A luz suave da manhã atravessava as cortinas finas do quarto, aquecendo o rosto de Eliza, lá fora, os pássaros cantavam em harmonia com o vento leve que dançava entre as árvores da floresta era um dia comum para muitos… mas não para ela.
Eliza espreguiçou-se na cama, ainda de olhos fechados, sentindo o coração bater mais rápido, ela sabia, sentia no fundo da alma que algo estava diferente, especial e era a lua cheia que estava próxima, e naquela noite, ela completaria dezoito anos o dia em que, finalmente, conheceria sua loba.
A porta se abriu com um empurrão leve e uma voz animada invadiu o quarto:
— Acorda, dorminhoca! — disse Caio, seu irmão mais velho, com um sorriso que iluminava o rosto. — Hoje é o grande dia!
Eliza abriu os olhos, rindo ao vê-lo entrar com um pequeno bolo improvisado e duas velas acesas.
— Feliz aniversário, pestinha — disse ele, colocando o bolo sobre a cômoda e sentando-se na beirada da cama. — Dezoito anos... finalmente vai conhecer a outra parte de você.
Ela se sentou, os olhos brilhando de emoção.
— Eu mal consigo acreditar esperei por esse momento minha vida inteira.
Caio a observou com carinho embora tentasse parecer descontraído, havia orgulho em seu olhar ele havia criado Eliza desde que seus pais morreram, protegendo a alcatéia vê-la chegar ali, forte, determinada, era sua maior conquista.
— A Mary já deve estar vindo, do jeito que ela é, aposto que vai chegar gritando — comentou ele, rindo.
Eliza riu também, sabendo que era verdade Mary, sua melhor amiga, também completava dezoito anos naquele dia as duas sempre sonharam em viver esse momento juntas, e agora ele finalmente havia chegado conhecer suas lobas e talvez seus companheiros.
— Está nervosa? — Caio perguntou.
— Um pouco — ela admitiu. — E se minha loba não gostar de mim? E se eu não for forte o suficiente?
Caio segurou seu rosto com as duas mãos, sério.
— Eliza, você é mais forte do que qualquer uma que eu já conheci, a sua loba vai se orgulhar de quem você é e eu também.
Ela sorriu, sentindo o coração aquecer nada mais importava aquela noite mudaria sua vida para sempre.
E a deusa da lua já observava tudo lá de cima, sorrindo com o destino que traçou um destino que nem Eliza, nem Caio, nem ninguém poderia imaginar.
Antes que Eliza pudesse responder ao irmão, a porta da frente foi escancarada e uma voz conhecida ecoou pela casa:
— ELIZAAA! Cadê você, garota da lua?!
Eliza e Caio riram juntos.
— Eu disse — comentou ele, se levantando.
Mary entrou no quarto sem pedir permissão, como sempre fazia os cabelos castanhos estavam presos em um coque bagunçado, e ela usava uma blusa larga com o símbolo da alcatéia estampado no peito tinha um brilho nos olhos e um sorriso impossível de ignorar.
— Hoje é o dia! — exclamou, pulando na cama ao lado de Eliza. — Você está pronta? Porque eu estou nervosa como nunca estive na vida!
— E você acha que eu não estou? — Eliza respondeu, rindo e abraçando a amiga. — Sonhei com isso tantas vezes... Hoje tudo muda, Mary.
— Sim! Hoje viramos lobas de verdade — Mary disse com orgulho, depois piscou para Caio. — E o que temos pro café, irmão coruja?
— Bolo de aniversário improvisado e suco de frutas silvestres — respondeu ele com um sorriso. — O cardápio oficial da transformação.
Os três riram, e por um instante, tudo parecia leve apenas mais um aniversário, mais uma manhã ensolarada, mas no fundo, todas sabiam que aquela noite traria mais do que esperavam.
— Vamos até o lago depois? — sugeriu Mary. — Só nós duas como quando éramos crianças a gente pode conversar, se acalmar... preparar a alma.
