrapassando um limite, senhor Monteiro." Tento soar firme.

Ele sorri. Um canto de boca apenas. Um sorriso perigoso.

“E se for você quem cruzou primeiro?”

Silêncio. Ele estica a mão, tira meus óculos com cuidado, como se fosse natural. O polegar dele roça minha têmpora. Arrepios. Cada célula do meu corpo grita por controle, mas nenhuma obedece.

“Só por essa noite, Charlotte. Esquece que eu sou seu chefe. Só por uma noite.”

“Isso é loucura”, sussurro, a respiração entrecortada. “Eu preciso do meu emprego. Eu não sou esse tipo de mulher.”

Ele encurta o espaço entre nós. O rosto tão perto do meu que posso contar cada cílio dele. “E se você for sim esse tipo de mulher... só não sabia ainda?”

Os olhos dele queimam os meus.

E eu… eu não sei se fujo ou se me jogo.

Minhas mãos tocam o peito dele, não para afastá-lo, mas como se buscassem equilíbrio.

E então, ele me beija.

Primeiro, lento. Um toque. Um teste.

Depois, fundo, quente, como se todas as promessas veladas dos últimos dois anos estivessem explodindo de uma vez.

Perdi o chão.

E talvez, só talvez… tenha encontrado o começo do meu verdadeiro caos.

Vou colocar a foto de como eu acho que é os personagens principais

Ethan...

Charlotte

Capítulo 2: Desejo Proibido e Despertar Silencioso

Capítulo 2 — Desejo Proibido e Despertar Silencioso

Meu mundo virou fumaça e faísca quando Ethan me beijou no meio do escritório. O gosto fresco de menta misturado ao amargo do café que ele vira e mexe tomava entre reuniões fez meu sangue ferver num estalo. A mesa de mogno bateu nas minhas costas quando ele me ergueu sem aviso, como se eu fosse uma luva de treino leve demais para o peso dos braços dele.

O corredor lá fora continuava iluminado, mas a porta automática se fechou — clack — e nos selou num aquário de vidro, silêncio quebrado só pelo zumbido do ar-condicionado e pelo som frenético da minha respiração.

Ele me encurralou entre o tampo gelado da mesa e o próprio corpo. As mãos grandes desceram pela minha cintura, apertando sem pudor, e eu senti a gravidade daquilo: era indecente, era meu chefe, era tudo que podia me custar a carreira — mas, caramba, eu queria.

Quando o blazer dele caiu no chão, arranquei o meu grampo de cabelo sem pensar, os fios castanhos despencando pelos ombros. Ele roçou o nariz no meu pescoço, aspirando meu perfume barato de baunilha, e perguntou num sussurro rouco:

— Quer continuar, Charlotte? Fala pra mim.

— Quero. — Saiu num gemido que vibrou por inteiro.

O sinal verde foi imediato. Ele girou meu corpo, fazendo-me encostar de bruços na mesa. O verniz gelado contra minhas palmas contrastou com o calor que subia entre minhas pernas. Uma das mãos dele foi ágil no zíper da minha calça; a outra ergueu minha blusa o bastante para revelar o sutiã de renda.

Quando ouvi o estalinho da embalagem de látex se abrindo — aquele som rápido que quase se perde entre as batidas do coração — respirei fundo, um pouco aliviada pela lucidez no meio da loucura. Ele se protegeu em segundos, mãos firmes, costas arqueadas num vulto de pura urgência.

Eu me virei, as bochechas incendiadas. Ele segurou minhas coxas, ergueu-me de volta à beirada da mesa — pernas abertas, panela de pressão prestes a explodir. Nenhuma fala bonita, nenhum preâmbulo: ele entrou devagar e, quando meu corpo o acolheu por inteiro, arrancou um som alto da minha garganta que ecoou nas paredes envidraçadas.

A primeira estocada foi curta, crua, quase dolorosa na intensidade. O tampo rangia sob nós; meus calcanhares bateram contra a madeira, meus dedos se cravaram nos antebraços dele, músculos tensos como cabos de aço. O cheiro de cedro do perfume misturou-se ao suor recém-nascido. Cada impulso dele fazia papéis deslizarem e canetas rolarem até caírem no tapete.

