NovelToon NovelToon

Entre Dois Desastres

Acho que acabei de sair de uma fanfic

O céu estava nublado. O tipo de clima que combinava perfeitamente com o humor de Ada: preguiça e confusão existencial. Ela atravessava o portão da escola com o uniforme meio amassado, uma bolacha no bolso e a franja tentando fugir do grampo que ela prendeu com desespero cinco minutos antes.
ada
ada
"Novo ano, nova vergonha", murmurou para si mesma.
Enquanto caminhava em direção ao corredor principal, ela virou a esquina da biblioteca e parou paralisada ao ver Theo, o garoto mais fechado e misterioso da escola, encostado na parede com outro menino. Os dois estavam muito próximos. O garoto tocava o rosto de Theo com cuidado, como quem diz algo importante. Theo, que nunca expressava nada, estava com uma expressão suave. Quase... doce? Ada deu um passo para trás, tentando não fazer barulho
Depois de quase ser pega espiando Theo com o outro garoto, Ada saiu da biblioteca como uma ninja desengonçada, mas viva. tropeçando na própria sombra Ela voltou para a sala e se jogou na cadeira como quem sobreviveu a uma revelação bombástica. Juju e Lia estavam ocupadas trocando figurinhas de professores feios no grupo da sala.
ada
ada
"Meninas", Ada disse, dramática, colocando a mão no peito como se fosse desmaiar. "Preciso contar uma coisa. Mas antes... respirem fundo."
lia
lia
"As únicas vezes que você fala isso é quando erra o nome da sua tia ou derruba comida no sutiã", Lia respondeu, rindo.
ada
ada
"Não é sobre mim dessa vez", Ada rebateu, olhando pela janela com um olhar poético. "É sobre Theo."
As duas arregalaram os olhos, como se ela tivesse mencionado o nome de uma celebridade em decadência.
juju
juju
"Ele tá... namorado?", perguntou Juju, já empolgada.
ada
ada
"Não, mas... praticamente." Ada cruzou os braços, fazendo uma pausa dramática. "Eu vi. Com meus próprios olhos. Theo. Com outro menino. Um toque de rosto. Um olhar intenso. Um silêncio carregado de sentimentos não ditos."
lia
lia
"E você tirou tudo isso em quanto tempo mesmo?", Lia perguntou, arqueando uma sobrancelha.
ada
ada
"Três segundos. Mas foram três segundos muito profundos!", Ada insistiu. "E sabe o que eu pensei na hora?"
As duas esperaram.
ada
ada
""Que desperdício de homem... é como dizem: quem casou, casou.'", Ada disse, suspirando.
juju
juju
Juju caiu na risada. "ADA! Meu Deus! Essa frase é ouro! Posso postar no grupo da sala?"
ada
ada
"Juju, não! É só um palpite!", Ada avisou.
lia
lia
"Palpite já é verdade quando é bom demais pra ignorar", disse Lia, digitando rapidamente.
Em menos de meia hora, toda a escola estava sabendo. No grupo da turma:
Juju: Gente, fofoca quente - Theo está em um relacionamento secreto! Sim, com outro garoto. Fontes confiáveis. Lia: Fontes = Ada, a investigadora oficial da escola. Alguém aleatório: Sabia! Ele tem vibe. Outro alguém: Achei fofo. Apoiadíssimo. Aluno da outra sala: Quem é o sortudo?
ada
ada
Ada, vendo a proporção do caos, queria cavar um buraco e sumir. "Talvez ninguém descubra que fui eu. É só deixar quieto, né?", ela murmurou.
Dia seguinte.
"Ada Almeida, compareça à diretoria. Agora."
O anúncio pelo alto-falante fez todos na sala fazerem "Oooooh" como se estivessem em um episódio de BBB.
Ada entrou na sala da diretora com as pernas tremendo. E lá estavam: a diretora com cara de poucos amigos... e Theo, de braços cruzados, com o olhar mais zangado que Ada já tinha visto na vida.
diretora
diretora
"Ada. Sabe por que está aqui?", perguntou a diretora, em tom seco.
ada
ada
"Olha, se for por ter dito que o bolo da cantina parece um pedaço de asfalto, eu retiro", Ada começou, nervosa.
diretora
diretora
"Não é sobre bolo. É sobre... isso." A diretora girou o monitor e mostrou prints do grupo da turma. "Fofoca quente Theo está em um relacionamento secreto..." "Fontes confiáveis." "ADA, A INVESTIGADORA OFICIAL."
