📱 Capítulo 1 — O Amor Que Construímos
LEON:
Você acha que eles finalmente dormiram?
ETHAN:
Depois de três historinhas, dois copos de leite, e uma dancinha do papai leão… acho que sim.
Boa noite oficial pros nossos quatro filhotes. 🦁
LEON:
Você é tão paciente com eles.
ETHAN:
Eles são metade de você. Como não seria?
Aliás… você também merece minha paciência. ❤️
LEON:
Não me faz chorar agora.
Tô exausto e sensível.
ETHAN:
Quatro filhos, um casamento de 14 anos e ainda assim a gente se ama como no primeiro mês.
LEON:
Às vezes eu acho que te amo mais agora.
ETHAN:
Por quê?
LEON:
Porque agora a gente construiu tanto.
Uma casa, uma família…
Nosso amor tem história. Tem nome. Tem rostos pequenos correndo pela casa.
ETHAN:
Tem brinquedo no sofá, mancha de achocolatado na parede, desenho na cortina…
E ainda assim, eu olho pra tudo isso e penso: "a gente venceu."
LEON:
Vencemos.
RAFA (irmã de Leon):
Domingo tem almoço aqui. Quero ver os sobrinhos, viu?
LEON:
Vamos sim!
A Lily tá doida pra mostrar o desenho que fez de você. Só não repara na cabeça gigante. 😂
RAFA:
HAHAHA
Ela puxou a sinceridade do pai.
LEON:
Pior que puxou mesmo.
Mas no fundo, são todos Ethanzinhos.
RAFA:
Vocês formam uma família linda.
De verdade.
ETHAN:
Você já reparou como o Noah tá falando mais?
LEON:
Ele não para! E imita suas caretas.
Hoje me disse: “Papai, o céu tá feliz igual você quando vê o papai Ethan”.
ETHAN:
Paraaaaa 🥹
Ele disse isso?
LEON:
Disse.
Você conquistou até o céu, Ethan.
LEON (mensagem para si mesmo — não enviada):
Quatro filhos. Um marido incrível.
Mas por que essa sensação de falta, às vezes?
Não é falta de amor.
É como se eu tivesse me perdido um pouco no meio disso tudo.
ETHAN:
Você tem trabalhado demais, amor.
LEON:
É que eu fico pensando neles.
Nos estudos, no futuro, em dar tudo o que eles merecem.
ETHAN:
Eles precisam mais de tempo do que de brinquedos.
Eles precisam de nós inteiros. Presentes.
LEON:
Eu sei.
É que... às vezes, eu sinto que preciso provar que mereço tudo isso. Que mereço você.
ETHAN:
Você não precisa provar nada.
Você é o amor da minha vida.
Sempre foi.
LEON (mensagem para Sara, melhor amiga):
Você acha que é possível amar alguém e ainda assim sentir vazio?
SARA:
Claro que é.
Amar não te anula como indivíduo.
Você pode estar feliz com o Ethan e ainda sentir que algo dentro de você precisa ser olhado.
LEON:
Você me entende como ninguém.
SARA:
Talvez o que você sente seja só exaustão.
Você vive pros outros, Leon. Pros filhos, pro Ethan, pra família.
Quando foi a última vez que viveu pra você?
ETHAN:
Eu te comprei aquele livro que você queria.
Tava no carro, escondido, pra te dar num dia aleatório. Mas quer saber? Hoje é esse dia.
LEON:
Meu Deus…
Você ainda faz essas coisas.
ETHAN:
Sempre vou fazer.
Você me dá motivos todos os dias.
LEON:
Você é muito.
Muito pra mim.
ETHAN:
E você é meu lar.
LEON (sozinho na varanda):
\[olhando pro céu]
Por que essa voz interna sussurra que algo vai mudar?
Por que, mesmo com tudo, ainda sinto como se faltasse… eu mesmo?
LEON:
Acho que vou tirar uns dias pra visitar a Rafa e o bebê dela quando nascer.
Sabe… só pra respirar um pouco, rever minha irmã, e deixar as crianças passarem um tempo com os primos.
ETHAN:
Você merece.
Vai fazer bem.
Mas só vai se prometer voltar com ainda mais saudade de mim. 😘
LEON:
Prometo.
FIM DO CAPÍTULO 1
• O nascimento do incômodo
A primeira fissura no coração de Leon. E um novo olhar que desperta algo inesperado •
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SARA:
Você parece distante nos últimos dias.
O que tá acontecendo?
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LEON:
Eu não sei explicar.
Tá tudo bem aqui. Tá tudo perfeito, na verdade.
Mas é como se… como se algo dentro de mim estivesse inquieto.
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SARA:
Você se sente preso?
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LEON:
Não.
Não é isso.
É como se eu tivesse me tornado só "pai" e "marido".
E esquecido como é ser só o Leon.
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SARA:
Você ainda é o Leon.
Mas quando a gente vira tudo pra alguém, às vezes se perde no espelho.
É hora de se reencontrar.
