Capítulo 1: O Sonho da Cidade Grande
Aline e Andressa haviam crescido lado a lado em um pedaço esquecido do mundo, onde as montanhas verdes e os campos imensos formavam o cenário perfeito para uma infância simples, mas cheia de momentos felizes. O sol quente que aquecia as tardes e a brisa fresca que balançava as árvores eram as únicas coisas que conheciam. Criadas em uma pequena cidade no interior, suas vidas estavam marcadas pela rotina dos pais, que trabalhavam arduamente na oficina de carros que mantinha a pequena comunidade em movimento. Suas mães, que haviam falecido quando elas ainda eram muito pequenas, deixaram uma saudade profunda, mas também uma força silenciosa que as acompanhava em tudo o que faziam.
Aline e Andressa eram inseparáveis desde que tinham memória. Cresceram juntas, brincando nas mesmas ruas de terra e nas mesmas casas simples, dividindo os mesmos sonhos. Aline, sempre com seus livros em mãos, era a mais introspectiva das duas, com um desejo imenso de se tornar médica. Ela queria fazer a diferença na vida das pessoas, aliviar dores, curar doenças, trazer esperança. Andressa, por outro lado, era mais extrovertida, com um sorriso fácil e uma energia contagiante. Ela sonhava em ser enfermeira, cuidar das pessoas de perto, ser aquele alicerce de apoio nas horas mais difíceis.
As duas compartilhavam uma ligação que ia além da amizade; era uma irmandade forjada pela adversidade, uma parceria sólida como as raízes das árvores que viam crescer em sua cidade. Mesmo com suas diferenças, sempre apoiaram uma à outra, especialmente quando os tempos ficavam difíceis. Sabiam que o futuro delas não estava ali, naquele interior perdido, entre os campos e a oficina de carros dos pais. Elas tinham grandes sonhos, sonhos que se estendiam para além das colinas que cercavam sua cidade.
Durante os anos do ensino médio, o plano de sair dali para estudar em uma grande faculdade começou a tomar forma. Estudavam sem descanso, batalhavam para conseguir boas notas, para conquistar o futuro que tanto almejavam. Por mais que soubessem que as chances eram pequenas para quem vinha de um lugar como o delas, nunca desistiram. Elas tinham um objetivo claro: entrar em uma faculdade, deixar para trás as limitações de sua cidade e dar um passo rumo à cidade grande.
Quando o tão esperado dia chegou e as cartas das faculdades começaram a chegar, o coração de ambas batia mais rápido a cada envelope aberto. Aline e Andressa sabiam que a chance de conseguir uma bolsa de estudos seria o único caminho possível para elas. As dificuldades financeiras da família não permitiam outra opção, mas o destino parecia sorrir para elas. Ambas receberam cartas de aceitação. Elas estavam dentro. A felicidade era indescritível, mas logo vieram as preocupações. A cidade grande, a vida universitária, tudo aquilo parecia tão distante, tão diferente da realidade que elas conheciam.
“E agora, Andressa? Como vamos fazer?” Aline perguntou, os olhos brilhando com a excitação e, ao mesmo tempo, com a ansiedade.
Andressa olhou para a amiga, com um sorriso grande no rosto, mas também com um toque de apreensão. “Não sei, Aline, mas não vamos deixar que nada nos segure. O futuro é nosso, lembra? Vamos conquistar o mundo.”
Aline riu, mas seu sorriso logo se desfez ao pensar na grande mudança. As duas sabiam que suas famílias ficariam para trás, mas também sabiam que aquilo era necessário. As oportunidades eram poucas e estavam todas na cidade grande. Não havia mais como negar.
Nos dias que se seguiram, as despedidas começaram a acontecer. Aline e Andressa sentiram um aperto no peito ao se despedirem dos pais. Era difícil deixar para trás tudo o que conheciam, mas era impossível negar a ambição que crescia dentro delas. O apoio dos pais foi incondicional. “Vocês vão longe, filhas. Esse é o caminho de vocês. Não esqueçam da gente”, disse o pai de Aline, com os olhos cheios de orgulho.
