Dono do Morro: Romance Gay.
CAPÍTULO 1
autora
Essa é a minha primeira história, e desde já agradeço a todos que embarcarem nessa leitura comigo. Peço compreensão quanto a possíveis erros ortográficos ou de estrutura ao longo do texto - ainda estou em processo de aprendizado e evolução.
Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, eventos e contextos aqui retratados são frutos da minha imaginação. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou com situações reais, é mera coincidência.
A narrativa que você está prestes a ler aborda temas sensíveis e complexos, que refletem realidades sociais muitas vezes ignoradas ou silenciadas. Entre os principais temas estão:
Violência urbana
Conflitos sociais
Traumas psicológicos
Homofobia e repressão
Racismo estrutural
Preconceitos de diversas formas
Romance gay em meio ao caos
Classificação indicativa: 18+
Esta história contém cenas de violência, linguagem forte e conteúdos que podem ser sensíveis para alguns leitores. Recomenda-se discrição.
"O barulho dos tiroteios ecoava por toda a favela. Estávamos sendo invadidos pelos alemães. Eu sentia uma angústia no peito. Com a Glock na cintura, sem pensar duas vezes, saquei a arma, eu ia matar o homem à minha frente. Meus olhos transbordavam ódio pelo passado... Quando menos esperava, um grito cortou o ar: 'NÃÃÃOOO..."
DK~
"Ninguém escolhe entrar pra vida errada, irmão... A gente só cai nesse mundo onde só tem duas saída: xilindró ou caixão. Desde pivete eu aprendi que respeito não se pede, se conquista e é isso que eu tô buscando. Cresci sem pai, igual a maioria dos moleque... O cara sumiu assim que soube que minha rainha tava grávida, foi comprar cigarro e nunca mais voltou. Mas eu quero ser diferente dele, tá ligado? Quero dar orgulho pra minha mina e pros meus filhos que ainda vão vir."
Dk
~Tava eu num baile funk aqui na Penha. Todo baile o pai tem que colar ou eu, ou os meus de fé. Mas fala tu, quem é que não curte um funk? Tava tocando a braba do momento, 'Glamurosa', a mulecada se acabando na dança, as mulher descendo até o chão, umas de vestidinho colado, outras de short jeans bem justo. Cena de filme, tudo no grau... até que meu rádio apita. Aqui no morro, celular é coisa rara pra quem é da firma... é rádio na cintura. Pra polícia não rastrear as ideia nem derrubar nenhum dos nossos~
MT
— DK, tá na escuta? Tem um B.O. sinistro rolando aqui na entrada do baile... Duas piranhas caíram no tapa — falei no rádio. O vulgo 'MT' é meu braço esquerdo... porque o direito, cê tá ligado, tá no xilindró.
A música ainda batia forte nas caixas, mas minha cabeça já tava em outro lugar. Dei sinal pros cria mais perto.
Dk
— Fica de olho no baile que eu já volto — falei, ajeitando o rádio na cintura e caminhando pela viela com passo firme
...
— pode pá, dk. — O menor arrumou a glock na cintura, prestando atenção na movimentação do baile.
Chegando na frente do baile, vi a rodinha formada. As duas mina estavam desfigurando uma a outra, cabelo voando, unha arranhando, grito pra todo lado. Uma era a Jéssica, mina de um dos nossos vapor do Complexo. A outra, se eu não me engano, era a ex dele — logo vi que era treta de recalque.
Dk
— Ô, ô, ô! Acabou, parou geral! — gritei, me enfiando no meio.
As duas ainda tentaram se agarrar mais uma vez, mas DK segurou uma e o MT a outra.
Jéssica
— Sua vaca! Tu pensou que eu não ia saber que tu tava dando em cima do MT?! — gritou a Jéssica, já com os cabelos desgrenhados e sangue no canto da boca.
Letícia
— Ah, se enxerga, garota! Quem quis ficar comigo foi ele, não fui eu não! E outra, tu nem é mulher pra segurar homem nenhum! — rebateu a outra, empinando o peito, querendo agarrar a outra.
Dk
— Parou a palhaçada! Aqui não é casa da mãe Joana, não, porra! Suas cachorras! — soltei, já bufando de raiva, invadindo o meio da treta. — Aqui no morro não tem espaço pra talaricagem. Vacilou, fica careca mesmo. E se não aprender no grito, vai aprender na marra.
As duas congelaram. Uma já tava com o aplique pendurado na mão, a outra com o vestido rasgado na coxa. MT chegou do lado, calado, só no aguardo da ordem.
