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O VÉU DA MENTIRA: A NOIVA TROCADA

SINOPSE+ Capitulo 1

JADE 18 ANOS

JASMIN

JASMIN 18 ANOS

Jasmim e Jade são gêmeas idênticas, mas separadas desde o nascimento por um acordo sombrio entre os pais: cada uma cresceria com um deles em mundos opostos. Enquanto Jasmim foi criada com simplicidade em um bairro modesto de Belo Horizonte, Jade cresceu cercada de luxo na Itália, mimada pelo pai, Alessandro Moretti, um homem poderoso e temido.

Apesar da distância, Jasmim sempre soube quem eram sua irmã e seu pai — mas o contato restrito a videochamadas frias e esporádicas deixou claro que jamais seria aceita de verdade. Jade, por sua vez, tem vergonha da mãe e da irmã, considerando-as bastardas ignorantes e um lembrete de suas origens humildes que ela tanto deseja apagar.

Quando Marlene, mãe das gêmeas, morre repentinamente, Jasmim precisa viajar para a Itália para viver com o pai que nunca conheceu pessoalmente. É quando Jade vê a chance perfeita de livrar-se de um casamento arranjado com Dimitri Volkov, o pakhan da máfia russa: obrigar Jasmim a casar em seu lugar. Afinal, são idênticas — quem descobriria?

Mas Dimitri não é um homem qualquer. Frio, cruel e implacável, ele não perdoa traições. E quando a farsa vier à tona, Jasmim, a noiva substituta, será obrigada a lutar por sua vida em meio a alianças mortais, mentiras, e um desejo perigoso que pode florescer onde menos se espera.

**O VÉU DA MENTIRA A NOIVA TROCADA** descubra até onde a crueldade pode chegar… e se o coração de um monstro pode conhecer a misericórdia.

JASMIN***

– O Último Adeus

Eu sempre soube quem era meu pai. Soube também que tinha uma irmã idêntica a mim vivendo do outro lado do oceano, num mundo completamente diferente do meu. A cada aniversário, minha mãe, Marlene, colocava meu bolo sobre a mesa simples de nossa cozinha e dizia: “Você nunca está sozinha, minha flor. Sua irmã sopra as velas do outro lado do mundo.” Eu acreditava nessas palavras como quem se agarra a um fio de esperança para não afundar.

Nossa casa em Santa Felicidade, bairro modesto de Belo Horizonte, nunca teve luxo, mas teve amor. Minha mãe fazia milagres com o pouco que tínhamos. Enquanto muitos julgavam nossa simplicidade, ela me ensinou que riqueza não é o que se compra, mas o que se constrói dentro do peito. E eu me orgulhava disso mais do que qualquer mansão ou joia que jamais teria.

Marlene era como um pilar: firme, resiliente e imensamente generosa. Quando eu chegava da escola chorando por alguma briga ou comentário cruel, ela me fazia chá de camomila e dizia, com a serenidade que só ela tinha: “A verdade, minha filha, é que gente vazia se incomoda com quem tem luz.” Ela nunca mentiu para mim. Contou, ainda pequena, que meu pai era Alessandro Moretti, um homem importante na Itália, que mandava dinheiro todo mês, mas que nunca havia me abraçado nem uma única vez. Contou também sobre Jade, minha irmã gêmea, que morava com ele — e que eu só via pela tela fria de um celular.

Essas videochamadas sempre foram estranhas. Jade sorria para a câmera, mas seus olhos diziam tudo: desprezo, repulsa, vergonha. Quando a mãe se aproximava para dar um “oi”, Jade revirava os olhos como se fosse um fardo ter que conversar com duas “bastardas ignorantes” — palavras que, mais tarde, ouvi dela mesma em um áudio que enviou por engano.

Mesmo assim, minha mãe nunca permitiu que eu odiasse minha irmã. “O rancor te destrói mais do que destrói o outro”, dizia. Ela me criou para ser forte, mas também justa, para ter a língua afiada quando necessário, mas jamais perder a compaixão.

Naquela manhã cinzenta, porém, nada me parecia suficiente para me manter de pé. As paredes do velório ecoavam o som abafado dos choros. As coroas de flores exalavam perfumes que me nauseavam. Cada abraço de pêsames era mais pesado que o anterior. No centro do salão simples da funerária, o caixão com minha mãe parecia surreal. Como se ela fosse acordar a qualquer instante e ralhar comigo por estar com o cabelo desgrenhado, ou perguntar se eu tinha me alimentado.

Mas ela não acordou. E pela primeira vez na vida, eu me senti genuinamente sozinha.

Enquanto segurava a borda do caixão, minhas mãos tremiam. Olhei para seu rosto sereno, pálido, e as lágrimas turvaram minha visão. Sussurrei, com a voz falhando:

— Eu vou ser forte, mãe. Eu prometo… mas como vou conseguir?