Ada congelou.
Theo
Theo
Theo encarou Ada, visivelmente irritado. "Você que começou isso?"
ada
ada
Ela engoliu seco. "Olha... Eu vi uma coisa. Mas foi só uma impressão! Eu juro que não quis espalhar nada. Eu só... comentei com minhas amigas. Eu não sabia que ia virar... programa do Datena."
Theo
Theo
Theo deu um passo em direção a ela. "Você tem ideia do que causou? O menino que estava comigo... é meu primo."
ada
ada
Ada arregalou os olhos. "PRIMO?"
diretora
diretora
A diretora suspirou. "É por isso que confirmamos antes de espalhar informações, senhorita Almeida."
ada
ada
Ada colocou as mãos na cabeça. "Ai meu Deus... Eu criei um Bl... e ainda botei o Theo no papel principal sem o consentimento dele."
ada
ada
"Acho que a fofoca foi longe demais, né?", Ada disse baixinho, sentada diante da diretora como uma criança de castigo.
diretora
diretora
A diretora não achou graça. "Uma semana. Todos os dias depois da aula, você vai arrumar a sala dos professores. Varrer, organizar, tirar copo sujo... tudo."
ada
ada
Ada engoliu seco. "Uma semana?"
diretora
diretora
"Uma semana. E se eu ouvir mais um sussurro sobre a vida amorosa do senhor Theo, você passa o mês."
Ela só teve tempo de dizer "sim, senhora" antes de ser dispensada ou melhor, escoltada até a sala dos professores. E quem estava com ela no corredor, como um segurança mal-humorado? Exatamente. Theo.
Ele andava ao lado dela em silêncio, os braços cruzados e o olhar mais afiado que a ponta de um compasso. Ada sentia cada passo como se estivesse andando num tapete de pregos.
Os dois caminharam pelo corredor da escola lado a lado, como dois estranhos presos no mesmo pesadelo. Nenhum som além dos passos ecoando nas paredes. Ao chegar na sala, Ada entrou primeiro. Sentou-se na cadeira de sempre, jogou a mochila no chão com mais força do que devia, e encarou a lousa apagada à sua frente. Theo entrou logo depois, foi direto pro fundo da sala e se sentou. Sem olhar pra ela. Sem dizer nada. O sinal bateu. Ada respirou fundo, pegou suas coisas, e saiu em silêncio. Lá fora, o céu estava cinza, do jeito que ela odiava. Mas o silêncio... Esse, ela odiava mais ainda.

Encontro com o desastre

O ônibus estava lotado e, como sempre, Ada estava em pé, equilibrando a mochila com uma mão e a dignidade com a outra. "Eu só quis fazer um comentário engraçado", ela pensou. "Agora tô pagando meus pecados limpando a sala dos professores e sendo olhada como se fosse uma peste ambulante." Chegando em casa, jogou o tênis num canto, entrou no banho e ficou lá, olhando pro nada com a água caindo no rosto como em cena de novela. "É como dizem... quem casou, casou... burra", ela resmungou. Saiu enrolada na toalha, deitou na cama e desbloqueou o celular.
Grupo: cabaré 67
ada
ada
Ada: Acabou. Virei a maria da penha das Empreguetes.
lia
lia
Lia: Oi? Já?
juju
juju
Juju: Não acredito que a diretora te botou pra limpar sala por causa de uma fofoca.
ada
ada
Ada: Uma fofoca que envolveu um PRIMO, Juju. Ele queria me matar com os olhos hoje.
lia
lia
Lia: Mas e aí? Ele ainda é bonito bravo?
ada
ada
Ada: Infelizmente... talvez até mais.
juju
juju
Juju: Isso é doença, Ada.
lia
lia
Lia:Isso é romance.
ada
ada
Ada: Isso é o início da minha ruína emocional.
As três mandaram áudios rindo, e Ada, mesmo exausta, sorriu pela primeira vez no dia. Deitou de lado, abraçando o travesseiro. A cabeça ainda doía um pouco. Não do castigo. Do olhar que Theo lançou antes de se sentar. Frio. Irritado. Mas... não exatamente indiferente.
ada
ada
Ela suspirou. "Se isso é o começo, o fim vai me destruir."