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LEON:
E como eu faço isso… sem magoar ninguém?
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SARA:
Começa pequeno.
Faz algo por você.
Volta a desenhar. Vai tomar um café sozinho. Respira fora da rotina.
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LEON (sozinho, pensamento):
Eu acordo todo dia ao lado do homem que eu amo.
Vejo nossos filhos sorrirem.
E mesmo assim…
Sinto como se uma parte de mim estivesse trancada num quarto escuro esperando por ar.
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ETHAN:
Amor, a diretora da escola chamou pra conversar sobre a Lily.
Ela desenhou algo estranho na aula hoje.
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LEON:
Estranho como?
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ETHAN:
Uma família. Mas com um “papai novo” ao lado dela.
E escreveu: “Esse é o papai que o céu mandou.”
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LEON:
Nossa…
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ETHAN:
Ela disse que sonhou com esse “papai novo” várias vezes.
Criança tem cada coisa, né?
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LEON (em choque por dentro):
É.
Imaginativo demais.
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LEON (mensagem não enviada para Sara):
E se até a Lily estivesse sentindo que algo mudou?
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NOAH:
Papai Leon, hoje você vai me buscar sozinho?
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LEON:
Vou sim, meu amor.
Por quê?
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NOAH:
Porque quando só você vem, a gente come sorvete escondido.
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LEON:
Você é um conspirador mirim.
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NOAH:
Você sorri diferente quando tá só comigo.
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LEON (parado, pensando):
Será que até meu filho percebe?
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LEON (mensagem para RAFA):
Preciso da sua ajuda.
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RAFA:
Aconteceu alguma coisa?
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LEON:
Quero uns dias.
Sozinho.
Preciso de um tempo pra mim.
Mas não posso dizer isso pro Ethan.
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RAFA:
Você vai contar a verdade pra ele?
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LEON:
Ainda não.
Só diz que você precisa de mim pra te ajudar com o bebê que vai nascer.
Eu digo que é isso.
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RAFA:
Cuidado com as mentiras pequenas, irmão.
Elas crescem. E cobram caro.
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LEON:
Eu sei.
Mas é só um tempo.
Só pra lembrar quem eu sou.
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LEON (pensamento, escrevendo no diário):
Talvez eu só precise ver o mundo com outros olhos.
Sair da bolha.
Sentir de novo o frio na barriga.
Não por paixão… mas por liberdade.
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SARA:
Vai viajar?
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LEON:
Vou.
Pra cidade vizinha.
Só um fim de semana.
Preciso respirar fora do “ser pai” e “ser marido”.
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SARA:
E se você encontrar algo lá fora… que te desperte?
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LEON:
Eu já não sei o que sinto.
Talvez, se isso acontecer… eu descubra.
---
ETHAN:
Preparei tua mala.
Coloquei aquela camisa azul que você ama.
E a caneca do “melhor pai do mundo”.
Vai fazer falta aqui. Mas quero que se reencontre.
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LEON (com os olhos marejados):
Por que você é assim?
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ETHAN:
Porque eu te amo.
Até quando você não sabe quem é…
Eu sei.
Você é meu lar.
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LEON (mensagem para si mesmo no avião):
Ele me ama tanto…
E eu…
Estou indo em busca de algo que nem sei o que é.
---
NARRADOR (pensamento de Leon):
E foi naquela viagem…
que meus olhos cruzaram os dele.
Um olhar rápido.
Uma troca sem sentido.
Mas algo dentro de mim despertou.
Um frio. Um calor.
E pela primeira vez em anos…
eu senti algo que não vinha de casa.
E não vinha de mim.
Vinha dele.
---
LEON (mensagem para Sara):
Conheci alguém.
Só trocamos olhares.
Mas eu senti.
Senti algo que não deveria.
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SARA:
Cuidado, Leon.
Você está com o coração aberto demais.
E alguém pode entrar.
---
LEON (sozinho na sacada do hotel, noite):
O que estou fazendo comigo?
Com ele?
Com a nossa família?
Mas por que…
Por que isso tudo não parece errado?
--- FIM DO CAPÍTULO 2
O Primeiro Contato
Às vezes, um novo mundo começa com um olhar inesperado.
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LEON (mensagem para Sara):
Cheguei.
Cidade nova, vento com cheiro de maresia…
E um silêncio que grita mais alto que tudo.
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SARA:
Onde exatamente você foi?
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LEON:
Pontal do Sul. Uma cidadezinha de praia, quase sem turistas.
Aluguei um quarto simples num hotel de frente pro mar.
A Rafa me indicou, disse que a tranquilidade aqui parece curar a alma.
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SARA:
E os pequenos?
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LEON:
Com Ethan, claro.
Ele ficou com os quatro.
Me deu um beijo na testa antes de eu sair e disse: “Vai, amor. Se cuida. Volta inteiro.”
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SARA:
O Ethan é um homem incrível, Leon.
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LEON:
Eu sei. E isso me parte ainda mais por dentro.
