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Ecos de Aethel

O Despertar na Ruína Silenciosa

O ar estava frio e úmido, carregando o cheiro de pedra antiga e terra molhada. Yoru acordou com um sobressalto, a cabeça latejando com uma dor surda. Seus olhos negros percorreram o ambiente, tentando decifrar onde estava. Paredes de pedra musgosas se erguiam ao seu redor, parte de uma estrutura em ruínas, com aberturas irregulares que emolduravam um céu ainda tingido pelos tons pálidos do amanhecer.

"Onde...?" A voz rouca mal saiu de sua garganta. Não havia memórias, apenas um vazio nebuloso antes deste instante. Quem era ele? O que fazia ali?

De repente, diante de seus olhos, uma tela translúcida surgiu, letras brilhantes pairando no ar como espectros luminosos.

[Sistema Ativado]

[Bem-vindo, Jogador]

Yoru piscou, confuso. "Jogador? O que é isso?"

Novas mensagens apareceram na tela, estáticas e frias em contraste com sua crescente agitação.

[Status] Nome: Yoru Raça: Humano Nível: 1 HP: 100/100 MP: 10/10 Força: 5 Agilidade: 6 Inteligência: 7 Vitalidade: 5 Destreza: 6

[Habilidades] [Observação] (Passiva): Permite obter informações básicas sobre alvos.

[Missão Principal 1] Objetivo: Explorar a Ruína Silenciosa. Recompensa: 100 EXP, 5 Moedas de Cobre. Falha: Desconhecido.

Yoru levou as mãos à cabeça, tentando processar as informações. "Sistema? Status? Isso é algum tipo de sonho?" Ele beliscou o próprio braço, sentindo a dor familiar. Não, não era um sonho.

Enquanto tentava assimilar a estranha interface, um som agudo ecoou por entre as ruínas – o choque de metal contra pedra, seguido por um resfôlego. Yoru se levantou, instintivamente alerta. A tela do sistema permanecia ali, como um lembrete constante de sua situação inexplicável.

Cautelosamente, ele avançou por um corredor desabado, a luz da manhã revelando mais da estrutura em ruínas. Símbolos estranhos estavam gravados nas pedras, parcialmente apagados pelo tempo e pela vegetação rasteira.

Ao dobrar uma esquina, a cena se revelou: uma jovem de cabelos longos e prateados, vestindo roupas que pareciam um tanto deslocadas para o ambiente, estava encurralada por duas criaturas grotescas. Eram humanoides baixos e atarracados, com pele esverdeada, presas afiadas e clavas rudimentares nas mãos. Goblins.

A jovem brandia uma espada curta com habilidade, desviando os golpes desajeitados das criaturas, mas estava claramente em desvantagem numérica. Seu rosto, apesar da tensão da batalha, era de uma beleza delicada, com traços finos e olhos azuis penetrantes. Yoru notou, por um instante, uma estranha aura sutil a envolver, quase como se sua imagem tremulasse levemente.

Ele percebeu a agilidade dela, a forma como cada movimento da espada era preciso, quase coreografado, mas também uma ausência de peso nos golpes, como se sua força estivesse drenada ou contida.

Um dos goblins grunhiu e avançou com a clava, forçando a jovem a recuar. Ela tropeçou em uma pedra solta, e a criatura levantou a arma para um golpe final.

Sem pensar, Yoru correu para a frente. A tela do sistema brilhou novamente.

[Alerta de Combate!]

[Inimigo Detectado: Goblin Selvagem (Nível 3)] HP: 30/30

[Inimigo Detectado: Goblin Selvagem (Nível 2)] HP: 25/25

A adrenalina percorreu suas veias, obscurecendo um pouco da confusão. Ele não tinha armas, apenas seus punhos cerrados e a informação fria do sistema.

"Ei!" Yoru gritou, tentando chamar a atenção das criaturas. Os goblins se viraram, seus olhos vermelhos e selvagens focando no novo intruso.

A jovem aproveitou a distração para se afastar, respirando com dificuldade. Seus olhos encontraram os de Yoru, expressando uma mistura de surpresa e cautela.

Os dois goblins hesitaram por um instante, antes de um deles rosnar e avançar em direção a Yoru, brandindo sua clava. Era hora de descobrir se aquele "sistema" era real e se ele tinha alguma chance de sobreviver naquele lugar misterioso.

