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Família Ferrari 10 Chiara entre Laços que Unem e Segredos que Escondem

Entre Laços

O salão estava vibrante naquela noite, iluminado por luzes modernas e decorado com flores frescas. A festa de 23 anos de Chiara não era apenas uma comemoração — era uma reunião de família, uma celebração da vida e dos laços que a sustentavam.

Mateus e Luciana, seus pais adotivos, estavam ao seu lado, sorrindo orgulhosos. A casa estava cheia: Arthur e Isadora, com seus dois filhos, conversavam animadamente com Domenico e Eleonora, cercados pelos seis filhos barulhentos; Daniela e Salvatore cuidavam de seus três pequenos com sorrisos amorosos; Luiza e Ricardo trocavam olhares cúmplices, acompanhados dos dois filhos; Lorenzo e Giuliana chegavam com os quatro filhos, completando a alegre multidão. E, ao lado, os irmãos gêmeos mais novos de Chiara, Giuliano e Alana, de apenas 12 anos, corriam entre os adultos, enchendo o ambiente de risos e energia.

Chiara, no centro de tudo, brilhava com um vestido que combinava perfeitamente com seu estilo moderno e marcante. Ela adorava essas festas, que misturavam o aconchego da família com a leveza das conversas e da música. Mas, naquele dia, um peso silencioso pairava sobre seu coração.

Enquanto o DJ acelerava o ritmo da música, Felipo e Alexandre chegaram juntos se aproximando de Chiara com o olhar carregado. Mateus franziu a testa, trocando um olhar com Luciana, que apertou discretamente a mão de Chiara, como se lhe desse força.

Felipo e Alexandre se aproximaram devagar, cada passo trazendo uma carga de tensão crescente.

— Feliz aniversário, Chiara — disse Alexandre, com um sorriso que não alcançava os olhos. — Viemos falar de algo que você precisa saber... sobre a nossa família.

Chiara sentiu o mundo se fechar em torno dela. Tinha passado anos tentando esquecer o passado que os dois representavam — um passado que a família que a criou sempre tentou proteger. Agora, diante de toda aquela gente, com os rostos cheios de expectativa, ela não podia mais fugir.

Felipo tomou a dianteira, sua voz firme e clara:

— Nossa mãe, Antonieta, era uma mulher… diferente. Narcisista, calculista. Casou com nosso pai, Otávio Moretti, por interesse. Ela era filha de um conselheiro da máfia Moretti. Tudo começou numa noite na boate, igualzinho ao que você sempre fez, Chiara — disse ele, lançando um olhar que misturava desafio e cumplicidade.

O murmúrio aumentou entre os presentes, que olhavam para Chiara com surpresa.

— Antonieta se juntou ao nosso pai propositalmente para engravidar — continuou Alexandre, encarando Chiara. — Primeiro eu nasci, dois minutos depois ele. Como eu era o mais velho, tive o direito de ser o Dom da família. A partir daí, nossa mãe passou a vida tentando manipular o Felipo para afastá-lo da família.

O coração de Chiara batia descompassado. Ela percebeu que Mateus apertava o braço dela, tentando mantê-la firme.

— Ela envenenou nosso pai — revelou Felipo, olhando diretamente para Chiara. — Só eu sabia disso. Ela matou ele.

O silêncio que seguiu foi profundo. Alguns convidados trocaram olhares chocados, outros desviaram os olhos.

— Anos depois, ela se casou com Túlio, seu pai biológico, e foi quando você nasceu — explicou Alexandre, com voz mais baixa. — Quando conheceu a Carla, eu entendi que Antonieta se revoltou. Tentou acabar com a LME, mas acabou morta.

Felipo prosseguiu:

— Ela desviou parte da herança do nosso pai, Otávio, e também da parte do Túlio. Agora, a empresa está dividida assim: 30% para mim, 30% para Alexandre e 40% para você, Chiara.

Alexandre completou, olhando para os olhos dela:

— Queremos investir para transformar essa empresa num império. Mas precisávamos que você soubesse tudo. Por isso viemos hoje, no seu aniversário.

