Eu sou Enzo Mansur. Tenho 22 anos, carrego o nome de uma das famílias mais temidas — e respeitadas — do mundo, e, apesar do sangue nas mãos, sou apaixonado pela vida.
Fui criado entre estratégias e jantares em silêncio, mas também entre risos sinceros, lealdade inquebrável e exemplos que moldaram quem eu sou. Meu pai, Cesare, me ensinou a nunca recuar, cresci vendo Belinda ser amada e cuidada, ouvindo histórias de cada agressão, cada golpe contra nossa família, cada inimigo, mas também vi o mundo pela minha mãe.
Minha mãe, me mostrou que força também pode ter ternura. Cresci com o instinto protetor cravado no peito — e ele só ficou mais forte com o tempo.
Quando conheci Giulia, não fazia ideia de que aquela garota desbocada, amiga da Alana que depois virou mulher do Noah, fosse virar o eixo do meu mundo. Só mais tarde descobrimos que ela e Alana eram irmãs — separadas pela vida, marcadas por dores parecidas. Filhas de um passado russo sombrio, rejeitadas pelos pais, carregando inimigos e cicatrizes que não se veem, quando o perigo cercou Isadora mandamos ela em segurança para a Turquia e juramos proteger as duas aqui com nossa vida.
Ela passou poucas e boas, o homem que a criou tentou matá-la, colocou fogo na casa com ela presa no banheiro, um antigo admirador a perseguiu, falsas ligações de sua "mãe", ela começou a achar que eu a deixaria sozinha, queria entender o que fazer e como seguir, no dia que falou que ia embora me questionou:
O que eu fiz?
Eu não deixei ela ir.
Na primeira vez em que vi o medo nos olhos de Giulia, eu prometi a mim mesmo que ela nunca mais andaria sozinha. E não foi pela máfia, nem pela honra do nome Mansur. Foi por ela. Pela luz que ela ainda guardava, mesmo depois de tudo. Pelo jeito que ela desafiava o caos só por existir.
E naquele dia, sem que ninguém esperasse, eu tomei uma decisão: Giulia seria minha.
E hoje, construir uma vida com ela é o maior risco, deixá-la ir seria uma maldição — e a maior escolha — que já fiz foi ela. Porque no nosso mundo, amar é perigoso. Mas não amar… seria imperdoável.
Quando a vi despedaçada ajudando minha mãe no momento do sumiço de Belinda fiquei com o coração dividido, precisava achar minha irmã, matar os malditos, acabar com a dor da minha mãe, apoiar meu pai, mas ela segurava as pontas, me dizia que tudo ficaria bem, que não era o fim cada maldita noite que voltávamos sem notícias, foi o momento que a dor tentou me levar, mas ela foi meu chão, agora com tudo resolvido estávamos em paz.
Estávamos deixando Portugal.
O céu estava limpo, mas carregava aquele tom acinzentado de fim de guerra — quando tudo parece calmo por fora, mas por dentro ainda pulsa a adrenalina dos últimos dias.
Giulia estava ao meu lado no banco do jatinho, com os cabelos presos de qualquer jeito, vestindo um dos meus moletons, as pernas cruzadas e aquele olhar quieto, que só ela tem. O tipo de silêncio que fala muito.
Tínhamos feito o que precisávamos.
Os últimos inimigos tinham sido apagados. Belinda e o marido agora podiam respirar em paz, longe das ameaças que os rondavam desde que a velha rixa entre a antiga era de Portugal se arrastava pelos bastidores do poder.
Missão cumprida.
Mas eu... eu só pensava nela.
— Tá tudo bem agora, — eu disse, quebrando o silêncio, a mão procurando a dela sem pensar. — Eles não vão voltar.
Ela soltou um suspiro curto, como se tivesse prendido o ar por semanas.
— Será que algum dia a gente vai viver sem isso? — perguntou, sem me olhar, os olhos fixos na janela.
Fiquei em silêncio por um tempo, observando a curva do maxilar dela, a leve tensão ali. O jeito como ela segurava o próprio medo com tanta dignidade que doía.
— Eles não, — respondi. — Mas outros virão, nós podemos viver com isso, sempre venceremos e ninguém tocará em vocês. Juntos. Do jeito que for. Com a nossa casa, nossas regras... nossa paz, mesmo que seja em períodos, vamos sempre vencer.
Ela finalmente me olhou.
— Você fala como se a gente já fosse casado.
Sorri. Não aquele sorriso de quem ganha um jogo, mas o de quem tem certeza do que quer.
— Pra mim, já somos. Mas se você quiser o ritual, os votos, o vestido, as alianças... é só dizer. Te caso amanhã. Hoje, se quiser.
Ela riu baixo, e aquele som valeu mais do que qualquer juramento.
— Você é mesmo maluco, mas não vai se livrar do véu e grinalda não.
— Por você? Com certeza. Giulia, você é a pessoa que eu quero ao meu lado para o resto da minha vida. Eu te amo, e... quero casar com você.
