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Sob O Teto Do Inimigo

Dedicatória e Capítulo 1

DEDICATÓRIA Para os corações que amaram no escuro sem saber que a luz viria do lado mais improvável. Esta é uma história sobre o amor que floresce mesmo quando tudo conspira contra.

. ESSE É UM LIVRO DE DRAMA ROMÂNTICO, NÃO HÁ SEXO .

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Florença se escondia sob o pôr do sol dourado, tingindo de âmbar as fachadas renascentistas que emolduravam as ruas antigas. No coração da cidade, uma fachada imponente se destacava: portas de vidro espelhado, letreiro dourado discreto, e um tapete vermelho que parecia prometer segredos a cada passo. O nome cintilava em letras elegantes: Valente.

Luna ajustou o coque no espelho da recepção antes de entrar. Seu uniforme novo — camisa branca impecável, colete preto justo e calça alinhada — parecia mais um disfarce do que uma roupa de trabalho. Os dedos tremiam levemente quando ela tocou a maçaneta. Respirou fundo e empurrou a porta.

O interior do restaurante era outra realidade: luzes suaves prendiam no teto alto, refletindo nos cristais e nos talheres perfeitamente alinhados. Um aroma sutil de vinho envelhecido e ervas frescas envolvia tudo. As paredes de pedra italiana misturavam o antigo com o moderno. Havia luxo, sim, mas também uma espécie de austeridade silenciosa.

— Você é a nova funcionária? — uma voz áspera interrompeu sua contemplação.

Luna virou-se rápido. Um homem baixo, de rosto redondo e expressão cansada, aproximava-se com uma prancheta nas mãos.

— Sim, senhor. Luna Ferri. É meu primeiro dia.

— Sou Gianni, o gerente. Chega de contemplar a arquitetura. Aqui, ou você dança conforme a música ou a porta é logo ali. — apontou com a cabeça.

Ela assentiu. — Entendido.

— Ótimo. Vai ficar no salão 2 hoje. Nada de conversinha com os clientes, nada de demorar pra servir. O senhor Valente detesta atrasos. — olhou para o relógio de pulso. — Ele deve aparecer mais tarde, como sempre. Se ele falar com você... respire e não trema.

A última frase não foi dita com sarcasmo, mas como um aviso real.

 

Do andar superior, protegido pelo vidro escurecido, Enzo Valente observava.

Vestia um terno sob medida, escuro como a noite, e girava devagar um copo com uísque enquanto o gelo derretia lentamente. Seus olhos percorreram o salão até encontrarem a figura feminina entrando com passos contidos. Ela não parecia como as outras. Havia algo no jeito como segurava a bandeja, como escondia o nervosismo com uma postura ensaiada. Olhos atentos demais, como se buscassem pistas do próprio destino.

— Quem é ela? — perguntou sem tirar os olhos de Luna.

Ao seu lado, Marco, seu braço direito, consultava um tablet.

— Nova contratação. Luna Ferri. Vinte e três anos. Vem de um orfanato em Siena. Boas referências. Nenhuma família listada.

Enzo estreitou os olhos. — Nenhuma?

— Nenhuma. Mas o que te chamou a atenção nela?

Ele não respondeu. Apenas deu mais um gole no uísque e deixou o copo sobre a mesa.

— Quero falar com ela.

 

Luna tentava esconder o tremor nas mãos enquanto enfileirava taças na mesa de canto. Cada uma parecia ameaçar escorregar. O salão era tão silencioso quanto uma biblioteca cara, exceto pelos sussurros educados dos garçons e o tilintar ocasional de talheres.

— Luna. — Gianni apareceu com a prancheta. — O senhor Valente quer vê-la. Agora.

— Eu...? Por quê?

— Não se pergunta. Apenas vá. Sala 3, escada à esquerda. Bate antes de entrar. E cuidado com o olhar dele.

Luna engoliu seco.

Ao chegar à porta, hesitou por um instante, depois bateu com os nós dos dedos.

— Entre. — disse a voz grave do outro lado.

A sala era ampla, mas minimalista. Uma estante com livros antigos, um sofá de couro escuro e uma mesa de madeira maciça. Atrás dela, Enzo estava em pé, próximo à janela, observando a cidade.

Ela ficou parada, com as mãos entrelaçadas à frente.

— Senhor Valente.

Ele virou-se devagar, analisando cada traço dela. Sua presença era firme, mas não arrogante. Parecia ter mais a ver com poder contido — como a superfície calma de um mar profundo.

— Luna Ferri, certo?

— Sim, senhor.

— De onde você vem?

A pergunta a pegou de surpresa.

— Siena... cresci em um orfanato lá. Me mudei para cá há pouco tempo.

— Por quê?

Ela hesitou. — Estava procurando algo novo. Começar do zero.

