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Ghost:Renascido

Capítulo 1: Ainda estou aqui

Eu não consegui. Achei que poderia vencer. Achei que poderia destruir a Parallax. É engraçado como, às vezes, nos sentimos invencíveis em determinados momentos e acreditamos que somos o ser mais forte do mundo, até que acontece algo que nos mostra que somos frágeis, apenas seres feitos de carne e osso, que um dia perecem. Esse foi o meu erro: achar que eu era invencível. Memento mori, ou seja, lembre-se de que é um mortal...

Mas eu não podia simplesmente desistir. Não podia morrer sem antes vingar a morte da minha mãe e de todos os outros. Quando eu pensei que já tinha morrido, do fundo do abismo, Ghost surgiu e me salvou. Hoje, eu tenho mais uma chance de me vingar. Hoje, eu sou o próprio Ghost. Hoje, eu renasci.

— Ahhh...

— Finalmente acordou, Martin.

Martin estava em um quarto escuro. O ambiente cheirava a desinfetante, e vários aparelhos estavam grudados em seu corpo. Ao seu lado, aquele monitor emitia o bip que causava agonia.

— Victor?

— Olá, meu rapaz. Há quanto tempo... Achei que não veria você de novo, mas graças a Deus — ou seja lá o que for — eu te encontrei antes que fosse tarde demais.

— Como você me encontrou?

— Eu recebi notícias de que Norwich estava um caos. Então fui em direção à cidade para tentar ajudar de alguma forma, e recebi a informação de que um policial havia sido executado e jogado no rio. No caso, você. Fui ao seu encontro, mas nessa altura do campeonato, todos acham que você morreu. Não avisei ninguém que eu te encontrei.

Martin tentou se levantar, mas Victor o impediu.

— Vai com calma, Martin. Você quase morreu. Teve três paradas cardíacas e várias lesões graves. Levou três tiros e estava com ossos quebrados. Em que tipo de merda você se meteu?

Martin respirou fundo.

— Aconteceu muita coisa...

— Eu sei, e você não precisa me contar nada agora. O que você precisa, neste momento, é descansar e se recuperar. Ou vai desistir?

— “Desistir” é uma palavra que não existe pra mim.

— É assim que se fala.

— Victor, por que você não contou ao Lawrence e aos outros que me encontrou?

Victor encarou Martin com uma expressão séria.

— Porque, se você quiser lutar contra a Parallax agora, não poderá mais ser um policial.

— Como assim?

— Depois de tudo isso que aconteceu, o governo provavelmente vai barrar as operações da polícia. Não sei o que vocês fizeram, mas causaram uma merda grande. O caos em Norwich é evidente. A explosão daquele prédio trouxe muitas retaliações, porque foi considerada obra da polícia. Lawrence foi afastado da corporação e quase foi preso.

— Como assim?

— O ataque ao prédio foi visto como um atentado, pois civis foram mortos. Além disso, o departamento de polícia está em uma grave crise após o ataque com gás venenoso, que matou cerca de 35 agentes e deixou vários outros em estado crítico.

— Quem atacou a delegacia?

— Martin, você precisa descansar agora. Você terá todo o tempo do mundo para conversar comigo depois e me contar tudo. Eu também te contarei o que eu sei. Mas, por enquanto, descanse. Não adianta discutir.

Martin respirou fundo.

— Que seja...

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Local: Casa de Javier – Logo após o confronto com Martin na montanha Winter

Javier estava no banheiro, cuidando do ferimento no peito que Martin tinha feito com a faca. Ele se olhava no espelho enquanto se lembrava de um certo tempo da sua vida.

Alguns anos atrás

— Senhor, a missão foi concluída. A mulher foi executada em um local público, como solicitado.

— E o garoto?

— Como o senhor ordenou, não fizemos nada a ele. O deixamos lá, jogado em cima do cadáver da mulher.

— Entendi. Pode se retirar.