O padre fez suas últimas palavras, mas eu não consegui prestar atenção. Cada sílaba parecia ecoar num universo distante do meu luto. Amigos e vizinhos passaram para se despedir, apertando minha mão como se isso pudesse estancar a dor que rasgava meu peito.

Quando todos se foram, fiquei sozinha diante do esquife fechado. O funcionário da funerária esperava por mim, e precisei de coragem para dar o último passo. Toquei o caixão uma última vez, respirando fundo como se precisasse absorver o resto de força que minha mãe deixou no ar. Em silêncio, prometi que jamais trairia quem ela me ensinou a ser.

No dia seguinte, minha mala estava pronta. O passaporte emitido às pressas, a passagem comprada por Alessandro — que, pela primeira vez, entrou em contato comigo diretamente, mas de forma seca e burocrática. “Você virá para a Itália. Já está tudo resolvido”, dizia a mensagem curta que me atingiu como uma ordem.

No aeroporto, vizinhos e colegas do curso técnico em enfermagem apareceram para se despedir. Entre abraços e palavras de incentivo, senti a pressão de ser forte, de não desmoronar. Mas dentro de mim, um nó se apertava. Eu estava indo morar com um homem que só me conhecia pela tela de um telefone e uma irmã que me odiava. Em outro país, outra língua, outra vida.

O avião decolou enquanto o céu de Belo Horizonte tingia-se de tons dourados pelo entardecer. A cidade que me viu crescer foi ficando cada vez menor pela janelinha do avião. Meu coração se partia a cada nuvem que passávamos.

Lembrei das tardes em que eu e minha mãe sentávamos no sofá rasgado da sala, tomando café com pão passado na margarina, conversando sobre meus sonhos. Ela me dizia que o mundo era grande, mas que eu não precisava me encolher diante dele. Que minha coragem deveria ser maior que meus medos. Agora, era hora de provar que eu era digna de cada lição que ela me deixou.

Fechei os olhos, segurando com força o pingente em forma de cruz que era de minha mãe — último presente que ela me deu, e agora meu único amuleto. Sabia que a Itália me esperava com pessoas que, apesar de serem meu sangue, eram perfeitos desconhecidos. E se eu quisesse sobreviver, precisaria ser tão firme quanto minha mãe foi por mim.

Ali, suspensa no ar a milhares de metros do chão, fiz minha segunda promessa à mulher mais incrível que conheci:

— Mãe, eu não vou deixar que me destruam.

CAPÍTULO 2.

📖 Capítulo 2 – Território Desconhecido

O avião aterrissou sob um céu cinzento de Milão, com nuvens pesadas ameaçando chuva. Meu coração batia acelerado, uma mistura de medo e ansiedade que parecia invadir cada célula do meu corpo. Olhei pela janela, vendo os hangares e o movimento dos aeroportos, pensando que, dali em diante, minha vida não teria mais volta.

Peguei minha mala, pesada não só pelo peso das roupas, mas pela carga invisível de uma história que eu mal conhecia. O voo foi longo, mas foi dentro de mim que o tempo mais pesou — eu estava deixando para trás a única família que conhecia: meu bairro, minha mãe, os poucos amigos. Agora, me lançava no desconhecido, na casa do homem que me enviava dinheiro todo mês, mas que nunca me abraçou. Na casa da irmã que eu só conhecia pela tela de um celular.

O corredor do aeroporto parecia interminável, e o frio europeu apertava meu casaco fino, como se já me avisasse que a Itália não seria um lugar acolhedor para mim. Meu celular vibrou uma única vez — era uma mensagem do meu pai: “Estou no saguão. Aguarde.”

Não havia ponto de exclamação, nenhuma palavra doce, apenas uma ordem contida. “Aguarde.”

Ao me virar para o saguão, ele estava lá — um homem alto, com cabelos escuros e os olhos tão frios quanto os dias de inverno. O terno sob medida não deixava dúvidas sobre seu poder. Ele se aproximou, estendendo a mão com formalidade, sem sorriso, sem abraço.

— Jasmim — disse ele, com a voz firme e controlada. — Bem-vinda à Itália.

Não consegui esconder o tremor na voz quando respondi:

— Obrigada, senhor.

Foi então que uma presença surgiu atrás dele — Jade. A irmã que eu só conhecia por chamadas rápidas e frias. Ela me encarou por alguns segundos, olhos verdes faiscando um misto de surpresa e desprezo. Seu sorriso era forçado, cheio daquela falsidade que eu já havia sentido nas videochamadas.

— Então, essa é a “outra” — murmurou, audível só para mim.

Eu engoli a vontade de responder. Já não tinha forças para discutir com alguém que me via como uma intrusa.

