“Só pode ser brincadeira…”
Eu sussurrava tentando falar em voz alta enquanto meu peito doía por respirar…
“Rápido chamem uma ambulância!”
“Meu Deus ele caiu do quinto andar! Alguém ajuda aqui!”
Eu ouvia várias vozes de fundo… elas foram ficando cada vez mais baixas e abafadas, minha visão ficava mais turva e escura, eu não conseguia pensar em mais nada, além de que minha morte estava logo ali…
‘Eu não esperava que fosse sobreviver a essa queda, mesmo dolorosa a morte é bem vinda…’
Eu pensava enquanto fechava os olhos pronto pra minha morte, até que passei a ouvir vozes outra vez…
“Então é essa a alma transferida? Parece ser um pobre coitado…”
“Não importa, essa é a segunda chance dele, o importante é que ele cumpra seu papel…”
Duas vozes novas ficavam cada vez mais altas e claras, eu já não sentia mais o meu corpo, talvez eu estivesse apenas delirando nos meus últimos momentos… até que tudo clareou e uma figura apareceu na minha frente, eu não conseguia ver seu rosto mas ela parecia ser uma mulher com um par de asas, envolta em nuvens e um céu dourado com pilastras e arquitetura similar ao um templo grego antigo…
“Bem vindo jovem mortal, aqui é a passagem para sua nova vida, nós estávamos te esperando…”
‘...? Qu…quem é…você?’
Eu não sentia meu corpo, nem mesmo conseguia falar, apenas pensar comigo mesmo…
“Eu sou Fanna, a Deusa dos desamparados, não pude deixar de ver uma pobre alma vagando no além sozinha… minha criança, tua vida foste difícil, mas agora está tudo bem, suas provações foram superadas, agora poderá viver uma vida abençoada em seu novo lar…”
Confuso, eu tentei perguntar mas minha voz não saia, apenas meus pensamentos estavam comigo…
“Não se preocupe, tenho certeza que você irá se adaptar bem, como presente, irei lhe dar uma bênção que o ajudará nesse novo mundo, tive certeza de fazer a bênção de forma que você reconheça e se sinta familiarizado… agora vá criança, desça dos céus a sua nova vida, e não se esqueça que estou sempre ao teu lado…”
Antes que pudesse pensar no que dizer ou perguntar, eu senti como se meu corpo estivesse caindo novamente, o que não fazia sentido já que eu já havia morrido, mas tão rápida quanto a minha morte, eu logo podia ver o chão gramado se aproximando, e logo quando me preparava para o impacto, eu senti como se tivesse mergulhado no mar, porém tudo estava escuro e meus olhos não ardiam, talvez por ser uma alma aparentemente…
“Olha o que temos aqui! Quem diria que ela iria fazer isso, quanta irresponsabilidade! Nem mesmo explicar ela explicou!... pobre mortal, ignore aquela tola e não se deixe ser enganado, aqui, vou te ajudar…”
Uma voz rouca e gutural ressoava por todo o lugar como se viesse de todas as direções, a voz falava alto dentro e fora da minha cabeça até que eu passei a sentir como se uma furadeira estivesse estraçalhando minha carne por todos os lados, o que não fazia sentido mas a dor não me deixava pensar…
“Não se preocupe… apenas aproveite o momento, sei que fará bom uso do meu presente…”
A dor me deixava zonzo, como se eu estivesse sem pele e com minha carne coberta por sal e limão, e quando eu menos esperava, eu acordei com um grito apavorado e tonto…
Eu me sentei na cama em que estava e passei a olhar ao meu redor, eu estava em um quarto simples com mobília rústica e paredes de madeira, parecia com a casa de alguém que vivia isolado no interior, o que me deixava muito desconfortável já que eu não conhecia ninguém que teria esse tipo de propriedade…
Eu olhei para as minhas mãos e passei a sentir meu corpo, eu não sentia nenhuma dor mas me sentia um pouco dormente, fora a dormência eu não sentia nada de errado com o meu corpo, eu inspecionava o quarto, tentando saber onde eu estava, já que se eu estava vivo, eu falhei em morrer, mas não acordei em um hospital, então tudo estava confuso pra mim…
Após levantar da cama eu reparei que havia um espelho na parede perto de uma cômoda, eu me aproximei e vi meu reflexo, era realmente eu, cabelos pretos bagunçados na altura dos meus ombros, cor dos olhos eram pretas, ainda era o mesmo rosto de um ninguém que não se destaca, nem feio nem bonito, apenas mais um em meio a multidão…
“O seu grito me assustou, sabia? Mas fico feliz em saber que você está vivo.”
A porta rangia a ser aberta, a voz feminina era doce e suave, parecia ser de uma mulher adulta, e ao olhar para porta do quarto eu pude vê-la entrar, ela era bela, cabelos longos ruivos, cerca de 1,67m, vestida em roupas simples que gritavam “sou uma dona de casa do século XVII”...
“Uh… oi… posso ver que não estou em um hospital mas… onde estou?”
“Você está mais calmo do que eu esperava, você está nos arredores do vilarejo mais próximo a cidade de Darza… aqui, eu fiz um mingau pra você”
Ela me ofereceu uma tigela de mingau com uma colher, ambas feitas de madeira…
“O que aconteceu? Sabe me dizer?”
“Isso que gostaríamos de saber, tudo o que sei é que houve um estrondo no meio da floresta e você estava lá, caído próximo às ruínas…”
“Ruínas?”
