Inimigos Mortais?
Capítulo 01
— Introdução à narrativa —
Akira Takashi, um corredor de rua lendário, conhecido por sua habilidade absurda nas curvas das montanhas japonesas. Silencioso, determinado, ele tornou-se um dos mais respeitados nomes do submundo das corridas ilegais, onde cada curva pode ser a última.
Mas tudo muda quando uma nova equipe misteriosa aparece desafiando os melhores corredores da região. Os seus carros são rápidos. Os seus pilotos, agressivos.
E no comando está um nome que Akira nunca conseguiu esquecer: Riku Kanzaki.
Antigo rival. Quase amigo. Talvez mais do que isso.
Dois anos atrás, uma corrida entre eles terminou mal. Riku sofreu um acidente e desapareceu da cena. Akira ficou com as lembranças — e as dúvidas — de algo que nunca foi resolvido entre eles. Agora, Riku retorna com intenções desconhecidas, liderando uma equipe pronta para dominar as pistas e reacender um passado que Akira tentou enterrar.
Entre curvas perigosas, noites envenenadas por adrenalina, e silêncios cheios de significado, Akira terá que enfrentar não só os seus adversários, mas também os sentimentos e as memórias que o assombram desde a última vez que viu Riku.
Capítulo 01 — A Curva do Silêncio.
A madrugada em Kanagawa vibrava com o ronco dos motores.
O cheiro de borracha queimada ainda pairava no ar. No topo do monte Hakone, os faróis cortavam a névoa como lanças de luz.
Era lá que os melhores se reuniam, onde a velocidade encontrava a sua verdadeira forma nas curvas estreitas e traiçoeiras.
Os espectadores encostados nos guardrails sussurravam entre si, comentando o que haviam acabado de presenciar.
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Cara, você viu aquilo? Ele nem encostou no freio nessa curva fechada.
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Porra esse cara é insano demais.
O som do motor rotativo do Audi RS5 Sportback se dissipava na névoa, enquanto os faróis apagavam-se lentamente.
No estacionamento improvisado, Akira Takashi abriu a porta do carro e saiu sem pressa.
Vestia uma jaqueta leve, com uma blusa preta por baixo e calça moletom simples, o cabelo bagunçado debaixo do boné. Os seus olhos estavam serenos.
O moreno avistou o seu parceiro de equipe Kai, se aproximando com um cronômetro na mão.
Kai Mitsubishi
Três minutos e vinte e sete. Mano você esculachou o tempo anterior.
Akira Takashi
Ainda senti a traseira flutuando na penúltima curva.
*se esticou, bocejando*
Akira Takashi
Preciso recalibrar a pressão dos pneus.
Kai Mitsubishi
A pressão dos pneus? Você voou pela montanha, cara.
*franziu o cenho em desdém*
Kai Mitsubishi
Isso já tá virando uma extensão do seu corpo.
Akira Takashi
*sorriu de lado, olhando para o carro*
Ela responde bem. A traseira solta no ponto certo.
Akira Takashi
É diferente do que eu usava antes.
Kai Mitsubishi
Aquele RX-7 velho? Sai fora, tá melhor com esse.
Akira Takashi
Era especial, mas isso aqui é pura precisão alemã com alma japonesa.
*deu dois tapinhas no capô*
Diante do diálogo. Um ronco diferente surgiu ao fundo.
Quatro carros desciam em comboio. O silêncio estendeu-se e a plateia que estava presente lançavam olhares curiosos. Todos se viraram para ver.
Primeiro um Toyota Chaser preto, depois um Silvia S15, um Lancer Evo VI, e por fim um Nissan 180SX, também preto, mas com faróis azuis cortando a névoa como olhos de predador.
Kai Mitsubishi
Quem são esses caras?
*perguntou, olhando com desconfiança*
Akira Takashi
Nunca vi essa formação por aqui, não são da nossa região.
*respondi a fitar os indivíduos*
Kai Mitsubishi
Estranho, será que vieram arrumar problemas?
*cruza os braços*
Os carros estacionaram lado a lado. Os pilotos desceram em silêncio.
Akira sentiu o seu sangue congelar, pois, havia reconhecido um dos pilotos.
E não podia acreditar no que estava vendo.
Riku Kanzaki
Longo tempo, Takashi, como vai os seus dias?
*lança um sorrisinho presunçoso*
Akira Takashi
Você tem realmente muita coragem de voltar aqui depois do que aconteceu.
*enrije o corpo*
Riku Kanzaki
Francamente! Você é tão rancoroso.
Akira Takashi
Sentiu saudades minhas, foi Riku? Não aguentou e teve que vir me ver?
*retira um cigarro do bolso*
Riku Kanzaki
Vai tomar no cu.
Riku Kanzaki. O nome que fazia ecoar memórias de pneus cantando, curvas malditas e uma corrida que quase custou uma vida.
Ele parecia não ter mudado muito nesses últimos anos que não nos vimos.
Mantinha uma postura ereta, arrogante sem esforço. A pele clara, quase pálida sob a luz azulada dos faróis. Não mudou praticamente nada.