Chiara sentiu o peso da verdade esmagando seu peito. Os laços que uniam aquela família eram mais complexos do que imaginava, entremeados por segredos obscuros que agora estavam à flor da pele.

A festa continuava ao redor, mas para Chiara, o tempo parecia ter parado. Era hora de decidir se enfrentaria as sombras do passado ou se manteria firme no lar que a criou, resistindo às tempestades

que os segredos poderiam trazer.

Com os olhos marejados e o peito apertado, Chiara deu um passo para trás.

— Eu não quero ouvir mais nada… — sussurrou, antes de virar as costas e sair correndo.

Alexandre tentou chamá-la, mas Felipo segurou seu braço.

— Deixa ela ir. Ela vai saber a quem recorrer.

Chiara atravessou o jardim como um raio, ignorando os olhares curiosos dos tios, primos e parentes. Seus olhos procuravam apenas uma pessoa: Mateus Castellazzo Ferrari. O homem que a havia criado, amado, protegido. O único pai que ela reconhecia. Quando o viu conversando com Lorenzo e Salvatore, correu em sua direção como se sua vida dependesse disso.

— Papa! — gritou, com a voz embargada, antes de se lançar nos braços dele.

Mateus se virou imediatamente e a recebeu com um abraço forte e acolhedor. Passou a mão carinhosamente pelo cabelo da filha, sentindo o coração apertado pela dor que ela tentava esconder.

— Shhh, minha princesa… já passou. — disse ele, com a voz baixa e firme.

Chiara chorava como uma menina assustada.

— Eu não sei o que fazer, pai… Eles… eles me contaram tudo… sobre a Antonieta, sobre o dinheiro, a empresa, o passado horrível. Eu não quero isso! Eu não quero essa herança maldita!

Mateus a segurou pelos ombros, olhando em seus olhos com serenidade.

— Eu sabia que esse momento ia chegar. Por isso pedi para eles esperarem. Queria que você completasse seus 23 anos, amadurecesse… e estivesse pronta para ouvir. Não foi fácil protegê-la disso tudo. Mas agora, meu amor… você é mulher o suficiente para saber a verdade e fazer suas próprias escolhas.

— Mas eu não quero! — protestou ela, desesperada. — Para mim, você é meu pai. Eu não conheço outro papai. E a Luciana é minha mãe. Eu não quero saber de Antonieta. Ela morreu! Morreu com tudo o que fez! Eu sou feliz com vocês, com a nossa família. Eu nunca precisei de mais nada!

Mateus sorriu com tristeza e orgulho.

— E nós somos felizes por ter você, minha princesa… — murmurou, beijando sua testa. — Mas essa herança é sua. Parte dela veio do Otávio, pai dos seus irmãos. Outra parte, de Túlio, seu pai biológico. Ele não era um homem cruel. Era fraco, sim, e se deixou dominar por Antonieta. Mas não era um monstro. E o dinheiro… veio da máfia Moretti, dos negócios escusos. Mas nós limpamos tudo, organizamos, investimos. Hoje é um império. E você tem direito a ele.

— Eu não quero esse dinheiro maldito…

— Não é maldito, filha. O dinheiro não tem culpa. O mal estava em quem o usava. E esse tempo passou. Antonieta causou muitos transtornos ao Felipo, ao Alexandre… e à Carla. Mas tudo isso já se foi. Agora é outra geração, outro tempo. Você nasceu do ventre de outra mulher, sim… mas nasceu no coração meu e da sua mãe. Você é nossa filha. Apenas administre a herança. Use-a como quiser. Se quiser doar, doarás. Se quiser crescer, crescerás. Não precisa viver no passado. Deus permitiu que você esquecesse para não sofrer. Então não remexa mais o que Ele te poupou.

Chiara fungou, o rosto inchado de chorar.

— O senhor vai me ajudar?

Mateus segurou o rosto dela entre as mãos.

— Claro, minha filha. Eu vou estar aqui para você, sempre. Até meu último suspiro. Por você e por seus irmãos. Você não está sozinha.