E com o coração um pouquinho mais leve e a vergonha ainda colada na alma, ela adormeceu.
No outro dia
Ada caminhava até a escola com a mesma energia de uma idosa... e a vontade de viver. A mochila pesava nas costas, mas não tanto quanto o peso da vergonha de ter espalhado sem querer que Theo era comprometido com outro garoto.
ada
ada
Ela suspirou alto ao subir os degraus da escola. primeiro dia limpando a maldita sala da diretora... meu destino é virar zeladora mesmo.
Ao entrar na sala, encontrou Lia tentando fazer um penteado impossível com dois lápis e um prendedor de papel, e Juju tentando equilibrar um pacote de biscoito na cabeça.
juju
juju
Aee, chegou a Maria da penha da escola! disse Juju, sem nem olhar, como se já tivesse ensaiado a frase.
lia
lia
Já tá com cheiro de produto de limpeza ou ainda é só desespero mesmo? Lia, soltando o penteado maluco. completou
Ada jogou a mochila com força na cadeira e se jogou por cima da mesa.
ada
ada
Gente, juro... se hoje aquela sala tiver uma zona, eu deixo ele fazer a ronda e vou embora. Não aguento mais.
lia
lia
Você ainda nem fez a faxina! Lia começou a rir.
a conversa estava tão alta que até o professor da sala ao lado deu um pigarro.
ada
ada
Vocês não prestam! Mas obrigada... agora eu vou encarar o esfregão com menos vontade de chorar.
lia
lia
Vai com fé, amiga! E cuidado com a vassoura... dizem que ela tem ciúmes quando a gente olha pro rodo disse Lia, séria como se fosse uma superstição real.
Ada saiu da sala rindo sozinha, já com mais ânimo pra encarar mais um dia de castigo... e quem sabe, mais um olhar atravessado de Theo.
Ada entrou na sala dos professores com o uniforme um pouco torto e um coque desajeitado no topo da cabeça. Carregava um balde, uma vassoura e a vergonha do mundo. Theo já estava lá.
Sentado na mesa do canto, com os braços cruzados e o olhar enterrado no celular. Nem se deu ao trabalho de levantar a cabeça.
ada
ada
"Bom dia pra você também, raio de sol", Ada murmurou, pegando o espanador.
Nenhuma resposta. Ela começou limpando a mesa da coordenadora, tentando não derrubar nada. Claro que derrubou. Uma caneta rolou e caiu perto do pé de Theo. Ele olhou pra caneta, depois pra ela. Não se mexeu.
Ada engatinhou até a caneta, pegou com dignidade zero e voltou ao trabalho.
ada
ada
"Você vai ficar aí só olhando mesmo?", ela arriscou.
Theo
Theo
"Sim."
ada
ada
"Você sabia que observar alguém em silêncio é crime?"
Theo
Theo
Theo levantou os olhos, entediado. "Você devia ficar quieta. Vai fazer essa semana passar mais rápido."
Ada bufou, mas ficou quieta. Por cinco segundos.
ada
ada
"Você sempre foi assim? Ou é só comigo?"
Theo
Theo
"É só com você."
ada
ada
"O que me faz especial, hein?"
Theo
Theo
Theo olhou pra ela por um momento longo. "Você inventou que eu era gay pra escola inteira."
ada
ada
"Foi um mal-entendido! A culpa foi do toque de rosto! Isso confunde qualquer pessoa emocionada!"
Ele voltou a encarar o celular.
Ada varreu com mais força, resmungando sozinha. A sala ficou cheia de sons: da vassoura, do balde, do silêncio que pesava entre os dois.
Quarenta minutos depois, ela terminou. Suando, descabelada, com uma marquinha de poeira na bochecha.
ada
ada
"Pronto", disse, limpando as mãos na calça."primeiro dia de glória."
Theo se levantou e foi até a porta. Abriu.
ada
ada
"Obrigada, porteiro do meu cativeiro", ela ironizou, passando por ele.
Nada. Nenhuma reação. Só o mesmo olhar indiferente. Mas quando ela já estava no corredor, ouviu a voz dele baixa, quase imperceptível.
