Itapitanga, interior da Bahia. Noite chuvosa.
A tempestade rugia como um presságio. Raios cortavam o céu enquanto trovões estremeciam as paredes da casa humilde de Isac Neves.
Sentado em frente ao notebook quebrado, tentando acessar um curso gratuito, Isac sentia o peso da vida dura.
Seu pai, Pedro, pedreiro, trabalhava o dia inteiro; sua mãe, Maria, cuidava da horta nos fundos e vendia doces no mercadinho da praça.
De repente, uma dor aguda invade sua cabeça.
Isac (gritando):
— AAAAAH... que porcaria foi essa?!
Uma tela invisível surge diante dos seus olhos, flutuando.
[SISTEMA ATIVADO]
Habilidade Adquirida: Armazenamento Infinito
Função: Armazene qualquer item físico em espaço paralelo. Capacidade: ilimitada.
Isac (confuso):
— Isso é... uma alucinação? Um sonho?
Para testar, pega um saco de batatas da cozinha.
Estende a mão com hesitação. E PUFF! – o saco desaparece diante dele.
Isac (chocado):
— Sumiu... não, foi armazenado?!
— Meu Deus... isso é real.
Sem tempo para processar, uma segunda notificação surge:
[Teleporte forçado em 3... 2... 1...]
Isac (gritando):
— COMO ASSIM TE--?!
O chão desaparece. Seu corpo é sugado por uma força invisível. Quando abre os olhos, já está em outro lugar.
Um novo mundo. Um pesadelo.
As nuvens negras cobrem o céu. Prédios destruídos, carros queimados e o cheiro de podridão dominam o ar.
Cadáveres espalhados pelas ruas.
Um grupo de pessoas maltrapilhas, armadas com pedaços de ferro e facões, se esconde atrás de um ônibus tombado.
Um deles o vê surgir do nada.
Sobrevivente (desconfiado):
— Ei! Você tá com o que aí? É comida?!
Isac (tenso):
— Eu... eu só tenho um saco de batatas.
Sobrevivente (olhos arregalados):
— BATATA?! VOCÊ TÁ MALUCO?!
Outro (implorando):
— Me dá um pouco! Pelo amor de Deus!
Isac hesita. O instinto diz pra correr, mas sua mente começa a funcionar.
Isac (calculando):
— Eu dou um pouco... mas quero algo em troca.
Sobrevivente:
— Pode pegar o que quiser daquele prédio! Só me dá uma batata!
Isac (frio):
— Negócio fechado. Uma por um item útil.
Isac retira o saco do inventário, surpreendendo todos. Os olhos deles brilham como se vissem ouro.
Ele entrega uma batata, e em troca recebe uma mochila com enlatados, mapas e uma faca de cozinha.
Primeiro combate. Primeira escolha.
Um rugido ecoa. Uma criatura bípede, com ossos à mostra e olhos vermelhos como brasas, aparece correndo em quatro patas.
Sobrevivente (gritando):
— MUTANTE! CORRE!!!
Todos fogem. Isac também tenta, mas tropeça. A criatura avança.
[SISTEMA: Loja de Itens desbloqueada]
Você possui 2 Pontos de Sobrevivência
Item disponível: Adaga Rústica (2 pts)
Isac:
— Compra agora!!
Uma adaga surge em sua mão. A criatura salta.
Ele gira no chão e enfia a lâmina nos olhos da aberração.
SPLAAA! O sangue negro espirra. A criatura cai, agonizante.
[Você derrotou uma Criatura Mutada Rank G]
+10 EXP | Habilidade Desbloqueada: Combate Ágil Nível 1
Isac (ofegante, rindo):
— Isso... é real. Tudo isso é real!
O início de uma nova lenda.
Isac se levanta entre os destroços e os gritos, segurando a adaga suja de sangue.
Ele olha para o céu escuro, a tempestade ainda rugindo ao longe.
Agora, não era mais um jovem qualquer no interior do Brasil. Ele era o dono de um sistema, o mestre de um poder oculto, e tinha dois mundos à sua disposição.
Isac (sorrindo):
— Tá bom então... Se o mundo quer me testar, que venha com tudo.
— Aqui começa... o império de Raio Neves.
[CONTINUAÇÃO – CAPÍTULO 1: O DESPERTAR EM DOIS MUNDOS]
A notificação ainda brilhava diante de seus olhos.
[Saldo Atual: 0 Créditos de Sobrevivência (CS)]
[Loja de Itens | Inventário | Missões | Conta Real]
Isac apertou os olhos, respirando fundo.
Um sistema... uma loja... e esse mundo? Um pesadelo jogável?
Ele examinou a interface flutuante que só ele podia ver.
Na aba da loja, viu itens à venda: Adaga Rústica (2 CS), Kit Médico Básico (3 CS), Lata de Conserva (0.5 CS), e muito mais.