Dk
— Leva essas duas pro canto, resolve isso na moral. Se quiserem se matar, faz longe do baile. Aqui é território, não é ringue de novela. — falei, encarando as duas, que agora só olhavam pro chão.
MT assentiu com a cabeça e puxou uma pra um lado, enquanto o outro cria pegava a segunda. A multidão começou a dispersar devagar, comentando tudo nos ouvidos, como sempre.
Dk
Peguei o rádio e falei:
— Baile segue. DJ, solta o grave. Quem quiser brigar, vai pra chapa....
E assim o som voltou a ecoar entre as lajes. Mas o clima já tinha mudado. as pessoas voltaram à dança novamente.
Dk
nome: Diego
Idade: 26 anos
Função: liderança de parte da organização no Morro da Penha
Personalidade: Frio, estratégico, impõe respeito com postura. Raramente se exalta, mas quando fala, cala geral.
Histórico: Cresceu sem pai, aprendeu desde cedo que o mundo não é um morango. Sonha em ser diferente do que teve como exemplo.
Estilo: Usa sempre boné, cordão de ouro e camisa regata. Glock na cintura, rádio no bolso, tem vários anéis de ouro na mão esquerda.
Objetivo: Manter a ordem no morro e garantir segurança pros seus, enquanto tenta não perder a humanidade no meio da correria.
MT
nome: Matheus
Idade: 24 anos
Função: Braço esquerdo do DK, executor de confiança
Personalidade: Observador, leal, calado, mas sempre atento. Cumpre ordens sem questionar.
Histórico: Cresceu com DK. Entraram juntos na caminhada, mas DK subiu primeiro. MT nunca questionou a hierarquia.
Estilo: Camiseta básica, bermuda, sempre com rádio na cintura.
Objetivo: Proteger o território e manter DK seguro, mesmo que precise sujar as mãos.
Jéssica
Idade: 21 anos
Função: cabeleireira
Personalidade: Estourada, ciumenta, intensa. Ao mesmo tempo, tem senso de justiça e defende o que é dela.
Histórico: Moradora da comunidade desde sempre. Tem fama de "barraqueira", mas também é querida pelas amigas.
Estilo: Usa vestido colado, cabelo sempre na finalizado, unha feita, e não sai sem brinco grande.
Objetivo: Ser respeitada, mostrar que mulher de cria também tem voz. Ama o namorado, mas não aceita desaforo.
Letícia
Idade: 22 anos
Função: ajuda a mãe na padaria
Personalidade: Atrevida, debochada, orgulhosa. Gosta de provocar, mas tem sentimentos escondidos.
Histórico: Já foi apaixonada por MT, mas hoje jura que superou (embora não pareça).
Estilo: Short jeans justo, top, cabelo sempre solto e maquiagem marcante.
Objetivo: Mostrar que ainda tem valor, mesmo sem estar mais com ele.
autora
espero que tenha gostado, bjs!!!
CAPÍTULO 2
Era meia-noite em ponto quando a Elizabeth ligou-me. Eu já sabia o que era a garota tinha metido na cabeça que queria ir a um baile funk. Fiquei um pouco angustiado, já que nunca fui a lugares assim, principalmente em um morro
Benjamin
Atendi com a voz embargada, tentando parecer firme.
— Alô? – pensei que as loiras fossem burras,não as ruivas.
Elizabeth
— Já tô aqui embaixo, hein! — ela disse, com aquele tom animado que sempre me deixava desconcertado.
Eu hesitei. Crescemos na Zona Sul, acostumados com o barulho do mar e os prédios com porteiro 24 horas. A favela, pra gente, sempre foi só um cenário de fundo da cidade, vista de longe pela janela do carro blindado. E agora, de repente, ela queria mergulhar ali, como se fosse uma aventura exótica.
Benjamin
Olhei pela janela: ela estava parada num carro alugado, com vidro fumê e uma cara de quem achava que estava entrando num filme. Batom vermelho, brinco de argola, cropped novo da Farm.
Coloquei uma camiseta preta básica, calça jeans escura. Tentei não parecer "deslocado" mas era impossível. Peguei o celular, carteira, e desci.
Benjamin
Lá em casa, o morro era sinônimo de tragédia. Meu pai falava como se fosse um campo de guerra: 'Quem entra ali, sai em caixão ou algemado'. Minha mãe nem deixava a janela do carro aberta quando passava pela Avenida Brasil. E agora, eu estava prestes a fazer exatamente o que eles mais odiariam.