O pai quebrou o silêncio:

— Não perca tempo com ela. As coisas aqui serão diferentes. Você vai aprender seu lugar.

Aquelas palavras, embora duras, eram esperadas. Afinal, eu não era parte daquele mundo, apenas uma sombra que o dinheiro ajudava a manter.

Naquela noite, sentada no quarto que me foi designado — um espaço elegante, mas frio como meu pai — pensei em tudo que deixei para trás. Minha mãe, com seu abraço caloroso, me ensinando a ser forte. Meu bairro humilde, minha vida simples. E a promessa que fiz a ela de nunca me deixar vencer pelo medo.

O som do toque no celular me fez olhar para a tela. Era uma mensagem de Jade:

*“Aqui as coisas são diferentes. Se quiser sobreviver, finja. Aprenda a sorrir para quem merece, e a ignorar o resto.”*

Senti um arrepio. A guerra começava silenciosa, com palavras que cortavam mais que punhais.

E eu estava no centro dela.

CAPÍTULO 3.

📖 Capítulo 3 – Língua Afiada, Alma Firme

Três meses haviam se passado desde que o avião pousou em solo italiano. Noventa dias em que a mansão de Alessandro Moretti parecia mais um castelo gelado do que um lar. O silêncio era meu maior companheiro. O pai, sempre ocupado com reuniões e viagens misteriosas, mal aparecia em casa. Jade, quando surgia, estava sempre apressada, saindo para festas, jantares ou encontros que eu preferia nem saber.

Na maior parte do tempo, eu tinha a mansão para mim — uma prisão dourada onde o eco dos meus passos era a única resposta que recebia.

Foi então que decidi ocupar minha mente com algo que minha mãe sempre defendeu: estudo. Matriculei-me em um curso intensivo de italiano, e em pouco tempo, as palavras deixaram de parecer códigos indecifráveis para se tornarem parte de mim.

Naquela tarde, a professora Lucia me entregou a prova corrigida com um sorriso orgulhoso.

— Jasmim, você é uma mente brilhante — disse ela, com o sotaque italiano carregado de doçura. — Em três meses, fluente! Você vai longe com esse foco. Meus parabéns!

Seu elogio aqueceu meu coração. Era a primeira vez, desde a morte da minha mãe, que eu sentia orgulho de mim mesma.

Mas o mundo ao meu redor continuava indiferente. Naquela noite, durante o jantar — uma mesa enorme ocupada apenas por mim, Jade e Alessandro — decidi tocar num assunto que me corroía por dentro.

— Pai, eu queria saber se posso retomar meu curso técnico em enfermagem. Faltava pouco para eu me formar no Brasil. É o que eu amo fazer.

Ele ergueu os olhos do prato, a expressão tão fria quanto a porcelana branca sobre a mesa.

— Enfermeira? — repetiu, como se a palavra fosse veneno. — Isso seria vergonhoso para um conselheiro da máfia italiana. Você deve aprender a ser digna do sobrenome que carrega, não se rebaixar a cuidar de doentes como uma criada.

Senti meu estômago revirar, mas me mantive ereta. Ele não se importava com o que eu queria. Ele queria moldar quem eu era.

Jade soltou uma risada debochada, aproveitando para me cutucar:

— É claro, a pobrezinha quer cuidar de feridos e limpar merda de velhos, né? É o máximo que você pode ser, sua bastardinha.

As palavras dela, ditas em português para que o pai não entendesse, foram como um tapa. Jade sorriu com superioridade, certa de que eu me calaria como sempre. Mas eu respirei fundo e, em um tom calmo — porém firme — devolvi em italiano perfeito:

— Meglio pulire la merda che vivere una vita vuota come la tua, sorella. (*É melhor limpar merda do que viver uma vida vazia como a sua, irmã.*)

O sorriso dela se desfez no mesmo instante. Eu me levantei, empurrei a cadeira com elegância e caminhei para fora da sala de jantar, deixando Jade atônita, sozinha com seu veneno e a própria insignificância.

Subi as escadas, sentindo meu coração bater com força — não de medo, mas de satisfação. Cada lição da minha mãe pulsava em minhas veias: eu não precisava me encolher diante de ninguém.

No quarto, coloquei o uniforme do curso de italiano sobre a cama e me deitei, pensando em como minha mãe ficaria orgulhosa ao saber que, mesmo longe, eu continuava sendo quem ela me criou para ser: alguém que jamais abaixa a cabeça para injustiça.

Lá fora, a noite caía sobre Milão, e eu sabia que o destino continuava incerto. Mas uma coisa era certa: eu não seria mais apenas a sombra ignorada de uma família poderosa. Eu era Jasmim da Silva Moretti — e não deixaria que ninguém apagasse a minha luz.

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