Ela então se aninhou de novo no peito dele, sentindo o coração se acalmar pouco a pouco.

Do outro lado do jardim, Luciana observava em silêncio, com os olhos marejados e o coração apertado. Sabia o quanto aquele momento era doloroso para a filha, mas também sabia que era necessário.

Alexandre e Felipo se aproximaram, com expressões suaves.

— Podemos conversar depois, quando você estiver pronta. — disse Alexandre com doçura. — Nada será forçado.

— E a empresa está de pé graças a você, mesmo sem saber. — completou Felipo. — Porque tudo o que fizemos foi pensando em proteger você.

Chiara assentiu, ainda com os olhos vermelhos.

— Tá bom… a gente conversa depois. Obrigada por esperarem.

Luciana se aproximou e abraçou a filha junto de Mateus.

— Estamos com você, minha menina. Agora e sempre.

Naquela noite, a festa continuou, mas algo havia mudado. Chiara dera um passo em direção à verdade. Não porque queria, mas porque já estava pronta. E com sua família verdadeira ao lado — a que escolheu e a que foi escolhida por Deus — ela sabia que poderia enfrentar o que fosse.

Chiara

A Noite É Nossa

O sol brilhava alto naquele sábado preguiçoso. Depois da festa cheia de emoções e revelações, Chiara precisava de um tempo para si. Passou o dia na piscina da mansão, mergulhando de vez em quando, mas principalmente boiando em silêncio, refletindo sobre tudo que ouvira dos irmãos na noite anterior.

Felipo, Alexandre, até mesmo Carla... todos estavam ligados a uma história que ela nunca quis lembrar. Agora, não podia mais ignorar. A verdade estava diante dela. Mas, por mais que doesse, havia uma paz nova em seu coração. Ela não estava sozinha.

Já era quase fim da tarde quando sua melhor amiga, Luma, apareceu com um sorriso no rosto e um presente nas mãos.

— Desculpa não ter vindo ontem! — disse, entrando apressada. — Foi o aniversário de casamento dos meus pais, 25 anos. Não dava pra faltar.

Chiara levantou da espreguiçadeira e a abraçou com carinho.

— Tá tudo bem. Você chegou no momento certo.

— Toma, isso é pra você — disse Luma, entregando uma caixinha delicada.

— Obrigada, Lu — Chiara sorriu. — Vem, senta aqui… preciso te contar uma coisa.

As duas se acomodaram nas espreguiçadeiras, debaixo de uma sombrinha, e Chiara contou tudo. Sobre Antonieta, o passado com a máfia Moretti, o dinheiro, os irmãos, a revelação… Luma ouviu em silêncio, com atenção e afeto.

Quando a amiga terminou, Luma apenas respirou fundo e disse:

— Chiara… isso é o seu passado, não o seu presente. E nem define quem você é. Você é uma mulher forte, incrível, amada. E sinceramente? Acho que Deus permitiu que você esquecesse por um motivo. Agora que sabe, não precisa se prender a isso. Olha pra frente.

Chiara sorriu, tocada pelas palavras.

— Obrigada. Eu precisava ouvir isso.

— Agora, chega de drama. Já que não pude vir no seu aniversário, que tal comemorarmos hoje? Só nós duas… numa boate?

— Hm, não sei…

— Ah, por favor! Você escolhe! Pode ser a boate dos seus pais ou aquela que seus irmãos frequentam. Vamos sair, dançar, rir… se divertir um pouco. Você merece!

Chiara hesitou por um segundo, mas então sentiu uma faísca de empolgação.

— Tá bom, você me convenceu.

— Yesss! — vibrou Luma. — Shopping comigo, agora! Vamos achar um vestido que vai deixar metade da cidade de queixo caído.

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No início da noite, a movimentação na mansão aumentou. Os gêmeos, Alana e Guiulliano, jogavam com Mateus no tapete da sala. Era uma partida acirrada de um jogo de tabuleiro, com direito a gritos e risadas.

Foi então que Chiara desceu as escadas.