“Sim, uma antiga capela dedicada a deusa Fanna, desde que foi destruída durante uma tempestade nunca re-fizemos, ela era longe demais do vilarejo, então construímos uma melhor aqui…”
A moça se sentou em uma cadeira que estava próxima enquanto eu me sentava novamente na cama e comia o mingau doce e cremoso, na primeira colher eu senti minha boca queimar com o mingau, eu não esperava que estivesse tão quente assim, eu abri minha boca e passei a assoprar devagar para esfriar o mingau na minha boca..
“Cuidado, está quente, e então? Sabe como você foi parar lá?”
Eu fiquei em silêncio por um momento, várias possibilidades surgiram em minha mente…
‘Isso não é um sonho, minha boca arde com o mingau quente… reencarnação talvez?... não, eu ainda sou como me lembro ser… então o que tá acontecendo? Eu pulei, fui de encontro ao chão e…’
“...eu só me lembro de ouvir vozes… uma moça com asas, não vi seu rosto contra a luz, mas lembro dos céus dourados e construções de mármore branco… não lembro o que ela falou mas lembro do momento…”
Eu contei parte do que aconteceu pra ver sua reação, ao me ouvir descrever o cenário sua expressão foi mudando de curiosidade para choque completo, como se tivesse ouvido a notícia mais horrível de sua vida…
“...pelos deuses… você… quem é você? Pra receber um chamado divino você deve ser alguém importante!”
Pela reação de choque nervosismo pude concluir que ela sabia do que eu estava falando, e que aquela mulher era possivelmente uma deusa de verdade
“Eu não sou ninguém importante minha senhora-! Senhorita, eu só sofri um acidente e delirei depois de perder as memórias.”
Eu tentei me passar como um simples acidentado mas isso não a fez mudar de ideia sobre mim…
“Fanna deve ter um propósito pra você! Ela o enviou dos céus! O estrondo e a cratera foi você caindo!”
Ela se levantou enquanto falava entusiasmada, como se estivesse na presença de um santo ou algo do tipo.
“Eu tenho que contar pra todos!”
“Não, minha senhora espe-!”
Antes que pudesse pará-la ou explicar ela saiu do quarto as pressas, eu a segui tentando chamar sua atenção mas foi tudo em vão…
Após sair do quarto eu me deparei com uma sala simples e rústica, móveis de madeira, uma lareira com seus arredores feitos de pedra para evitar incêndios, uma casa simples, muito parecida com algo que eu via em RPGs…
“Meu bem, você não vai acreditar! Esse jovem é um enviado da grande Fanna!”
Ao me aproximar da porta da frente eu pude ouvir a moça falando com alguém, e ao sair da casa eu pude vê-los, ao lado dela havia um homem alto e musculoso, aproximadamente 1,87m com braços mais grossos que as minhas pernas, ele carregava um machado com sua mão direita enquanto a esquerda a abraçava…
“Então o moleque acordou? Bom, mas que história é essa de enviado da Fanna?”
Sua voz era grossa, era claro como dia que esse senhor que parecia ter 45 era um lenhador mal encarado, seu olhar firme me dizia “se você tentar alguma coisa eu te mato”
“Urm… oi, eu só contei pra ela o que me lembro de antes de acordar aqui…”
“Isso sendo?”
“Uh, uma moça com asas em suas costas, um arco luminoso detrás da cabeça, e céus dourados com construções de mármore…”
O olhar dele mudou, ele ainda estava desconfiado de mim, não que eu o culpasse, do ponto de vista dele eu sou realmente suspeito…
“Bom, eu não acredito que você seja alguém que Fanna enviaria, mas também não posso negar a possibilidade… vem, vou te levar pro vilarejo, o padre vai saber se você mente ou não…”
“Uh, vilarejo? Tá, a gente vai a pé?”
Eu olhei para a direção que ele apontou e vi que seguindo a estrada chegaríamos a um vilarejo no pé do morro, aparentemente eles viviam separados da vila…
“Vamos a pé carregando lenha nas costas, tenho que entregar lenha e você vai ajudar.”
“Ah… tá… maravilha…”
Notando a minha falta de vontade, ele me olhou como se eu fosse seu maior inimigo, como se quisesse arrancar um pedaço de mim…
×××
“Isso é mais pesado que eu esperava… minhas costas doem cara!”
“Você não tem vergonha de dizer essas coisas? Seja um homem de verdade e aguente! Estamos chegando…”
Eu e o lenhador descemos a estrada enquanto ambos carregavam cestos enormes lotado de lenha nas costas, o cesto tinha cordas amarradas para que pudéssemos carregá-las como mochilas, não eram cordas confortáveis, e o peso piorava a situação…
“Aliás, qual o seu nome? Não cheguei a perguntar em momento algum…”
“Leandre, minha esposa se chama Elisa, e você?”
Eu fiquei caminhando em silêncio um pouco, tentando organizar meus pensamentos… se essa fosse realmente outra vida, outro mundo, porque não um outro “eu”? Minha vida foi desgraça atrás de desgraça, órfão com apenas 5 anos, jogado de orfanato á orfanato, largado a sobreviver sozinho num quarto escuro sobrevivendo com o pouco que entregador de pizza pagava… não foi a toa que decidi acabar com a minha vida… talvez essa segunda chance pudesse ser minha oportunidade de ter uma vida diferente do que eu tinha…
“...Nero… não lembro de nada mas lembro meu nome…”
Esse não era meu nome, Nero era o nome que eu sempre usava em jogos, me sentia mais à vontade com Nero do que meu nome real… talvez Leandre tenha percebido que esse não era meu nome, ele não falou nada desde aquela pergunta, talvez ele sentia que esse era um assunto que eu não queria tocar…
Após mais 10 minutos de caminhada em silêncio nós chegamos ao vilarejo, passamos por algumas pessoas trabalhando no campo que acenaram para o Leandre, mas a concentração de casas logo aumentou, o vilarejo não era muito grande então logo chegamos onde deveríamos…
“Pode descarregar a lenha aqui garoto.”