Javier entrou no banheiro do escritório e começou a esmurrar as paredes, chorando.

— Por que você fez isso, mãe? Por que se envolveu com essa porcaria de droga? Por que a senhora sempre foi tão fraca?

Javier respirou fundo.

— Me perdoa, irmão. Fiz o que precisava ser feito.

Dias atuais

Javier estava encarando o espelho. O rosto cansado era o reflexo da dor que sentia após o combate com Jacob e Martin.

— É, irmãozinho... Infelizmente, tive que dar um fim em você, igual fiz com a mamãe...

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Local: Casa de Lawrence – Logo após os acontecimentos na delegacia e a suposta "morte" de Martin

Lawrence havia recebido alta do hospital e estava em casa. Agora, tinha uma das missões mais difíceis pela frente: contar a Breeana sobre Martin.

— Pai? Como o senhor está? Meu Deus, eu estava tão preocupada!

— Filha... Eu tenho que te contar uma coisa.

— O que foi? — perguntou Breeana, já desesperada.

— O Martin morreu. O corpo dele foi jogado no rio Norwich e não conseguimos achá-lo.

Breeana ficou em silêncio, e a ligação caiu.

— Brie? Alô?

Lawrence ouviu batidas na porta. Quando abriu, seu sangue gelou.

— Bom dia, delegado Lawrence!

Era o prefeito de Norwich e seus seguranças.

— Prefeito?

— Desculpe vir aqui sem avisá-lo, mas achei melhor ter essa conversa em sua casa do que no meu gabinete. Podemos entrar?

— Fiquem à vontade.

— Delegado, o que tenho a conversar com você é um assunto muito sério. Antes de tudo, quero que me diga que tipo de operação foi essa dentro do prédio da Shield Corps.

Shield Corps era o nome de fachada da Parallax. A sede da organização no centro da cidade possuía esse nome. O prefeito sabia disso e estava envolvido em escândalos de corrupção — algo que, infelizmente, a polícia nunca conseguiu provar, por conta da proteção judicial.

— Eu não sei o que aconteceu no prédio, senhor. Fiquei tão surpreso quanto o senhor quando soube do ataque.

— Não sabe o que aconteceu? Bombas foram plantadas lá de maneira precisa e inteligente, e você não sabe o que aconteceu?

— Eu não estou mentindo, prefeito Raymond. Eu realmente não sei o que houve lá. Tanto que montei uma investigação para descobrir. Meu departamento não está envolvido nas mortes de inocentes!

— E as operações que vocês fizeram sem ordem judicial, em bancos e empresas privadas? Você poderia ser preso por isso, sabia?

Lawrence se enfureceu.

— Eu não acredito que o senhor veio na minha casa só pra me acusar e me criticar! Por que o senhor não fala do ataque com gás venenoso à delegacia? Por que não fala das mais de 35 mortes de pais e mães de família dentro do departamento de polícia de Norwich? Que descaso é esse com a segurança pública da cidade que o senhor diz cuidar? Quer que eu fale dos casos de corrupção em que o senhor está envolvido?

— disse Lawrence, se levantando e se aproximando do prefeito. Os seguranças se colocaram na frente e empurraram Lawrence para trás.

— Calma aí, Lawrence. Não precisa perder a calma desse jeito. Tudo que aconteceu é culpa sua, por querer lutar contra algo mais forte que você — disse o prefeito com um sorriso sarcástico.

— Eu só vim aqui te dar um comunicado. A partir de hoje, você não é mais o delegado da polícia de Norwich. Daqui a três dias, anunciarei o seu substituto. Obrigado pelos seus serviços, Lawrence.

O prefeito não esperou respostas, virou as costas e o deixou ali, com os olhos vidrados no chão. Depois disso, Lawrence teve certeza absoluta de que havia perdido a guerra.