Theo
Theo
"Você esqueceu o espanador."
Ela voltou correndo, pegou o espanador com um sorriso meio culpado.
ada
ada
"Obrigada", disse. "Viu? Sabia que você não era tão insensível assim."
Theo não respondeu. Mas... pela primeira vez, não pareceu com raiva.
Depois do castigo com Theo, Ada voltou para a sala bufando e suando, parecendo uma mistura de empregada doméstica e guerreira asteca. A sala estava meio vazia aula vaga. Ela entrou distraída, limpando a poeira do rosto com a manga do uniforme, até que ouviu uma voz vinda do fundo:
Anthony
Anthony
"Você brigou com um mendigo ou foi atropelada por um caminhão de lixo ?"
Ada congelou. Virou lentamente e viu Anthony, encostado na carteira, braços cruzados, aquele olhar que parecia sempre analisar tudo e todos com tédio e julgamento.
Era a primeira vez que ele falava com ela. E claro, foi pra insultar sua dignidade.
ada
ada
"Na verdade", Ada respondeu, sem perder o tom, "eu estava limpando a sala dos professores com a vassoura da vergonha. Missão que fui obrigada a aceitar depois de, talvez, espalhar uma fofoca... sem querer."
Anthony
Anthony
Anthony arqueou uma sobrancelha. "A fofoca do Theo?"
ada
ada
Ela arregalou os olhos. "VOCÊ TAMBÉM JÁ SABE?"
Anthony
Anthony
"Todo mundo sabe. Parabéns, virou o assunto top um na escola. Tem até vídeos da história rolando nos stories."
ada
ada
Ada enterrou o rosto nas mãos. "Eu sou a praga da minha própria existência."
Anthony não riu. Mas o canto da boca tremeu. Quase.
Anthony
Anthony
"Você é... interessante."
ada
ada
Ela levantou a cabeça. "Isso é tipo chamar alguém de 'gente boa' quando você esqueceu o nome dela?"
Anthony
Anthony
"Não. 'Gente boa' é neutro. 'Interessante' é confuso."
ada
ada
Ela estreitou os olhos. "Você é confuso."
Anthony
Anthony
"Você é barulhenta."
ada
ada
"Você é metido."
Anthony
Anthony
"Você é dramática."
ada
ada
Ela apontou o dedo. "E você parece aqueles meninos do Discord que fica digitando no computador que odeia o mundo."
Anthony
Anthony
Anthony deu um leve sorriso, um desses quase invisíveis. "Talvez eu só odeie gente que fala demais."
ada
ada
"isso foi uma indireta por acaso", ela disse com um sorriso vitorioso. "então já pode começar a me odiar."
Ele encarou ela por uns segundos. E pela primeira vez, pareceu realmente curioso.
Anthony
Anthony
"A gente vai se dar muito mal."
ada
ada
"Espero que sim", Ada respondeu.
O sinal tocou.
Ela passou por ele com um leve empurrão no ombro, e pela primeira vez... sentiu que tinha encontrado alguém que sabia jogar o mesmo jogo que ela.

terça-feira com gosto de poeira

Ada abriu os olhos com dificuldade. A luz suave da manhã invadia seu quarto pelas frestas da cortina, e o despertador tocava uma melodia calma, o que só tornava tudo mais irritante.
Ela virou para o lado, apertando o travesseiro contra o rosto.
ada
ada
— Se eu fingir que desmaiei… será que minha mãe acredita?
O cheiro de café vindo da cozinha respondeu por ela. Ada se arrastou da cama como quem carrega os pecados do mundo. Na mesa, sua mãe a olhou com simpatia contida.
yara
yara
— Vai dar certo, filha.
ada
ada
— Vai dar certo se eu tropeçar no balde e quebrar a perna. Aí, talvez, eles cancelem a faxina.
Na escola
O portão parecia maior do que o normal. Os corredores pareciam mais longos. E a escada até a sala de aula? Um verdadeiro Monte Everest emocional. Ada entrou na sala e foi direto pra sua carteira, jogando a mochila com mais força do que o necessário. Antes que pudesse afundar na própria auto comiseração, Lia surgiu do nada, com um saquinho de salgadinho e uma expressão iluminada.
lia
lia
— terça-feira! Sabor: arrependimento e conservantes.
juju
juju
— Ada, hoje é o segundo dia da penitência? Queremos detalhes. Poéticos, trágicos e com cheiro de desinfetante.