Riku Kanzaki
Admita que foi você que sentiu saudades.
*debocha*
Kai Mitsubishi
*cutuca pelas costas de Akira*
Mano quem é esse?
Akira Takashi
Um idiota que decidiu vir perde novamente.
*tatei os bolsos procurando o isqueiro*
Riku Kanzaki
Eu e Takashi fomos criados na mesma vizinhança e frequentamos juntos o ensino médio.
*diz a olhar para Kai*
Riku Kanzaki
Somos velhos conhecidos!
Essas palavras caíram como um raio no meio da névoa.
Problemas inafortunados surgiriam.
Capítulo 02
Capítulo 02 — Desafio sem precedentes.
Aquilo estava o deixando impaciente, a forma como Riku havia dito que eramos: velhos conhecidos, tinha um tom suspeito. Parecia mais uma ameaça.
Observei as expressões de Kai, e ele parecia meio surpreso. Obviamente pelo fato de eu nunca ter mencionado Kanzaki para ele.
Riku Kanzaki
Mas eu não vim aqui para jogar conversas fora.
*diz, suspirando*
Riku Kanzaki
Quero uma corrida, Akira. Você e eu. Sem interferência. Uma descida. Uma única chance.
Akira estreitou os olhos, e sentiu uma certa formigação ao escutá-lo chamar seu nome.
Akira Takashi
Por quê? Vai tentar voar de novo pela curva?
*zombou*
Riku Kanzaki
Eu achei que você teria evoluído um pouco.
*retrucou, dando um passo pra frente*
Akira Takashi
Vai se foder.
*acende o cigarro e traga*
Riku Kanzaki
A gente deixou algo inacabado naquela noite. Eu voltei pra terminar o que comecei.
*fixa seus olhos*
O mesmo ergueu os olhos. Ali, parado diante dele, com o mesmo olhar afiado.
Riku Kanzaki
*leva as mãos até sua cabeça e afaga*
Está mais bonito do que eu lembrava.
Akira Takashi
Incrível como você continua cafona.
*retira o cigarro dos lábios e sopra a fumaça no seu rosto*
Riku Kanzaki
Amanhã, três da manhã. Passagem norte de Hakone. Você escolhe a linha.
Kai Mitsubishi
Pera filhote, não é assim que as coisas funcionam aqui!
*interrompe*
Kai Mitsubishi
Deve ser uma corrida oficial, então acontecerá meia-noite e pelas regras do nosso território.
Havia várias pessoas escutando nossa conversa. Deduziu que os boatos rapidamente chegariam pela cidade.
Amanhã o monte Hakone estaria lotado de pessoas querendo ver está corrida.
Akira Takashi
Algum problema para você Riku?
*indagou*
Riku Kanzaki
Tanto faz.
*gesticula se afastando*
Akira Takashi
Espero que esteja preparado seu pirralho arrogante.
*Completou, com um meio sorriso*
Riku Kanzaki
Dessa vez vai ser diferente.
*sorriu de lado, mostrando a cicatriz na sobrancelha se contraindo levemente*
Akira ainda estava hesitante quanto aquela corrida. Mas, no fundo, sabia que aquele momento era inevitável.
Antes dele ir embora. Escutei um comentário de um dos pilotos que estavam juntos a Riku.
Renji Nakamura
Quero ver se você faz jus a sua antiga fama de fantasma da descida do monte Hakone.
*gritou, fechando o vidro do carro, acelerando *
Akira Takashi
Maldito exibido desgraçado!
*morde os lábios com uma expressão irritada*
Kai Mitsubishi
Quem caralhos é esse loiro?
*bufa*
Apenas observou, ele e os outros se mandarem em alta velocidade. Aquilo ainda trairia muita dor de cabeça.
Kai Mitsubishi
Porra esses desgraçados!
*estalou a língua*
Kai Mitsubishi
Então Akira... Não tem nada que queira contar-me?
*Encara*
Akira Takashi
*suspira pesadamente*
O que você quer saber?
Kai Mitsubishi
Quem são esses otários?
Kai Mitsubishi
Mas deve saber quem é esse cara, que se diz ser seu amigo de infância, não é?
Akira Takashi
É uma longa história.
Kai Mitsubishi
E porquê nunca me contou sobre isso?
*arquea uma sobrancelha*
Akira Takashi
Nunca contei, pois, não tem para que revirar o passado!
*volta a tragar o seu cigarro*
Akira Takashi
De qualquer forma, é apenas mais uma corrida.
*olha para cima e sopra a fumaça*
Kai Mitsubishi
Não parece ser apenas uma corrida para você, as suas expressões dizem o contrário.
*rebateu*
Akira Takashi
Porra nenhuma.
Kai Mitsubishi
O que significa a sua relação com ele? Ele disse querer uma revanche.
*olha desconfiado*
Akira Takashi
Porra mano, é difícil de explicar.
Akira Takashi
Riku desapareceu após se acidentar numa corrida contra mim.
*falou rígido, jogando o cigarro no chão e amassando*
Kai Mitsubishi
Entendo mano.