— Você é perfeita — ele murmurou, a voz falhando entre o esforço e o prazer.

A adrenalina colidia com o desejo, e o orgasmo veio rápido, brutal — uma queimação elétrica que subiu dos pés ao couro cabeludo. Mordi o ombro dele para não gritar; Ethan grunhiu, acelerou duas batidas mais fortes e foi junto, peito colado ao meu, coração contra coração.

A respiração dos dois chiou alguns segundos, pesada, antes de virar risada curta — incredulidade compartilhada. A tensão absurda dos últimos dois anos tinha irrompido e queimado tudo em questão de minutos.

Quando ele se afastou, ainda ofegante, encostou a testa na minha e perguntou:

— Você tá bem?

Assenti, roçando o nariz no dele enquanto meu corpo ainda tremia em pequenos espasmos pós-clímax.

Mas ele não tinha terminado.

Com um braço só, Ethan me puxou da mesa até o peito, girou na direção do corredor interno e saiu caminhando — eu de blusa semi-aberta, calça aberta, camisola de renda pendurada num lado só como lembrança do pudor. O ranger suave dos sapatos caros no piso de mármore anunciava nossa travessia clandestina.

O quarto dele sempre fora território sagrado para mim, bloqueado pela regra informal de “funcionários não entram”. Agora, porém, a porta se abriu com um clique biométrico, e eu quase engoli o fôlego: tons grafite, uma cama king-size de lençóis de seda escura, iluminação indireta que projetava reflexos âmbar na madeira. Sobre a cômoda, luvas de boxe autografadas e um cinturão dourado reluziam como troféus silenciosos. A escultura metálica de um lutador parecia observar cada passo nosso.

Ele me pousou no colchão, onde o tecido de seda parecia líquido frio na pele aquecida. Tirou a própria camisa, abriu o segundo preservativo sem espetáculo e, antes de se deitar, deslizou as mãos pelo meu quadril para puxar fora a calça e a lingerie, jogando num monte no tapete felpudo.

Eu o encarei à meia-luz; as costas largas, dezenas de marcas de treino, e aquela tatuagem tribal que ninguém vê nas revistas porque a roupa de luta cobre. — Esse homem é uma paisagem. — pensei, ainda tonta.

Ele se debruçou sobre mim, olhos azuis brilhando sob a luz baixa. Beijou primeiro a testa, depois a ponta do nariz, descendo num trilho lento de carinho quente que contrastava com a urgência da mesa minutos antes. As mãos percorreram peito, barriga, coxas, enquanto o ar-condicionado lançava um fio de vento que arrepiava cada centímetro. Lá fora, uma buzina longínqua e sirene misturavam-se ao ranger discreto da cabeceira.

— Qualquer coisa é só dizer, — repetiu, e desta vez eu respondi puxando-o pelos ombros.

Ele entrou de novo, agora num ritmo controlado. As estocadas profundas faziam o colchão balançar, e o lençol escorregava, frio, pelas minhas costas molhadas de suor. Eu o senti olhar-me, como se gravasse cada contração, cada mudança de expressão. Seu polegar roçou meu lábio inferior; chupe-o, e ele quase perdeu o compasso.

A cama virou mar de seda amassada, e eu perdi noção de tempo. Quando o clímax me atingiu de novo, veio mais lento, como onda grande que engole devagar antes de arrebentar. Meu gemido grave se misturou a um “Charlotte” arfado no meu ouvido. Ele estremeceu, mordeu a base do meu pescoço — e me abraçou forte no instante em que o orgasmo dele tomou conta.

Caímos de lado, entrelaçados, os corações batendo em coro. O quarto cheirava a cedro, suor, lençol limpo e um traço de bergamota. Lá fora, o trânsito noturno seguia, mas aqui dentro o silêncio tinha cheiro e cor especiais.