Ele aproximou-se um pouco. — E encontrou?

— Ainda estou tentando entender o que encontrei aqui.

Um sorriso breve cruzou os lábios de Enzo, desaparecendo rápido demais para ser real.

— Gosto de pessoas que observam antes de agir. Notei você no salão. Você é cuidadosa.

— Tento ser... competente.

— Competente é o mínimo. Eu quero excelência.

Ela assentiu.

— Eu não vou decepcioná-lo.

— Espero que não. O Valente é mais do que um restaurante. É uma peça delicada em um jogo muito maior.

Ela franziu o cenho.

— Jogo?

— Metáfora. — disse ele com um meio-sorriso. — Você pode ir.

Luna virou-se para sair, mas parou ao ouvir sua voz novamente.

— Luna.

— Sim?

— Se algo na sua memória voltar... qualquer coisa do seu passado... me diga.

Ela franziu a testa.

— Por quê?

— Intuição.

Ela saiu sem dizer mais nada, o coração batendo como um tambor dentro do peito.

 

Mais tarde naquela noite, Enzo ficou sozinho em sua sala, fitando uma foto antiga em um dossiê.

Uma garotinha, de cabelos escuros e olhos enormes, sorriu para a câmera com um urso de pelúcia nas mãos. O nome escrito na borda da imagem era Aurora Marcelli. Sequestrada há dezoito anos, nunca mais encontrada.

O rosto da menina... não era idêntico ao de Luna, mas havia algo ali. Um traço, um olhar. Uma sensação inquietante.

Enzo girou o copo de uísque, pensativo. Seu pai havia prometido: quem encontrasse e eliminasse a herdeira dos Marcelli tomaria o império deles como herança.

Mas agora... se aquela garota fosse mesmo a herdeira desaparecida, o que seria mais difícil?

Eliminá-la...

Ou esquecer o que seus olhos causavam nele toda vez que a olhava?

Capítulo 2

O céu de Florença amanhecia com um tom acinzentado, como se a cidade estivesse guardando seus segredos sob uma névoa espessa. Luna acordou antes do despertador, sentando-se na borda da cama com os joelhos pressionados contra o peito. Sonhara de novo. Não com algo claro. Apenas sensações. Um cheiro de pólvora. Um grito abafado. Alguém a chamando por um nome que não era o dela.

Levantou-se, atravessou o pequeno apartamento e abriu a gaveta do criado-mudo. De lá, tirou um caderno velho, de capa azul, com o nome “Aurora” rabiscado na contracapa. Ela não sabia por que ainda o guardava. Encontrou o caderno dentro da mochila que recebeu no orfanato. Nenhuma das outras crianças se chamava assim. Nenhuma cuidadora soube explicar.

“Talvez fosse seu nome verdadeiro”, dissera uma vez uma freira. Mas o tempo passou, e Luna aprendeu que perguntar sobre o passado era como sangrar em mar aberto: atraía o que você não estava pronta para enfrentar.

Enquanto isso, a alguns quarteirões dali, o Valente ainda dormia. Mas Enzo já estava acordado. Sentado em uma das salas do andar subterrâneo, o mafioso olhava para um dossiê aberto sobre a mesa. Marco, como sempre, o acompanhava.

— A filha dos Marcelli sumiu há dezoito anos — dizia Marco, virando uma das páginas. — Supostamente sequestrada por rivais da própria família. Dizem que foi assassinada, deixada em um bordel ou levada para longe, em algum orfanato talvez. Ninguém nunca confirmou.

— E se ela estiver viva? — Enzo perguntou, a voz rouca de quem passou a noite em claro.

— Se estiver... e se for mesmo a herdeira legítima, é a única coisa que impede você de tomar o controle completo do império deles. A única peça faltando.

Enzo passou os dedos pelos cabelos.

— O nome dela?

— Aurora Marcelli. Tinha cinco anos na época. — Marco lhe mostrou uma fotografia antiga. Uma menininha de olhos escuros, cabelos longos e expressão séria demais para a idade.

— Alguma chance dela estar em Florença?

Marco hesitou.

— Muito improvável. Mas... tem algo curioso.

Enzo levantou os olhos.

— A nova garçonete. Luna.

— O que tem ela?

— Quando fui fazer a verificação de rotina, achei estranho que não há certidão de nascimento oficial. Ela foi registrada com um nome falso, entregue a um orfanato no interior da Toscana. E... — ele entregou uma folha — os traços batem com a projeção facial da Aurora com a idade atual.

O silêncio se instalou. Enzo se levantou devagar e foi até a janela. Viu o céu clareando sobre os telhados de telha vermelha, os sinos de uma igreja soando ao longe.

— Se for ela...

— Você sabe o que tem que fazer.

