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Entre Nós Dois, um Segredo

cap - 1

Ele Sorriu Pra Mim Primeiro
Capítulo 1
_ _ _
A casa estava silenciosa. Como quase sempre desde que meu pai morreu.
O sol entrava pela janela do meu quarto de forma suave, iluminando os desenhos inacabados sobre a escrivaninha. Eram rabiscos soltos, nada que eu realmente quisesse mostrar pra alguém. Ultimamente, nem mesmo minha mãe.
Ela andava… diferente. Tentava sorrir, fazer piadas, me chamar pra ver filmes velhos com ela no sofá. Eu fingia que ria às vezes, mas por dentro ainda doía.
Até que, numa sexta-feira qualquer, ela entrou no meu quarto com um vestido novo, o cabelo preso e aquele olhar que eu não via fazia tempo.
Aya
Aya
Shun…
Aya
Aya
Posso te apresentar alguém?
Shun
Shun
*Levantei os olhos do caderno, confuso* Agora?
Ela assentiu, sorrindo. Seu sorriso de mãe tentando ser forte.
Aya
Aya
Ele veio jantar com a gente. Você vai gostar dele, é gentil.
Foi aí que eu soube. Ela não estava só tentando ser forte. Ela estava seguindo em frente.
Suspirei e apenas concordei com a cabeça. Quando desci as escadas, ele já estava na sala..
Sentado no sofá como se já fosse parte da casa. Alto, cabelo escuro bem penteado, expressão tranquila e uma presença que… me deixou desconfortável. Não porque ele parecia perigoso. Mas porque, por um segundo, ele me olhou como se já me conhecesse
Ren
Ren
Você deve ser o Shun.
A voz dele era calma, firme, um pouco grave demais pro ambiente doméstico.
Shun
Shun
E você é… Ren. *respondi, tentando não parecer seco*
Ele sorriu. Não pra minha mãe. Pra mim.
Ren
Ren
É um prazer finalmente te conhecer.
Minha mãe apareceu do lado dele, animada. Pegou em sua mão como se fosse natural.
Aya
Aya
Ren e eu estamos juntos há alguns meses. Queria te contar antes, mas… achei que fosse melhor esperar o momento certo.
Shun: 💭
"Momento certo"
Como se existisse um bom momento pra substituir meu pai.
Não respondi. Sentei à mesa. O jantar foi calmo, mas eu não comi muito.
E a cada vez que olhava pra frente, ele ainda estava olhando pra mim.
Continua:

cap - 2

O Jeito Como Ele Me Olha
_ _ _
Na manhã seguinte, a cozinha já estava cheirando a café fresco quando desci. Minha mãe estava de costas, mexendo algo na frigideira. Cantarolava baixinho. Fazia tempo que eu não a via assim.
Aya
Aya
Bom dia, Shun! Dormiu bem?
Shun
Shun
Aham
Respondi, puxando a cadeira. Meu tom não era exatamente animado, mas ela ignorou.
Aya
Aya
Fiz panquecas! O Ren adora
Disse com um sorriso mais largo do que o normal.
Shun: 💭
“Que bom pra ele"
Pensei. Mas apenas agradeci em silêncio, pegando uma xícara.
Foi então que ouvi passos no corredor.
Ele entrou.
Cabelo ainda bagunçado, sem camisa, apenas com uma calça de moletom escura. Uma toalha pendurada no ombro.
Meus olhos caíram no chão, rápido. Mas não rápido o suficiente.
Ren
Ren
Ah… bom dia, Shun~
Disse ele, a voz rouca de sono.
Shun
Shun
Bom dia.
Murmurei, tentando não parecer desconfortável. Ou irritado. Ou qualquer coisa que ele pudesse interpretar como… vulnerabilidade.
Ele passou por mim, como se nada estivesse fora do normal. Como se não tivesse acabado de aparecer sem camisa na cozinha da casa do filho da namorada dele.
Shun
Shun
Você vai mesmo morar aqui? *perguntei, sem olhar pra ele*
Minha mãe parou de mexer a massa.
Ren também parou. Por um segundo, o ar ficou mais pesado.
Aya
Aya
A gente ainda tá decidindo isso… *disse, virando-se devagar*
Aya
Aya
Mas sim, talvez. Achamos que seria bom tentar algo sério.
Ren se sentou na outra ponta da mesa.
Sério? Então era isso. Ele ia ficar.
Shun
Shun
Claro… *murmurei. E me levantei*
Shun
Shun
Não tô com fome.
Aya
Aya
Shun…
Minha mãe começou, mas eu já estava subindo as escadas de novo.
No corredor, parei por um momento, com o coração acelerado. E antes de me virar, ouvi lá de baixo:
Ren
Ren
Ele não gosta muito de mudanças, né?
A voz de Ren, baixa, quase carinhosa.
Aya
Aya
Ele vai se acostumar
disse minha mãe
Aya
Aya
Shun é um bom garoto. Só precisa de tempo.
Shun: 💭
“Tempo”
Talvez seja isso que ele quer. Ou talvez… não.
Porque mesmo com os olhos abaixados, mesmo com o estômago embrulhado, eu vi o jeito como ele me olhou.
Continua:

