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Brinquedinho de Luxo (Os Donos do Morro)

Prólogo

O choro infantil ecoava pela casa, as janelas de madeira faziam um barulho estrondoso todas as vezes que o vento as empurrava e todo som só não era mais agoniante que os gemidos que vinham do quarto, Lígia dava a luz ao segundo filho, o primeiro herdeiro do casamento com seu novo marido, Getúlio um grande e poderoso CEO do ramo imobiliário, enquanto Victor o filho da mulher gritava pela mãe preso no sótão o padrasto que não o suportava reunia amigos e familiares próximos para comemorar a chegada, o pequeno Apolo que receberia não só o sobrenome grandioso dos Fiorelly governaria também suas posses.

Lígia não queria outro filho, Victor nem havia completado dois anos e uma nova gestação já havia sido contra indicada por médicos renomados, a jovem mulher tinha saúde frágil e temia deixar desamparado o pequeno filho que já era órfão de pai, foi a insistência de Getúlio o que lhe obrigou a se submeter, naquela noite, deitada sobre os lençóis de seda gritava ao sentir as dores do parto, era tradição que os Fiorelly nascessem naquela casa e nem mesmo as recomendações dos obstetras e pediatras reunidos para realizar o parto fizeram Getúlio mudar de ideia.

— Ao meu Apolo, ao príncipe dos Fiorelly que em breve segurarei em meus braços.

O brinde erguido por Getúlio foi seguido por risos, a maioria das pessoas reunidas ali eram interesseiros empenhados em agrada-lo, tudo era um verdadeiro circo de horrores onde o show em exibição era o sofrimento de Lígia Fiorelly, quando uma das enfermeiras desceu as escadas, com olhos assustados e face pálida sequer passou pela cabeça dos presentes que trazia consigo o enunciado de uma tragédia,"O dinheiro compra tudo" essa era frase que Getúlio mais usava, caiu por terra ao ouvir que sua fortuna não impediu que a esposa e o filho que carregava no ventre morressem no parto, dizem que a verdade liberta, certo? Pois bem, a culpa aprisiona, Getúlio atormentado por remorso tomou como filho o enteado a quem tanto odiava, devia a Lígia, devia ao filho que foi levado com ela, Victor a criança órfã de pai e mãe foi criado sobre os cuidados de um homem poderoso e forte, o sobrenome que seria levado para o túmulo por Getúlio entregue ao enteado de bom grado, não existia amor, afeto, mais existia entrega, zelo, cuidado, as mãos fortes de um líder que lapidaram um sucessor a altura, forte, inteligente, implacável, qualidades que o crime organizado abraçou tornando Victor Fiorelly o primeiro no comando das gangues mais sanguinárias e bárbaras de Chicago, poder que já não cabia em seu território e foi arrastado para Brasil não só por ser um dos maiores compradores da heroína e cocaína que Victor refinava mais por ser uma terra sem "lei", nenhum dos traficantes ou milicianos das favelas que planejava tomar pra si estavam preparados para enfrentar a maldade e a ambição implacável " Do coração de gelo" da máfia...

Victor Fiorelly ( Líder do crime organizado em Chicago)

Capítulo 1

Bianca Montenegro

Doze horas de plantão, pés inchados, corpo doído e uma vontade quase agoniante de tomar um banho quente, desço as escadas do hospital andando até o meu carro, hoje é o meu último dia no hospital Samaritano, zona sul do Rio.

Depois de uma despedida calorosa dos meus colegas de trabalho e amigos que nunca consegui distinguir entre verdade e conveniência encerro minha jornada de serviços particulares prestados aos influentes sócios de papai, serviços esses que nunca estiveram em meus planos já que todo meu esforço e dedicação sempre foram no intuito de ajudar os necessitados.

— Papai.

Atendo o telefone depois de cinco chamadas perdidas, sei o motivo de suas ligações e isso foi o que contribuiu para não tê-lo atendido.

— Onde diabos está sua cabeça Bianca? Rosmano Galdino acaba de ligar me informando que se demitiu do hospital.

— Papai, estou dirigindo, falamos sobre isso quando chegar em casa.

Ele grita

— Falaremos agora, encoste esse maldito carro Bianca.

Obedeço tentando manter a calma.

— Estava há duas semanas de ser promovida, Rosmano planejava colocá-la na gestão.

— Sabe que não é isso o que planejo para mim, para o meu futuro, ele está fazendo isso por mérito do meu trabalho ou porquê exigiu papai, me diga?

— Volte agora mesmo aquele hospital, ele aceitou readmiti-la.

Respiro fundo, tentando buscar coragem e me manter firme.

— Não, já tomei uma decisão, começo meus trabalhos no complexo do Alemão em dois dias.

Silêncio, respiração ofegante...

— Papai?

— Eu não tenho mais filha, quer viver esse seu maldito sonho altruísta? Viva, só não conte mais com meu dinheiro, com sua família, acha que é capaz de viver de sonhos? Pois bem, viva, não darei dois meses para se rastejar de volta aos luxos e regalias.