Ele não respondeu de imediato. A imagem de Luna voltou à sua mente. Os olhos dela. A forma como ela desviava o olhar, como se também escondesse algo. Havia uma ferida ali, mas ele não sabia se era a dela... ou a dele.

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O Valente começou a pulsar de novo quando o dia tomou forma. Luna entrou pelas portas do restaurante ainda com os pensamentos distantes. Havia algo no jeito como Enzo a olhava — não era apenas interesse, era como se ele a reconhecesse de um lugar que ela não sabia ter visitado.

Na sala dos fundos, ela ajudava a organizar os talheres quando Gianni apareceu.

— Luna, hoje você vai servir na área VIP. O chefe quer você lá.

Ela virou-se, surpresa.

— Eu? Mas... achei que ainda fosse cedo pra isso.

— Ordens dele. Só... seja discreta. Os clientes lá não gostam de garçonetes que falam demais.

Ela assentiu, tentando ignorar o frio no estômago.

Quando o turno começou, a seção VIP estava mais cheia que o habitual. Homens engravatados conversavam em vozes baixas, mulheres com joias discretas e olhares calculados examinavam o ambiente como predadoras silenciosas. Luna servia vinho, água com gás, entradas refinadas. Mas a todo momento, sentia o olhar de Enzo em sua direção.

No meio da noite, ele se levantou da mesa onde estava com dois empresários e foi até ela.

— Me acompanhe.

Ela engoliu seco. — Claro, senhor.

Ele a conduziu até o terraço, onde a cidade parecia uma pintura viva sob as luzes da noite. A brisa bagunçou os cabelos dela, e por um segundo, Luna se sentiu vulnerável demais.

— Está gostando do trabalho? — ele perguntou, parando ao lado dela.

— Estou. É um desafio... mas acho que preciso disso.

— E do que mais você precisa?

Ela franziu o cenho. — Por que quer saber?

Enzo a olhou profundamente.

— Porque parece que você está tentando fugir de algo. Mas o que quer que seja... está correndo atrás de você.

Luna desviou o olhar.

— Não sei o que o senhor quer dizer.

— Você sonha com o passado, Luna?

Ela congelou.

— Como...?

— Eu só observo. Você tem olhos de quem não sabe de onde veio. Isso te assusta?

Ela ficou em silêncio.

— Às vezes — confessou. — Tenho a sensação de que algo me foi tirado. Como se eu tivesse sido roubada de mim mesma.

Enzo se aproximou mais um passo. Eles estavam perto demais agora.

— Talvez tenha sido. — murmurou ele.

Luna o olhou, confusa, mas antes que pudesse perguntar, ele se afastou.

— Volte ao salão. Os clientes notam quando uma garçonete desaparece.

Ela obedeceu, mas com o coração acelerado. Algo naquele diálogo parecia mais do que um jogo de palavras.

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Mais tarde, quando ela voltou ao apartamento, Luna retirou o caderno azul da gaveta novamente. Passou os dedos pelas folhas, procurando algo novo, qualquer pista. E então, no fim de uma das páginas, viu pela primeira vez um desenho infantil: uma mansão cercada por grades, uma torre alta... e um brasão. Três espadas cruzadas sobre um fundo escuro.

Ela nunca tinha notado aquele símbolo antes.

Mas alguém tinha. E agora, esse alguém estava cada vez mais perto

Capítulo 3

Algumas semanas passaram-se, Luna criou mais intimidade com os colegas de trabalho e os sonhos estavam cada vez mais nítidos

O relógio marcava pouco mais de sete da noite quando Luna entrou no restaurante. A cada passo que dava sobre o piso de mármore polido, sentia o coração acelerar como se estivesse algo que ainda não compreendia. O ambiente do Valente estava mais tenso do que de costume naquela noite. Gianni parecia nervoso, os garçons estavam agitados, e até o aroma da cozinha, geralmente acolhedor, parecia carregado de uma tensão invisível.

— Luna — chamou Gianni, aproximando-se com a prancheta. — Troque o colete. O senhor Valente quer você na mesa particular dele hoje.

— Eu? Sozinha?

— Sim. Apenas você. Ele pediu. — Gianni abaixou o tom. — Seja cuidadosa. Quando ele fala pouco, é quando está mais perigoso... ou mais interessado.

Ela franziu o cenho, sem saber o que aquilo queria dizer. Mas assentiu e foi até o vestiário. Enquanto ajeitava o colete novo no espelho, algo dentro dela sussurrava que aquela noite mudaria tudo.

 

A mesa estava posicionada em um canto reservado, perto da parede de pedra, com vista para o jardim interno iluminado por tochas. Enzo já estava lá, sentado com a postura relaxada demais para alguém sempre tão rígido. Usava um terno cinza escuro sem gravata, e a luz quente realçava os traços do rosto sério. Ele girava uma taça de vinho com uma mão, pensativo.

