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Contrato por Engano.

Quando tudo dá errado (e um CEO aparece no meio)

CONTRATO POR ENGANO – Volume 1

Criado por: Seo Yarin

Lee Hana tinha vinte e seis anos, um diploma em Administração, um talento não utilizado pra teatro e uma coleção de “vamos entrar em contato” maior que a dívida do cartão de crédito. Acordou naquela manhã com uma única meta: conseguir um emprego que pagasse o aluguel antes que a senhora do 302 jogasse as roupas dela pela janela.

Mas é claro… o universo decidiu brincar.

Primeiro, o despertador não tocou. Depois, o gato da vizinha vomitou no único blazer apresentável que ela tinha. O ônibus passou antes da hora, ela tropeçou no meio da calçada e caiu de joelhos bem na frente de uma banca de jornal — sendo julgada por uma senhora de chapéu que murmurou “Juventude perdida...”.

Chegou no prédio da HJ Corporations parecendo uma figurante de filme de desastre. O cabelo colado na testa, a blusa branca já manchada de suor e o coração batendo feito bateria de K-pop em palco.

— Lee Hana? — chamou a recepcionista, olhando para um tablet rosa pastel.

— S-sou eu! — arfou, tentando parecer alguém com um mínimo de dignidade.

— Sala 12B. O CEO vai entrevistá-la pessoalmente.

Pausa dramática.

— O… CEO? — Hana repetiu, piscando como se tivesse escutado errado.

— Isso mesmo. Jeon Minjae.

A vontade de correr foi real. Mas o desespero era maior que o pânico. E ela subiu.

---

Sala 12B.

Era puro luxo minimalista. Vidros panorâmicos com vista para Seul, móveis modernos e frios, quadros abstratos e um silêncio de dar medo. No centro da sala, sentado como se comandasse o mundo (e talvez comandasse mesmo), estava ele.

Jeon Minjae.

Camisa branca impecável. Terno cinza claro. Nenhuma gravata, mas uma aura de CEO que fazia qualquer um querer arrumar a postura. O cabelo preto milimetricamente arrumado, os olhos escuros com um brilho analítico. Belo de um jeito que incomodava.

— Lee Hana — ele disse, sem levantar. — Sente-se.

Ela se sentou. Tentando não tremer, não suar, não existir demais.

— Eu trouxe meu currículo, mas posso mandar por e-mail também… — murmurou, tirando a pasta plástica meio amassada.

— Já li. Experiência em teatro universitário, boa improvisação, fluente em inglês, postura pública excelente.

Ela travou.

“Teatro universitário”? “Improvisação”? “Postura pública”?

Não...

Ela não.

Ela tinha mandado o currículo errado.

Horror. Vergonha. Vontade de sumir.

— Hã… senhor Jeon, eu… me inscrevi pra uma vaga de auxiliar administrativa…

— E você enviou um currículo de atriz freelancer com destaque em comunicação estratégica — ele cortou, frio como um inverno na Coreia do Norte. — Achei curioso. E útil.

Hana piscou, desnorteada.

— Útil?

— Meu pai exige que eu me case até o fim do ano. Se não o fizer, perco o cargo e a expansão para Nova York. Não vou me casar, mas preciso parecer comprometido. Está me acompanhando?

Ela engoliu seco.

— Isso é... uma entrevista de emprego ou de elenco?

Minjae ignorou a provocação e deslizou um papel em sua direção. Um contrato. Literalmente.

— Três meses. Você será minha namorada de fachada. Fotos, eventos, interações públicas. Tudo supervisionado pela minha equipe de imagem. Sem beijos, sem escândalos, sem envolvimento real. Pagamento incluso.

Hana olhou para os números no rodapé. Trinta milhões de won.

Por três meses.

Com bônus por sigilo.

A parte racional dela gritou. A parte emocional também. Mas a parte desesperada por dinheiro bateu o martelo.

— Por que eu? — perguntou, ainda em choque.

— Porque você não parece o tipo de pessoa que se apaixona fácil.

Ela sentiu aquilo bater fundo. E riu. Riu com a ironia toda da situação. Com a loucura que era sua vida. E assinou.

Porque às vezes, fingir pode ser mais fácil do que encarar a realidade.

E, naquele momento, um contrato falso parecia mais seguro do que um sentimento real.

...                     Continua....

Ensaio para o escândalo perfeito.

Três dias. Esse foi o tempo entre a assinatura do contrato e o primeiro “encontro oficial” de Lee Hana com Jeon Minjae — agora, seu chefe... e namorado de mentira.

Ela não sabia exatamente o que tinha assinado. Estava tonta, nervosa, desesperada e, acima de tudo, desempregada. O contrato parecia mais uma pegadinha do destino do que um acordo profissional. Mas ali estava ela, sendo levada por um motorista de terno preto num carro silencioso e luxuoso para o ensaio mais bizarro da sua vida.