Capítulo 2-Mudanças

Local: Casa de Lawrence – Noite chuvosa

Lawrence estava sentado no sofá, a mão trêmula segurando um copo de uísque que ele não tinha coragem de beber. Desde que contou a Breeana sobre Martin, sentia como se algo dentro dele tivesse sido arrancado. O silêncio da casa era tão profundo que chegava a doer nos ouvidos.

O telefone fixo na mesinha ao lado tocou, e Lawrence levou alguns segundos para reagir. Quando finalmente atendeu, a voz que ouviu era conhecida… e carregada de pânico.

— Lawrence? É a Debra… — disse a esposa, com a voz embargada.

— O que foi? — perguntou ele, já com o coração disparado.

Do outro lado da linha, Debra respirou fundo antes de continuar.

— É sobre a Breeana… depois que você desligou com ela hoje… ela teve… ela teve um colapso, Lawrence.

— O quê? Como assim um colapso? — Lawrence se levantou tão rápido que o copo caiu no chão, espalhando o líquido no tapete.

— Eu estava aqui com ela quando aconteceu. A Breeana ficou sentada no chão do quarto, abraçada na fotografia do Martin… Ela não respondia, Lawrence. Parecia que nem me via. Eu tentei falar com ela, segurei a mão dela, mas ela só ficava repetindo o nome dele… — Debra fez uma pausa, a voz trêmula. — Eu precisei chamar o médico.

Lawrence apertou a ponte do nariz, sentindo os olhos arderem.

— Como ela está agora? — perguntou num sussurro.

— Sedada. O doutor disse que foi uma crise nervosa severa. Ela entrou em estado de choque… Ele deixou remédios, mas avisou que amanhã cedo vai voltar para ver como ela está. — Debra engoliu em seco. — Lawrence… nossa filha está despedaçada.

Lawrence sentiu algo quebrar dentro do peito. O peso da culpa se somava ao cansaço e ao luto.

— Eu… Eu devia ter pensado melhor… devia ter esperado… — murmurou, com a voz falhando.

— Não adianta se lamentar agora. — A voz de Debra soou firme. — Você não é mais delegado. Não tem mais desculpa pra não estar aqui. Amanhã cedo, você vai vir pra casa. E vai olhar nos olhos dela. Vai mostrar pra Breeana que ela ainda tem o pai.

Lawrence fechou os olhos, lutando contra o tremor na voz.

— Eu vou. Amanhã cedo, eu estarei aí.

— Tudo bem. — Debra respirou fundo, contendo as próprias lágrimas. — E, Lawrence… tenta não se afundar nessa culpa. Ela já nos destruiu demais.

O silêncio tomou conta da linha por alguns segundos, até que a chamada se encerrou.

Lawrence ficou ali parado, encarando o vazio. Naquele momento, sentiu que não tinha perdido apenas uma guerra… mas também uma parte da própria família.

Local: Casa de Lawrence e Debra – Manhã seguinte

O dia amanheceu cinzento, como se o céu compartilhasse do mesmo luto. Lawrence estacionou o carro devagar, sentindo o coração bater pesado dentro do peito. Quando atravessou a porta da frente, o silêncio foi tão denso que parecia um aviso.

Debra estava sentada na poltrona da sala. O olhar dela encontrou o dele, carregado de mágoa e cansaço.

— Você demorou — disse ela, sem alterar o tom de voz.

Lawrence abaixou a cabeça.

— Eu… precisei tomar coragem pra vir.

— É o mínimo que você pode fazer — retrucou Debra, com firmeza. — Ela está no quarto. Dormiu depois de tomar o remédio, mas acorda de vez em quando chorando, chamando por ele.

Lawrence respirou fundo e passou a mão pelo rosto. Quando ergueu os olhos, encontrou Debra ainda olhando fixamente para ele.

— Lawrence… não importa mais a polícia, nem essa guerra estúpida. Nossa filha precisa de você. Não finja que não é responsabilidade sua também.

— Eu sei… — ele sussurrou. — Eu sei…

Debra desviou o olhar, enxugando uma lágrima que insistiu em cair.