cap - 3

_ _ _
Era segunda-feira. O som irritante do despertador me tirou do que parecia ser o único momento de paz daquela madrugada. Me espreguicei devagar e encarei o teto por alguns segundos.
Mais uma semana começando.
Mais uma semana tentando me acostumar com ele.
Desci as escadas com a mochila nas costas e o uniforme meio amassado. Estava prestes a sair pela porta quando ouvi passos atrás de mim.
Ren
Ren
Vai sair sem café da manhã?
A voz de Ren soou calma, como sempre.
Parei. Respirei fundo e virei o rosto só um pouco, o suficiente pra vê-lo encostado no batente da cozinha, agora vestido, cabelos arrumados, com uma caneca de café na mão.
Shun
Shun
Tô atrasado *falei*
Ren
Ren
Quer uma carona?
Shun
Shun
Não precisa. Eu vou a pé.
Ren
Ren
Tem certeza? É longe e-
Shun
Shun
Eu sempre fui a pé *cortei. Mais seco do que queria*
Silêncio.
Ele deu um leve sorriso, como se não tivesse se incomodado.
Ren
Ren
Tudo bem. Mas se mudar de ideia… sabe onde me achar.
Eu não respondi. Apenas saí. A porta fez um barulho suave ao fechar.
No caminho pra escola, o vento bagunçava meu cabelo e meus pensamentos.
Por que ele estava tentando tanto ser gentil comigo? Era só… um esforço pra se dar bem com o filho da namorada? Ou algo mais?
Lembrei da forma como ele apareceu sem camisa no sábado. Do jeito que ele sorriu. Do jeito que me olhou.
Balançando a cabeça, tentei afastar aquilo. Eu estava me confundindo. Eu tinha que estar.
___
O colégio ficava a uns vinte minutos de casa. Mesmo no frio da manhã, as ruas estavam cheias de vozes e passos apressados. Pessoas indo pra algum lugar. Como sempre.
Entrei pelo portão com o uniforme amassado e a mochila pesada, tanto pelos livros quanto pela minha cabeça.
?
?
Aí, sonso
Uma voz conhecida me tirou dos devaneios.
Yudi
Yudi
Dormiu andando?
Era Yudi, meu melhor amigo desde o primeiro ano. Ele tinha um jeito barulhento demais pro horário. Mas era o tipo de pessoa que sentia o clima só de olhar na sua cara.
Shun
Shun
Só tô cansado *murmurei, tentando parecer convincente*
Ele arqueou uma sobrancelha e me acompanhou até os armários.
Yudi
Yudi
Cansado nada. Você tá com aquela cara de “meu cachorro morreu e ainda fui atropelado por um caminhão de sentimentos”. Fala logo.
Shun
Shun
*Suspirei* Não é nada, Yudi
Yudi
Yudi
Shun
Ele parou na minha frente, cruzando os braços.
Yudi
Yudi
Tu me conhece. Se não falar, eu invento. E você sabe que minha imaginação é péssima.
Sorri, de leve. Ele tinha razão. E, de certa forma, era bom saber que alguém ainda me via.
Shun
Shun
Minha mãe… tá namorando de novo.
Yudi
Yudi
Ih, sério? *se espantou*
Yudi
Yudi
Nossa, que estranho. E o cara é legal?
Shun
Shun
É. Até demais.
Yudi
Yudi
Como assim "demais"? Ele é rico? Gatinho? Cozinha?
Shun
Shun
Ele é… bonito. Jovem. Do tipo que parece bom demais pra ela.
Yudi me olhou em silêncio por dois segundos.
Yudi
Yudi
Tá, mas o que tem de errado com isso?
Shun
Shun
*Suspirei, coçando a nuca*
Shun
Shun
É que… às vezes eu acho que ele me olha de um jeito estranho. Tipo… como se eu fosse mais do que só o filho da namorada dele.
Yudi
Yudi
Estranho tipo… tarado?
Shun
Shun
Não! *falei rápido*
Shun
Shun
Quer dizer… não sei. Talvez seja coisa da minha cabeça. Mas… é desconfortável. Sabe quando alguém te olha por tempo demais?
Yudi
Yudi
Você falou isso pra sua mãe? *ficou sério*
Shun
Shun
Claro que não. Eu nem sei se tô certo. E não quero causar confusão por nada.
Yudi
Yudi
Shun, olha só… presta atenção. Pode ser só coisa da sua cabeça, sim. Mas também pode não ser. E se tiver alguma coisa errada, você não pode ignorar. Tá me ouvindo?
Assenti em silêncio.
Ainda sem saber o que exatamente estava errado… só que algo definitivamente estava.
Continua:

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