Usava um vestido verde esmeralda colado ao corpo, com um leve brilho que destacava seus olhos e sua pele bronzeada. Os cabelos estavam soltos, ondulados, e os saltos altos marcavam sua presença como uma mulher decidida. A maquiagem era sutil, mas marcante. Ela estava deslumbrante.

Mateus foi o primeiro a vê-la. Saltou do tapete como se tivesse levado um choque.

— Aonde você pensa que vai, princesa?

Chiara sorriu, encostando no corrimão.

— Pra boate, papa.

Ele franziu as sobrancelhas.

— Boate? Eu achei que você estava indo pra uma festa do pijama… porque com essa camisola aí…

Os gêmeos riram alto e Alana aplaudiu.

— Arrasou, irmã! Você tá linda!

Mateus pigarreou, cruzando os braços.

— Vai assim mesmo?

Foi quando Luciana entrou na sala, sorrindo e já com um copo de chá na mão.

— Amor… lembra o que combinamos? — disse ela, se aproximando e dando um leve beijo no rosto do marido. — Você cuida do coração… e da Alana, que ainda tem 12 anos. A Chiara já é uma mulher. Responsável. Deixa ela se divertir um pouco.

— Eu não sei se estou preparado pra isso… — resmungou ele.

Luciana piscou para a filha.

— Vai, minha linda. Só volta viva.

Chiara riu, deu um beijo nos dois e saiu ao encontro de Luma, que a esperava de carro na frente da mansão.

A boate dos irmãos era o point da elite jovem da cidade. Tinha luzes vibrantes, DJs famosos, bebidas caras e uma pista sempre cheia. Chiara e Luma entraram com facilidade, sendo cumprimentadas por alguns conhecidos logo na entrada.

— Aqui é o território dos seus irmãos — brincou Luma. — Vamos deixar nossa marca.

Chiara riu, mas algo em seu peito parecia inquieto desde o momento em que cruzou a porta.

Dançou por um tempo, riu com a amiga, tirou fotos com os celulares. Mas, conforme a noite avançava, aquela sensação esquisita só aumentava. Era como se o ar estivesse pesado… como se algo invisível encostasse em sua pele e a fizesse se arrepiar.

Chiara parou de dançar.

— O que foi? — perguntou Luma, notando a expressão dela.

— Estou sendo observada.

Luma olhou em volta, rindo.

— É claro que está! Você tá linda! Metade da boate tá babando por você!

Chiara negou com a cabeça. O que sentia era diferente. Aqueles olhares masculinos normais não a incomodavam. Mas havia um olhar específico, oculto em meio à multidão, que queimava sua pele. Um olhar que parecia saber mais do que deveria. Um olhar silencioso… ameaçador. Ou talvez conhecido.

Ela olhou em todas as direções. Vários homens a observavam, sorrindo ou apenas admirando. Mas nenhum deles parecia ter os olhos que pesavam sobre ela.

Seu coração apertou. Não era paranoia. Ela sabia que estava sendo vigiada.

— Não consigo relaxar — murmurou. — Vamos embora?

Luma a encarou, surpresa.

— Sério? Você sempre fecha a pista!

— Hoje não. Não tô bem. Quero ir pra casa.

Sem insistir, Luma concordou e as duas deixaram a boate. O som abafou-se quando entraram no carro e Chiara pôde, finalmente, respirar melhor. Mas o incômodo não passou. Era como se aquele olhar a tivesse seguido até ali.

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Na mansão, o relógio marcava pouco mais de meia noite. Chiara entrou silenciosa, mas ainda assim encontrou Mateus acordado na sala, com um livro no colo e Alana dormindo no sofá.

Ele ergueu os olhos, surpreso.

— Já voltou, princesa?

Ela apenas caminhou até ele e o abraçou forte.

— O que foi, meu amor? — perguntou, envolvido por aquele gesto inesperado.

— Eu estou diferente, papa… não me senti bem na boate. Não é mais o meu lugar.

Mateus apertou o abraço e assentiu, entendendo sem perguntar muito.

— Quer que eu te acompanhe até o quarto?

Ela assentiu, e os dois subiram juntos, ele deixou Alana no quarto e a seguiu.