Cada ponto vale... dinheiro. Poder. Sobrevivência.
Desviando o olhar da tela, viu os sobreviventes ainda atônitos com sua vitória.
Homem (assustado):
— Como você fez aquilo? Essa faca... de onde veio?
Isac (seco):
— Achei jogada perto de um carro. Dei sorte.
Mentiu sem piscar. Não podia confiar em ninguém. Esse poder era dele, e de mais ninguém.
Um zumbido vibrante cruzou sua mente. Nova notificação:
[Transferência Intermundial Desbloqueada]
Deseja converter Créditos de Sobrevivência em Reais (BRL)?
Taxa atual: 1 CS \= R$100
Limite diário: 5 CS
Ele hesitou. Pensou na família. Em casa. Na geladeira vazia, no notebook quebrado.
Isac (pensando):
Com cinco desses... posso comprar um notebook novo. Pagar um curso de verdade. Ajudar meus pais.
Confirmou.
[Transferência de 1 CS realizada com sucesso.]
[Saldo Atual na Conta Real: R$100]
O sentimento era irreal. Uma batalha por sobrevivência... e dinheiro real na conta bancária.
Mas não podia se distrair. Olhou ao redor. A criatura morta ainda sangrava. O grupo começava a se recompor.
Mulher (assustada):
— Tem mais dessas coisas por aí... a gente precisa se esconder.
Homem (desesperado):
— Não temos comida, nem abrigo. Estamos ferrados!
Isac manteve-se calado. Calculava tudo.
Nova notificação:
[Missão: Estabeleça uma Base Segura]
Objetivo: Encontrar um local protegido e organizar suprimentos básicos.
Recompensa: 5 CS + Equipamento Raro Aleatório
Isac (pensando):
Cinco créditos... são quinhentos reais lá fora. E mais recursos aqui dentro. Preciso disso.
Ele examinou os arredores. Um prédio parcialmente intacto chamava sua atenção.
Isac:
— Tem um prédio ali. Parece estável. Pode servir de abrigo.
Homem:
— Você tá maluco? Pode ter monstros lá dentro!
Isac:
— Melhor lá dentro do que no meio da rua com esses bichos. Façam o que quiserem. Eu vou.
Sem dar chance pra mais perguntas, caminhou decidido.
Sabia que o segredo do sistema era seu trunfo. E que, enquanto os outros mendigavam batatas, ele construía um império silencioso com cada passo, cada luta.
Isac (pensando):
Ninguém pode saber. Nem aqui... nem no meu mundo.
Com a adaga em punho e o olhar frio, entrou no prédio escuro.
O primeiro passo na missão que mudaria tudo.
## **– A BASE DOS DESPERCEBIDOS**
O prédio parecia ter sido um pequeno escritório comercial. Três andares, fachada rachada, portas estouradas. Mas ainda de pé. O concreto resistia ao tempo e ao caos.
Isac subiu os degraus com cautela. Cada rangido do piso ecoava alto no silêncio apocalíptico.
No hall, restos de cadeiras quebradas, papéis queimados e uma máquina de café caída. No segundo andar, uma antiga sala de reuniões sem janelas parecia segura.
**\[Missão Progredindo: 50% – Estabeleça uma Base Segura]**
Isac (pensando):
*Vai servir. Por enquanto.*
— EI! — gritou uma voz atrás dele.
Virou-se. Eram os sobreviventes. Quatro deles. Haviam decidido segui-lo, mesmo depois do medo.
Homem magro, barba suja, segurava uma barra de ferro:
— Você parece saber o que tá fazendo. Podemos ficar?
Isac observou, avaliando. Eles podiam ser úteis... ou apenas peso morto.
— Aqui é seguro, mas quem ficar trabalha — respondeu, firme.
Mulher (cansada):
— Qualquer coisa. Só não quero morrer lá fora.
Ele assentiu. Apontou tarefas: dois vasculhariam o térreo por suprimentos, outro subiria com ele para reforçar janelas. A última faria vigia.
Aos poucos, o lugar tomou forma.
Com cadeiras empilhadas nas portas, frestas fechadas com armários e mesas posicionadas como barricadas, o segundo andar virou um reduto.
**\[Missão Concluída: Estabeleça uma Base Segura]**
**Recompensa Recebida: 5 CS + Equipamento Raro Aleatório**
**Item Obtido: Relógio de Pulso Militar (Função: Radar de Hostis – Ativo em 20m)**
Isac prendeu o relógio no braço. Uma interface digital se sobrepunha à visão real, mostrando pontos vermelhos se algo hostil se aproximasse.
**\[Saldo Atual: 6 CS]**
Isac (pensando):
*Se eu converter tudo agora, são seiscentos reais. Mas talvez seja melhor guardar. Nunca se sabe.*
Decidiu não transferir por enquanto. Abriu a Loja.
