Me Ame com Todo o Seu Coração.
Capítulo 1 – A Última Noite Inocente
A noite estava quente, abafada, mas a excitação no ar fazia qualquer incômodo desaparecer. O salão de festas da escola havia sido transformado num paraíso cintilante de luzes, música alta e corpos que dançavam como se não houvesse amanhã. Era o fim de uma era. O último capítulo de uma história que marcou toda uma geração de jovens.
E para Giovani, aquela era a noite em que ele teria que enterrar o que mais desejava.
Vestia uma camisa social clara, um pouco justa nos ombros, o cabelo levemente bagunçado e os olhos atentos. Não à decoração. Não à música. Mas a ele. Leonardo.
Entre todas aquelas pessoas, só uma realmente importava. E ela estava do outro lado do salão, rindo alto com um grupo de colegas, o copo de bebida balançando na mão e a postura relaxada, como sempre. Leonardo, o alfa que fazia o coração de Giovani acelerar desde os treze anos.
Arrogante, bonito, confiante demais para o próprio bem. Mas havia algo nele que ia além da pose de durão: uma sombra no olhar, um cansaço escondido entre sorrisos debochados. Algo que fazia Giovani querer cuidar dele… mesmo quando Leo deixava claro que não precisava de ninguém.
Leonardo.
Você vai ficar me encarando a noite inteira ou vai tomar alguma coisa?
A voz grave e familiar soou ao lado dele, tirando-o dos pensamentos.
Giovani se virou devagar. Era ele. Leonardo. A poucos centímetros de distância.
Giovanni.
Eu só tô... aproveitando a vista.
Tentou disfarçar, rindo sem graça.
Leonardo ergueu uma sobrancelha.
Leonardo.
Que vista? Essas decorações cafonas?
Zombou, levando o copo aos lábios.
Leonardo.
Tá todo mundo comemorando, Gio. Até aquele nerd do Higor tá se esfregando com alguém. Você vai ficar plantado aí a noite toda?
Giovanni.
Não sei... Eu não sou muito de festa, você sabe disso.
Leonardo.
Ah, não. Nada de drama hoje.
Leonardo enfiou um copo na mão do ômega.
Leonardo.
Vai beber comigo. Uma só, vai. Pela nossa sobrevivência até aqui.
Giovani hesitou por um segundo, encarando a bebida, mas depois suspirou e aceitou. Talvez uma dose de coragem líquida ajudasse a anestesiar seu coração.
Leonardo.
Ao fim de uma era.
Disse Leo, erguendo o copo.
Leonardo.
E ao início do verdadeiro inferno: a vida adulta.
Respondeu Giovani, batendo os copos.
Horas se passaram. A música aumentava, os risos ecoavam, e os dois já estavam claramente alterados. Giovani, mais solto do que nunca, ria alto de piadas bobas que só faziam sentido na mente de alguém embriagado. Leonardo, por outro lado, estava relaxado demais — como se tivesse deixado toda a armadura cair naquela noite.
Leonardo.
Você lembra daquele verão em que a gente ficou preso no galpão da escola?
Perguntou Leo, jogado no sofá de um canto mais vazio do salão.
Giovanni.
Claro. Você quebrou a janela pra gente sair.
Giovanni.
E ainda botou a culpa em mim.
Leonardo.
E você assumiu! Isso que me deixa mais impressionado até hoje.
Leo gargalhou, a cabeça tombando no ombro do amigo.
Giovani congelou por um momento. O toque o arrepiou. O calor de Leonardo, o cheiro dele misturado ao álcool, tudo aquilo era demais. E por alguns segundos, ele fingiu que aquilo era normal. Que aquele contato significava algo.
Murmurou Leo, os olhos meio fechados.
Leonardo.
Você é o único ômega que eu suporto.
Giovanni.
Isso... é um elogio?
Leonardo riu, se ajeitando.
Leonardo.
Sei lá. Você é diferente. Quase não parece um ômega.
Aquela frase doía. Mas Gio fingiu que não. Porque qualquer migalha de atenção vinda de Leo ainda era melhor do que o vazio.
Giovanni.
Você me vê como um irmão, né?
Perguntou Giovani, mais pra si mesmo do que pra ele.
Leonardo virou o rosto lentamente, os olhos vidrados no dele.
Leonardo.
Claro que sim. Você é meu melhor amigo. Meu irmão. Meu porto seguro.
Gio sorriu. Mas por dentro, quebrou.
O tempo virou fumaça. Alguém sugeriu saírem da festa, e de repente estavam na rua, rindo alto, Leo abraçado em Gio como se aquilo fosse normal. O mundo girava, mas eles estavam juntos, em sintonia, embriagados demais para perceber o abismo à frente.
Leonardo.
Eu conheço um lugar. Vem comigo.
Giovani não respondeu. Apenas foi. Porque sempre foi assim. Onde Leonardo ia, ele seguia.
A porta do quarto bateu. O ar condicionado estava gelado demais para dois corpos quentes demais. Roupas foram largadas no chão, beijos desajeitados, risadas abafadas, mãos nervosas e ousadas explorando territórios proibidos.
O que começou como um deslize virou um furacão.
Quando Giovani acordou, o quarto ainda estava mergulhado na penumbra. O primeiro sinal de que algo estava errado foi o cheiro. Sexo. Álcool. Suor. E o segundo foi o calor ao lado dele.
Leonardo estava ali, n*, dormindo profundamente. Marcas de chupões em seu pescoço. Marcas de mordidas em sua clavícula. Camisinhas usadas espalhadas pelo chão. E mais... seu próprio corpo doía. Havia sinais demais para ignorar.
Murmurou, sentando-se devagar, tentando entender o que tinham feito.
Leonardo se mexeu, despertando aos poucos. Quando abriu os olhos, a expressão confusa logo se transformou em choque. Sentou-se de um pulo.
Giovani apenas o encarou.
Giovanni.
A gente… a gente transou, Leo. Olha ao redor. Olha pra você. Olha pra mim.
Leonardo.
Não... Não, não pode ser. A gente tava bêbado, Gio! Isso não significa nada! Foi um erro!
As palavras foram como navalhas.
Giovani tentou manter a calma, mas a voz saiu trêmula.
Giovanni.
Pra você pode ter sido só um erro… mas pra mim…
Leonardo.
Você é meu amigo. Meu irmão. Isso… isso não devia ter acontecido.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Giovani apenas pegou sua roupa do chão, vestindo-se em silêncio, com lágrimas ameaçando cair.
Leonardo desviou o olhar. Porque não conseguia encarar o estrago que causou.
Naquela manhã, algo entre eles morreu.
E nenhum dos dois sabia… que aquilo era só o começo.
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