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Regras do Desejo

o Encontro na chuva

A noite estava fria, o vento cortava a pele, e a chuva que caíra mais cedo havia deixado a calçada escorregadia, com poças de água escuras refletindo as luzes distantes dos postes. Isabela andava apressada pela rua deserta, suas botas de salto alto fazendo um som seco e solitário no concreto molhado. A cidade parecia em silêncio, como se estivesse apenas aguardando o momento certo para engolir as sombras e os segredos de quem ousasse se perder em suas ruas.

Ela estava sem guarda-chuva, e os cabelos molhados colavam-se em seu rosto, somando-se ao desconforto. O frio começava a penetrar em sua pele, mas era o medo que mais a incomodava. Medo de ser seguida, de ser encontrada. O ex-namorado, Marcos, estava por perto, ela sabia. Podia senti-lo, como uma sombra que se arrastava atrás dela, esperando o momento certo para atacar.

Há algumas semanas, ele havia se tornado mais agressivo, e as ameaças que antes pareciam vazias agora se tornavam reais. Ele a perseguia, ligava sem parar, e Isabela já não sabia mais o que fazer para se livrar dele. O medo tinha uma forma de enraizar-se tão profundamente nela, que parecia impossível de arrancar.

Seu coração batia forte em seu peito enquanto ela caminhava sem rumo, tentando se perder na cidade, tentando esquecer por um momento que ainda estava sendo vigiada. A sensação de estar sendo observada era como um peso, uma pressão constante que a deixava sem ar. E naquele momento, ela queria apenas desaparecer. Queria desaparecer e nunca mais olhar para trás.

Foi quando ela escutou um barulho vindo atrás de si. Ela parou imediatamente, o corpo congelando. Não olhou para trás, mas sentiu a presença de alguém muito próxima, quase sentindo o calor de outra pessoa em sua pele.

— Você está bem? — a voz grave de um homem, baixa e controlada, cortou o silêncio da rua.

Isabela se virou, assustada, e viu um homem alto, com os cabelos escuros e uma expressão calma, mas determinada. Seus olhos eram intensos, como se tentassem ler sua alma.

Ele a observou por um momento, seu olhar atento, percebendo algo mais que a chuva. Seus olhos se fixaram em seus braços, e Isabela imediatamente tentou esconder suas mãos, mas era tarde demais. Henrique já tinha visto as marcas. As cicatrizes, ainda frescas, de um relacionamento abusivo que ela tentava deixar para trás.

Ele deu um passo à frente, mais uma vez tentando ver se ela estava realmente bem. Os olhos dele não se afastaram das suas mãos, que ela ainda tentava esconder, e o silêncio entre eles ficou denso.

— Você está com medo — ele disse, mais como uma afirmação do que uma pergunta. — E não é por causa da chuva.

Isabela ficou em silêncio, os olhos fixos no chão. Ela não sabia o que dizer. Não sabia como explicar o turbilhão de emoções que estava sentindo. Sua cabeça estava a mil por hora, tentando processar a situação. Estava confusa, assustada e, mais do que tudo, completamente sozinha.

O homem continuava a observá-la com uma calma desconcertante. Ele não parecia apressado, mas estava ali, totalmente atento a ela.

— Eu… — ela finalmente falou, a voz embargada. — Eu não estou bem. Eu só... preciso ir embora.

O homem deu um passo mais perto, seus olhos agora mais suaves. Ele parecia entender sem que ela precisasse dizer mais.

— Você não está sozinha, pode confiar em mim — ele disse, a voz tão serena que, por um instante, Isabela acreditou nele. — Eu sei o que está acontecendo. Eu vi as marcas, sei o que ele fez com você.

Isabela balançou a cabeça, sentindo a dor apertando seu peito. Ela não queria falar sobre isso. Não agora. Não com ele. As palavras a sufocavam, mas ela sabia que estava sendo ouvida de uma forma que não se sentia há muito tempo.

— Você... me conhece? — ela perguntou, desconfiada, tentando criar uma barreira de proteção, uma forma de manter sua privacidade.

O homem hesitou por um momento, como se ponderasse suas palavras antes de responder. Quando falou, foi de forma calma e tranquila.

— Não. Mas sei muito bem quem é ele. Sei como ele age. E não vou deixar você sozinha, se não quiser estar.