**\[Itens Disponíveis – Loja de Itens]**
* Kit Médico Básico – 3 CS
* Mochila Tática com Espaço Extra – 2 CS
* Pistola Improvisada (Sem munição) – 5 CS
* Latas de Feijão (x4) – 1 CS
Ele comprou a mochila e dois kits de comida. Precisava se manter. Os outros que sobrevivessem do jeito deles.
Na calada da noite, enquanto os demais dormiam ou gemiam de febre e medo, Isac se afastou até uma sala isolada e acessou a aba da conta:
**\[Conta Real: Transferência disponível]**
**Deseja converter 2 CS para R\$200?**
Confirmou.
**\[Transferência realizada com sucesso]**
**Saldo Atual: R\$300** (incluindo o anterior)
Abriu o aplicativo do banco no celular que mantinha offline. O dinheiro estava lá. Real. Usável.
Um sorriso frio surgiu em seu rosto.
— Eu não vou só sobreviver... vou lucrar.
O radar apitou.
Um ponto vermelho apareceu no mapa, vindo do lado de fora. Depois, dois... três.
**\[Alerta: Criaturas se aproximando. Distância: 19 metros.]**
Isac levantou-se devagar, sacou a adaga e caminhou até a janela. Lá embaixo, sombras se arrastavam entre os carros queimados.
— A noite nunca dorme nesse mundo...
Mas ele também não.
**To be continued...**
---
CAPÍTULO 2 – OS OLHOS DO SISTEMA
A noite era densa, úmida, carregada de tensão. O radar recém-adquirido no relógio vibrava levemente no pulso de Isac, indicando aproximação.
**\[Radar Hostil: 3 Criaturas – Distância: 18 metros]**
Do telhado, ele observava. Três figuras cambaleantes passavam pela rua deserta. Os olhos brilhavam em vermelho sob a sombra dos postes quebrados. Mas algo estava diferente. As criaturas não agiam como bestas aleatórias — farejavam, investigavam... quase tateavam o terreno.
Isac recuou lentamente e se encostou contra a parede, ativando o radar visual do sistema.
**\[Função Ativa: Análise Sensorial – Tempo Restante: 4m58s]**
O mundo ao seu redor mudou.
Linhas de calor vibravam no ambiente. Pegadas pisoteadas tornaram-se visíveis como luzes. No prédio abaixo, via os sobreviventes dormindo — seus corpos aquecidos como silhuetas vermelhas. Já as criaturas, embaixo, apareciam como manchas frias... sem pulsação.
— Mortos-vivos... mas conscientes?
Uma nova aba se abriu diante dos olhos:
**\[Observação Avançada Desbloqueada]**
**Capacidade: Analisar comportamento hostil padrão | Tempo de estudo mínimo: 3 encontros]**
**Progresso: 1/3**
Isac respirou fundo. Não era só sobre matar. Era entender. Estudar o caos.
Ele voltou ao segundo andar. Alguns dos outros acordavam, tensos, mas alheios ao que havia lá fora.
Homem (bocejando):
— Não dorme, não?
Isac (frio):
— Alguém tem que ficar acordado se quiser ver o amanhã.
Não disse mais nada. A confiança em todos ali era zero. O sistema era dele. Só dele.
**\[Saldo: 6 CS]**
A loja piscou com novos itens. Um em especial chamou sua atenção:
* **Kit de Ferramentas Táticas** (4 CS)
*Função: Permite construir estruturas simples e criar melhorias para o abrigo.*
Comprou. A caixa apareceu diante dele, no inventário. Bastava puxar.
E puxou.
Uma maleta de aço surgiu em sua mão. Pesada, sólida. Dentro, alicates, lâminas, cordas de fixação, e um tablet de instruções.
O sistema oferecia agora uma nova aba:
**\[Construção | Status do Abrigo: Frágil]**
**Melhorias possíveis:**
* Fortificar portas e janelas (1 CS)
* Criar sistema de alarme rudimentar (2 CS)
* Instalar torre de vigia com detecção térmica (5 CS)
— Agora sim... começa o império.
Isac usou 1 CS para fortificar o andar. Pregos enferrujados foram substituídos. Tiras de ferro foram moldadas com alavancas improvisadas. Janelas seladas.
**\[Abrigo: Estado Atual – Estável]**
Depois, comprou mais comida. Apenas o necessário.
**\[Saldo restante: 1 CS | Conta Real: R\$300]**
Na madrugada, enquanto os outros dormiam e o silêncio do mundo apodrecido se estendia como uma maré negra, Isac fez uma nova conversão.
**\[Transferência: 1 CS → R\$100]**
**\[Saldo Real Atualizado: R\$400]**
No mundo destruído, construía refúgio. No mundo real, acumulava grana.