Um Sistema e Uma Espada

O goblin mais próximo, de Nível 3, grunhiu e avançou, sua clava levantada para um golpe descendente. Yoru não tinha tempo para pensar, apenas para reagir. Seu corpo, para sua surpresa, moveu-se com uma agilidade que ele não sabia possuir. Ele se jogou para o lado, rolando sob o golpe pesado que se chocou contra o chão de pedra com um baque surdo.

A tela do Sistema piscou no canto de sua visão:

[Ataque Desviado!]

O outro goblin, de Nível 2, investiu, tentando flanquear. Yoru se levantou rapidamente, os punhos cerrados. Ele não era um guerreiro. Não se lembrava de ser. Mas alguma parte dele, talvez o instinto de sobrevivência ou uma memória muscular esquecida, o impelia.

[Yoru]: "Para trás!"

Ele lançou um soco desajeitado que, por pura sorte ou reflexo do goblin, atingiu o ar. A criatura riu, revelando presas amareladas.

[Akari]: "Idiota! Não lute de frente!"

A voz da garota, agora próxima, soou irritada, mas havia um tom de urgência. Yoru olhou para ela, brevemente, vendo-a se aproximar com a espada curta em punho. Mesmo que seus ataques não tivessem força, a técnica era inegável.

Ela se moveu com a graça de uma dançarina, girando e cortando o braço do goblin Nível 2 com a lâmina. O corte foi superficial, mas a criatura guinchou de dor.

[Akari]: "Flanqueie! Distraia!"

Yoru entendeu a mensagem. Enquanto Akari mantinha o goblin Nível 2 ocupado com uma série de ataques rápidos e ágeis, ele se virou para o goblin Nível 3 que o perseguia. Em vez de confrontá-lo diretamente, Yoru correu ao redor de uma coluna desabada, usando o terreno a seu favor. O goblin, mais lento e desajeitado, cambaleou.

[Observação] (Passiva) ativou-se em sua mente, quase imperceptível, como um sussurro: [Calcanhar de Aquiles: Parte de trás do joelho. Pouca proteção.]

Era uma informação útil. Yoru esperou o momento certo. Quando o goblin Nível 3 girou para encará-lo novamente, Yoru se agachou e lançou um chute lateral, mirando na parte de trás do joelho da criatura. Não foi um golpe poderoso, mas foi bem colocado. O goblin guinchou e perdeu o equilíbrio, caindo de joelhos.

[Akari]: "Agora!"

Akari, vendo a abertura, finalizou o goblin Nível 2 com um corte limpo na garganta, sua espada brilhando. Ela então girou, sem hesitar, e cravou a ponta de sua lâmina no pescoço do goblin caído que Yoru havia derrubado. Ambas as criaturas desapareceram em uma névoa esverdeada, deixando para trás apenas um cheiro acre.

Yoru ofegava, as mãos doloridas. A tela do sistema brilhou intensamente:

[Goblin Selvagem (Nível 3) Derrotado!] [Goblin Selvagem (Nível 2) Derrotado!]

[Missão Principal 1: Explorar a Ruína Silenciosa - Progresso Atualizado: 2/5 Inimigos Derrotados na área]

[Você Ganhou 50 EXP!] [Você Ganhou 30 EXP!]

[Você Subiu para Nível 2!]

[Status] Nome: Yoru Raça: Humano Nível: 2 HP: 100/100 MP: 10/10 Força: 6 (+1) Agilidade: 7 (+1) Inteligência: 7 Vitalidade: 5 Destreza: 6

[Você Recebeu 5 Moedas de Cobre!]

Yoru ignorou a tela por um momento, seu olhar fixo em Akari. Ela estava de pé, a espada pingando, os olhos azuis analisando-o com uma intensidade que o fez sentir-se exposto. A aura sutil ao redor dela parecia ter diminuído um pouco, mas ainda estava lá.

[Akari]: "Não sei quem você é\, garoto\, ou de onde veio. Mas se não quer ser a próxima refeição dos monstros daqui\, é melhor ouvir quando eu falar."

A voz dela era firme, com um tom de autoridade inegável.

[Yoru]: "Eu... eu não sei quem sou. Acordei aqui."

Ele apontou para a tela translúcida que só ele podia ver.

[Yoru]: "Eu tenho... um sistema. Ele me diz coisas."

Akari ergueu uma sobrancelha, um brilho de ceticismo em seus olhos. Ela se aproximou, o olhar ainda desconfiado, mas agora com um toque de curiosidade.