E assim, com poucas malas, mas com um mundo de sonhos, Aline e Andressa partiram para a cidade grande. O trem as levou embora daquilo que conheciam, rumo ao desconhecido. As ruas movimentadas, as luzes da cidade e o barulho constante eram assustadores, mas também emocionantes. Elas estavam prestes a começar um novo capítulo de suas vidas, longe de tudo o que haviam conhecido.
O campus da faculdade era imenso, diferente de tudo o que as duas haviam imaginado. As primeiras semanas foram difíceis. Tudo parecia tão grande e confuso, tão impessoal. As pessoas pareciam tão distantes e preocupadas com seus próprios interesses que Aline e Andressa se sentiram como duas pequenas partículas perdidas em um mar de desconhecidos. Mas, apesar de tudo, o que as mantinha firmes era o sonho que compartilhavam. Elas tinham um propósito: estudar, se formar, voltar um dia para sua cidade natal e mostrar que, por mais que a vida as desafiasse, elas eram capazes de ir além.
No entanto, o que as duas não sabiam era que essa cidade grande e sua nova vida universitária iriam trazer muito mais do que elas esperavam. E o que parecia ser apenas um novo começo logo se tornaria uma jornada cheia de surpresas inesperadas. Para Aline e Andressa, a verdadeira história estava prestes a começar.
A
aline 19 anos
andressa 19 anos
Capítulo 2: O Mundo Perfeito de Edward
Edward Monteiro sempre fora visto como o herdeiro perfeito. Filho de um dos mais lendários quarterbacks que o país já conhecera, cresceu cercado de luxo, títulos e expectativas. Seu pai, agora um magnata com várias empresas ligadas ao esporte e ao entretenimento, construíra um império em cima da glória que conquistou nos campos. Sua mãe, uma socialite conhecida nacionalmente, dominava as colunas sociais com sua elegância e influência. O sobrenome Monteiro era sinônimo de poder, tradição e sucesso — e Edward carregava o peso desse legado desde o momento em que aprendera a andar.
Ao lado dele, sempre esteve seu primo Pablo. Mais do que apenas primos, eles eram como irmãos de alma. Desde o colegial, os dois eram inseparáveis: uma dupla que dominava não só nos esportes, mas também nas festas, nos jogos de sedução e nas confusões que marcavam a juventude. Pablo tinha o charme descompromissado e o sorriso fácil, aquele que fazia qualquer garota perder a razão. E, claro, ele usava isso a seu favor sempre que podia. Enquanto Edward, com seu jeito mais centrado e postura de líder, mantinha uma imagem de controle e perfeição que todos esperavam dele.
Mas nem tudo era tão simples.
Edward namorava Lana desde os 17 anos. Filha da melhor amiga da sua mãe, Lana crescera praticamente ao lado dele. Desde cedo, todos já diziam que aquele namoro era destino — as famílias se davam bem, compartilhavam os mesmos círculos sociais e já falavam, abertamente, sobre casamento no futuro. Para os Monteiro e para a mãe de Lana, aquela união era vista como natural, uma fusão perfeita entre duas famílias influentes.
Lana sempre foi linda, deslumbrante, e sabia disso. Mas seu ciúme doentio era algo que Edward aprendera a lidar com o tempo. Ela não suportava vê-lo conversando com outras garotas, muito menos com as fãs que lotavam as arquibancadas só para ver o astro quarterback. E se isso já era complicado, a situação se tornava ainda mais intensa porque Lana tinha uma irmã gêmea, Lívia — que, embora não fosse idêntica fisicamente, compartilhava da mesma possessividade. Lívia namorava Pablo, e juntas, as duas formavam um verdadeiro muro de vigilância em torno dos primos mais cobiçados do campus.
Lívia e Lana eram temidas por muitas garotas da faculdade. Bastava uma garota olhar por mais de dois segundos para Edward ou Pablo para que os boatos começassem e, muitas vezes, as confusões estourassem. As irmãs gêmeas tinham fama de não deixarem barato quando se tratava dos seus namorados.