Desci escondido, na ponta dos pés. Não queria acordar ninguém. O porteiro nem percebeu que eu saí. Elizabeth me esperava na esquina, encostada num carro alugado, rindo com o celular na mão. Usava uma roupa que chamava atenção demais, mas parecia não se importar.
Elizabeth
— Benji, você tá com cara de enterro.
Benjamin
— A gente vai se meter num. — falei sério e pensativo
Ela riu, achando graça do meu nervosismo. Como sempre.
Elizabeth
— Para de drama. Vai ser só uma noite. Ninguém vai ficar sabendo.
Ela dizia isso, mas o coração batia tão alto no meu peito que parecia sirene. Entramos no carro e seguimos em silêncio por um tempo, até que a cidade começou a mudar. O calçadão virou viela, os prédios deram lugar a casas empilhadas, as luzes ficaram mais raras.
Na entrada do morro, dois garotos surgiram do nada. Um tinha cabelo platinado e rádio na mão, o outro usava corrente grossa e encarava como se soubesse exatamente quem a gente era.
...
— Qualé, princesa... erraram o caminho? — o platinado soltou, com um meio sorriso torto, encostando na janela do carro.
Elizabeth abaixou o vidro com um ar de superioridade disfarçada de simpatia.
Elizabeth
— Viemos pro baile — disse, como se isso explicasse tudo.
...
— Vieram pro baile... caô — ele repetiu, olhando pro parceiro, que cruzou os braços. — Com esse carrinho aí? E com esse parceiro do teu lado com cara de que nunca pisou no asfalto quente?
Fiquei em silêncio, tentando não demonstrar o desconforto que me consumia.
...
— Relaxa, mano — disse o mais velho. — Eles não são da quebrada, mas tão de boa. Só tão curiosos.
...
— Caé... se o DK descobrir que a gente liberou eles vai sobrar pá nois.
O nome pairou no ar como um aviso. DK. Eu nunca tinha ouvido, mas pelo jeito que ele falou, era alguém que mandava ou pelo menos alguém que todo mundo evitava contrariar.
...
— Caô... não tô na fé que o DK vai gostar dessa ideia. Sabe que ele odeia intrusos só aceita gente daqui
...
— Deixa a mina e o parceiro ir... se der ruim, eles vão se resolver com o DK.
A frase foi como um carimbo. Um aviso claro de que a responsabilidade não era mais deles. Estávamos por nossa conta. E isso deu-me mais medo do que qualquer arma.
Elizabeth, como sempre, parecia não captar as entrelinhas. Sorriu, agradeceu como se estivesse entrando numa festa privada em Copacabana, e acelerou ladeira acima.
Benjamin
Eu mantive os olhos no retrovisor até não ver mais os dois. E mesmo assim, parecia que ainda estávamos sendo observados.
— DK é o dono disso tudo? — perguntei, quebrando o silêncio tenso.
Elizabeth
— Não faço ideia — ela respondeu, rindo. — Mas com um nome desses, deve ser só pose.
Quis dizer que ela não fazia ideia do que estava falando, mas engoli as palavras. A essa altura, já não adiantava mais. A gente já estava dentro.
Lá no alto, o som do baile engolia tudo. Funk pesado, grave batendo no peito, luzes piscando entre becos e barracos. Gente dançando colada, copo na mão, suor escorrendo. E todos os olhos virando devagar quando viram o carro se aproximar.
Desci primeiro, o chão irregular, os olhos me medindo. Elizabeth saiu logo atrás, ajeitando o cabelo, como se estivesse na Lapa e não no meio do coração de um morro que não conhecia.
Elizabeth
— Vamos, Benji. A festa é lá dentro, não aqui fora. Aliás, ouvi dizer que não pode encarar muito as pessoas. Principalmente as mulheres. Vão pensar que você tá dando em cima — ela falou, rindo, como se fosse só uma dica qualquer.
Benjamin
Fiquei confuso por um segundo. Até porque sou homossexual, não sinto atração por mulheres. Mas não comentei. Não ali.
Porque eu sabia que, no Brasil, muita gente morre por causa da própria sexualidade. Ou do que os outros acham que ela é.
Elizabeth já ia na frente, empolgada, atravessando o portão improvisado com luzes piscando e caixas de som gigantes. Eu fui atrás, mais devagar, com os ombros tensos e o olhar baixo. Tentando parecer invisível. Tentando sobreviver ao que devia ser só uma festa.
