Capítulo 1 – A Prometida
Natália Bragança
O relógio marcava nove e quinze da manhã quando minha vida desabou com uma única frase.
— Você vai se casar, Natália.
Eu estava ainda com a xícara de café quente na mão, os olhos sonolentos, e o cabelo preso de qualquer jeito num coque torto. Achei que tinha escutado errado.
— O quê?
Meu pai ergueu os olhos do jornal, cruzou os braços e apoiou os cotovelos na mesa da sala de jantar como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
— Ouviu bem. Seu noivado já está acertado.
Tive vontade de rir. Quase ri, na verdade. Mas quando vi a expressão dele — fria, impassível, séria — o sangue gelou nas minhas veias.
— Você só pode estar brincando — soltei, me levantando.
— Não estou. Senta.
A forma como ele falou... curta, seca, autoritária. Como se eu fosse apenas mais uma peça no tabuleiro dele.
— Com quem? — perguntei, com o coração acelerado. — Quem é o infeliz?
Ele me olhou por alguns segundos e então puxou uma pasta preta de dentro da gaveta do aparador. A jogou na mesa com força.
— William Lorenzi.
Aquele nome me soou como um trovão. Eu já tinha ouvido antes. Nos noticiários. Sussurrado em festas de gente rica. Nas conversas que ele achava que eu não ouvia. Era um nome que vinha sempre acompanhado de palavras como "perigoso", "chefão", "máfia".
Peguei a foto com mãos trêmulas. Um homem de terno preto, barba cerrada, olhos escuros como a noite. O tipo de olhar que não desvia, não hesita e não sente. Frio. Letal.
— Você tá me vendendo pra máfia? — minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.
— Estou protegendo a nossa família. O acordo com os Lorenzi garante segurança. Estabilidade. Você é o que ele quer, Natália. Jovem, educada, brasileira, sangue nobre. E você vai aceitar.
— Isso é tráfico humano! — gritei.
— Isso é sobrevivência — ele rebateu, firme.
Senti meu estômago embrulhar. As paredes da casa onde cresci pareciam encolher ao meu redor. Olhei ao redor como se procurasse uma saída, como se pudesse escapar. Mas não havia.
— Eu tenho uma vida, pai. Uma faculdade. Amigos. Planos...
— Vai continuar tendo. Em outro país. Em outra casa. Com outro sobrenome.
As lágrimas vieram antes que eu pudesse impedi-las. Meu pai se levantou, caminhou até mim e segurou meu rosto com uma força que beirava o carinho e a prisão.
— Escuta bem, Natália. Se você não for... a gente morre. Eu. Você. Sua mãe. Ele não é o tipo de homem que aceita “não”.
Fechei os olhos. Respirei fundo. Tentei processar.
No dia seguinte, meu passaporte estava pronto. Na outra semana, minha passagem para Milão já estava comprada. Nenhuma cerimônia, nenhuma chance de recusar. Eu fui levada como um cordeiro para o sacrifício.
O avião pousou à noite. Chovia.
Do lado de fora do aeroporto, dois homens armados me esperavam com uma placa em mãos. Eles não sorriram. Apenas abriram a porta de um carro preto, silenciosos. Eu entrei, calada, engolindo o medo como um veneno amargo.
Quando chegamos à mansão, respirei fundo antes de sair. O portão se abriu como se eu estivesse entrando em outra realidade. A realidade dele.
De William Lorenzi.
O homem que, em breve, teria minha vida nas mãos.
E eu... não fazia ideia do que me esperava.
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Me pediram pra que eu colocasse a foto dos personagens, então irei colocar, mais só a dos protagonista okk amores
Ah fiquem ligados, vem nova história por aí
Natália Bragança (Protagonista)
William Lorenzi (Protagonista)
Capítulo 2 – O Dono da Casa
Natália Bragança
A mansão parecia ter saído de um filme antigo. Alta, silenciosa, cercada por muros altos e câmeras em cada canto. Quando desci do carro, a chuva fina ainda caía, deixando o ar úmido e pesado. Meus pés pisaram o chão como se eu estivesse entrando num campo minado.
O portão se fechou atrás de mim com um estrondo metálico, e foi nesse momento que percebi: não havia mais volta.
Dois homens vestidos de preto — um deles segurando uma metralhadora — me acompanharam até a porta da entrada. Era tudo muito exagerado. Era um aviso claro: ali mandava ele.
A porta se abriu antes mesmo que eu batesse.
Uma mulher morena, com coque impecável e vestido cinza justo, me olhou de cima a baixo. Ela não sorriu.
— Senhorita Bragança. Ele está esperando.
Ela me guiou por corredores silenciosos, cheios de quadros caros e móveis de madeira escura. O cheiro de cigarro e couro impregnava o ambiente. Cada passo ecoava como se o piso gritasse que eu estava invadindo território proibido.
Finalmente, ela parou diante de uma porta dupla, alta e pesada. Bateu duas vezes com firmeza, e eu ouvi a voz grave do outro lado:
— Entre.