Ada deu um sorriso cansado.
ada
ada
— O chão da sala da diretora reflete mais do que meu futuro. E descobri que produtos de limpeza têm mais personalidade que certas pessoas.
lia
lia
— Que tipo de produto a gente tá falando? — perguntou Lia. — Porque se for água sanitária, é puro veneno. Agora, um desinfetante floral..
ada
ada
— Vocês são doidas. — Ada riu, encostando o queixo nos braços. — Mas obrigada por me fazerem rir antes de eu virar funcionária pública não remunerada.
O professor entrou, pedindo silêncio, e a sala mergulhou numa rotina pacata. Mas o olhar de Ada às vezes se perdia na janela, já prevendo mais uma tarde longa.
O corredor parecia mais vazio quando ela caminhava em direção à sala da diretora. O barulho do rodo ecoava na memória, e a ideia de mais uma hora sozinha com paredes brancas e cheiro de cloro não era nem um pouco poética. Ao entrar, a sala estava vazia.
ada
ada
— Menos mal… só eu e você, Marlene. — disse, pegando a vassoura e encarando o chão.
Ela começou a limpar devagar, com movimentos lentos e cansados. Dessa vez, ninguém apareceu. Não havia julgamentos. Nem olhares. Apenas Ada, a vassoura… e o som repetitivo do atrito com o chão. O segundo dia passava como uma tarde longa demais. E, de alguma forma, ela se sentia mais sozinha do que antes.
O relógio marcava 14h12 quando Ada terminou de passar pano pela última vez. A garrafinha de água já estava vazia, e seus braços doíam como se tivesse feito academia por engano.
ada
ada
— Pronto, Marlene. Missão cumprida. A gente derrotou o chão outra vez. — disse, encostando a vassoura no canto da sala e se espreguiçando.
Saiu da sala com passos arrastados, os ombros pesados e os olhos preguiçosos. O corredor da diretoria estava deserto, com aquela luz branca que sempre parecia mais triste no fim do dia.
Mas, ao virar o corredor, ela quase colidiu com alguém.
ada
ada
— Ai! — exclamou, recuando um passo.
Anthony
Anthony
— Cuidado — disse a outra pessoa, com voz seca, mas não agressiva.
Era Anthony.
Ele usava fones de ouvido pendurados no pescoço, a mochila em um ombro só e uma expressão neutra. Estava ali, parado, como se tivesse se perdido ou estivesse esperando alguém.
ada
ada
Ada piscou, surpresa. — Você… se perdeu ou veio fazer estágio de castigo também?
Anthony
Anthony
Anthony arqueou uma sobrancelha. — Tô esperando meu amigo. Ele tá conversando com a coordenadora. Você... tá limpando aqui?
ada
ada
— Infelizmente, sim. — disse Ada, tentando manter um ar dramático. — Estou pagando pelos meus pecados com balde, pano e humildade.
Anthony soltou um leve suspiro. Não era bem uma risada. Mas também não era só ar. Era algo no meio.
Anthony
Anthony
— Hm. Boa sorte com isso.
ada
ada
— Obrigada… eu acho?
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. Não era um silêncio desconfortável, mas sim estranho — como se tivessem tropeçado num espaço que não sabiam como preencher.
Anthony
Anthony
— Tá suado. — ele disse, apontando pro braço dela.
ada
ada
Ada olhou e riu. — É, glamour não faz parte desse uniforme.
Anthony
Anthony
— E você tá carregando um rodinho cor-de-rosa.
ada
ada
— Marlene. Ela tem nome, por favor.
Anthony finalmente deu um sorrisinho de verdade.
Anthony
Anthony
— Tá certo, Ada e Marlene. Bom trabalho.
ada
ada
— Obrigado.
Ele saiu com o seu amigo andando devagar, colocando os fones de volta nos ouvidos. Ada ficou parada por um instante, olhando ele se afastar, com uma sensação estranha no peito. Não era nada ainda. Mas era o suficiente pra fazer o caminho até o portão parecer mais leve.
NovelToon

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!