Eliza assentiu o lago escondido na floresta era o refúgio das duas desde pequenas um lugar sagrado, onde sempre se sentiam mais próximas da deusa da lua.
— Vamos sim — disse Eliza, determinada. — Quero estar em paz quando ela chegar.
Caio observava as duas com um sentimento misto de orgulho e preocupação, ele sabia que o despertar de uma loba podia ser intenso, transformador… e doloroso mas acreditava nelas Eliza era como os pais feita de coragem, fogo e lealdade.
E enquanto o sol subia no céu, marcando o início do dia, a lua os observava, silenciosa, esperando seu momento de brilhar.
O dia passou mais rápido do que Eliza esperava depois do café da manhã com Caio e Mary, ela mal teve tempo de respirar as mulheres mais velhas da alcatéia já a esperavam na casa da matriarca, onde os preparativos para a cerimônia haviam começado desde o nascer do sol.
— Eliza! Entre, querida — chamou Yara, uma das conselheiras da alcatéia, com seu sorriso acolhedor e mãos sempre ocupadas com ervas e tecidos sagrados.
O interior da casa estava tomado por aromas fortes: lavanda, sálvia, mirra no centro, um círculo de pedras lunares brilhava com um brilho fraco, mas constante era ali que as jovens se ajoelhariam à noite, sob o céu aberto, para receberem o chamado da deusa.
— Hoje você será marcada — disse Yara, aproximando-se com um pequeno recipiente prateado nas mãos. — Não apenas como loba, mas como mulher da Névoa Dourada esse é um renascimento, Eliza e você deve estar pronta de corpo, mente e espírito.
Eliza assentiu, sentindo um frio na barriga Mary logo entrou atrás dela, com os olhos arregalados de empolgação, ambas foram guiadas para banhos rituais com ervas, em uma nascente quente protegida pelas anciãs ali, em silêncio, elas se lavaram, enquanto orações eram murmuradas para a deusa.
Ao saírem, foram vestidas com túnicas leves de tecido branco, bordadas com símbolos lunares, as roupas pareciam simples, mas carregavam o peso da tradição cada linha, cada costura, tinha significado.
— Essas túnicas só são usadas por quem está prestes a se unir à sua loba — explicou Yara enquanto trançava o cabelo de Eliza com pequenas penas prateadas. — E ao final da transformação, vocês as queimarão, deixando para trás tudo que foram até hoje.
O sol começava a cair no horizonte quando Caio chegou para buscar Eliza, ela estava diferente, os olhos brilhavam com expectativa e uma energia antiga parecia envolvê-la Mary também irradiava emoção, embora não parasse de roer as unhas.
— Estão lindas — disse Caio, olhando para a irmã com um orgulho silencioso.
Eliza caminhou até ele e segurou sua mão.
— Obrigada por tudo, Caio se hoje estou pronta, é porque você nunca me deixou desistir.
Ele apenas a abraçou forte, engolindo as emoções.
— Vamos à clareira nos espera e a lua... também.
Eliza 18 anos
Caio, 25 anos irmão de Eliza
Mary 18 anos melhor amiga de Eliza
A clareira sagrada estava silenciosa quando Eliza chegou com Caio e Mary as árvores ao redor pareciam mais altas, mais antigas, como se tivessem testemunhado centenas de transformações antes delas no centro, um grande círculo de pedras brancas pulsava com uma luz suave, refletindo a lua cheia que já brilhava no céu limpo.
O coração de Eliza batia forte, cada passo sobre a grama macia soava como um tambor no silêncio da noite, Mary caminhava ao seu lado, mais nervosa do que nunca, apertando sua mão com força.
As duas se ajoelharam diante do círculo sagrado atrás delas, estavam Caio e os pais de Mary,tinha também um ancião que cantava numa língua que Eliza não compreendia, mas que fazia seu corpo vibrar a energia ali era quase visível.
Foi então que ela sentiu.