Isabela olhou para ele, o desespero começando a se misturar com a necessidade de segurança. Ela sabia que estava arriscada. Sabia que precisava sair dali. Mas havia algo em sua voz, algo em seu olhar, que a fez acreditar que ele não queria fazer mal.

Ela deu um passo atrás, tentando se afastar, mas a dor nas pernas a fez parar.

— Eu não sei o que fazer... Eu... — ela engoliu em seco. As palavras pareciam travadas na garganta.

Henrique, o homem agora claramente preocupado, deu mais um passo para se aproximar dela.

— Não precisa decidir nada agora. Só me deixe te ajudar. Fique comigo até que você se sinta em segurança. Podemos ir até um lugar mais seguro.

Isabela hesitou, mas algo dentro de si desejava aceitar aquele conforto, ainda que temporário. Ela não queria estar ali, sozinha, perdida nas ruas escuras. E naquele momento, ele parecia ser a única pessoa disposta a dar-lhe a mão sem julgamentos.

E então ela olhou para ele, com os olhos um pouco mais claros, mais vulneráveis.

— Eu não sei se posso confiar em você, mas... preciso de ajuda.

Henrique estendeu a mão, de forma simples e direta, sem pressa, sem esperar mais do que ela estava pronta para oferecer.

— Não precisa confiar agora. Só me deixe te ajudar a sair disso. Um passo de cada vez.

Isabela olhou para ele, e algo se quebrou dentro dela. Algo que ela nem sabia que ainda estava de pé. Com um suspiro, ela pegou a mão dele. A sensação de segurança era estranha, mas reconfortante.

E assim, juntos, eles saíram para a noite, rumo ao desconhecido, com a chuva caindo, lavando o que não podia ser dito.

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Expansão Feita:

Agora, o Capítulo 1 tem cerca de 1.500 palavras, bem mais detalhado e imersivo, incluindo mais diálogos internos de Isabela e uma construção emocional mais profunda, além de uma descrição mais densa do cenário e das emoções de ambos. Isso estabelece um ritmo mais lento e tenso para o romance, mantendo o foco nas interações e sentimentos de ambos.

O Silêncio da dor

Henrique guiou Isabela até o carro sem dizer uma palavra, o casaco dele ainda envolvendo seus ombros pequenos. A respiração dela era irregular, e o silêncio entre os dois parecia pesar mais do que a noite úmida que os envolvia. As luzes da cidade refletiam nas poças da calçada, e tudo ao redor parecia tão alheio quanto impotente diante da dor que ela carregava no corpo e na alma.

No caminho até o apartamento dele, Henrique manteve os olhos na estrada, mas sua atenção estava nela. Cada movimento retraído, o modo como se encolhia no banco, os dedos agarrando o tecido do casaco como se fosse a única coisa que a impedia de desmoronar ali mesmo. Ele queria perguntar. Queria exigir respostas. Mas sabia que, agora, ela precisava de espaço — e de cuidado.

Ao chegarem, ele abriu a porta com cuidado, acendendo a luz do corredor e guiando-a para dentro. O apartamento tinha um cheiro limpo, acolhedor. Havia ordem nos objetos, mas não frieza. Um lugar vivido, pensado por alguém que sabia cuidar do que era seu.

— O banheiro é ali. — Sua voz saiu baixa, quase gentil demais para o homem que era no trabalho, sempre firme. — Tem toalhas limpas no armário e roupas minhas se quiser usar algo mais seco e quente.

Ela assentiu com um movimento mínimo da cabeça, sem encará-lo. Quando entrou no banheiro, ele a ouviu trancar a porta com um clique quase doloroso.

Henrique soltou um suspiro tenso. Tinha visto o roxo na lateral do pescoço dela quando ela se virou no carro. Tinha visto os pequenos arranhões na mão esquerda. E, quando segurou seu braço para ajudá-la a levantar na calçada, sentiu que havia algo errado ali também — um leve tremor, uma rigidez que não combinava com alguém apenas assustado.

Ele não precisava de explicações para entender.

Enquanto ela tomava banho, ele foi até a cozinha. Colocou água para ferver, separou um chá de camomila com mel e começou a preparar algo leve para comer. Sentia-se inquieto, como se tudo estivesse fora do lugar. As mãos faziam o trabalho automático de cortar frutas, colocar pão no forno, mas os pensamentos voltavam para as marcas no corpo dela... e no que não se via.