[Akari]: "Um sistema? Guarde seus delírios para si. O que importa é que esta ruína não é um lugar para amadores. E a entrada principal... bem\, ela exige mais do que um par de mãos."

Ela gesticulou para uma enorme porta de pedra, ornamentada com relevos complexos e símbolos mágicos. Dois encaixes, um de cada lado da porta, pareciam clamar por algo. Um deles brilhava fracamente.

[Akari]: "Precisa de dois. E eu já tentei sozinha. Não vai abrir."

O olhar de Yoru voltou para a tela do Sistema. A Missão Principal 1 ainda estava ativa. Explorar a Ruína Silenciosa. E para isso, ele precisava passar por aquela porta.

[Yoru]: "Parece que... temos um problema em comum\, então."

[Akari]: "Já que parece que vamos estar presos juntos por um tempo... É melhor não ter que gritar 'idiota' toda vez que precisar da sua atenção." Ela suspirou\, cruzando os braços\, um olhar de leve desafio em seus olhos. "Meu nome é Akari."

Yoru piscou, surpreso pela repentina introdução. [Yoru]: "Yoru." Ele respondeu, um pouco mais alto do que o necessário, a palavra estranhamente sólida em seus lábios. [Yoru]: "Meu nome é Yoru."

Ele olhou para Akari, que estava limpando a lâmina de sua espada. A tensão entre eles era palpável, mas a necessidade de cooperação, agora que a ameaça imediata havia passado, era ainda mais evidente.

A Dança da Pedra e do Metal

O silêncio na câmara era quase tão pesado quanto as pedras antigas. Yoru e Akari estavam de frente para a gigantesca porta ornamentada, cada um avaliando-a à sua maneira.

[Yoru]: "Então... como isso funciona?" Ele estendeu a mão\, tocando o relevo frio e liso da pedra. A tela do Sistema permanecia inativa\, sem dar pistas sobre a porta.

[Akari]: "Não há alavancas visíveis\, nem encaixes para chaves. A magia está imbuída nela." Ela apontou para os dois entalhes profundos em cada lado da porta\, um deles ainda brilhando com uma luz fraca e azulada. "Tentei canalizar minha própria energia\, mas... não foi suficiente. É como se exigisse um fluxo específico."

O olhar de Yoru se demorou no entalhe que brilhava. Havia uma curiosa similaridade entre a forma do encaixe e o símbolo que ele sentia gravado em sua própria consciência, o do Sistema.

[Yoru]: "E se... não for apenas sobre força?" Ele tocou o entalhe iluminado. Uma sensação morna e familiar percorreu sua mão\, algo que ressoava com a energia sutil que ele sentia em si mesmo.

[Akari]: "O que você quer dizer?" A voz dela carregava uma pontada de impaciência\, mas os olhos azuis estavam fixos nele.

[Yoru]: "Este lugar... eu não sei como\, mas parece que ressoa com algo em mim." Ele estendeu a mão para o segundo entalhe\, o que estava inativo e escuro. "E se a gente precisar ativar os dois ao mesmo tempo? E talvez com energias diferentes?"

Akari o estudou por um momento, a desconfiança ainda presente, mas uma faísca de interesse acendendo em seu olhar. "Energias diferentes, você diz?" Ela tocou o entalhe brilhante com a ponta dos dedos. "A energia deste lugar é antiga e passiva. Tentei imbuí-la com minha própria magia, mas o fluxo se recusa a ser forçado."

[Yoru]: "Eu... eu não tenho magia. Pelo menos não como você." Ele hesitou\, pensando no Sistema. "Mas eu sinto as coisas. Essa porta... ela parece 'pedir' algo."

[Akari]: "Pedir? Não é um poema\, garoto. É uma porta mágica."

[Yoru]: "Pode ser um fluxo\, uma vibração. Se eu puder... sentir o que ela quer\, e você usar sua magia para canalizar..."

Akari franziu a testa, mas não o interrompeu. A situação exigia uma mente aberta, mesmo que o recém-chegado com amnésia parecesse estar delirando sobre "sistemas" e "sentimentos".

[Akari]: "Certo. Vamos tentar. Você no entalhe apagado\, eu no que brilha. Tente... 'sentir' o que o seu encaixe precisa. Eu vou me concentrar em guiar a energia que eu consigo canalizar para o meu."

Eles se posicionaram, Yoru com a mão direita estendida para o entalhe escuro, Akari com a sua para o brilhante.