Leandre disse enquanto tirava o cesto e colocava no chão com naturalidade, enquanto eu por outro lado sentei no chão e relaxei o corpo, eu mal sentia minhas pernas dormentes…
“Viu? Você aguenta, só precisa tomar coragem.”
“Oh? Leandre já chegou!... quem é o figura?”
Leandre e eu olhamos para o novo chegado, ele tinha um porte robusto, cerca de 1,70m de altura, e tinha a cara de alguém confiável, como um parente que você sabe que pode contar…
“Esse moleque é o Nero, aquele que te contei que a Diana achou na floresta.”
“Diana?”
Eu não resisti e entrei no meio da conversa deles, já que era relacionado a mim eu achei que era importante saber.
“Diana é minha filha, foi ela que te achou na floresta e me levou até lá, enfim, Gusttan aqui ta a lenha que tinha encomendado…”
“Ah obrigado Leandre, se me permite a pergunta, você já vai embora?”
“Já, vou buscar a Diana e levar esse moleque pra ver o padre, com a skill de identificação do padre podemos saber de onde esse moleque veio…”
Eu não esperava ouvir a palavra “skill” aqui dentre todos os lugares, porque um termo tão comum a jogos estaria sendo usado aqui? Isso não era um jogo, eu pude deduzir que isso é real ja que eu queimei minha língua com o mingau, a dor foi real… então, poderia ser algo como um mundo onde mecânicas de jogos como skills e levels eram normais?
“Ah que pena, ia te convidar a tomar umas comigo, bom, o convite vai ficar de pé caso mude de ideia”
Com um aceno de mão, Gusttan voltou para dentro de sua casa enquanto eu e Leandre nos dirigimos a pequena capela…
Não levou muito tempo até chegarmos, o lugar podia ser separado em 2 partes, a capela da vila, onde os locais iam pra rezar, e a construção do lado que era um pouco maior, não era grande em si mas era larga, cerca de 14m por 28m…
“Uh, escuta muitas vozes vindo daí de dentro, é um centro comunitário ou algo do tipo?”
“Não, escola, duas freiras que vieram pra cá ensinam as crianças e alguns adultos como ler, fazer contas, essas coisas…”
“Oh saquei…”
Eu pude ver que Leandre me olhou estranho, talvez pelo jeito que eu falava…
Após quase 30 minutos esperando, 2 freiras vinham acompanhando o padre, as crianças e alguns adultos, as aulas parecem ter acabado por hoje…
“Pai!”
Um grupo de adultos vieram buscar os filhos, outros foram sozinhos por morarem na região, enquanto outros acompanharam os pais que também atendem às aulas, porém uma garota chamou a atenção, a garota parecia ter 12 anos veio correndo e abraçou Leandre, logo atrás vieram o padre e uma freira, o padre era um senhor de idade vestido com uma batina branca meio amarelada pelo desgaste, a freiras era bonita, seu rosto era como o de uma boneca de porcelana, sua figura era modesta mas ela passava a sensação de conforto que uma mãe daria ao seu filho…
“Leandre, seja bem-vindo, e esse garoto quem é?”
“O estranho que a Diana achou na floresta perto de casa”
“Ah, então é ele, lembro de ter dito que eu iria fazer uma visita mas ele já acordou, ótimo… venha, vamos pra capela…”
O padre disse enquanto caminhava até a pequena igreja, nós o acompanhamos, mantendo um passo igual ao dele…
“Bom, chegamos, sentem-se… então creio que quer que eu analise o garoto certo?”
“Sim padre…”
Assim que passamos pelas portas a conversa voltou, a freira e a Diana sentaram na segunda fileira dos bancos da frente, o padre subiu no seu palanque, e eu e Leandre ficamos de frente ao padre…
“Bom, vamos ver…《Identificar》... mas-! NÃO PODE SER! IMPOSSÍVEL!”
Eu vi seu olho brilhar com um tom azul, e logo em seguida ele fez uma cara feia como se eu tivesse feito algo desrespeitoso e absurdo pra ele…
“O que é padre? Padre-!”
“PELOS DEUSES!”
enquanto Leandre tentava acalmar e ajudar o padre que tropeçou de susto, a freira sentindo algo de estranho deve ter usado sua skill em mim também, o que me fez pensar, todos aqui tem skills? O padre e a freira tem skills de identificação, porém o Leandre e sua família não, senão já teriam usado em mim enquanto eu estava desacordado… será que eu teria alguma skill?
“Esse garoto realmente é um enviado dos deuses!”
Confusos, eu e Leandre olhávamos para a freira e o padre, tentando entender suas reações…
“Como assim padre?”
“Esse garoto tem uma bênção magistral da deusa Fanna! E outra bênção de outro deus que não pude ver o nome!”