Paramos no meio da pista de dança. A música era tão alta que o grave vibrava no meu peito. Gente suada dançava colada, copos voavam no ar, um cheiro de álcool, cigarro e maconha se misturava no ar abafado.
Elizabeth
— Vou pegar umas bebidas pra nós, espera aqui — disse Elizabeth, como se estivesse me deixando na fila do cinema.
Benjamin
Não consegui nem responder. Só vi ela se afastar, se enfiando no meio da multidão como se fosse uma moradora de anos. Eu, parado ali, feito um poste. Branco, fora de lugar, tenso até a alma.
Foi aí que vi. Um cara, encostado num canto, rindo com os amigos. Ele usava uma camisa de time e segurava uma Glock grande, reluzente, na mão. Nem disfarçava.
Benjamin
Desviei o olhar na hora. Rápido demais. Quase automático.
O coração disparou. Eu sabia o suficiente pra entender que encarar era provocação. Que um olhar errado podia ser entendido como afronta. Ou desafio. Ou desejo. E nenhum dos três era seguro naquele lugar.
Benjamin
Idade: 21 anos
Origem: Zona Sul do Rio de Janeiro
Aparência: Moreno claro, cabelo castanho escuro bem aparado, olhos castanhos expressivos, corpo magro, postura discreta. Usa roupas básicas, quase sempre em tons neutros, como se tentasse passar despercebido.
Personalidade: Introvertido, observador, inteligente, vive em conflito entre quem é e quem os outros esperam que ele seja. Sensível, inseguro, mas com uma força emocional que vai se revelando aos poucos. É gay, mas ainda guarda isso como segredo da maioria.
Elizabeth
Idade: 22 anos
Origem: Também da Zona Sul, filha de família tradicional
Aparência: Branca, pele bronzeada, cabelo ruivo com mechas laranja, sempre arrumada mesmo quando tenta parecer "despojada". Corpo esguio, sempre maquiada, sempre com estilo.
Personalidade: Espontânea, impulsiva, carismática, mas com um traço inconsciente de privilégio. Acha que tudo é experiência, aventura. Costuma brincar com o perigo sem medir as consequências.
...
nome: Marcos (Vulgo: acerola)
Idade: 18 anos
Origem: Morro da Penha
Aparência: Negro, magro, cabelo platinado (o famoso “nevou”), sempre de boné ou rádio pendurado no ombro. Veste camisa de time, bermuda e chinelo, com uma corrente no pescoço.
Personalidade: Respeitoso mas debochado, tem senso de humor afiado e é observador. Vive no limite entre o respeito pela hierarquia da favela e a vontade de crescer.
...
nome: Pablo (Vulgo:PB)
Idade: 26 anos
Origem: Morro da Penha
Aparência: Moreno, barba rala, olhar sério. Usa sempre camisa regata, calça tática, boné virado pra trás e uma corrente discreta. Tem tatuagens no braço (uma delas com nome de alguém da família).
Personalidade: Calado, firme, protetor. Não é de muita conversa, mas impõe respeito só com o olhar. Já viu muita coisa e sabe que qualquer erro pode custar caro.
CAPÍTULO 3
Cada minuto passava, mas a Elizabeth não voltava. Quando finalmente decidi ir atrás dela, uma menina parou bem na minha frente. Confesso que ela era muito bonita — usava um vestido vermelho colado, que destacava as curvas do seu corpo.
Seus olhos estavam levemente semicerrados, como se analisassem cada movimento meu. Ela sorriu de lado, com um ar de provocação.
lud
— Tá perdido, gatinho? — a voz dela era doce, mas tinha um tom perigoso, como se dissesse mais do que as palavras deixavam escapar.
Benjamin
— Tô esperando uma amiga — respondi, tentando olhar por cima do ombro dela, procurando algum sinal da Elizabeth no meio da multidão.
lud
Ela riu baixo, quase debochada.
— Aqui no morro, quem fica parado demais acaba sendo notado, sabia?
Benjamin
Engoli seco. O som do pancadão vibrava no chão e no meu peito. A iluminação piscava em tons de vermelho e azul, distorcendo os rostos ao redor. Tudo parecia dançar, menos eu.
lud
— Relaxa, só tô te dando um toque. Você tem cara de quem não é daqui. — Ela deu um passo à frente e roçou a mão no meu braço. — E playboy que dá mole, às vezes se perde fácil.
Antes que eu pudesse responder, ouvi uma voz conhecida gritar ao longe:
Elizabeth
— Aí, Benji! — Era a Elizabeth. — Vem cá, rápido!