Ethan encostou os lábios no topo da minha cabeça, soltou um suspiro profundo que me vibrou no peito e adormeceu quase na hora. O braço pesado dele me puxava para perto enquanto o ritmo da respiração ficava regular, ecoando no meu ouvido como mar calmo depois de tempestade.

Fechei os olhos — rendida a um torpor doce — e devo ter cochilado, porque, quando despertei, a penumbra estava ainda mais escura. Só o relógio digital, sobre a mesinha, espalhava luz esverdeada na parede: 03 h 11.

O choque de lucidez foi gelado. Trabalho. Contrato. Bolsa de estudos. Meu crachá — lembrança material da vida que construí. Tudo correu na mente: manchetes de tabloide sobre secretária e chefe, a ameaça de perder o emprego, a possível decepção da minha amiga Elen — “Eu te avisei, Char!”.

Olhei para Ethan: rosto relaxado, boca entreaberta num sono pesado, cílios trêmulos de sonhos que eu não alcançava. Tudo em mim queria ficar, mas minha razão gritava.

Retirei o braço dele do meu tornozelo com cuidado, pousei devagar sobre o colchão. Um arrepio percorreu meu corpo nu quando me sentei na beira da cama — lençol frio grudado aos ombros, uma gota de suor escorrendo pelas costas. Fui recolhendo peças de roupa no escuro: calcinha num canto do tapete, jeans dobrada sobre a poltrona, blusa por baixo do travesseiro.

No closet anexo, encontrei meu sutiã — jogado sobre uma prateleira onde luvas de sparring descansavam. Vesti-o às pressas, tropeçando no silêncio.

O corredor parecia mais longo que à ida. No escritório, papéis ainda estavam espalhados no chão — contrato da luta em Vegas, memorando da academia, agenda que eu costumo organizar. Passei os dedos sobre tudo aquilo, me perguntando se minha demissão estaria ali, pendurada no futuro.

Peguei minha bolsa, encaixei o óculos no rosto. O celular acendeu com a tela de senha. Solicitei um carro de aplicativo: Motorista chega em 3 minutos. Desativei o som para evitar vibrações, respirei fundo três vezes.

O elevador privativo chiou baixinho quando abriu. Entrei, pressionei “Térreo”. As portas se fecharam sem protesto nem chamada de volta. Desci acompanhada apenas do rangido de cabos, do leve cheiro de graxa e da pulsação alta dentro do peito.

No saguão térreo, o segurança noturno levantou o olhar do tablet, mas não perguntou nada; talvez me conhecesse demais para estranhar, talvez não quisesse saber. Cruzei a porta de vidro e senti o ar úmido da madrugada de Manhattan colar na pele.

Entrei no carro antes que a coragem evaporasse. No retrovisor, o motorista deu bom-dia com voz sonolenta. Respondi baixo e fechei os olhos. Ao longe, a torre do Empire State piscava luz branca. Eu, porém, não conseguia pensar em nada além do baque dentro do peito: “Como vou encarar Ethan Monteiro às oito da manhã?”

E a dúvida ficou reverberando, junto do latejar adocicado entre as pernas, enquanto o carro se perdia pelas avenidas desertas.

Capítulo 3: A Manhã Silenciosa e o Gosto Amargo

Capítulo 3: A Manhã Silenciosa e o Gosto Amargo

O sol da manhã já espreitava timidamente pelas cortinas baratas do apartamento de Charlotte no Brooklyn quando ela chegou. O ar frio da madrugada ainda se agarrava à pele, mas era o frio na boca do estômago que a fazia tremer. Ela abriu a porta do seu pequeno lar em silêncio, como se o barulho pudesse despertar a culpa que pesava em seus ombros. A bolsa caiu no chão com um baque abafado, e ela mal teve forças para se jogar no sofá, ainda vestida com as roupas amassadas da noite anterior.