— Vá lá. Fique com ela. Eu vou preparar um chá.

Lawrence subiu as escadas devagar, cada degrau um lembrete do peso que carregava. Quando abriu a porta do quarto, encontrou Breeana deitada de lado, abraçada a uma fotografia de Martin. O rosto dela estava inchado de tanto chorar.

Ele se aproximou em silêncio e sentou-se na beirada da cama. Durante um instante, não teve coragem de dizer nada.

— Pai…? — a voz dela saiu quase num sussurro, fraca e trêmula.

— Eu estou aqui, filha… — disse ele, pegando a mão dela com cuidado. — Me perdoa… por tudo.

Breeana virou o rosto, e quando encontrou os olhos do pai, o pranto veio de novo.

— Eu… eu não consigo acreditar que ele se foi… eu… eu não sei como viver sem ele…

Lawrence apertou a mão dela com força.

— Você não está sozinha, Breeana. Eu prometo… mesmo que tudo desabe lá fora, eu sempre vou estar aqui. Sempre.

Ela chorou silenciosamente, sem soltar a fotografia. E ali, naquele quarto, Lawrence sentiu que, por um breve instante, a guerra lá fora havia ficado do lado de fora.

Local: Casa isolada de Victor – Tarde

A luz filtrava pelas cortinas pesadas, iluminando o chão de madeira. Martin estava sentado na beirada da cama, respirando fundo. O braço direito enfaixado, o peito coberto de hematomas, o rosto ainda marcado pelos golpes de Javier.

Victor entrou carregando uma bandeja com uma tigela de caldo e alguns comprimidos.

— Conseguiu se manter de pé sozinho hoje? — perguntou, colocando tudo sobre a mesa de canto.

Martin desviou o olhar.

— Tentei… mas a perna não aguentou.

— Vai aguentar. — Victor se aproximou e segurou o braço bom de Martin. — Vamos lá. Devagar. Um passo de cada vez.

Com um gemido de dor, Martin se levantou. As pernas tremiam, mas ele ficou em pé.

— Isso. Respira. — Victor deu um leve sorriso. — Tá vendo? Você ainda está aqui.

Martin manteve o olhar fixo no chão, suando frio.

— E, por pouco… eu não estaria.

Victor o ajudou a dar alguns passos até o outro lado do quarto. Quando sentiu que ele não ia cair, soltou-o devagar.

— Senta um pouco. Tem algo que você precisa ver.

Martin se sentou na poltrona. Victor pegou um tablet em cima do aparador e destravou a tela. Ali, várias manchetes de jornais e sites de notícias exibiam a mesma coisa:

“Membro-chave da resistência morre afogado: corpo não foi recuperado.”

“Herói da polícia é dado como morto após confronto.”

“Martin Sokolov: morte ou desaparecimento?”

Martin passou a mão pelo rosto, respirando fundo.

— Então é assim que acabou pra eles… uma nota no rodapé.

— Não acabou pra você. — Victor colocou o tablet sobre os joelhos dele. — Pra eles, você está morto. E isso… pode ser sua única vantagem.

Martin ergueu o olhar devagar. Nos olhos dele, algo queimava.

— Então vamos usar isso. Porque, Victor… eu não morri. — Ele apertou o punho. — E não vou parar até acabar com todos eles.

Victor assentiu, sério.

— Eu sei. E vou estar ao seu lado quando esse dia chegar.

O bip do monitor cardíaco foi a única coisa que se ouviu no quarto.

Local: Prefeitura de Norwich

Todos estavam ansiosos para saber quem o prefeito Raymond nomearia como o novo delegado de polícia em Norwich,a imprensa estava no local e as pessoas empurravam umas as outras em cima de um palco o prefeito apareceu,todos começaram a aplaudir

-Bom dia a toda a população de Norwich! Hoje é um grande dia pois anunciarei quem será o novo delegado de polícia da nossa cidade,vimos que nos últimos meses a polícia esteve envolvidas em situações vergonhosas e sofreu um ataque severo levando a morte de vários agentes,isso é reflexo da má liderança que estava regendo esse departamento,e como um homem preocupado com o meu povo,eu intervir e noomeio como novo chefe da polícia de Norwich o delegado Clark Zeint!