Ainda assim, para quem olhava de fora, tudo parecia perfeito. As famílias estavam felizes, os relacionamentos estavam firmes há anos, e Edward e Pablo seguiam como os grandes astros da faculdade. Eles já estavam no último ano e viviam o auge da popularidade. Edward, em especial, era visto como o sucessor natural do império do pai, tanto nos negócios quanto na fama esportiva.
Mas, dentro de Edward, algo começava a pesar. Ele sentia-se preso, sufocado pela perfeição que todos esperavam. O namoro com Lana, embora estável aos olhos da sociedade, já não lhe dava mais a mesma emoção. A pressão para manter as aparências, para ser o filho exemplar, o namorado ideal e o futuro herdeiro começava a se transformar em uma prisão silenciosa.
Pablo, por outro lado, parecia levar a vida com mais leveza, embora soubesse que Lívia era tão ciumenta quanto Lana. Ele ria das situações, fazia piadas e arranjava formas de escapar das brigas com promessas vazias e presentes caros. No fundo, Pablo gostava da liberdade e da adrenalina que vinha com o perigo, mas nem ele imaginava que algo muito maior estava prestes a bagunçar a vida deles.
Aquela faculdade que os acolhera como estrelas estava prestes a ser palco de um escândalo que ninguém veria chegando.
E tudo começaria em uma festa.
Uma festa comum para eles — bebidas, música alta, amigos e muitos olhares invejosos. Mas, para Edward, aquela noite em especial seria diferente. Ele já sentia a tensão crescendo com Lana, que mais uma vez discutira com ele por causa de ciúmes bobos. Era sempre o mesmo ciclo: ela desconfiava, brigava, ele acalmava, e tudo recomeçava. Pablo, claro, já o incentivava a se soltar, a curtir a noite como nos velhos tempos.
Mas Edward sabia que qualquer passo em falso poderia pôr em risco não só seu relacionamento, mas a imagem que sua família tanto prezava.
O que ele não sabia era que, naquela mesma festa, duas garotas inocentes do interior — Aline e Andressa — estariam lá, sem ideia de que seus caminhos iriam se cruzar de forma tão avassaladora com os deles.
E quando os destinos se chocassem naquela noite, nem todo o dinheiro, fama ou influência do mundo seria capaz de desfazer o que estava prestes a acontecer
Edward 23 anos
pablo 23 anos
lana 22 anos namorada de Edward
livia 22 anos namorada de pablo
wanessa 18 anos irmã de Edward
Anastácia 46 mãe se Edward e Wanessa
Gregory 52 anos pai de Edward e Vanessa
Gustavo 50 anos irmão de Gregory pai de Pablo
Valentina 45 anos mãe de Pablo
Arthur 57 anos pai de Lívia e Lana sócio de Gregory e Gustavo
Catarina 45 anos mãe de Lívia e Lana melhor amiga de Anastácia e Valentina
Capítulo 3: O Começo de um Sonho
Aline respirou fundo enquanto ajustava a alça da mochila nas costas. O sol ainda nem tinha nascido direito quando ela e Andressa chegaram na pequena rodoviária da cidade. Os pais estavam ali, tentando esconder a emoção, mas os olhos vermelhos de cada um diziam tudo. Era o fim de uma etapa e o começo de outra. Uma despedida com gosto de vitória e medo.
— Cuida da sua amiga, hein, Aline? — disse o pai dela, a voz embargada. — E estuda direitinho. Eu e o pai da Andressa vamos estar aqui, esperando vocês voltarem doutoras.
Andressa soltou uma risada nervosa, enxugando uma lágrima teimosa. — Pode deixar, seu João. A gente vai fazer bonito. Não vamos decepcionar, não.
As duas cresceram ouvindo sobre a cidade grande, sobre como era perigosa e cheia de desafios. Mas agora, com as bolsas de estudo garantidas, a chance de cursar a faculdade dos sonhos finalmente tinha chegado. Aline iria para Medicina e Andressa para Enfermagem. Eram inseparáveis desde crianças, e agora, mais do que nunca, precisavam uma da outra.