Como se uma brisa quente atravessasse a clareira, a luz da lua desceu de forma intensa, focalizando-se unicamente nela, Eliza ergueu os olhos, surpresa, e o mundo pareceu parar um calor invadiu seu peito, e ela ofegou, levando a mão ao local onde sentia algo estranho.
Acima de seu seio esquerdo, surgiu uma marca.
Um círculo perfeito, vermelho como sangue recém-derramado, começou a brilhar em sua pele como se tivesse sido desenhado pelo próprio luar não doía era quente, pulsante… viva.
Eliza olhou para Caio, assustada, mas antes que pudesse chamar seu nome, uma dor repentina tomou seu corpo.
— AAH! — gritou, curvando-se sobre si mesma.
O ar ao seu redor vibrou, e um uivo ancestral ecoou no fundo de sua alma ela caiu de joelhos, ofegante, enquanto sua visão escurecia por segundos.
A transformação havia começado.
Cada osso em seu corpo pareceu se rearranjar a dor era imensa, mas ao mesmo tempo, libertadora seus sentidos se expandiram ela sentiu o cheiro da terra molhada, ouviu o bater das asas de uma coruja a centenas de metros seus olhos ficaram dourados por um momento antes de se fecharem completamente.
E então… ouviu a voz.
"Eliza..."
Era suave, feminina, forte e cheia de poder.
"Eu sou Aura, sua loba estou com você agora sinta, aceite somos uma só."
Eliza não conseguia responder com palavras mas dentro dela, tudo fazia sentido ela reconheceu Aura como parte de si, como se sempre estivesse ali, apenas esperando ser libertada.
Sua pele se tingiu de luz prateada e, no lugar onde antes estava ajoelhada, surgiu uma magnífica loba de pelos longos, de um branco perolado com nuances douradas sob a luz da lua ela era graciosa, firme, poderosa e muito grande,pois Caio nunca tinha visto uma loba tão grande.
A clareira silenciou.
Todos os olhos estavam sobre ela até mesmo os anciãos interromperam seus cânticos, impressionados.
Mas Eliza não via mais ninguém sentia-se plena, inteira Aura pulsava dentro dela, uivando para o céu com um som que parecia ecoar até os confins do mundo.
E embora ainda não soubesse o significado da marca em seu peito, ela sentia que aquilo mudaria tudo.
Inclusive seu destino.
O uivo de Eliza ainda ecoava suavemente na clareira quando todos voltaram os olhos para Mary, ela tremia não de medo, mas de emoção testemunhar a transformação de sua melhor amiga havia acendido algo dentro dela seu coração batia descompassado, e seus olhos cintilavam com a luz da lua cheia.
Guiada por uma das anciãs, Mary deu um passo à frente e entrou no círculo de pedras.
Assim que ela se ajoelhou, a lua brilhou sobre seu corpo de forma intensa, quase como fizera com Eliza mas diferente a luz ao redor dela parecia ondular, como se refletisse dois tons distintos e então veio a dor Mary se curvou, apertando o peito enquanto gemia.
Caio, que ainda observava a loba de Eliza com os olhos marejados, se virou ao ouvir o som um arrepio subiu por sua espinha havia algo... errado ou melhor, algo poderoso acontecendo.
O corpo de Mary começou a se transformar com violência, os ossos estalando, os olhos virando de um verde comum para um tom dourado esmeralda seus pelos surgiram em ondas negros como a noite com marcas douradas vivas nas patas, nas costas e ao redor dos olhos era uma loba mesclada um sinal de equilíbrio entre força e sabedoria.
E então, quando sua loba finalmente se completou, a cabeça erguida para a lua, seus olhos encontraram os de Caio.
O mundo parou.
Ela sentiu um calor tomou conta de seu peito, uma certeza absoluta não havia dúvida, aquilo não era apenas admiração ou amizade era o laço aquele laço ancestral, indestrutível o chamado da alma.
"Felon..." — a voz de sua loba ecoou em sua mente — "você é nosso."