Todos aplaudiram e novo delegado subiu ao palco e tomou a palavra

-Bom dia a todos!Hoje me sinto honrado em receber essa responsabilidade de estar a frente da segurança pública da nossa cidade,irei garantir proteção e respeito aos cidadãos de Norwich e garanto a vocês que esse departamento não irá passar pela mesma vergonha que passou na antiga liderança! Estou aqui para fazer a diferença!

Todos aplaudiram,Cristina estava no meio da multidão acompanhado tudo

-Quanta mentira,esses bandidos conseguiram fazer o que sempre sonharam,destruir o departamento de polícia....

Cristina sentiu o estômago embrulhar ao ouvir os aplausos. Era como se cada palma fosse um prego cravado no caixão do que restava da justiça.

Local:Gabinete do prefeito

-Meus parabéns pela nova conquista Clark,espero que com você eu não tenha muitos problemas,a "família" conta conosco

-Não se preocupe prefeito,lembre-se que diferente de Lawrence,estamos todos do mesmo lado

Uma figura conhecida entrou na sala

-Ora ora,aí está,o novo líder da Parallax!

Javier entrou na sala com um semblante sério no rosto e cumprimentou Clark

-Parabéns pelo cargo,e espero que possamos jogar no mesmo time delegado Clark, Norwich não é mais uma cidade… — disse Javier, em voz baixa. — É uma trincheira. E quem não estiver do nosso lado, será enterrado nela.

Clark deu um sorriso amigável

-Com certeza chefe,estamos a suas ordens,Norwich é nossa agora....

Local:Casa isolada de Victor

Martin estava assistindo a posse do novo delegado pela TV,tudo aquilo era um circo e dava náuseas a ele,Martin pegou seu distintivo da polícia e jogou no fogo, viu o distintivo se desmanchar nas chamas e susurrou

-Não tenho parte com corruptos....

Capítulo 3: A decadência

Local: Casa de Lawrence – Final de tarde

Lawrence estava sentado à mesa da cozinha. A xícara de café frio permanecia intocada havia horas. Ele se perguntava quantos dias ainda suportaria aquele vazio quando o celular começou a vibrar sobre a mesa. O visor mostrava o nome de Cristina.

Ele respirou fundo antes de atender.

— Cristina… — disse num tom cansado. — Aconteceu alguma coisa?

Do outro lado, havia silêncio por um instante. Ele quase pensou que a chamada tinha caído, até ouvir a voz dela, trêmula, bem diferente do tom firme que costumava ter.

— Lawrence… desculpa te ligar a essa hora… — disse ela, com dificuldade. — Eu… eu precisava falar com alguém que entendesse.

— Pode falar. — Ele se endireitou na cadeira, como se o simples ato de ouvir a voz dela despertasse um pedaço antigo do delegado que já tinha sido.

Cristina respirou fundo, tentando conter a emoção.

— Eu estive pensando muito… depois de tudo o que aconteceu. O ataque à delegacia… o Jacob… o Martin… — A voz dela falhou quando mencionou o nome do amigo. — E agora esse palhaço no comando da polícia, se vendendo pro prefeito e pra Parallax…

Lawrence apertou a xícara com força, mas não disse nada.

— Eu não sei se tenho força pra continuar fingindo que a polícia ainda significa alguma coisa. — A voz dela baixou, quase num sussurro. — Eu… eu estou pensando em pedir afastamento. Talvez até sair de vez.

Lawrence sentiu o peito apertar. Ele conhecia aquele tom de voz. Era o som de alguém que estava perdendo a fé.

— Eu entendo… — disse ele, com cuidado. — Mas tem certeza disso? Você sempre foi uma das mais fortes entre nós.