[Yoru]: "Pronto."

Yoru fechou os olhos, tentando se concentrar. A tela do Sistema estava em segundo plano, mas ele sentia uma leve vibração vindo do entalhe inativo. Não era calor, nem frio. Era como um vazio que ansiava por ser preenchido, um eco. Ele tentou direcionar a estranha energia que sentia em seu próprio corpo, não a força bruta, mas o conhecimento intuitivo que o Sistema parecia despertar.

Akari, ao lado dele, respirou fundo. Seus dedos se apoiaram no entalhe que brilhava, e a luz azul pulsou com mais intensidade. Yoru sentiu um arrepio. A magia élfica de Akari era contida, mas a pura maestria em seu controle era evidente, mesmo em seu estado debilitado. Era uma corrente limpa, fluida, mas que se chocava contra alguma barreira invisível na porta.

De repente, o entalhe sob a mão de Yoru começou a emitir um brilho avermelhado fraco, como brasas adormecidas despertando. A tela do Sistema vibrou.

[Conexão Estabelecida: Entalhe da Harmonia Ativo]

[Incompatibilidade Detectada: Fluxo de Akari Repelido. Coordenação Necessária.]

[Yoru]: "Akari! Tem algo errado! Meu lado acendeu\, mas o seu está sendo... repelido! Precisa de algo diferente!"

Akari recuou a mão, seu rosto pálido pela tensão. O brilho do seu entalhe diminuiu, e o do entalhe de Yoru também começou a enfraquecer. "Eu disse que o fluxo se recusava a ser forçado! É por isso que não consegui sozinha!"

Yoru olhou para a porta, depois para Akari. "Não é força! É... a combinação! O meu lado sente um 'eco', um vazio que precisa ser preenchido de forma específica. E o seu... o seu parece ser o 'fluxo' que precisa preencher o meu, mas de um jeito que 'encaixe'."

[Akari]: "Encaixe? Isso não é um quebra-cabeça de criança!"

[Yoru]: "Talvez seja! Você tem que... suavizar seu fluxo\, talvez? Deixar ele ser guiado pelo meu. Eu posso sentir o que ele quer\, se você confiar em mim."

A palavra "confiar" pareceu picar Akari. Ela estreitou os olhos. Confiar em um garoto amnésico que falava com uma tela invisível? Era absurdo. Mas o brilho em seus entalhes estava se apagando. Era a única chance.

[Akari]: "Rápido! Não vamos ter outra oportunidade!"

Eles estenderam as mãos novamente. Desta vez, Yoru se concentrou ainda mais, sua mente tentando decifrar o "eco" que o entalhe de pedra enviava. Akari, por sua vez, tentou canalizar sua magia de uma forma mais flexível, menos controladora, como a água que se adapta ao recipiente.

O brilho do entalhe de Yoru se intensificou, um rubro suave e constante. E, com uma tensão crescente, o entalhe de Akari começou a resplandecer com um azul etéreo, mas desta vez, a luz não era rejeitada. Ela ondulava, parecendo "procurar" o fluxo de Yoru.

Uma vibração profunda percorreu a câmara. Os símbolos na porta se acenderam em uma dança de luzes. Com um estrondo ecoante que fez o chão tremer, a pesada porta de pedra começou a ranger, abrindo-se lentamente para revelar uma escuridão convidativa e misteriosa.

Akari olhou para a porta, depois para Yoru, uma expressão de espanto e respeito grudada em seu rosto, substituindo a desconfiança inicial.

[Akari]: "Você... você conseguiu. Isso é... impressionante. Nenhum mago que eu conheça teria pensado nisso."

Yoru sentiu uma pontada de orgulho, uma sensação nova e bem-vinda. Ele olhou para a tela do Sistema.

[Missão Principal 1: Explorar a Ruína Silenciosa - Progresso Atualizado: Porta Principal Aberta!]

[Você Ganhou 50 EXP!]

[Você Recebeu uma Habilidade Nova: [Sinergia Arcana] (Ativa): Capacidade de sentir e harmonizar fluxos de energia mágica complexos, aumentando a eficácia de habilidades conjuntas. Custo: 5 MP por uso. Tempo de Recarga: 30 segundos.]

Yoru piscou. Sinergia Arcana? Isso soava útil. Ele olhou para o túnel escuro além da porta. Este lugar estava cheio de segredos, e ele, Yoru, parecia ter a chave para desvendá-los.

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