Desliga o telefone, choro baixinho, me ajeito no carro como dá, já que não tenho para onde voltar, até teria como passar a noite no meu apartamento mais como ele acaba de dizer se pretendo realmente tomar as rédeas da minha vida preciso fazer isso sem os luxos que me foram dados, tiro da bolsa um envelope com o dinheiro da minha rescisão, um valor um tanto quanto exagerado que faz meu estômago revirar, mais uma vez o peso do meu sobrenome falou mais alto, me encosto contra o banco do carro e demoro pegar no sono, os planos de continuar morando na Barra enquanto trabalho no morro sofrerão mudanças, terei que me mudar definitivamente para o complexo do Alemão já que é inviável gastar dinheiro com hospedagem e condução da zona sul para lá, ligo para meu professor da faculdade que foi quem me arranjou o emprego na comunidade, Roberto me atende no primeiro toque, sempre prestativo e gentil se dispõe a me levar até o dono do morro para conseguir um lugar que eu possa alugar por enquanto, disse que "Fera" o patrão é alguém fácil de lidar, fecho os meus olhos e a muito custo pego no sono, amanhã começo a viver o meu sonho, ajudar aqueles que precisam, conquistar minha liberdade, independência e mudar para sempre o rumo do meu destino.

Bianca Montenegro

Capítulo 2

Victor Fiorelly

São três da manhã quando meu voo vindo de Chicago pousa no Brasil, o destino escolhido pelo centro de inteligência da máfia? Rio de janeiro " A CIDADE MARAVILHOSA" que na verdade é um dos maiores abastecedores de armas e drogas das facções que chefio.

Ando pelos corredores do aeroporto em direção ao blindado cercado de batedores no estacionamento, frente aos homens armados recrutados para integrar o batalhão de infantaria que irá invadir o Alemão essa noite Viriato Cortês, um velho conhecido no submundo do crime e no trafico humano dos cartéis colombianos.

— Salve chefia.

O corpo repleto de tatuagens coloridas é quase como uma faixa estampada no peito com os dizeres bandido.

O tipo de atenção desnecessária que os líderes da alta cúpula da máfia tem evitado, tatuagens de gangue são um tiro no pé, entregam esquemas inteiros, planejamentos e integrantes de grupos infiltrados, esse o motivo pelo qual meus soldados não são marcados como gado.

— Esse grupo vai auxiliá-lo na invasão e fazer sua escolta enquanto não chegam seus soldados, esperam por suas ordens "Big ice".

Me entrega um colete a prova de balas, os marginais visivelmente tirados das trincheiras me olham, mão de obra descartável e barata para o trabalho dessa noite já que prezo demais pela "Famiglia" para sacrificar suas vidas com bobagem, me sento no banco de trás do carro municiando eu mesmo minhas armas, a metralhadora alemã vinda de Israel que me acompanha desde a adolescência e colocada nas costas enquanto as pistolas semi automáticas são encaixadas no coldre, a cina de um homem incapaz de ficar sentado vendo outros fazerem seu trabalho, sou o frente por um motivo, eu quero, eu vou, eu faço.

Viriato aponta em um mapa feito a mão as bases de comando do tráfico no complexo, é um gênio e esse é o motivo de eu estar aturando sua maldita presença, é um escroto sádico e doente, conviver com meus semelhantes é sempre uma droga, aponta a casa do dono do morro e duas das bocas de fumo gerenciadas pelo sub dono.

— Vocês cuidam dessa parte.

Aponto para os becos onde as bocas de fumo estão montadas.

— O dono é meu.

Viriato sorri ao ouvir minhas palavras, me olha como se tudo não passasse de loucura da minha cabeça, definitivamente não me conhece, não sabe o que o sou capaz de fazer por dinheiro, esperamos por horas até o cair da noite, repassamos mais uma vez o plano antes de colocá-lo em prática.

— Pensei em começarmos de baixo, uma quebra na segurança, algumas baixas, enfraquecer para atacar,"Big ice", o fera é uma cara forte.

Visto o capuz empunhando a arma, ele parece entender o recado, não sou a porra de um menino deslumbrado, se vou subir esse c@cete de morro desço ele com a cabeça do dono em baixo do braço.

— Está bem, não está mais aqui quem falou.

Ele coloca o capuz, fecha o colete abrindo a porta do carro, a escuridão próximo ao ponto cego no mirante da uma visão privilegiada das bases de comando e são nelas os primeiros ataques, quando o foguetório começa, anunciando que o morro está sendo invadido ele salta para fora, duas dúzias de homens armados com o que há de mais moderno e sofisticado derrubam a corja de traficantes pés de chinelo como soldadinhos de brinquedo, a frente do grupo tombo todo e qualquer homem que vejo pela frente, do movimento ou não eu não me importo, quando chegamos no auto do complexo Viriato me olha agitado.

— Aqui a gente se separa, quantos dos homens vai levar contigo patrão?

— Dou conta sozinho.

Respondo andando em direção ao beco, Viriato me olha desacreditado.

— Sabe o que está fazendo?

Fala baixo.

— Preparem os pneus no alto do morro, deixem o sub e o gerente vivos para minha cerimônia de posse, não entro em um jogo para perder, hoje a "Fera" perde o trono... O complexo do alemão acaba de ganhar um novo dono.

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