Porque mesmo assim… tem algo dentro de mim querendo escapar.
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📍 Dois dias depois
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LEON (áudio transcrito):
Hoje desci pro café da manhã do hotel mais tarde.
O lugar é pequeno, com mesinhas de madeira e janelas que abrem pro mar.
Estava pegando o segundo pão de queijo quando senti.
Um olhar. Fixo. Calmo. Intenso.
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LEON (continuação):
Virei o rosto e vi ele.
Sentado na mesa da ponta. Camisa preta, braços fortes, barba por fazer.
Livro de poesia nas mãos e…
Aquele olhar.
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LEON (mensagem para Sara):
Eu congelei.
Ele não sorriu. Só me olhou, como se… como se eu fosse familiar. Como se soubesse.
---
SARA:
E você fez o quê?
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LEON:
Desviei o olhar na hora. Meu coração estava na garganta.
Mas voltei a encarar depois. Só por dois segundos.
E dessa vez… ele sorriu.
Pequeno, discreto, mas foi como se o mundo tivesse parado.
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NARRADOR (pensamento de Leon):
O nome dele ainda era desconhecido.
Mas seu rosto ficou marcado.
Durante todo o dia, meu pensamento vagou até aquele café. Até aquele olhar.
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LEON (mensagem para si mesmo, não enviada):
Talvez seja só carência.
Talvez eu só esteja precisando lembrar que ainda existo além de pai, marido, cuidador.
Mas aquele olhar me atravessou de um jeito…
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📍 Manhã seguinte – Hotel Beira-Mar, 8h12
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ADRIAN (aproximando-se discretamente na fila do café):
Com licença… o suco de caju aqui vale a pena?
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LEON (meio rindo, surpreso):
Depende.
Você veio pela fruta ou pelo nome exótico?
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ADRIAN:
Talvez pelo desafio.
Gosto de experimentar coisas novas.
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LEON:
Então arrisca. Mas pega só meio copo. É forte demais.
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ADRIAN (sorrindo, estendendo a mão):
Adrian.
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LEON (apertando a mão):
Leon.
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ADRIAN:
Você não é daqui, né?
---
LEON:
Não mesmo. Fugi de tudo por uns dias.
Família, trabalho, rotina...
Precisei respirar.
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ADRIAN:
Às vezes é exatamente disso que a gente precisa.
Respirar fora. Pra lembrar como se respira por dentro.
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LEON (pensamento):
Essa frase…
Ela ficou presa em mim.
Respirar por dentro. Quando foi que eu parei de fazer isso?
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LEON (mensagem para Sara):
Eu falei com ele.
Adrian.
Ele é… diferente. Sabe aquelas pessoas que não precisam dizer muito pra você sentir tudo?
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SARA:
Você tá encantado.
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LEON:
Não sei se é encanto.
Ou se é só alívio de ser visto.
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📍 Mais tarde – varanda do hotel, fim de tarde
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ADRIAN (chegando com duas xícaras):
Trouxe café. Prometo que não é de caju.
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LEON (rindo):
Então talvez eu aceite.
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ADRIAN:
Posso sentar?
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LEON:
Claro.
Desde que você responda uma pergunta.
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ADRIAN:
Pode mandar.
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LEON:
Por que você me olhou daquele jeito ontem?
---
ADRIAN (pausando, olhando o mar):
Porque você parecia estar em silêncio por dentro.
E eu reconheço esse tipo de silêncio.
Porque já fui feito dele também.
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LEON (encarando-o):
Você não sabe nada sobre mim.
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ADRIAN:
Não preciso saber.
Às vezes, o olhar de alguém diz mais do que um histórico inteiro.
---
LEON (pensamento):
Ele tem razão.
Mas isso me apavora.
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LEON (mensagem de voz para Sara):
Ele não fez nenhum movimento. Nenhum flerte claro.
Só presença. Olhar. Atenção.
E isso mexeu comigo mais do que qualquer toque poderia.
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SARA:
Leon…
Você tá abrindo uma porta.
E talvez ainda nem tenha se dado conta disso.
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ETHAN (mensagem de voz — áudio transcrito):
Oi, meu amor.
O Lucas dormiu no seu lugar ontem. Disse que queria sentir o cheiro do papai.
A Esther falou que você foi buscar um arco-íris no céu.
Volta logo. Tá tudo em casa, mas falta você.
---
LEON (com olhos marejados):
Eles me amam tanto.
E eu…
---
ADRIAN:
Você parece estar em conflito.
---
LEON:
Eu tô.
Mas não é sobre você. É sobre mim.
Sobre o que sinto falta, mesmo tendo tudo.
---
ADRIAN:
Entendo.
E às vezes, o que falta é só… você mesmo.
---
📍 Fim do dia — mensagem de Leon para si mesmo:
Não houve beijo. Nem toque.
Mas ele me ouviu. Me viu.
E por um instante, eu fui só Leon.
Não o pai, não o marido.
Só eu.
--- FIM DO CAPÍTULO 3
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