— Eu achei que fosse. — Cristina respirou fundo. — Mas quando eu vi aquele distintivo novo sendo levantado… quando ouvi aqueles discursos podres… parecia que tudo que a gente sacrificou não tinha valido nada.

Lawrence fechou os olhos por um instante.

— E talvez… talvez não tenha mesmo. — Ele suspirou. — Mas se tem uma coisa que eu aprendi, Cristina, é que a gente só consegue viver carregando esse fardo se tiver alguém que ainda acredita que vale a pena lutar.

Do outro lado, o silêncio ficou mais longo.

— Eu não sei se ainda acredito — disse ela, por fim.

— Então… — Lawrence apoiou o cotovelo na mesa e passou a mão pelo rosto. — Talvez seja hora de você descansar um pouco. Pensar em você. Mas, se um dia decidir voltar, vai ter lugar ao meu lado… seja como policial… ou só como alguém que não aceita ajoelhar pra esses canalhas.

Cristina não respondeu de imediato. Quando falou de novo, parecia conter lágrimas.

— Obrigada… por ainda falar comigo como se tudo não estivesse perdido.

— Eu… — Ele hesitou. — Eu não sei se ainda acredito que podemos ganhar. Mas ainda acredito em você.

Por um instante, o silêncio virou consolo. Nenhum dos dois desligou logo. Era como se precisassem sentir que, apesar de tudo, ainda havia alguém do outro lado da linha.

O telefone ficou um tempo parado sobre a mesa depois que Cristina desligou. Lawrence passou alguns segundos apenas encarando o visor apagado, como se não quisesse acreditar que tudo aquilo era real.

Mas, no fundo, ele sabia que não podia se dar ao luxo de ficar parado.

Com um suspiro pesado, buscou na agenda de contatos o número de Sánchez. Tocou duas vezes antes que a voz grave do inspetor atendesse.

— Sánchez.

— Sou eu — disse Lawrence, num tom rouco.

— Lawrence… — a voz do amigo ficou mais suave. — Eu ia te ligar. Fiquei sabendo da posse daquele verme do Clark Zeint.

— Eu acabei de falar com a Cristina. — Lawrence passou a mão pelo rosto, tentando conter a exaustão. — Ela… ela está pensando em sair da polícia.

— Não a culpo. Depois de tudo que vocês passaram… é milagre ainda ter alguém disposto a usar esse distintivo.

Lawrence respirou fundo.

— Eu não sei mais o que dizer pra eles. Parece que tudo que a gente fez, todo sacrifício… não significou nada. — Ele ficou em silêncio por um momento. — Mas eu não consigo ficar parado.

Do outro lado da linha, Sánchez demorou um instante antes de responder.

— Eu também não. — A voz dele soava firme, apesar da tristeza. — Essa cidade não vai se levantar sozinha.

— Eu sei que você ainda tem contatos… gente que não se vendeu. — Lawrence falava baixo, como se temesse que alguém pudesse ouvir. — Eu não estou dizendo que vamos fazer nada agora. Mas… se um dia precisarmos, vamos precisar saber quem ainda está do nosso lado.

Sánchez soltou um suspiro pesado.

— Eu entendo. Pode contar comigo. Comigo e com alguns dos antigos. Eu não vou assistir esses canalhas tomarem tudo calado.

Lawrence apertou os olhos, sentindo-os arder.

— Obrigado, Sánchez. Eu só… precisava saber que não sou o único que pensa assim.

— Você não é. — A voz do amigo baixou um pouco. — E… Lawrence… se precisar de qualquer coisa… qualquer coisa mesmo… você me liga.

— Eu vou ligar. — Ele respirou fundo. — E, Sánchez… cuida de você também. Não deixa essa podridão te engolir.

— Pode deixar. — O outro respondeu num tom quase afetuoso. — Fica bem, meu amigo.