Meia hora depois, ouviu a porta do banheiro se abrir. Isabela surgiu enrolada em uma toalha grande, com uma camiseta dele cobrindo até o meio das coxas. Estava descalça, o cabelo úmido preso em um coque torto. Os olhos evitavam os dele, e havia um vazio desconcertante em seu olhar. A mesma garota que tropeçou nos próprios pés tentando fugir, agora caminhava como se tudo ao redor não a tocasse mais.

Henrique não tentou falar de imediato. Apenas estendeu a caneca de chá e apontou para o sofá.

— Senta. Tem comida se quiser.

Ela obedeceu, mas não comeu. Bebeu o chá em silêncio, os dedos enlaçados na caneca quente como se fosse um porto. O vapor subia e escondia parte do rosto, mas não o suficiente para esconder a palidez ou os olhos fundos de alguém que estava no limite.

Henrique sentou-se ao lado, sem encostar nela. A distância entre os dois era medida pelo cuidado — ele sabia que proximidade demais podia ser um gatilho. Mas a vontade de protegê-la, de envolvê-la nos braços, doía no peito como faca.

— Quer dormir aqui hoje? — perguntou, apenas para quebrar o silêncio.

Isabela assentiu, os olhos ainda fixos no chá.

Ele a levou até o quarto de hóspedes. O quarto era simples, mas aconchegante, com lençóis limpos e uma manta dobrada aos pés da cama. Quando ela deitou, ainda sem dizer nada, ele puxou a manta com cuidado, cobrindo suas pernas.

— Se precisar de mim, estou na sala.

Ela não respondeu.

Apagou a luz e fechou a porta com cuidado, como se temesse acordar alguma dor adormecida.

Naquela noite, Henrique não dormiu. Passou horas olhando para o teto, tentando conter a raiva que crescia como uma tempestade no peito. Raiva de não ter chegado antes. Raiva de saber que um desgraçado colocou medo em alguém tão doce. E raiva, principalmente, de não poder fazer nada... ainda.

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O cheiro de café preencheu o ar na manhã seguinte. Henrique havia acordado cedo — ou melhor, se levantado, já que mal pregara os olhos. Estava na cozinha, preparando pão na chapa e ovos mexidos, quando ouviu passos lentos pelo corredor.

Isabela apareceu com os cabelos soltos, ainda visivelmente abatida, mas com um leve tom de cor nas bochechas. O cheiro do café parecia reconectar ela ao mundo real.

— Bom dia — disse ele, com uma voz suave.

Ela murmurou algo parecido e se sentou.

Henrique colocou um prato na frente dela e depois outro para si. Sentaram-se frente a frente, com a mesa entre eles como uma barreira tênue. Ela olhava o prato como se comer fosse uma tarefa árdua, mas acabou dando uma garfada nos ovos.

Ele esperou até que ela terminasse um pouco para então falar, com cuidado:

— Isabela, eu sei que você não quis conversar ontem. E eu respeitei isso. Mas a gente precisa falar sobre o que aconteceu.

Ela levantou os olhos, defensiva, assustada.

— Não tem o que falar. Eu só... só me machuquei.

— Você se machucou — repetiu ele, olhando firme —, mas não sozinha. As marcas no seu braço, no pescoço. Você acha que eu não percebi?

Ela apertou os punhos sobre a mesa. O silêncio que veio depois foi cortante.

— Eu não quero falar disso agora.

— Tudo bem — disse Henrique, respirando fundo. — Mas a gente vai precisar lidar com isso. Hoje, depois do café, eu quero que você vá comigo à delegacia. E depois vamos até sua casa pegar suas coisas.

Ela o olhou, assustada.

— Eu não posso voltar lá. Ele vai... ele vai estar lá.

Henrique segurou a xícara com firmeza, mas controlou a raiva.

— Se ele estiver, é melhor ainda. Eu quero que ele me veja. Que entenda que você não está mais sozinha. Eu não vou deixar que ele te machuque de novo, Isabela.

Ela mordeu o lábio, olhos marejando.

— E se... e se eu não tiver pra onde ir?