Caio recuou um passo, seus olhos arregalados, ele sentiu o mesmo uma força invisível o puxava até ela seu lobo interior, adormecido naquele momento rugiu em reconhecimento.
— Não... pode ser... — ele sussurrou, confuso, olhando para Mary.
A loba se aproximou, lenta, com o olhar fixo nele quando ela roçou o focinho em sua perna, Caio estremeceu e era verdade.
— É você… — ele murmurou, ajoelhando-se, levando a mão ao rosto dela, agora em forma de loba. — Você é minha…
Na clareira, um novo uivo se ergueu não de dor ou transformação mas de união.
O destino tinha falado.
Mary, a amiga inseparável de Eliza, havia encontrado sua alma gêmea e ela era o irmão de sua melhor amiga.
A lua começava a subir ainda mais no céu quando Eliza, já em sua forma de loba, sentiu o momento certo Aura, agora parte de si, orientou-a com calma e orgulho lentamente, a luz da lua envolveu seu corpo novamente, e a transformação de volta foi tão serena quanto a anterior foi intensa.
Ela caiu de joelhos no centro da clareira, o corpo coberto por uma túnica branca que os anciãos haviam deixado para o retorno humano ofegante, mas sorrindo, ela sentia-se mais viva do que nunca a conexão com Aura era algo que palavras não poderiam explicar.
Quando seus olhos focaram novamente, ela viu algo inesperado.
Mary, em sua forma de loba mesclada, estava parada diante de Caio, o irmão, que sempre foi firme e protetor, parecia abalado, ajoelhado, com as mãos no rosto dela seus olhos estavam marejados mas não de dor.
De amor.
Eliza franziu o cenho, se aproximando devagar antes que pudesse falar, a loba se afastou de Caio, recuando alguns passos e então, como ela, Mary começou a voltar à forma humana.
A luz da lua envolveu a amiga, e logo ali estava ela nua, porém coberta pela túnica entregue pelas anciãs com os cabelos soltos, os olhos brilhando de emoção, e uma aura nova ao redor de seu corpo.
Eliza se aproximou, confusa.
— Mary...? O que foi isso? O que aconteceu?
Mary hesitou por um segundo, mas então, com a voz embargada, respondeu:
— Caio… é meu companheiro, Eliza.
O mundo de Eliza girou por um momento ela olhou do rosto de Mary para o do irmão, que estava parado, firme, mas claramente emocionado.
— Sua... o quê? — ela sussurrou.
Caio deu um passo à frente.
— Eu também senti, assim que ela se transformou, meu lobo acordou de vez, o vínculo se formou no mesmo instante, e que vi Liz eu juro que não esperava por isso.
Eliza levou a mão ao coração, tentando assimilar.
Sua melhor amiga.
Seu irmão.
Companheiros.
Por um instante, ficou em silêncio então, para surpresa de ambos, ela sorriu.
— A deusa realmente gosta de brincar com nossos destinos... — disse, respirando fundo. — Mas se ela decidiu que vocês pertencem um ao outro, quem sou eu pra discordar?
Mary correu até ela, a abraçando com força Eliza retribuiu, rindo entre lágrimas.
E naquele instante, sob o olhar sereno da lua cheia, três corações bateram em harmonia.
Mas ninguém ali imaginava que a noite estava longe de acabar.
Pois nas sombras da floresta, observando a cena em silêncio, estava Lucas,ele não viu a loba de Eliza só sentiu a ligação e quando chegou a viu em sua forma humana e a rejeitou ali mesmo sem ao menos falar com ela ele se negou a aceitá-la.
E quando seus olhos pousaram sobre Eliza… algo dentro dele se quebrou.
Ou melhor, algo foi acordado.
O som ritmado de golpes ecoava no campo de treino, o corpo de Lucas se movia com precisão e força, cada soco no tronco de madeira refletindo anos de preparo como alfa em ascensão, ele treinava mais que qualquer outro exigia de si mesmo o máximo nunca baixava a guarda, nunca se permitia falhar.