Leandre, que até agora tinha agido com cautela e desconfiança comigo, agora olhava para mim com pavor, como se eu nem mesmo fosse humano…
“Que foi? É algo ruim ter essas bênçãos? Vocês estão me deixando desconfortável cara…”
“Na-não, é que… faz mais de 400 anos que Fanna não dá bênção a alguém, e ter duas ao mesmo tempo é ainda mais raro… é quase como… assistir um milagre vivo…”
Depois da explicação da freira eu pude ter uma ideia do que ela quis dizer, mas ainda assim era difícil visualizar a situação já que eu não tinha referência… mas ao desejar ver o que eles viram em mim, uma tela transparente e luminosa apareceu na minha frente…
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NOME: Nero. ATK:10. RES:10
IDADE: 22. DEF:10. SRT:10
TÍTULO: NENHUM. AGI:10. INT:10
NÍVEL:1. CHR:10. END:10
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SKILLS
*BÊNÇÃO MAGISTRAL DE FANNA (REVISADA V1.1) NV:1
conjure o fantástico! Ao ativar essa skill, o usuário terá as habilidades e regras do mundo selecionado sem tempo limite por no mínimo 24h, com tempo de recarga de 72h
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*BÊNÇÃO ABSOLUTA DE D̷̡̮͓̣̓̈́̈̂͐͗͗̇4̷̢̠̠̱̥̘̦̘̦̦̊͛̒̅͊̐̂̎̚͝Ş̷̧̢͇̙̯̳̓͆̈́̉͑͘̕͜͝͠ ̷̻͐̊͑̊̃̎͘͝Ļ̴̛̐̅̑͌̈́̕E̵̥̗̻͌̏̅̾͋̌̚ͅ3̷͔̞̙̈́͗R̴̰̮̘̻͋͆͘̕3̸̨̢͈̰̺̼͙̣͋. NV:1
V̸̦̻͇͍͓͚͉̜͓̂̓̅̑̐͌̌͝͝͠0̴̡͕̜̜͈͍̬͚̥̐̇͋͋̇̎̕̕͜͝͝C̵̱̥̺̖̤̟͍͊͗̾̅̀3̷͇͖͈͓̑͜͝ͅ ̸̧͉̖̙͇̏̃̓̔̓̓̑͝͝ͅN̴̼͕̯̹̳͂͗̈́͂̔̌́̿͗̈́4̶̪̪̤͕̥̅̍̉̌͘Ó̴̡̬̜͎̉̓̍̉̅ ̶̡̞͔̖̯͔̱͈̗̇̌̓̾͆͆͐͝E̵̱͎̱̰͌͛͌̎̌͘͠Ŝ̸̢̫͖̙̥̀̏͑́̾̍͘͝T̴̟̞̪̣̣̭̈́̉̉̂͌̊̀ͅ4̷̢͈̺͚̣̃͐̅͛͋͝ ̷̡̛̙̥̊̊̔͒P̷̨̛̜̣̝̘͉̯̝͜Ŗ̸̝͓̪̫̹͖̠̬͍͑̉̉̀̍̋͐͆̐̅O̶̧͕̞̦͎̝̗̅̅̚͝ͅŅ̶̳̙̤͉̂̽͆̐̃̀̾͝ͅ7̶̢̞̼͈͔͖̞̑̀̏̽͒̐̅̿̕ͅO̶̙̲͎͖͕̯̎́͛̓̏̌̀͜ͅ,̷̨̢͙̺̠̺͉̩̏͂ ̶̞̌́̒͒͝Ĕ̵͇̈̐̇̌̀̉͒̌͘ͅN̴̺̠̟̙̠͋͗̒͑̿͆̄̆̒̕͜C̴͍̪̾̉͗̂͂̂̚̕͜͝͠Ȏ̴̡̡͚̣̐͛́̃̄̕͝ͅŅ̵͖̠̺̺̜̖͂́͌͠͠ͅ7̸̡̯̭̭̜͓͂͑̃̅̎̚͜Ŗ̸̮͓͌̍̂3̴̲͗͛̇͠ͅ ̶̞̿̚S̷̡̩̩̽̊̋̚U̵̡̘̼̜̪̖̎͘Ạ̴̱̳̇̄̈́͒̋̌̆̚ ̴̳̙̦͆͂̋̀̋̚C̶̳̈́͛̋̉̓̈́͑̈́̌͗H̶̬̭̉͒́̿̿͋͘4̸̢̡̢̹̻̙͑̈͝M̶̢̦̘͇͚͉͖̟̲̀́͑̈́̚ͅ4̸̗́͆͛
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*INVENTÁRIO NV.1
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*IDENTIFICAR NV.1
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NOTA:
“Aproveite meu presente, fiz questão de fazer igual ao jogos de sua memória (>ᴗ•) !”
D̷̡̮͓̣̓̈́̈̂͐͗͗̇4̷̢̠̠̱̥̘̦̘̦̦̊͛̒̅͊̐̂̎̚͝Ş̷̧̢͇̙̯̳̓͆̈́̉͑͘̕͜͝͠ ̷̻͐̊͑̊̃̎͘͝Ļ̴̛̐̅̑͌̈́̕E̵̥̗̻͌̏̅̾͋̌̚ͅ3̷͔̞̙̈́͗R̴̰̮̘̻͋͆͘̕3̸̨̢͈̰̺̼͙̣͋
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“... mas que caralhos é isso?”
Eu sussurrei enquanto olhava a tela na minha frente com informações minha, como se fossem status de algum RPG, o que não fazia sentido!... Mas… se essa é a minha situação, porque não aproveitar?
“...mas que caralhos é isso?”