Lawrence desligou devagar. Ficou ali sentado, olhando o telefone sobre a mesa. Sabia que, cedo ou tarde, a hora de reagir chegaria. Mas, por ora, tudo que podia fazer era manter os poucos aliados que ainda restavam.

E esperar.

Local:Casa de Victor-Alta madrugada

-Porque Javier?

*Barulho de disparos*

-DESGRAÇADO!!!

-Ahhh

Martin despertou no meio da madrugada,mais um pesadelo,ele não conseguia mais dormir sem ter sonhos com Javier e com tudo que aconteceu na montanha Winter, Martin se levantou com dificuldade e pegou a muleta

-Já que eu não vou conseguir mais dormir hoje,vou movimentar um pouco essas pernas

Martin encontrou Victor na varanda da casa, olhando para o céu

-Um velho como você ainda tá acordado?

Victor sorriu

-E um jovem como você não consegue dormir?

-Acho que já dormir demais por esses tempos

-Martin, tem algo que não consigo parar de pensar

-O quê?

-Você estava envolvido na explosão do prédio da Parallax?

-De certa forma sim

Victor mordeu os lábios

-O que você fez?

-Eu não sabia que isso aconteceria,eu apenas seguir o plano que Leandro me passou para caso ele morresse,por isso apertei aquele botão,e sinceramente Victor eu não me importo,precisávamos de vantagem,os fins justificam os meios

-Não somos terroristas Martin

-Mas as vezes é necessário atitudes extremistas se quisermos nos manter no jogo

Victor ficou em silêncio por um momento

-Você tem razão,mas a partir de hoje,vamos tentar não tirar vidas inocentes

-Que seja

Victor encarou Martin por um instante

-Você tá bem diferente de quando saiu daqui naquela época

-Muita cosia aconteceu Victor,o inferno que eu vivi aqui nem se compara ao que eu passei lá,ter que ver meus amigos morrendo e eu sem poder fazer nada foi a pior coisa,ver meus aliados cair um por um,isso foi demais pra mim

-Eu sempre te disse que isso poderia ocorrer

-Eu vou matar todos eles Victor, não vou descansar até ver o sangue deles jorrando

-Eu sei que vai,e seu irmão?

-Vou mata-lo com minhas próprias mãos,ele que ordenou a execução da minha mãe

-Eu estarei ao seu lado nessa batalha,mas sozinhos não conseguiremos, nós precisamos de alidos,eu já estou trabalhando nisso,e você, precisamos trabalhar na sua recuperação o mais rápido, você receberá outro treinamento Martin,te tornarei mais letal do que você já é

Martin sorriu

-Estou pronto

-Você fez um belo estrago na Parallax Martin,eu sabia que você conseguiria,você se aliou ao antigo líder da organização, desestabilizou uma das principais fontes de renda deles,mas isso não foi o suficiente,mas dessa vez derrubaremos eles de uma só vez e iremos garantir que nunca mais se levantem

-A Parallax vai cair Victor, é por isso que eu sobrevivi, é por isso que ainda respiro, só vou me permitir estar em um caixão quando esses miseráveis forem exterminados....

Local:Sede de reuniões da Parallax

Javier estava sentado em sua mesa com um copo de uísque na mão,naquela dia a Parallax daria um grande passo para exercer a sua total soberania na cidade de Norwich

Um homem com um sobretudo preto entrou na sala

-Seja bem vindo Bryan,estava ansioso por esse momento

-Obrigado Javier, é uma honra estar a frente do novo e grande líder da Parallax,você conseguiu estabilizar a organização mesmo depois de tudo,você merece respeito,não só o meu mais o de todos

-Fiz apenas o que tinha que ser feito e espero que agora estejamos pronto para dar o próximo passo,ele é extremamente importante

-Com certeza! Não se preocupe,as eleições são daqui a dois anos,e já está tudo pronto, não se preocupe que seu lugar já está garantido

Javier sorriu

-Ótimo,dessa vez,ninguém ficará no nosso caminho.....

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