No quarto, Chiara foi direto para o banho. Enquanto isso, Mateus ficou sentado na beirada da cama, observando as fotos no criado-mudo — momentos felizes dela com os irmãos, com Luciana, e um retrato dos gêmeos pequenos no colo dela.

Quando ela saiu do banheiro, já com o pijama de algodão e os cabelos soltos, ele se ajeitou na cama, ainda por cima das cobertas. Ela se enfiou sob o edredom, deitando-se de lado.

Mateus passou a mão carinhosamente no cabelo dela, como fazia quando ela era criança.

— Não precisa ter medo, minha filha. Eu sempre estarei aqui… até meu último suspiro.

Ela o olhou com os olhos brilhando.

— Eu tô com medo do que vem agora, papa… de tudo que ouvi. Eu não sei se vou conseguir.

— Consegue sim. Você tem um coração bom, cabeça no lugar e agora também tem o direito de escolher o que fazer com tudo isso. Você vai ser uma excelente empresária. Melhor do que qualquer um esperaria.

— E se eu falhar?

— Aí eu estarei aqui… pra te levantar de novo.

Chiara sorriu, os olhos pesando de sono.

— Obrigada, por tudo.

Mateus beijou sua testa e continuou acariciando seus cabelos. Aos poucos, ela adormeceu, com a respiração se acalmando. O pai permaneceu ali por mais um tempo, em silêncio, como um guardião silencioso, até ter certeza de que sua princesa estava em paz.

Ele sabia que a vida dela estava prestes a mudar — mas enquanto ele estivesse vivo, ninguém a tocaria.

E mesmo sem ele saber se aquele olhar na boate… se voltasse, teria que passar por ele primeiro.

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a melhor escolha da minha vida

Aquele carinho do pai fez com que ela dormisse profundamente. Na manhã seguinte, Chiara acordou decidida a enfrentar tudo. Sabia que teria uma rede enorme de apoio. Não estava sozinha. Tinha uma grande família para protegê-la, então se levantou determinada, tomou um banho e se arrumou.

Antes de descer as escadas, fechou os olhos por um instante e visualizou a casa cheia: os irmãos, os sobrinhos, todos reunidos. E foi nesse momento que ela sentiu: ela tinha uma família. Uma família que a acolheu, a amou e a protegeu — principalmente os melhores pais do mundo.

Ela poderia ter ficado morando com seu irmão Alexandre e com Carla. Talvez eles seriam seus pais agora. Moraria com Luana e Ângelo, seriam os três irmãos. Mas o coração dela, com apenas quatro anos, escolheu. Escolheu aquele homem que sabe amar uma criança como ninguém. Aquele que, com um simples olhar, conquista o amor de um filho. Que promete o mundo e cumpre. Que nunca fez uma promessa que não tenha sido cumprida. Que nunca levantou a voz em ofensa, sempre com amor, carinho e firmeza. Educou todos os filhos para serem homens e mulheres de bem.

Mesmo com todos os seus dramas, como querer que todas as filhas fossem freiras, ele sempre foi inteiro por ela e pelos irmãos. Ela nunca foi menos amada. Sempre foi abraçada por aquele que considerava seu super-herói.

Enquanto ele estivesse ali, ela estaria bem.

Sentou-se à mesa com alegria. O pai a observou atentamente e perguntou, segurando sua mão:

— Você está bem, princesa?

Ela suspirou, sorriu e respondeu, beijando a mão dele:

— Eu estou bem, Papa. Vou terminar o café e ir até a casa do Alexandre. Chegou a hora de assumir, e eu sei que o senhor vai estar comigo para me ajudar.

— Sempre, minha princesa. Se você quiser, coloco uma mesa do teu lado e fico lá, te ajudando o dia todo.

— Eu te amo, Papa. O senhor foi a melhor escolha que eu fiz na minha vida. Mesmo sem entender o tamanho da escolha na época, foi Deus que me iluminou pra te escolher como pai. Tenho certeza que fiz a melhor escolha: troquei um fraco por um verdadeiro homem. Obrigada por cuidar de mim, por me abrigar aqui. Você e a Mamá são as melhores pessoas da minha vida. A melhor mãe do mundo e o melhor pai.