O sistema piscou uma última vez antes do amanhecer:
**\[Nova Meta Desbloqueada: Tornar-se um Núcleo de Sobrevivência]**
**Condições: Estabilize a base, garanta alimentação por 7 dias, e mantenha-se vivo.**
**Recompensa: 10 CS + Terminal de Criação**
Isac olhou para o céu escurecido.
Não havia outro sistema. Não havia salvador. Não havia plano B.
Só ele. E aquele poder invisível.
Isac (baixo):
— Tudo bem... Eu aceito a responsabilidade.
— E vou transformar esse buraco no centro do novo mundo.
A FUNDAÇÃO DO NÚCLEO
Do lado de fora, a cidade morta chorava em silêncio. Um nevoeiro espesso se arrastava pelas ruas como um fantasma sem dono.
Lá dentro, no segundo andar de um prédio abandonado, um plano ganhava forma.
Isac acordou antes de todos. Como sempre.
Abriu o sistema em silêncio. A interface azul projetada apenas diante de seus olhos.
[Missão Ativa: Tornar-se um Núcleo de Sobrevivência]
Progresso: 27% | Dias restantes: 6
Status da Base: Estável
Recursos Básicos: Comida para 2 dias / Abrigo Selado / Defesa mínima
Ele pegou a maleta de ferramentas táticas do inventário. A cada uso, fingia improvisação. Nunca deixava ninguém ver como ele realmente conseguia os materiais — dizia que achava nos andares de cima ou escondido em gavetas esquecidas.
— É questão de saber procurar — dizia ele, seco.
Na verdade, cada parafuso vinha da Loja.
[Saldo: 0 CS | Conta Real: R$400]
Trabalhou até o sol nascer. Reforçou portas com placas de metal e cadeados dobrados com alavanca. Colocou um fio de metal ligado a latas e rolhas de vidro. Um alarme improvisado.
Funcional. Silencioso. Preciso.
Os outros começaram a acordar.
Mulher (assustada):
— Você... fez isso tudo em uma madrugada?
Isac deu de ombros:
— Quem quer viver, trabalha. Ou morre calado.
Ela engoliu seco e não perguntou mais.
O NOVO TIPO DE AMEAÇA
Antes do meio-dia, uma batida fraca ecoou na porta da frente. Não uma explosão. Nem um grunhido.
Uma batida... ritmada.
TOC... TOC... TOC...
Todos congelaram. Ninguém falava.
Homem (pálido):
— É... alguém?
Isac olhou pelo radar. Nada.
Radar Hostil: 0 alvos.
Ele ativou Análise Sensorial. Um vulto parado na porta. Temperatura corporal: ZERO.
Mas em pé.
Imóvel.
— Não é gente... e não é bicho.
Então, a porta estremeceu.
TOC. TOC. TOC.
A mulher gritou. E a coisa se foi.
Nada de rastros. Nada de passos.
Isac fechou a função. A tela do sistema mostrou:
[Nova Entidade Registrada: Classe Não Identificada – "Batente"]
Comportamento: Repetição sonora. Objetivo desconhecido.
Recompensa por observação contínua: +1 CS (em 24h)
Ele encarou a notificação.
— O sistema quer que eu estude essa coisa... ótimo.
EXPANSÃO E CONTROLE
À tarde, decidiu usar os outros.
Isac:
— A base precisa de comida. Se quiserem continuar vivos, formem um grupo e vasculhem as duas ruas ao norte. Eu fico aqui, fortificando.
Ninguém discutiu. A liderança dele, mesmo sem explicação, já era aceita.
Quando saíram, Isac abriu a Loja.
Saldo: 1 CS (recompensa da noite anterior)
Comprou:
Barril de Água Potável (100L) – 1 CS
O item surgiu no inventário. Ele o materializou na antiga copa do prédio e cobriu com caixas velhas.
Quando o grupo voltou, com algumas latas e machucados nos braços, ele já estava fervendo água em uma panela improvisada.
Mulher:
— Onde arranjou isso tudo?
Isac:
— Pergunta errada.
Silêncio.
A regra era simples. Ninguém sabia de nada. Ninguém desconfiava. O sistema era a arma secreta — e segredo era poder.
AVANÇO NA MISSÃO
[Missão de Núcleo – Progresso: 61%]
Base reforçada: ✔
Alarme montado: ✔
Água e comida para 3 dias: ✔
Comando estabelecido: ✔
Faltava pouco.
Naquela noite, quando todos dormiam e o "Batente" não voltava, Isac subiu ao telhado mais uma vez.
Olhou para as estrelas quase apagadas por nuvens escuras e disse, sem medo:
— A Bahia me criou... mas esse mundo vai me coroar.
To be continued...
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