A mente de Charlotte era um turbilhão. Imagens vívidas do escritório de Ethan, da mesa, do quarto proibido, passavam como um filme rápido. O toque dele, a intensidade, os sussurros... e então o vazio gélido do arrependimento. Por que ela havia deixado acontecer? O quão ingênua tinha sido em pensar que poderia simplesmente se entregar a um momento de loucura e depois voltar à sua vida normal? A faculdade, o trabalho, o sonho de design – tudo parecia subitamente em risco. Uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto, traçando um caminho frio. Ela pegou o celular, as mãos ainda um pouco trêmulas, e viu que Henrique, o cara da balada, havia enviado mais uma mensagem: "Tudo bem? Ficou tudo quieto por aí...". Por um momento, a culpa por ele se somou à avalanche de outras preocupações, mas ela logo descartou a ideia de responder. Tinha problemas muito maiores para resolver.

Enquanto isso, no luxuoso apartamento no alto de Manhattan, Ethan despertou lentamente. A luz da manhã filtrava-se pelas persianas, pintando listras no lençol de seda. Ele esticou um braço para o lado, esperando encontrar o corpo quente de Charlotte, mas encontrou apenas o vazio e o tecido frio. Seus olhos se abriram, percorrendo o espaço ao lado dele na cama. Estava intocado, como se ela nunca tivesse estado ali. Uma sensação de estranhamento o invadiu. Ele se sentou na cama, os músculos ainda um pouco doloridos da noite de paixão. Sua primeira parada foi o escritório, o lugar onde tudo começou. O ambiente estava exatamente como eles o haviam deixado – as almofadas fora do lugar na poltrona, uma taça de vinho quase vazia sobre a mesa... mas não havia sinal das roupas ou pertences de Charlotte. Apenas um vazio, uma ausência que gritava mais do que qualquer peça de roupa esquecida. As coisas estavam reviradas, a cadeira virada, os papéis espalhados – a desordem deixada pela urgência da paixão, um cenário mudo que confirmava que algo muito intenso havia acontecido ali. Um misto de frustração e uma pontada inesperada de decepção atingiu Ethan. Ele não sabia o que esperar dela depois de uma noite tão intensa, mas certamente não era um desaparecimento silencioso e completo. O sorriso vitorioso que ele costumava exibir no ringue deu lugar a uma expressão pensativa. Aquela noite havia sido... diferente. E agora, a partida dela deixava um gosto amargo e uma série de perguntas sem respostas.

A Confrontação Matinal

No apartamento do Brooklyn, Charlotte se forçou a sair do sofá. A ressaca emocional ainda lhe apertava o estômago, mas a realidade bateu forte: ela tinha um emprego. Um emprego que pagava suas contas e sua faculdade. Ela não podia se dar ao luxo de sumir. Com uma determinação amarga, ela tomou um banho rápido, quase gelado, na tentativa de afastar os vestígios da noite. Em frente ao espelho, aplicou uma camada generosa de maquiagem, especialmente corretivo, determinada a esconder as olheiras profundas que entregavam sua noite de sono quase inexistente. Penteou os cabelos, vestiu seu blazer mais formal, tentando recompor a secretária impecável que ela sempre fora. Seus olhos tinham uma nova dureza. Ela precisava ir para o trabalho mais cedo do que o habitual, antes que os outros funcionários chegassem. Ela tinha que controlar a narrativa.

Chegou ao apartamento de Ethan com o sol ainda nascendo, usando a chave de serviço. A casa estava silenciosa, os vestígios da noite anterior ainda presentes para seus olhos – a taça na mesa do escritório, a cama no quarto desarrumada. Ignorou tudo. Dirigiu-se à sua mesa, acionou o computador e começou a organizar os e-mails e a agenda do dia de Ethan com uma eficiência robótica.

Não demorou muito para Ethan aparecer. Ele desceu as escadas, a camisa desabotoada, o cabelo levemente despenteado, e parou abruptamente ao vê-la ali, já trabalhando. Seus olhos, que ainda carregavam o peso do desapontamento matinal, se arregalaram. Ele a fitou, surpreso pela aparição, e Charlotte sentiu o ar vibrar com a tensão não dita entre eles.