Eu disse baixo enquanto olhava a pequena tela luminosa, eu já havia aceitado que estava em outro mundo, mas me deparar com algo que eu via em jogos RPG como uma tela de status e skills? Me deixou sem palavras ou reação, quase como se meu cérebro tivesse desligado por alguns segundos tentando entender tudo isso…
“...Padre, só uma perguntinha… qual é a desse negócio de níveis e skills que eu tô vendo?”
O padre havia se levantado com a ajuda de Leandre, e parecia ter recuperado um pouco da sua compostura…
“Urm, bom, isso é uma bênção dos Deuses, antigamente era algo único dos campeões dos deuses, skills, níveis, eram dados aos campeões durante a era sombria… e que agora milênios depois, nós, os descendentes desses heróis herdamos esses traços…”
‘...saquei, todos têm essa janela de status, níveis e skills, mas poucos têm essas bênçãos… pela aparência deve funcionar igual a um RPG, mas como vai funcionar? Isso não é um jogo…’
“Erm, perdoe-me por me intrometer na conversa mas… poderia ser que você é um iluminado?”
Eu olhei para a freira que tinha feito a pergunta, me perguntando do que ela falava ou queria dizer com aquilo, mas perguntar a ela era melhor do que ficar fazendo suposições…
“Um iluminado? Que isso?”
“Os iluminados são como agentes divinos, os deuses dão a um espírito celestial um receptáculo como uma forma mortal para que possa cumprir sua missão… mas irmã Sanaa, por que pergunta?”
O padre havia dado uma breve explicação sobre algo que julguei como parte da história ou religião deles, mas ao mesmo tempo que alguns detalhes suportam essa teoria, outros apontavam que não, eu sabia que não era o caso já que eu me lembro da minha morte e do mundo que eu vivia, eu não era um servo divino ou um anjo ou algo do tipo, mas por outro lado, tive essa visão entre minha morte e essa manhã onde uma mulher com asas que não pude ver o rosto falava algumas coisas que não me recordo…
“Bom padre, ele é apenas nível um, até crianças aprendendo a andar já estariam nível 3… eu pensei que se ele é nível um apesar de ser grande, deve ser porque os deuses o criaram recentemente.”
O padre e Leandre pareciam estar contemplando a possibilidade, enquanto eu e a jovem Diana estávamos completamente perdidos na conversa, eu poderia dizer que na verdade vim de outro mundo e que tenho as memórias pra provar mas… isso soaria ainda mais absurdo…
“Eu adoraria dizer que isso é delírio seu, mas eu não tenho contra argumentos… mas se esse fosse o caso, os seus deuses não teriam mandado um sinal a algum santo ou algo do tipo? Por que me enviar pro meio do nada?”
“Realmente, o que ambos dizem faz sentido, porém não há como saber sem ouvir dos deuses…”
Diana parecia confusa mas com medo da situação, pelo comportamento acredito que ela seja do tipo introvertida…
“Uhm, então… posso ir pra casa?”
Após a pergunta, os três olharam para a Diana, talvez vendo como ela estava desconfortável eles decidiram deixar por ali mesmo…
“Bom, a pequena Diana tem razão, vamos deixar por aqui, vou orar e pedir por uma revelação divina, e você jovem? Sabe o que tem que fazer?”
“Creio que esteja perguntando do meu dever dado pelos deuses, mas padre, me desculpe por ser indelicado, mas eu não tenho o menor interesse nessa história, se os deuses quisessem algo feito por eles, eles teriam selecionado outra pessoa, não eu…”
Leandre e o padre não pareceram surpresos, mas a freira sim, ela fez uma cara de quem viu algo chocante e traumático… talvez aos olhos dela, um, “iluminado” com falta de fé fosse uma blasfêmia.
“Bom, os deuses o escolheram por um motivo, tenho certeza que descobrirá o seu propósito com o tempo… que os deuses nos protejam…”
Com um breve tchau, Leandre, eu e Diana saímos da igreja rumo a casa deles…
×××
No meio do caminho, depois de alguns minutos de silêncio, Diana passou a contar ao seu pai o que ela aprendeu hoje, como ela já conseguia ler algumas frases, e ver o valor dos itens no mercado… ja eu, fiquei pensativo, olhando essa tela luminosa na minha frente…
Conforme eu andava um pouco atrás de Leandre e Diana, a tela acompanhava meus passos, pra frente, pra trás, a tela sempre me seguia, sempre que eu quisesse que ela aparecesse ela surgia, e quando pensasse em “va embora”, ela desaparecia… Eu tentei tocar nela e quase não sentia ela, ela como eu seu tocasse numa tela fina de silicone, ela me dava a sensação de que meu dedo iria a perfurar se eu colocasse força…
Eu toquei em várias partes da tela, quando apertei no meu nome, uma pequena caixa de texto apareceu…
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NOME: NERO [NOME ADOTADO]
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Ao clicar na parte onde tinha meus status como força, agilidade e outros, uma outra tela apareceu…
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ATK: -《\= 10 \=》+
DEF: -《\= 10 \=》+
AGI: -《\= 10 \=》+
END: -《\= 10 \=》+
INT: -《\= 10 \=》+
CHR: -《\= 10 \=》+
SRT: -《\= 10 \=》+
RES: -《\= 10 \=》+
pontos disponíveis: 5
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‘...aparentemente tenho pontos disponíveis pra distribuição… bizarro’
Tudo ali era estranho, ver essas mecânicas de jogos na minha frente me davam uma sensação desconfortável, como se algo estivesse errado apesar de parecer familiar, mas o que me chamava mais a atenção era a sessão de skills… ao apertar em inventário, uma tela apareceu com vários espaços quadrados, com 7 linhas e 10 colunas, e assim como a tela de status, ela aparecia e sumia só de pensar, e ao apertar em identificar… nada aconteceu… mas pelo nome julguei que não seria algo como uma janela, então olhei para Leandre e pensei na skill de identificação, e pra minha surpresa funcionou… assim como a minha tela, eu pude ver seu nome, nível, e classe, talvez por ser nível 1 eu não conseguia ver o resto…
‘Leandre… nível 54, lenhador… faz sentido…’
Eu voltei a olhar meus status e… não conseguia me segurar mais, eu tinha que saber o que raios eram essas bênçãos!