— Boa noite, senhor Valente. — Luna se aproximou, a bandeja firme nas mãos.

— Boa noite, Luna. Sente-se.

Ela piscou, confusa.

— Eu? Sentar?

— É um jantar. E eu não gosto de comer sozinho.

Ela hesitou. — Achei que... eu fosse servir, não acompanhar o senhor no jantar fazendo companhia.

— Faça as duas coisas hoje. — ele ergueu uma sobrancelha. — A comida já está vindo.

Ela se sentou, ainda sem saber o que estava acontecendo. Nunca um funcionário sentava à mesa com o chefe. Muito menos com aquele chefe.

— Como foi seu dia? — ele perguntou, casualmente.

— Trabalhei. E... pensei. Um pouco demais, talvez.

— Sobre?

— Sobre mim. — Luna deu de ombros. — Sobre o que eu sou... ou deixei de ser.

Enzo a observou com atenção.

— Você sempre teve essa inquietação?

Ela assentiu. — Desde criança. Sempre achei que não pertencia aos lugares onde estive.

— E se descobrisse que pertence a um lugar que foi tirado de você?

Ela o olhou nos olhos. — Eu... não sei o que faria.

O prato principal chegou: massa fresca com trufas negras e filé ao molho de vinho. Luna observou o prato, surpresa. Não era o tipo de refeição comum para uma garçonete.

— Isso está além da minha posição nesse restaurante, é melhor eu ir senhor. — disse ela, com meio sorrindo se levantando.

— Você é uma exceção. — Enzo respondeu, calmo. — Não percebe?

Ela mordeu o lábio inferior, desconfiada.

— E por que sou uma exceção, exatamente?

Ele a encarou por um momento longo demais. Então disse:

— Porque tem olhos que carregam verdades que ainda não foram ditas.

Ela desviou o olhar, sem saber como reagir. Havia algo naquele homem que a atraía e a assustava na mesma medida. Ele era um enigma — elegante, perigoso, e... inexplicavelmente gentil com ela.

— Você sempre fala assim? — ela perguntou. — Como se cada palavra fosse um teste?

Ele riu de leve.

— Só com pessoas que não são o que aparentam ser.

Ela ficou em silêncio, absorvendo aquilo.

— Às vezes, eu me pergunto quem eu seria se tivesse crescido em outro lugar — confessou ela. — Se tivesse tido uma família.

— Você não lembra de nada?

Ela balançou a cabeça. — Algumas imagens soltas. Gritos. Uma voz masculina. O som de uma porta batendo. E uma mansão... grande. Mas não sei se é real ou só minha imaginação tentando preencher os buracos.

Enzo conteve a expressão. O que ela descrevia... era exatamente como nos relatos do sequestro de Aurora Marcelli. A mansão, a noite em que sumiu, os gritos.

— Talvez sejam lembranças reais — disse ele, em voz baixa.

— Você diz isso como se soubesse mais do que eu.

— Digamos que... conheço muitas histórias. E algumas delas cruzam o nosso caminho quando menos esperamos.

A tensão entre eles se tornava quase palpável. O silêncio não era desconfortável, mas cheio de perguntas não ditas.

— Senhor Valente — disse ela, por fim —, por que está me tratando assim?

— Assim como?

— Como se me conhecesse. Como se... importasse.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

— Talvez porque, de certa forma, eu te conheça. E talvez... porque me importe, sim.

Luna o olhou, surpresa. Aquela era a confissão mais direta que já ouvira dele. E, de algum modo, aquilo mexeu com algo dentro dela. Algo que ela não sabia que estava adormecido.

— Isso não é certo. — murmurou ela.

— Não. — ele concordou. — Não é mesmo.

 

Mais tarde, Luna estava de volta ao apartamento, o coração ainda acelerado. O jantar não havia sido apenas uma refeição. Havia sido o início de algo — uma aproximação impossível entre duas verdades que não podiam coexistir.

Ela abriu o caderno azul mais uma vez. Observou o desenho da mansão, o brasão. O traço era infantil, mas o símbolo... agora que o olhava com atenção, parecia um emblema real. Sentia que já o vira antes. Mas onde?

Enquanto isso, Enzo estava em seu escritório, encarando a mesma imagem. O brasão da família Marcelli. A imagem que o pai lhe mostrara quando fez o juramento: encontrar a herdeira e eliminá-la. Tomar o império para si.

Mas agora... se ela fosse mesmo a garota, tudo havia mudado.

Porque ele não podia negar o que sentia quando a olhava. A curiosidade havia virado atração. A atração, uma obsessão silenciosa.

E a obsessão... estava se transformando em algo mais perigoso.

Algo que ele prometeu nunca sentir.

 

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