Engoli em seco.
Quando entrei, ele estava de costas, observando a janela como se contemplasse o mundo que dominava. Usava um terno escuro, impecável, as mãos cruzadas atrás das costas. O silêncio era insuportável.
Ele se virou devagar.
E então eu vi William Lorenzi pela primeira vez com os próprios olhos.
Frio. Belo de um jeito perigoso. Os olhos escuros pareciam saber mais sobre mim do que eu mesma. Aquilo me incomodou imediatamente.
— Então... você é a garota que mandaram pra mim.
A voz dele era baixa, rouca, como um trovão controlado. Firme, mas sem pressa.
— E você é o idiota que acha que pode me comprar.
Eu não sei de onde veio essa coragem. Talvez fosse o medo disfarçado. Talvez raiva. Mas eu me recusei a demonstrar fraqueza.
Ele ergueu uma sobrancelha, como se estivesse se divertindo.
— Seu pai devia ter me avisado que estava me enviando uma selvagem.
— E você devia saber que seres humanos não são objetos de troca.
Ele caminhou até mim, devagar, como um predador cercando a presa. Parou tão perto que eu podia sentir seu perfume amadeirado e o calor do seu corpo contrastando com o gelo no olhar.
— Não quero uma esposa submissa, Natália — ele disse. — Mas você vai aprender a ser minha.
Eu arregalei os olhos, sentindo o sangue ferver.
— Eu não sou sua. Nunca vou ser.
Um sorriso torto surgiu nos lábios dele.
— Veremos.
Naquele momento, percebi que a guerra entre nós estava apenas começando. E que, apesar do medo, havia algo nele que me tirava o ar.
Talvez fosse o perigo. Ou talvez fosse o jeito como ele falava meu nome... como se já me possuísse.
Mas eu jurei para mim mesma: eu não me renderia. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse na fase da terra.
Capítulo 3 – O Jantar com o Inimigo
Natália Bragança
Depois do confronto no escritório dele, fui levada até um quarto que mais parecia uma prisão de luxo. As janelas eram grandes, com cortinas pesadas e móveis de madeira escura. Tudo era caro. Impecável. Intocável.
Exatamente como eu me sentia: uma peça de decoração que alguém jogou ali para parecer que pertencia àquele lugar.
Joguei a mala em cima da cama e me sentei no sofá ao lado, tentando respirar fundo. Eu não queria chorar. Não na primeira noite. Não depois de encará-lo com tanta firmeza. Mas meu peito doía como se eu tivesse deixado minha alma no Brasil.
Uma batida na porta me tirou dos pensamentos.
— Senhorita Bragança, o jantar está servido — anunciou a mesma mulher de antes, fria como gelo.
Revirei os olhos, me levantei com raiva contida e segui o corredor. As paredes pareciam mais apertadas do que quando entrei.
A sala de jantar era gigantesca. Um lustre de cristal iluminava a mesa longa como as que a gente vê em filmes antigos. No centro, uma fileira de pratos caros, guardanapos dobrados com perfeição e uma única cadeira ocupada: a dele.
William Lorenzi estava sentado à cabeceira, com uma taça de vinho na mão e um olhar de tédio arrogante no rosto. Ele levantou os olhos quando me aproximei.
— Achei que ia se trancar no quarto e chorar até amanhã — disse ele, como quem comenta sobre o tempo.
— Sinto muito te decepcionar — rebati, sentando o mais longe possível dele.
Ele deu um meio sorriso, como se minha resistência o divertisse.
— O jantar é só um gesto de boas-vindas. Achei que você gostaria de algo civilizado antes de começarmos a nos odiar oficialmente.
— Já começamos — sussurrei, pegando o garfo.
A comida estava excelente. Eu odiava admitir isso. Um prato italiano que derretia na boca, mas cada garfada descia com gosto de ferro.
— Eu pedi para prepararem algo tradicional. Achei que seria bom começar a acostumar seu paladar... com o que é meu.
Levantei os olhos devagar, encarando-o.
— Nada aqui é meu. E eu não sou sua. Não importa quantos jantares você sirva.
Ele riu. Não alto. Mas com um desprezo velado em seu rosto.
— Você fala como se tivesse opção. Como se não soubesse que seu pai assinou o próprio destino ao me entregar você.
Minha garganta travou. Aquilo ainda era a parte que mais doía. Eu não estava ali por vontade. Nem por curiosidade. Eu estava ali porque era o único jeito de manter minha família viva.
— Você acha que isso te faz poderoso? Forçar uma mulher a ficar com você?
— Não. Mas me faz dono de tudo o que ela representa.
As palavras dele vieram como uma bofetada. Fria. Precisa.
Eu não respondi. Não queria lhe dar o prazer de ver minha raiva explodir. Mas naquele momento, uma certeza cresceu dentro de mim:
Se ele achava que eu ia ser moldada como boneca de porcelana...ele estava muito enganando eu faria ele
se cortar ao cacos
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