A primeira que testei foi a bênção cujo nome e descrição pareciam estar corrompidos, e como esperado, ela não ativou… mas uma tela vermelha apareceu, com a frase “requerimentos não atendidos”... apesar de ter essa benção, eu nem mesmo podia ver o que ela fazia… mas a outra bênção parecia normal em comparação a essa, ao tocar nessa bênção de Fanna, que aparentemente foi revisada e recebeu uma atualização, uma nova janela apareceu…
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conjure o fantástico! Ao ativar essa skill, o usuário terá as habilidades e regras do mundo selecionado sem tempo limite por no mínimo 24h, com tempo de recarga de 72h
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‘Igual como na tela de status… mas essa parte de 24h… se eu usar eu vou ser forçado a usar por no mínimo de 24h? Mas não diz nada sobre quando ela desativa… então ela fica ativa até eu decidir desligar?... preciso testar…’
Eu pensei em ativá-la ao invés de tocar, e como esperado, uma nova tela apareceu…
‘Eu nem preciso apertar em nada, só de pensar essa tela já responde… mas isso aqui…’
Eu olhava para a janela da benção com uma certa desconfiança, ao ativá-la, uma janela surgiu me pedindo que selecionasse entre dois sistemas de jogos diferentes… um era um RPG muito famoso, “Skylands” um jogo onde o jogador enfrentava poderosos dragões e absorvia suas almas, ganhando assim seus poderes, como um grito poderoso capaz de jogar coisas e até pessoas aos ares…
A segunda opção era um outro jogo que eu conhecia, “Ancient Souls”, um RPG de ação conhecido por sua dificuldade absurda, com chefes poderosos em um mundo sombrio, apesar de sua dificuldade esse jogo se tornou um clássico aclamado… mas… eu olhava para essa tela confuso, eu deveria escolher entre um deles? E se era pra escolher um desses jogos, qual seria a melhor opção? Eu fiquei pensativo enquanto lia outra vez a descrição da benção…
‘...Habilidades e regras do mundo selecionado…’
Após pensar tanto, decidi escolher o Skylands, se essa skill funcionasse como eu imaginava, então essa seria a melhor opção dentre as duas, Ancient Souls era atraente porém muito punitivo, como eu nem mesmo sabia se funcionava como eu imaginei depois de ler aquela descrição confusa, eu poderia acabar fazendo as coisas mais difíceis que o necessário pra mim…
Eu apertei na tela de seleção, e depois que fiz minha escolha a tela sumiu, eu não sentia nada diferente, mas ao abrir minha tela de skills de novo eu me deparei com um design completamente diferente, igual ao design de Skylands, porém nas minhas skills havia uma nova…
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*Skylands lvl1: ativada
Efeito: por no mínimo de 24h, você e o mundo ao seu redor irá seguir as regras do mundo selecionado, novas funções desbloqueadas
*Save / Load lvl1
O usuário poderá criar um save temporário e retornar a ele enquanto a skill “Skylands” estiver ativa
*Mapa lvl1
O usuário terá acesso a visão aérea da região ao seu redor, conforme a habilidade evolua mais funcionalidades serão desbloqueadas e o alcance do mapa incrementado
(Funcional enquanto a skill “Skylands” estiver ativa)
*habilidades de Skylands
Enquanto a skill “Skylands” estiver ativa, o usuário terá acesso às habilidades e perks exclusivos de Skylands conforme sobe seu nível
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Muita coisa havia surgido, mas o que chamou a atenção era como as funcionalidades normais do jogo se tornaram skills, e após ler a descrição delas, parece que funciona igual ao jogo, mas… não era possível que fosse verdade, não faria sentido! Mas eu só saberia se tentasse elas…
Eu peguei uma pedra grande no chão, minha mão cobria um pouco mais da metade da pedra, me concentrei por um momento e pensei em salvar, mas diferente do que eu esperava, uma nova tela apareceu, com uma lista vazia e um botão escrito “salvar”, eu achei que funcionaria só de pensar, igual a outra skill, mas essa era diferente…
Assim que salvei, uma nova linha apareceu na lista, “save 1: arredores da vila Herta” era o que dizia, não havia nada mais, nem mesmo o tempo que foi criado ou informações adicionais, apenas o local onde foi feito…
Agora que o save havia sido criado, eu olhei na direção do campo ao lado da estrada de terra que levava até a casa de Leandre, me preparei, e joguei a pedra com toda a minha força, eu a perdi de vista antes que ela tocasse o chão, sem esperar, eu pensei na skill de salvar e carregar, e selecionei o save que eu havia criado, minha visão escureceu, e minha audição sumiu por um momento, mas não durou muito, após 1 segundo de escuridão a minha visão e audição haviam retornado… e para a minha surpresa… a pedra que eu havia jogado estava novamente na minha mão…
‘Huh… eu com certeza vou abusar muito disso huhuhuh’
Eu pensava comigo mesmo, imaginando como eu poderia tirar proveito máximo dessas habilidades…
De volta a casa de Leandre, sua filha Diana correu pra abraçar sua mãe, Eliza, que estava estendendo roupa lavada no quintal, eu mal tinha notado que havíamos chegado, estava distraído demais com essas skills e bênçãos…
“Ei, Landre, poderia me mostrar o lugar onde me encontraram?”