Mas naquela manhã, no auge de sua concentração, algo o desestabilizou.
Um cheiro doce, intenso, quente como o sol, suave como pétalas ao vento, ele parou por um segundo, o punho suspenso no ar inspirou novamente seu lobo se agitou, rugindo por dentro como se quisesse sair.
"Não agora, calma Klaus"
Ele afastou o pensamento, afastou o cheiro e precisava focar, não queria se distrair ainda mais com o que aquilo poderia significar não podia ser...
Ao longo do dia, fez de tudo para ignorar, foi para a floresta correr, praticou estratégias com os anciãos, até se isolou no alto da colina para meditar mas o cheiro voltava persistente como um sussurro que não podia ser calado.
Quando o sol se pôs, Lucas já estava inquieto.
A noite caiu com uma lua cheia de prata brilhante e então tudo mudou.
O cheiro ficou mais forte, mais próximo, mais... insuportavelmente necessário.
Seu lobo rugiu dentro dele, exigindo que fosse atrás seu corpo agiu sozinho ele correu pela floresta como se os próprios ventos o guiassem cada passo o levava mais perto e quando sentiu que estava a metros de distância, parou.
Escondeu-se atrás de árvores altas, onde a clareira podia ser vista parcialmente.
E então a viu.
Uma loba branca enorme, tão brilhante quanto a lua ao lado dela, uma loba mesclada surgia em sua primeira transformação e entre elas, rostos conhecidos, betas jovens da linhagem média da alcateia gente boa mas comuns.
E ali estava ela a fonte daquele cheiro que o enlouquecia a loba branca tão simples tão serena.
Ele soube na hora.
Sua companheira.
Seu lobo gemeu de desejo e pertencimento, mas Lucas cerrou os punhos.
— Não... — murmurou para si mesmo, com raiva.
Ele era o próximo alfa alguém destinado a liderar, a carregar o peso da alcateia nos ombros sua companheira deveria ser forte, de sangue nobre uma fêmea alfa não uma loba de linhagem beta, por mais bela que fosse.
E ainda assim… ali estava ele, escondido nas sombras, como um lobo faminto, incapaz de desviar o olhar.
Observou enquanto ela conversava com outros jovens, rindo seu coração apertou não por desejo, mas por algo maior.
Vínculo.
Não suportando mais, virou as costas e partiu silencioso sem que ninguém notasse sua presença.
Mas sua mente ainda ecoava com a lembrança daquela loba daquela luz daquele cheiro.
Seu destino acabava de se revelar.
E ele não estava preparado para aceitá-lo.
Lucas correu pela floresta até não aguentar mais o vento batia contra seu rosto, as árvores se tornavam borrões, mas nada conseguia apagar o que ele sentia quando finalmente parou, arfando no topo de uma colina isolada, caiu de joelhos ali, cercado pela noite silenciosa, ele finalmente enfrentou aquilo que evitava.
— Você viu, Klaus... — murmurou, de olhos fechados. — Você sabe o que ela é.
Seu lobo, normalmente contido, rosnou dentro dele a presença de Klaus era intensa agora, tão viva que quase parecia que ele podia vê-lo uma grande figura lupina, de olhos brilhantes e postura imponente, caminhando dentro de sua mente.
"Ela é nossa."
A voz de Klaus soava profunda, firme como a própria terra, "É nossa companheira o vínculo está feito não há como negar."
Lucas se levantou, cerrando os punhos.
— Ela é da linhagem beta como pode esperar que eu aceite isso? Eu sou o próximo alfa! Preciso de alguém forte, alguém que inspire respeito ao meu lado.
"Ela é forte."
Klaus rosnou, os olhos flamejando.
"Você a viu a luz da lua a escolheu senti o poder nela, ela será mais do que você espera mais do que você merece, talvez."