O ônibus chegou, levantando poeira na pequena rua da rodoviária. Era o primeiro passo da longa viagem até o aeroporto da capital. Aline sentiu um aperto no peito quando o pai a puxou para um último abraço.
— Sua mãe estaria tão orgulhosa, minha filha — ele murmurou, e dessa vez não conseguiu segurar o choro.
As lágrimas vieram com força nos olhos de Aline, mas ela sorriu, mesmo entre soluços. — Eu sei, pai. Eu vou fazer ela se orgulhar lá de cima. Eu prometo.
Andressa também se despediu do pai dela, que, apesar de mais durão, não conseguiu esconder a emoção. Os dois homens — amigos de longa data, sócios na oficina mecânica da cidade — ficaram lado a lado, assistindo enquanto as meninas embarcavam.
O ônibus partiu, deixando para trás a cidadezinha onde elas tinham vivido toda a infância e adolescência. As plantações, a oficina, a escola pequena... tudo parecia tão distante agora. Era um mundo que elas conheciam de olhos fechados, mas que, naquele momento, parecia pequeno demais para o tamanho dos sonhos que carregavam.
— Meu Deus, a gente tá mesmo indo, né? — Andressa disse, ajeitando-se no banco do ônibus. — Parece mentira.
Aline riu, ainda secando os olhos. — A ficha ainda nem caiu. Só vai cair quando a gente pisar na faculdade.
— Imagina só... Daqui a pouco, a gente vai estar vestindo jaleco, andando pelos corredores. Doutora Aline e enfermeira Andressa! — Andressa disse, empolgada, e as duas caíram na risada.
Foram horas de viagem até o aeroporto, e para as duas, tudo era novidade. Quando o avião decolou, Aline segurou a mão da amiga com força, o estômago revirando, o coração batendo acelerado. Era a primeira vez que as duas andavam de avião.
— Meu Deus, isso tá subindo demais! — Andressa gritou, e Aline soltou uma gargalhada nervosa.
Mas, quando finalmente pousaram na cidade grande, o medo foi dando lugar à animação. Os prédios altos, o movimento intenso, o barulho constante... era tudo tão diferente da calma do interior. Era assustador, mas ao mesmo tempo, fascinante.
Pegaram um táxi até a residência estudantil da faculdade, e quando desceram, ficaram paradas por alguns segundos, olhando para o enorme prédio à frente delas. Era real. Era ali que iriam morar pelos próximos anos.
Foram recebidas por uma funcionária simpática, que as conduziu até o quarto que dividiram. Quando Aline abriu a porta e viu as duas camas, as escrivaninhas e a janela que dava vista para o campus, sentiu uma onda de felicidade invadir o peito.
— A gente conseguiu, Dessa — ela disse, olhando para a amiga com um sorriso largo. — A gente tá aqui.
Andressa largou as malas no chão e pulou na cama dela, rindo. — Isso aqui é maior do que o meu quarto lá em casa! E olha a vista, Aline! A gente vai ver o nascer do sol todo dia!
As duas passaram um tempo explorando o quarto, abrindo as gavetas, testando a cama e sonhando acordadas sobre como seriam os próximos anos. Tudo parecia perfeito. Daqui a três dias, as aulas começariam oficialmente, e elas mal podiam esperar para vestir os jalecos e começar a viver o sonho que tanto lutaram para conquistar.
— Sabe o que eu tava pensando? — Andressa disse, deitada de barriga pra cima na cama. — Que a gente vai arrumar namorado aqui, viu? Quem sabe até casar, hein?
Aline riu, balançando a cabeça. — Para com isso, Dessa. Primeiro a gente precisa focar nos estudos. Depois a gente pensa nessas coisas.
Mas, lá no fundo, Aline não podia negar que também sonhava com isso. Um amor verdadeiro, alguém que a fizesse sentir especial. Só não imaginava que o destino tinha planos muito maiores — e mais complicados — do que ela podia sonhar naquela noite.
Ali, no silêncio do quarto novo, as duas não faziam ideia de que suas vidas estavam prestes a virar de cabeça para baixo. Mas por agora, tudo que sentiam era felicidade e esperança. E isso bastava.
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