A menina de vermelho riu de novo, dessa vez com mais ironia.
lud
— Salvou pela campainha — sussurrou, antes de virar de costas e sumir entre os corpos na pista.
Fui correndo na direção da voz da Liz, com o coração acelerado. Não era só pelo susto, mas por aquela sensação estranha... como se eu estivesse sendo observado.
Benjamin
Empurrei as pessoas no caminho, me esgueirando entre braços levantados, copos no ar e batidas graves que pareciam deixar tudo em câmera lenta. Encontrei a Elizabeth parada perto da parede dos fundos, ao lado de uma porta de metal com uma luz vermelha fraca por cima.
Benjamin
— Garota, onde você estava, Liz? — falei quase sem fôlego, o coração batendo forte. — Nunca mais me deixa sozinho assim, por Deus! Uma mulher se aproximou de mim... acho que ela queria dar uns pegas em mim. mas, dá fruta que ela gosta eu como até o caroço.
Elizabeth arqueou a sobrancelha, com aquele olhar debochado de sempre.
Elizabeth deu uma risada nervosa, mas logo voltou a olhar pros lados, preocupada.
Elizabeth
— Agora não é hora de gracinha, Benji. A gente precisa sair daqui. Aqueles caras não estavam brincando.
Antes que pudéssemos dar o próximo passo, ouvimos uma voz grossa atrás de nós:
...
— E aí, Liz... o boyzinho é teu mesmo?
Benjamin
— Eu... eu sou amigo dela — respondi rápido, erguendo as mãos num gesto quase de paz. Mas ela tá sempre aberta pra conhecer novas pessoas.
Sem pensar duas vezes, empurrei de leve a ruiva — que ainda estava por perto — na direção do cara. Ela tropeçou um pouco, surpresa, mas entendeu rápido o que eu estava tentando fazer. O olhar dele desviou de mim por um segundo. Deu pra perceber o brilho de interesse quando os olhos dele pousaram nela.
Elizabeth
A ruiva sorriu com malícia, se recuperando da surpresa como se nada tivesse acontecido.
— Ué, sumido... tava me procurando? — disse ela, jogando charme como se já o conhecesse.
...
Ele riu, encantado por um instante, e passou o braço pelo ombro dela. sua glock marcava,(com certeza a Liz estava querendo me matar. benji~)
— Gosto de mulher assim, ligeira.
Benjamin
Liz se afastou com o cara, meio relutante, mas jogando charme. Deu uma última olhada pra mim, como se dissesse “fica bem” com os olhos. Suspirei, um pouco aliviado. Já começava a pensar em como puxar ela de volta pro meu lado, sem o rapaz se importar.
Mas antes que eu pudesse sequer relaxar os ombros...
Um braço forte me puxou por trás. Uma mão grande tapou minha boca com força, abafando meu grito. Tentei reagir, mas alguém era mais forte. Muito mais forte.
Benjamin
Senti os anéis frios de metal arranhando minha pele, pressionando meu rosto com força. Um dos anéis tinha uma pedra pesada, que machucava quando ele apertava mais. O cheiro dele era forte mistura de cigarro, suor e perfume... acho que o nome era malbec,odiava esse perfume.
Fui arrastado por entre dois becos apertados, os sons da festa ficando mais distantes a cada passo. O desespero me engoliu inteiro.
...
— Quietinho, princesa... ou tu vai calar de outro jeito — a voz no meu ouvido era grave, quase sem emoção.
Meu coração batia tão forte que parecia querer sair pela boca. Minha mente gritava o nome da Elizabeth, mas minha boca estava selada. As luzes piscantes do baile não alcançavam mais aquele corredor sujo e abafado. Estava tudo escuro.
Benjamin
Era isso? Meu fim?
O cara me encostou na parede, ainda tampando minha boca com a mão, e com a outra puxou sua glock. A arma subiu devagar até pressionar o cano contra o meu pescoço. O metal gelado encostando na minha pele me fez travar inteiro.
...
— papo reto...melhor cê me responder — ele apertou o cano contra mim — quem te mandou? Tu é cana? Tá com quem?
Benjamin
— N-ninguém... eu juro... só vim com uma amiga minha.. nem sei o que tá acontecendo — gaguejei, quase sem ar.
Ele ficou me olhando por um segundo longo demais. Os olhos dele eram frios, como se matar alguém fosse só mais uma tarefa do dia.
...
— pegar a visão, princesa. tem muita gente que jura — ele murmurou. — E depois aparece morto.
Fechei os olhos, esperando o pior.
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