Ela ia fingir estar apaixonada.

Por um homem que não sorria. Que falava como quem estava sempre à frente dos outros dez passos. Que parecia ter saído de uma pintura de revista de luxo, mas com o carisma de uma planilha do Excel.

Hana prendeu a respiração quando abriu o envelope entregue pelo motorista. Dentro, havia uma folha impressa em papel de alto padrão, com detalhes em dourado e a logo da HJ Corporations.

Era um cronograma. Não de um evento. Mas de um relacionamento.

> “18h: Encontro casual na cafeteria Belle Époque.

19h: Paparazzi posicionados.

19h15: Minjae segura sua mão.

19h30: Você sorri para ele como se estivesse apaixonada.

20h: Primeira imagem viral.

20h10: Fim da missão.”

Ela soltou um risinho incrédulo. Aquilo era real?

A resposta veio quando o carro estacionou em frente a uma das cafeterias mais caras de Seul. Hana desceu tremendo por dentro, ajustando a saia simples que tinha comprado em uma liquidação há dois anos. Estava deslocada. Assustada. Mas também… curiosa.

A Belle Époque parecia saída de um drama da Netflix: decoração francesa, aroma de café moído na hora, garçons com suspensórios e ambiente silencioso. Era quase intimidador.

Jeon Minjae estava lá. Sentado na melhor mesa, perto da janela. Um blazer azul escuro, camisa branca impecável, cabelo penteado para trás, e a mesma expressão de tédio aristocrático de sempre.

Ele a olhou por três segundos. Nenhuma saudação. Nenhum sorriso. Apenas um aceno de cabeça.

— Está atrasada — disse ele, a voz baixa, neutra.

— Achei que um pouco de realismo não faria mal — respondeu, tentando soar confiante. — Casais de verdade se atrasam.

Minjae a encarou como se analisasse uma proposta de investimento arriscado.

— Sente-se. Temos quinze minutos antes da hora dos cliques.

Ela se sentou, ajeitando-se na cadeira acolchoada. Ele empurrou uma xícara na direção dela.

— Latte de baunilha com caramelo. Você costuma pedir esse nas cafeterias do bairro Mapo, certo?

— Você me stalkeou?

— Eu fiz uma análise de comportamento. Chamamos de background check. Parte do contrato.

Ela fingiu que não estava corando. Aparentemente, namorar Jeon Minjae incluía vigilância 24h.

— Vamos ensaiar. Primeiro contato visual. Nada muito intenso.

Ela ergueu os olhos e encontrou os dele. Eram escuros, profundos, e observadores de um jeito incômodo.

— Isso foi muito intenso — comentou ele.

— Desculpa se meus olhos são expressivos. Acontece com gente viva.

A sobrancelha dele arqueou levemente. O que, para ele, parecia quase um escândalo.

— Segunda etapa: toque sutil. Minha mão na sua.

Ele esticou a mão sobre a mesa. Hana hesitou. O toque veio devagar. A pele dele era quente, firme. A dela tremia um pouco.

— Você está nervosa.

— Estou fingindo estar apaixonada por um robô frio e bilionário. Que parte disso deveria me deixar calma?

Silêncio. E então, por um segundo, os lábios dele quase formaram um sorriso. Quase.

— Você não é o que eu esperava.

— Eu também não esperava ter que fingir que te amo enquanto gente com lentes profissionais me fotografa por trás de arbustos.

Ele olhou para fora da janela. Dois homens com bonés e mochilas estavam ali. Sutil, mas não o suficiente.

— 19h. Hora da mão. — Ele entrelaçou os dedos com os dela.

Ela não esperava. O toque foi firme. A pele quente. O mundo pareceu parar por meio segundo. Hana tentou lembrar que era tudo mentira.

— Agora sorria — murmurou ele.

Ela sorriu. Forçado no início. Depois, mais solto. Depois… sincero.

E ele olhou para ela com um brilho diferente. Um que não estava no cronograma.

---

Horas depois, ela estava em casa, sentada no chão da sala, com um pote de sorvete de morango no colo e o celular explodindo de notificações.

> “Novo casal do momento: Jeon Minjae e a garota misteriosa!”

“Quem é a mulher que derreteu o CEO mais frio de Seul?”

“Ela existe? Ou é uma atriz contratada?”

Hana gargalhou, nervosa.

— Se vocês soubessem que eu assinei um contrato em troca de um salário fixo e café de graça…

Mas, no fundo, algo a incomodava.

O toque. O olhar. A tensão.

Nada daquilo estava no script.

E pior: ela tinha gostado.

E isso era o primeiro passo pra quebrar a única cláusula que realmente importava no contrato:

> “Não se apaixone.”

Continua.