Leandre olhou pra mim com uma expressão de curiosidade e desconfiança, enquanto coçava sua barba com sua mão direita…
“...mostro, mas porque tá interessado nisso?”
“Huh? Ah, não, nada demais, só acho que preciso entender melhor a minha situação, talvez eu ache alguma pista ou informação, alguma coisa…”
“Hm… vem comigo, vou te levar lá.”
Ele se aproximou de sua esposa, e conversou um pouco com ela, eu estava longe demais pra entender mas podia ouvir suas vozes bem baixas, com sua esposa de vez em quando me dava uns olhares, surpresa, choque, seriedade, sua expressão mudava constantemente conforme a conversa deles fluía, até que ela o beijou na bochecha e voltou ao que estava fazendo…
“Vem, é um pouco adentro à floresta…”
Leandre se aproximou de mim enquanto falava alto, apontando para direção da floresta, indicando que eu o seguisse…
Após quase 10 minutos andando entre as árvores, eu pude ver que havia um espaço mais aberto, com menos árvores e o que parecia ser as ruínas de uma casa, paredes de pedra cobertas de musgo e videiras…
“Essas são as ruínas que comentaram? A antiga capela…”
“Sim, estamos entre o vilarejo e minha casa, o local não é longe, mas o caminho é complicado… ali, tá vendo o buraco? Você estava desmaiado nele…”
Eu havia perguntado a Leandre sobre as ruínas enquanto olhava ao redor, em grande parte apenas a fundação, pilares, e algumas paredes restaram e continuavam de pé, mas com a resposta dele, não pude deixar de olhar para onde ele apontou…
Perto das ruínas haviam 2 árvores caídas, e no chão o que parecia ser a zona de impacto de um meteorito, porém, nada mais no lugar…
“Espera… aqui? Nesse buraco? Porque olhando a área ao redor essa cratera é recente, a grama ainda nem começou a crescer na cratera, e essas árvores quebradas sugerem que o que seja lá o que caiu do céu em alta velocidade foi capaz de derrubar 2 árvores e deixar essa cratera, pequena mas ainda é uma cratera de tamanho considerável…”
Eu comecei a falar enquanto olhava a região ao redor duvidando que o possível meteorito fosse eu, mas Leandre parecia mais despreocupado e interessado na minha análise…
“Agora você entende porque não confio em você? Nenhum humano sobreviveria a isso, e sair desse lugar com nenhum arranhão? É claro que vou ficar de olho em você…”
Agora eu entendi o porquê do Leandre sempre manter uma certa distância mas ainda me vigiando, acho que eu falar do absurdo que seria eu ter causado esse impacto o fez mais confortável, vendo que até eu achei estranho…
“...bom… talvez as bênçãos tenham me protegido…? Não consigo pensar em nada plausível que explique eu ter sobrevivido a isso…”
“Plausível? O que é isso?”
“A palavra ‘plausível’? É como ‘algo que faça sentido’, deu de entender?”
“Entendi… você é um nobre por acaso? Palavras difíceis, roupas estranhas, não parece ser um local… talvez essa seja sua história…”
“Ha! Quem me dera… bom, não lembro de nada antes de acordar na sua casa, além do sonho… visão… enfim não tenho informações além disso mas sei que não sou um nobre…”
Eu não pude deixar de lembrar da vida medíocre que tinha, não pude deixar de notar que Leandre me olhava como se soubesse que eu mentia sobre não lembrar do passado… talvez Leandre tenha percebido pelo o meu comportamento de quando era perguntado sobre o assunto…
“Bom! Não sei onde estou, como vim parar aqui, e nem o que vou fazer… mas sei que não quero ficar dependendo da boa vontade de vocês… talvez eu viaje pelo mundo…”
“Que tal se registrar na guilda de aventureiros? Se você se dedicar ao trabalho pode chegar ao ranking C, com isso você teria um passe, identificação, e poderia até passar pela fronteira do reino…”
“Hm… conveniente… ter objetivos é bom… a cidade é longe daqui?”
Eu perguntei enquanto nós dois estávamos conversando de pé ao lado da cratera…
“Um dia de carruagem, uma vez por mês o Gusttan vai à cidade, acho que ele vai a cidade em uma semana, se você quiser realmente ser um aventureiro vai precisar saber usar uma espada…”
Leandre disse enquanto começou a caminhar de volta pra casa, naturalmente, eu o segui enquanto continuamos nossa conversa…
“Você vai precisar falar com o Gusttan amanhã, talvez ele o leve se você o ajudar com a carga, mas para sobreviver como um aventureiro você vai precisar de no mínimo o básico sobre como usar uma espada…”
“Você vai me ensinar? Você sabe como brandir uma espada? Uau, não esperava por essa…”
“Vou te ensinar o básico do que eu sei durante essa semana, mas você vai precisar falar com o Gusttan primeiro.”