Com uma formalidade forçada que doía na garganta, Charlotte levantou os olhos do tablet, evitando o olhar direto dele. "Bom dia, Sr. Monteiro," sua voz era monótona, profissional, sem um pingo da sensualidade da noite passada. Ela ignorou a expressão de surpresa dele. "Tenho sua agenda pronta para hoje. Às nove, reunião com o patrocinador X. Às dez, entrevista coletiva sobre a próxima luta. Às onze e trinta, sessão de fisioterapia. Seus e-mails mais urgentes já foram respondidos. Precisamos revisar os termos do contrato de patrocínio no final do dia." Ela recitou tudo de uma vez, como uma máquina, as mãos firmes no tablet, seu corpo uma barreira impenetável de profissionalismo. O olhar dele sobre ela era intenso, quase queimando, mas ela se recusou a ceder.

Ethan a observava com uma mistura de incredulidade e uma irritação crescente. A postura rígida dela, a voz sem emoção, a formalidade excessiva — era como se ela estivesse tentando apagar a noite inteira. Ele apertou os lábios, a mandíbula tensa.

"Sr. Monteiro?" A voz dele saiu em um tom baixo e perigoso, carregado de uma formalidade irônica que espelhava a dela. Ele deu alguns passos, parando bem em frente à mesa dela, dominando o espaço. "Você teve uma noite agitada, Charlotte?" Sua voz estava carregada de sarcasmo, os olhos escuros fixos nos dela, buscando uma reação, uma faísca. Ele não queria apenas a agenda.

Charlotte respirou fundo, forçando-se a manter a calma. "Minha vida pessoal não interfere no meu trabalho, Senhor Monteiro. Como disse, a agenda está pronta. Há algo mais que precise?" A voz dela era fria, um escudo.

Um sorriso amargo distorceu os lábios de Ethan. Ele se inclinou sobre a mesa, diminuindo a distância entre seus rostos. "Ah, Charlotte. Acha mesmo que pode aparecer aqui como se nada tivesse acontecido?" Ele sussurrou, a voz apenas audível para os dois. "Você fugiu no meio da noite. Pensei que estivéssemos... em outro nível depois do que aconteceu aqui." Seus olhos desceram para os lábios dela, depois para o pescoço. "Você não sente nada, Charlotte?"

Ele estendeu a mão lentamente, seus dedos buscando os dela sobre a mesa. As mãos de Charlotte, antes firmes no tablet, começaram a tremer incontrolavelmente, um tremor que ela tentou, em vão, esconder.

"Ou você já esqueceu?" Ethan continuou, o olhar dele perfurando o dela, ignorando a mão dela que se recolhia minimamente.

O rosto de Charlotte empalideceu, mas ela se manteve firme, lutando contra o impulso de ceder ou de gritar. "Eu me lembro perfeitamente de tudo. E é exatamente por isso que estou agindo profissionalmente, Sr. Monteiro. Aquele foi um erro. Uma... imprudência. Que não se repetirá." Cada palavra era uma facada, tanto para ele quanto para ela.

Ethan endireitou o corpo, a irritação evidente em sua expressão. "Uma imprudência, Charlotte? É assim que você define o que aconteceu entre a gente?" Ele balançou a cabeça lentamente, um brilho perigoso em seus olhos. "Você acha que é um erro e acabou? E se eu não tiver afim de esquecer?" Ele deu mais um passo, diminuindo ainda mais a distância entre eles. "Você é minha secretária, Charlotte. E é melhor que se lembre disso. Mas que não se esqueça também que sou seu chefe." O aviso era claro, a ameaça velada pairando no ar. O clima no escritório tornou-se sufocante, carregado de uma mistura de ressentimento e desejo reprimido.

A resposta dela veio rápida, quase automática, como se tivesse ensaiado mentalmente a noite toda. "O que aconteceu entre nós, Sr. Monteiro, foi fora do horário de trabalho." Ela ergueu o queixo, desafiando-o com o olhar. "Portanto, não configura desrespeito às minhas obrigações profissionais. Estou aqui para trabalhar e vou cumprir todas as minhas funções com a mesma dedicação de sempre." Ela não baixou o olhar, mesmo que seu coração martelasse contra as costelas. Era uma linha clara, um limite que ela tentava desesperadamente impor.

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