Entre Cobertores, Cacarecos e Caos

Duas semanas. Esse era o tempo que Hana havia sobrevivido sob o mesmo teto que Minjae sem cometer um crime — o que, honestamente, já era uma vitória pessoal.

Desde o acordo maluco que os unira sob o mesmo contrato, a convivência vinha sendo uma montanha-russa desengonçada: café dividido com olhares tortos, discussões sobre a playlist da sala e até guerra fria silenciosa por causa do controle remoto.

— Você tem sérios problemas com espaço pessoal, sabia? — ela resmungou, empurrando o braço dele que invadia seu lado do sofá.

— E você tem sérios problemas com drama, baixinha. — ele retrucou, sem mover um músculo.

— Não me chama de baixinha, palito de dente ambulante.

O apelido pegou. Hana fingiu se ofender, mas mordeu o lábio pra esconder o riso. Eles discutiam por tudo — desde o último pedaço de pizza até quem entornou o leite no chão da cozinha. Mas aos poucos, entre as provocações, surgiu uma rotina... estranhamente confortável.

Minjae, apesar da casca grossa, fazia um arroz perfeito. E Hana, mesmo ranzinza de manhã, deixava bilhetes engraçados com desenhos toscos de gatos pela casa — o que ele jamais admitiria gostar.

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Numa quarta-feira qualquer, ambos voltaram do trabalho exaustos. Hana largou os sapatos na entrada e tropeçou neles três segundos depois.

— Você é um perigo doméstico, — Minjae comentou, jogando a mochila no chão.

— E você é uma praga que não sabe guardar nada no lugar.

— Tô vendo que o humor veio vencido hoje.

— Tô vendo que sua existência tá me custando paciência.

Ambos riram, apesar da implicância.

Ela foi tomar banho, e ele ficou zapeando os canais. Quando Hana saiu do banheiro com uma toalha na cabeça e um pijama de porquinhos, ele arregalou os olhos.

— Isso aí é moda conceito ou castigo divino?

— É o que sobrou depois que VOCÊ colocou minhas roupas pra secar na gaveta.

— Eu achei que era a máquina de secar…

— A gaveta não faz barulho, Minjae!

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Na sexta-feira, um novo personagem entrou em cena: Jiwon, amigo de infância de Minjae, apareceu sem avisar com um pacote de cervejas e uma expressão de quem ia causar.

— Quem é a coabitante fofa? — perguntou ao ver Hana.

— A advogada do apocalipse, Minjae respondeu.

— E ele é o ogro mal-humorado que acha que manda aqui, — Hana rebateu com um sorriso cínico.

Jiwon caiu na gargalhada. “Vocês dois parecem um dorama em tempo real.”

E ali estava: um amigo intrometido, jogando combustível no caos.

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Mais tarde naquela noite, os três jogavam cartas na sala. Hana perdeu três rodadas seguidas.

— Tá sabotando meu jogo, palito?

— Sua sorte é que não vale dinheiro, baixinha.

— Vou esconder seu shampoo masculino genérico, só de raiva.

Jiwon quase chorava de rir. “Isso aqui tá melhor que Netflix.”

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No domingo, entre faxinas e brigas por playlist, Minjae recebeu uma notificação no celular. Ele esboçou um sorriso estranho. Hana percebeu.

— Tá apaixonado agora, por acaso? — ela provocou.

— Na verdade… era só uma ex que mandou mensagem.

— Ah, que fofo. — disse Hana, tentando soar desinteressada. — Que bom que as múmias ainda sabem digitar.

Ele a olhou com um sorriso torto.

— Ciúmes, Hanazinha?

— Do que? Do seu gosto duvidoso? Tô com pena, só isso.

Ela se levantou e saiu da sala, deixando Minjae surpreso. Pela primeira vez, parecia que a brincadeira tinha doído um pouco.

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Na segunda-feira, o clima estava diferente. Mais calado. Eles tomaram café sem se cutucar. A toalha molhada de Minjae ficou no banheiro — e Hana não reclamou. E isso era pior que brigar.

— Vai querer arroz hoje? — ele perguntou, já cortando legumes.

— Não tô com fome, — ela respondeu, virando-se.

Ele a olhou. Aquela não era a Hana resmungona de sempre. Era a versão quieta. E isso incomodava.

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Mais tarde, Minjae estava jogando no celular quando viu um post de uma antiga colega de faculdade: Yerin. Ele curtiu a foto sem pensar. Trinta segundos depois, uma mensagem apareceu:

“Minjae? Que surpresa…”

Ele ficou ali, olhando a tela. Sem responder. E sem saber por quê, pensou em Hana. Na forma como ela franzia o nariz quando algo a irritava. Na maneira como cantarolava músicas horríveis enquanto lavava a louça.

E, pela primeira vez, o silêncio da casa pareceu grande demais.

Continua.

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