Lucas se afastou, frustrado seus passos marcavam o solo como os de um animal preso, ele sabia que o vínculo era verdadeiro, sabia o que sentia ao vê-la mas recusava-se a aceitar que a deusa da lua, caprichosa como sempre, o uniria a uma loba que não atendia suas exigências.
— Eu não posso, não quero, não vou!
Klaus ficou em silêncio por um instante, um silêncio pesado triste.
"Se fizer isso..." ele disse finalmente, "vai nos destruir."
Lucas fechou os olhos, deixando o ar escapar lentamente.
— Se é o que for preciso para seguir meu caminho, que assim seja.
Ele ergueu o rosto para a lua, agora quase no centro do céu, e com um sussurro firme, declarou:
— Eu, Lucas, alfa em ascensão da Alcateia da névoa dourada, rejeito minha companheira que o vínculo seja quebrado que a deusa leve embora o que jamais deveria ter sido dado.
Por um momento, tudo ficou em silêncio.
E então, um som rasgou a noite.
Um uivo.
Não vindo da floresta, não vindo de outro lobo.
Era de dentro.
Klaus.
Seu uivo era dor pura, um lamento que ecoou pela alma de Lucas, como uma corrente partindo seu espírito em dois.
Lucas caiu de joelhos novamente, sentindo uma dor que nenhuma ferida física jamais causara, mas não chorou não falou mais nada.
A decisão estava tomada.
Mesmo que custasse sua alma.
alfa Lucas 25 anos
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Eliza caminhava pela clareira com um sorriso tranquilo no rosto, ainda se acostumando com a presença de Aura, sua loba interior sentia-se diferente… mais forte, mais viva e havia algo mais um cheiro.
Doce, amadeirado e marcante.
Seu coração acelerou sem explicação.
Ela inspirou profundamente, tentando localizar a origem o aroma a preenchia por dentro, fazendo seu corpo vibrar de antecipação era como se sua alma clamasse por algo ou alguém Aura ronronou em sua mente.
“Você sentiu, não é?”
— O quê? — sussurrou Eliza, confusa.
“Ele, nosso companheiro.”
O mundo pareceu parar por um segundo.
Mas… quem? Onde?
Ela olhou ao redor, mas a floresta estava silenciosa aquele cheiro… era intenso, familiar sem nunca ter sido sentido antes e, ainda assim, nenhum rosto novo à vista.
— Vamos? — Caio chamou, colocando o braço ao redor de Mary, que agora também carregava um novo brilho nos olhos. — Hora de voltar pra casa com as mulheres da minha vida.
Eliza assentiu, o coração ainda inquieto.
Durante todo o caminho, aquele cheiro a acompanhava quente, pulsante, como se alguém a observasse Aura permanecia em silêncio, mas atenta, como se esperasse algo grandioso acontecer.
Chegaram em casa pouco depois Mary foi direto para o quarto de hóspedes, e Caio se dirigiu à cozinha, enquanto Eliza parou perto da porta, ainda distraída pelo que sentia foi então que a campainha tocou.
Três batidas secas.
Seu coração disparou.
“É ele.”
— Não… não pode ser… — murmurou ela, com os olhos arregalados.
Caio apareceu, confuso, e abriu a porta a expressão dele congelou.
— Alfa Lucas?
Eliza prendeu a respiração.
Lá estava ele alto, imponente, com os olhos intensos como fogo e a impafia de alfa parecia preencher o ar ao redor e, ainda assim, seu olhar estava... frio.
Lucas encarou Caio apenas por um instante, mas logo seus olhos caíram sobre Eliza.
E quando os dois se encontraram, o mundo silenciou.
Aura se agitou, e Eliza sentiu o vínculo se firmar como uma corrente invisível, entre eles seu coração gritou seu corpo, soube aquele era ele seu companheiro seu destino.
Mas algo em Lucas não se moveu nenhuma emoção em seu olhar.
— Vou direto ao assunto — disse ele, com a voz firme, quase impessoal.
Eliza sentiu o chão balançar sob seus pés.
Algo estava errado.
Muito errado.
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