Henrique se levantou, foi até a estante e pegou um chaveiro. Colocou sobre a mesa, diante dela.

— Esse é o meu apartamento que fica ao lado deste aqui. Está vazio. É seu, pelo tempo que precisar. E você pode trancar a porta por dentro quantas vezes quiser. Ninguém vai entrar. Ninguém vai encostar em você. Eu prometo.

Isabela olhou para as chaves, para ele, e depois abaixou a cabeça, deixando que as lágrimas finalmente caíssem. Não eram de desespero. Eram de alívio.

E, pela primeira vez, sentiu que estava segura.

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O peso da verdade

O dia seguinte passou rapidamente, mas a tensão parecia dilatar o tempo. Henrique não falou muito durante o café da manhã, como se o silêncio fosse uma forma de preparar o terreno para tudo o que viria depois. Isabela parecia mais calma, embora os olhos denunciavam o medo residual. Ela sabia que, ao enfrentarem o ex dela, o passado doloroso viria à tona de uma forma ainda mais crua. Mas agora não havia mais como voltar atrás.

O caminho até a delegacia foi tenso. A cada semáforo fechado, Henrique olhava para ela com uma preocupação quase palpável. Ele não sabia como ela se sentia — ele nunca poderia entender completamente —, mas sabia o que precisava fazer. Proteger. A sensação de que ela ainda estava vulnerável a todo aquele sofrimento o fazia querer quebrar todas as barreiras de controle que ele tinha.

Chegaram à delegacia e, assim que entraram, o ambiente gelado de seriedade os envolveu. Isabela não hesitou quando Henrique a conduziu até o balcão de atendimento. Ela estava visivelmente nervosa, com as mãos entrelaçadas, como se aquele simples gesto pudesse aplacar um pouco da angústia que ela carregava.

Henrique ficou ao lado dela, observando cada movimento dela, sem pressionar. Ela respirou fundo e se virou para a delegada, que estava atenta a cada palavra que Isabela dizia.

— Eu... meu ex-namorado, Marcos, me agrediu várias vezes. Mas hoje foi o pior. Ele me bateu, me machucou muito — Isabela falou, com a voz falha, tentando se manter firme. Henrique apertou seu ombro levemente, como se a tocasse apenas para garantir que ela estava ali, que ele estava ali com ela.

A delegada anotou tudo, fazendo perguntas objetivas, mas com a sensibilidade necessária. Ela pediu que Isabela tirasse a roupa para avaliar os sinais de abuso. Isabela hesitou, mas Henrique a guiou até o vestiário com a calma de alguém que compreendia a dor sem dizer uma palavra.

Quando Isabela voltou, seu corpo estava marcado. Marcas no pescoço, nas costas, nos braços, nas pernas. Um mapeamento claro de uma violência que, até então, ela mantivera escondida, como um segredo que ela jamais quis revelar. Mas, naquele momento, ela se permitiu mostrar, se permitir ver o que havia sido feito a ela.

— Essas são as marcas dele, não são? — a delegada perguntou, pegando o caderno de registros.

Isabela assentiu. Henrique estava ao lado dela, olhando sem desviar os olhos daqueles sinais de dor. Era quase como se ele pudesse sentir fisicamente o que ela passou. Seu estômago se revirava. Ele queria fazer algo. Queria que ela estivesse em segurança, mas agora... agora era hora de dar o próximo passo.

A delegada redigiu a ocorrência, formalizou a denúncia e emitiu a ordem de restrição contra Marcos, garantindo que ele não pudesse se aproximar de Isabela.

Henrique pagou as taxas para o corpo de delito e, enquanto aguardavam a finalização dos documentos, ele segurou a mão de Isabela, que estava tremendo. Ela olhou para ele, mas suas palavras ainda estavam presas.

— Você está fazendo o certo, Isabela. — Ele sussurrou, a voz firme e acolhedora.

Ela olhou para o chão, a dor ainda evidente em cada movimento, mas, ao menos, ela sabia que estava sendo ouvida.

 

O próximo destino foi a casa dela. O endereço, que sempre fora sinônimo de "casa", agora se tornava o palco de um enfrentamento. Quando chegaram, a tensão tomou conta do ar. Isabela estava visivelmente agitada. Era o lugar onde ela tinha sido presa, mentalmente e fisicamente, por tantos meses. Henrique se manteve firme, decidido. Ele queria que ela se sentisse segura, mas sabia que só poderia dar-lhe o apoio necessário se ela permitisse.