Eu aceitei a proposta e fiquei pensando em como iria funcionar, a minha skill Skylands estava ativa, e pelo o que dizia, eu e o mundo ao meu redor iriam seguir as regras do jogo, porém a forma que se aumentava o nível de esgrima de uma mão era ou em combate, ou por mentoria, porém no jogo, você pagava o professor e seu nível subia automaticamente, havia um certo limite mas mentoria ainda assim era a melhor forma de subir o nível das habilidades… bom, considerando que você não usasse nenhum dos truques e trapaças que haviam no jogo, como um inimigo nas missões do tutorial onde você podia melhorar sua skill de furtividade, ou como havia um npc que podia ser recrutado para sua equipe que ensinava como usar arco e flecha e você podia pegar o dinheiro gasto de volta… imaginar como iria funcionar esse treinamento me levou a lembrar dos truques que eu conhecia do jogo… será que eles funcionam? Hm… eu deveria testar…
×××
De volta a casa de Leandre, ele me disse pra esperar nos fundos da casa, o espaço do quintal de trás seria um ótimo lugar pra treinar ele disse…
Enquanto eu esperava por Leandre, eu fuçava as janelas e opções que as skills me davam, e descobri que as habilidades do jogo estavam listadas dentro da skill Skylands, com as árvores de habilidades do jogo, como alquimia, encantamento, ferraria, até as árvores de habilidades de todos os tipos de magia existiam, porém eu não conseguia usar nenhuma magia… no jogo o jogador começa com algumas magia fracas, porém eu não tinha elas, infelizmente eu teria que começar do zero…
“Nero, pega!”
Eu tirei minha atenção das janelas de skills e vi que Leandre voltou e me jogou uma espada de madeira simples, eu levei um susto com a espada vindo na minha direção sem ter me preparado antes…
“Pega ela aí, vou te ensinar o básico, mas preciso entender suas habilidades com a espada…”
Eu peguei a espada no chão e vi que ele já estava em posição de combate… seu braço esquerdo estava em suas costas enquanto sua mão direita apontava a espada de madeira na minha direção, ficou claro pra mim que ele sabia como usar uma espada apropriadamente, e que eu teria que lutar com ele…
“Pega leve comigo Leandre, é minha primeira vez cara…”
Eu disse enquanto pegava a espada do chão…
“Me mostre o que sabe…”
Sem pensar duas vezes eu segurei firme na espada e avancei, primeiro eu tentei um corte na horizontal, que ele facilmente defendeu, em seguida um golpe na diagonal, que outra vez foi defendido…
Ficamos nessa dança de eu atacar e ele defender todos os meus golpes por alguns minutos, eu estava começando a ficar frustrado com isso, eu sabia que eu não tinha chance contra ele, mas ainda assim eu queria pelo menos acertar um golpe…
“...Hm, nada mal pra quem tá usando uma espada pela primeira vez…até parece que você já chegou a treinar antes… seus golpes faltam força, porém ficou claro pra mim que você sabe o básico já…”
Leandre disse enquanto eu tirava um minuto de descanso depois de tanto ter meus golpes defendidos sem problemas… eu estava tentando imitar os golpes que haviam no jogo, eram golpes simples com a espada, nada muito diferente ou absurdo como habilidades de outros jogos, como balançar e saltar com uma espada maior que você com apenas uma mão, ou balançar a espada tão rapidamente que não teria como ver a olho nu… ainda assim pensei em como poderia chegar a esse nível, se esse mundo haviam deuses, skills, porque não o combate digno de uma fantasia?...
“Pronto? Vou atacar agora.”
“Só um segundo…”
Levando o comentário dele sobre a falta de força a sério, eu lembrei que eu tinha pontos disponíveis pra distribuição nos meus status, coloquei os 5 pontos disponíveis em força, não me sentia mais forte, mas senti que a espada ficou mais leve, como se ao invés de segurar um pedaço de madeira, eu estivesse segurando um graveto que achei no chão…
“... pronto, pode vir!”
Eu disse enquanto me posicionava, porém em um piscar de olhos Leandre surgiu na minha frente, eu senti que se não fizesse nada ele cortaria minha cabeça fora mesmo com a espada sendo de madeira, talvez por instinto, eu me curvei pra trás desviando do golpe dele ao invés de defender, e antes que eu pudesse pensar no que acabou de acontecer, eu vi que ele já estava vindo pra cima de mim com o segundo golpe…
Cada vez que eu defendia um ataque dele eu sentia o choque do impacto transferindo para o meu braço, com apenas 3 golpes defendidos eu já sentia meu braço doer… eu sabia que ele não estava lutando a sério comigo, mas ainda assim eu sentia como se eu fosse morrer se eu falhasse em defender ou esquivar dos golpes dele, que nem ao menos variavam muito, eram sempre o mesmo combo de 5 ataques repetindo, mas justo quando eu me acostumei com eles… um sexto golpe surgiu me tirando do ritmo…
Eu senti um golpe fortíssimo no abdômen, como se alguém tivesse me atacado com uma barra de ferro na barriga, sem ter como reagir a tempo eu larguei a espada e cai no chão segurando minha barriga que doía horrores…
“... você tem bons reflexos, porém se distrai facilmente, só porque eu usava os mesmo golpes não significa que eu não possa atacar de outra forma… você foi bem… talvez possa te deixar de forma decente em uma semana…”
“...be…leza… que dor cara…”
Eu fiquei no chão massageando meu abdômen por alguns minutos, e assim que a dor passou, Landre apontou a espada novamente pra mim… pelo jeito eu iria aprender em combate real… se ao menos pudesse aprender sem ter que lutar igual ao jogo…
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