Depois, Kai deixou de insistir, e não tocou novamente no assunto, ele entendia bem quando as pessoas não queriam falar de determinadas coisas.
E mudou de conversa rapidamente, bem típico dele.
Takashi, sem mais delongas, só se despediu do loiro e pegou o seu Audi RS5 Sportback. Deu partida e desceu o monte.
Apertava os dedos ao redor do volante, sem perceber que o fazia com força demais.
O céu estava escuro, sem lua, e as árvores em volta da estrada pareciam vigiar tudo em silêncio.
Conforme descia o monte a neblina baixava devagar, cobrindo a pista como um véu de desafio. Tudo estava quieto demais.
Capítulo 03
Capítulo 03 — O Despertar do Passado.
O sol ainda nem tinha nascido direito quando Akira jogou a mochila no chão e entrou na loja de conveniência com o capuz cobrindo parte do rosto. Como costumeiro, caminhou o percurso inteiro até chegar lá.
Takashi trabalhava naquela loja há uns dois anos. Mas porque era o único lugar que o aceitava com aquele histórico escolar manchado e os rumores de delinquente.
Ele estava ali por obrigação e pelo dinheiro. Precisasse dele. Não poderia depender do seu irmão mais velho e dinheiro sujo das corridas, pelo resto da vida.
Tanabe
Chegou cedo hoje.
*falou sem nem erguer os olhos da prateleira abaixo*
Akira Takashi
Não consegui dormir.
*respondi, jogando o corpo atrás do balcão, o cansaço escorrendo pelos ombros*
A loja era pequena, meio escondida entre dois prédios baixos de concreto gasto, e cheirava a café velho e desinfetante.
O rádio tocava alguma balada genérica, e a luz fluorescente era cruel demais para quem passou a madrugada com o coração batendo como motor em marcha alta.
A corrida de hoje o estava a deixar afobado.
Tanabe
Parece perturbado.
*diz, ajeitando os óculos tortos no nariz*
Tanabe
O que foi, se encontrou com algum namoradinho antigo?
Akira Takashi
Eu não.
*trava o maxilar*
Maldito velho, ele sabia só de olhar para mim cara.
Tanabe
*encostou-se ao balcão do outro lado, braços cruzados*
Sabe que não adianta mentir, né?
Houve um momento de pausa. O rádio chiou, tentando buscar sinal, e uma brisa gelada entrou pela porta automática mal fechada.
O moreno ignorou a pergunta olhando o chão. Depois pegou a toalha e começou a limpar o balcão, mas a mente já estava longe — nas montanhas, no ronco dos motores, nos olhos embriagantes de Riku.
Tanabe
*pegou um cigarro da caixa e acedeu*
Sabe quando você apareceu aqui pela primeira vez, pensei querer assaltar a minha loja.
Tanabe
Um homem todo vestido de preto, coberto de tatuagens e piercings...
Tanabe
Fiquei surpreso quando disse que queria trabalho.
Tanabe
Tinha cara de quem só sabia correr, brigar e quebrar coisas.
*soprou a fumaça*
Akira Takashi
E não é isso que eu faço?
*franze o cenho em dúvida*
Tanabe
Agora você sabe passar um café no ponto também.
*gargalhou*
Akira Takashi
Só eu sei fazer esse café magnífico.
*brincou convencido*
Tanabe
Seja o que for que lhe perturba filho, só tem que seguir em frente.
Tanabe
Isso é o que homens de verdade fazem.
*dá uns tapinhas no seu ombro*
Tanabe
E coloca esse corpo para trabalhar mais rápido, desperdício.
*ordenou, saindo*
Aquilo foi inspirador de certa forma, apesar de parecer mais uma bronca disfarçada de conselho.
Ainda assim, o expediente seguiu como costumeiro.
E depois de bater o ponto Akira soltou o avental e jogou a mochila nas costas.
O dia estava abafado, o céu encoberto e a cidade fazia aquele barulho constante de motor, passos e vozes, como se nunca desligasse.
Takashi enfiou as mãos no bolso do casaco e caminhou sem pressa. A cabeça ainda estava pesada. Pensava no carro. Pensava na curva. E, claro, pensava em Riku.
E Como se o destino ama-se pregar peças consigo.
Dobrou a esquina da loja de conveniência e entrou na rua dos comércios.
Tinha uns estudantes rindo em frente à papelaria, um carro com som alto demais, e um cheiro forte de fritura vindo de uma barraquinha de takoyaki.
Riku estava parado do outro lado da rua. Encostado casualmente num poste, com o celular na mão e um cigarro entre os dedos. Ao lado dele, um dos caras da equipe que apareceu na noite passada.
Um loiro alto de expressão cínica, que Akira lembrava bem por ter feito piadinhas sobre sua, fama antiga.
Akira Takashi
Que droga, logo eles tinha que aparecer? já não bastava ter que ver a cara dele mais tarde na corrida!
*murmurou pra si mesmo*
Akira Takashi
Puta que pariu.
Por um instante, Akira pensou em desviar. Fingir que não viu. Mas era tarde demais.
Riku ergueu os olhos como se já soubesse que ele estava ali.
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