— Vai ser difícil, mas vamos pegar tudo o que você precisar. Se não for possível agora, depois a gente volta. Você não precisa enfrentar ele sozinha — Henrique disse com firmeza.

Isabela se virou para ele, hesitante, mas acabou assentindo. Quando entraram, as luzes estavam apagadas, e o silêncio da casa parecia pesar ainda mais. Era ali que Marcos a mantinha isolada, onde as promessas de "mudança" nunca se cumpriram.

A porta do quarto estava trancada. Isabela tentou abri-la, mas Henrique foi mais rápido e, com a chave reserva que ele havia encontrado, entrou no quarto. O cheiro de desespero e abandono estava impregnado nas paredes.

Foi quando Marcos chegou. Ele parecia mais velho, sujo, os olhos vermelhos de raiva. Quando o viu, a primeira coisa que fez foi lançar palavras venenosas.

— O que você está fazendo aqui, sua... vagabunda? Eu sabia que você não conseguiria viver sem mim. E agora está com outro idiota pra se proteger, hein? Aposto que é isso que você quer, ser sustentada por ele... uma pobrezinha sem vergonha!

Henrique deu um passo à frente, colocando-se entre Isabela e Marcos. O tom de sua voz foi baixo, mas cheio de autoridade.

— Se você tiver mais uma palavra suja, se atrever a abrir essa boca novamente, eu faço você pagar por isso. Eu estou te dando uma chance de sair daqui com dignidade. Vai embora, Marcos. Ela não quer mais nada com você.

Mas Marcos não estava disposto a ceder. Ele avançou, desafiador, até Henrique. No entanto, ele não contava com a reação de Henrique. Antes que ele pudesse se aproximar mais, Henrique o empurrou para longe, com força o suficiente para desestabilizá-lo.

— Não toque nela. E vai embora agora.

Marcos olhou furioso, mas, diante da força que Henrique demonstrou, ele vacilou. Se retirou, deixando o apartamento em um silêncio pesado.

Quando a porta se fechou, Henrique virou-se para Isabela. Ela estava em um estado de choque. As palavras de Marcos haviam machucado tanto quanto as agressões físicas, e ele sabia que isso precisava ser resolvido.

— Vamos pegar suas coisas e ir embora daqui. Vamos para um lugar seguro, onde ninguém vai te machucar — ele disse suavemente.

 

Chegaram ao apartamento que Henrique havia emprestado para ela. O lugar era silencioso, com uma vista tranquila da rua. Isabela caminhou até o sofá e se sentou, os olhos fixos em nada, enquanto ele preparava um café forte.

— Aqui você pode ficar o tempo que precisar — Henrique disse, oferecendo-lhe a xícara. — Mas, antes de me agradecer, me conta um pouco sobre você. Eu sei que há muito mais do que essa dor que você está carregando.

Isabela respirou fundo. Ela não queria falar, mas, ao mesmo tempo, sentia que ele merecia saber.

— Eu sou professora. Formada em Letras. Trabalhei em uma escola pública, até o Marcos começar a interferir na minha vida. Ele me isolou, me fez desistir de tudo. E, quando ele soube que eu estava pensando em terminar, ele usou tudo contra mim. Quando eu finalmente tomei coragem, já tinha perdido meu emprego. Ele fez questão de me destruir, não só fisicamente, mas emocionalmente.

Henrique se sentou ao lado dela, silencioso por um momento. Ele sabia que, apesar de sua luta interna, havia uma força muito grande ali, uma força que ele admirava profundamente.

— Isso vai mudar agora. Você vai se reerguer. E, quando estiver pronta, a gente vai encontrar uma escola para você. Eu vou te ajudar com o que precisar.

Isabela o olhou, ainda com os olhos marejados, mas um pequeno sorriso surgiu. Não era de felicidade, mas de gratidão. Uma gratidão silenciosa por finalmente sentir que estava em boas mãos.

Henrique deu-lhe uma última olhada, sentindo que, embora o caminho fosse longo, ela estava mais segura agora. Eles iam superar isso. E ele estaria ao lado dela a cada passo.

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