— Você vai embora, Chiara? — perguntou a irmã, com um sorriso provocativo.

— Claro que não, mini diaba. Só saio daqui no dia em que ele me casar.

Mateus, sempre pronto para brincar, abaixou o zíper da jaqueta e abriu dois botões da camisa:

— Como isso vai acontecer só daqui a uns cinquenta anos, sua irmã vai ficar muitos anos aqui com a gente ainda.

— O senhor é muito iludido, Papa. Na minha idade, Dayana e Daniela já estavam se casando.

— Nem me lembre disso! Tenho pesadelos até hoje com o dia em que Laranjinha e Salvatore vieram no mesmo dia dizerem que eram pretendentes das minhas filhas. Quase tive um infarto! Se Luana não tivesse prometido ser freira, eu ficaria com as anteninhas ligadas até hoje, pra isso não se repetir.

— Papá, por que o senhor não convence a Luana a desistir dessa ideia? Ela é tão bonita, poderia arrumar um amor. Todo mundo tem direito de ser feliz.

— Ela já encontrou um amor. Ama Jesus Cristo, e esse é o amor mais bonito que existe. Não vamos desviar sua sobrinha do caminho que ela traçou. Pelo menos uma vai se salvar, porque essa Alana aqui já é uma mini diaba!

— E com orgulho, Papá! — disse Alana, rindo. — A tia Bianca me mandou fotos da Mamá quando era pequena. Ela era igualzinha a mim! Disse que entre Dayana, Daniela, as gêmeas da Daniela e a Graziela, eu sou a que mais se parece com a Mamá. Então vou fazer alguém feliz igual a Mamá faz o senhor.

— Bruxinha! Dá um jeito na sua irmã! Ela, lá da Turquia, tá influenciando a nossa filha!

— Teremos tempo de controlar ela até lá — disse a mãe, rindo.

— Teremos tempo... — suspirou o pai. — Eu pisquei e as gêmeas cresceram. Pisquei de novo e Chiara... Amanhã vai ser a Alana. Ainda bem que Deus me deu um refrigério: Luana. Se fossem duas de novo, você ficaria viúva.

— Você fala tanto que eu vou ficar viúva, que eu acho que é você quem vai — retrucou a esposa. — Eu vou morrer antes de você.

— Nunca! — rebateu ele, com firmeza.

— Chega vocês dois — interrompeu Chiara. — Não vamos falar mais em morte. Já sofremos muito no ano passado com a perda do tio Vincenzo. Não queremos passar por isso tão cedo. Eu sei que as pessoas não são eternas, Papá, mas não vamos ficar chamando a morte. Da tia Valentina até hoje eu não me recuperei...

— Eu sei, princesa. A saúde da sua tia não anda bem. Temos que fazer uma visita pra eles. O Elioth te mandou mensagem? Ele está com medo. Não vamos mais fazer essas brincadeiras de morte.

— Ela tem saúde frágil... já tem 83 anos.

— É difícil concordar com você, princesa. Foi o tio Henrique há sete anos, depois a tia Laura, dois anos depois. Ano passado, o tio Vincenzo... infelizmente, a qualquer momento, a tia Valentina também pode ir...

— Mas chega — disse Chiara, levantando-se. — Deixa eu ir falar com o Alexandre. Vamos deixar as dores no passado. No final de semana a gente dá uma passada lá na casa da tia Valentina. Vamos passar uns três dias lá, Papá. Não podemos deixar para ir somente quando o pior acontecer.

— Tá bom, princesa. Sexta-feira, depois da escola das crianças, vamos pra Inglaterra. Vou ligar pro tio Elioth.

Chiara se despediu do pai, da mãe e da irmã. O irmão ainda estava dormindo. Mas ela saiu com o coração em paz, certa de que carregava o amor mais valioso do mundo: o amor de uma família que ela escolheu — e que, todos os dias, também escolhia ela.

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