Ela olhou para mim, com aquele sorriso encantador. Só que, claro, ela não podia deixar de dar aquela risada baixa.
— Eu, Enzo! Sério? Em um jato? Esse é o seu grande momento?
E foi nesse momento que eu percebi, com o riso dela ecoando, que eu provavelmente havia errando um pouco na escolha do cenário, mas... fazer o quê? Era o momento.
Mas o que ninguém esperava era que minha mãe, Eduarda, estivesse ali, sentada em uma das poltronas, observando tudo com uma cara de desaprovação total. Ela já estava balançando a cabeça, como se a cena toda fosse a maior vergonha do mundo.
— Enzo, meu filho, você realmente fez isso dentro de um jato? Onde está o romantismo nisso? Você está me dizendo que não havia um restaurante mais bonito, uma praia ao entardecer... nem mesmo uma simples serenata?
Eu olhei para ela, um pouco surpreso, mas, ao mesmo tempo, sentindo que ela estava mais preocupada com a forma do que com a essência. Claro, ela tinha razão em parte — quem pede alguém em casamento dentro de um jato? Mas eu só queria algo único, algo que tivesse a minha cara.
— Sogra, você viu isso? Eu estou rindo tanto, mas, no fundo, eu também acho que é... único, vai.
Eu me virei para minha mãe, tentando justificar, mas também sentindo a pressão aumentar. O pedido estava longe de ser o romântico ideal, mas eu estava tão nervoso, tão querendo que fosse perfeito, que nem percebi como ela estava me observando.
— Você não tem ideia, Enzo... Onde foi parar o romance? Não custa nada planejar algo que seja, pelo menos, um pouco mais significativo.
Giulia, que não conseguia mais parar de rir, olhou para mim com um sorriso doce, mas, ao mesmo tempo, cheio de carinho. E foi isso que me tranquilizou, de algum jeito.
— Eu te amo, Enzo. Mesmo assim, prometo que vou lembrar disso para o resto da minha vida. Sim, meu amor.
Eu dei uma risada nervosa, me sentindo mais aliviado, e então, com aquele olhar sincero, garanti para ela:
Minha mãe, Eduarda, ainda estava com aquele olhar desacreditado, mas, no fundo, sabia que o que importava era o que estava no meu coração — e no coração da Giulia. Por mais que ela tivesse suas reservas sobre o pedido, ela sabia que meu amor por ela era genuíno, mesmo que eu fosse um pouco... fora do normal nas minhas escolhas.
E, no fim, Giulia me deu um beijo leve e um sorriso doce, que foi o melhor sinal de que, mesmo no meio dessa loucura toda, o amor estava ali. E isso era o que mais importava.
E ali, entre o ronco discreto dos motores e a promessa silenciosa de um futuro incerto, eu soube.
Não importava quantos inimigos ainda viessem, quantas noites sem dormir, quantos países a gente cruzasse fugindo ou lutando — meu lar seria sempre onde Giulia estivesse.
E se o mundo achava que amar era fraqueza, estava na hora de mostrar que a nossa união era a arma mais perigosa que a Família Mansur já teve.
Tenho 20 anos. E, por muito tempo, me senti como se tivesse muito mais.
Cresci entre portas fechadas e olhares distantes. A ausência dos meus pais não era física — era emocional, e talvez essa tenha sido a pior parte, minha mãe eu nunca vi, meu pai era soldado da máfia e vivia viajando.
Fui treinada para me calar, para ser forte. Mas ninguém me ensinou o que fazer com o silêncio que fica quando ninguém pergunta se você está bem.
Foi Alana quem trouxe luz para mim.
Na época, ela era só uma amiga. Uma amiga que me ofereceu amor, como eu tinha liberdade e ela não, na minha casa tinha refugio para nossas brincadeiras e conversas.
Anos depois, descobrir que ela era minha irmã... foi como encaixar a última peça de um quebra-cabeça que eu nem sabia estar montando.
E foi com ela que eu conheci os Mansur, ajudando ela a resolver seu problema me encontrei, encontrei cuidado, respeito, amizades e verdades.
Uma família incomum — sim. Mas uma família de verdade. Pela primeira vez, eu não era uma estranha na sala. Me aceitaram, me acolheram. Eu era Giulia, e isso bastava.
E então veio ele.
Enzo.
O nome soava como ameaça e promessa ao mesmo tempo. Forte, intenso, letal... mas com aquele sorriso de canto que parecia esconder todos os pecados do mundo.
E, talvez por isso, eu me vi amando a presença dele antes mesmo de entender o que aquilo significava.
Lembro da noite do casamento da Alana como se fosse agora.
O salão estava deslumbrante. Luzes quentes, flores brancas, o brilho das taças e os sorrisos que dançavam entre as músicas.
Eu estava linda — e eu sabia disso. Vestido justo, cabelo solto, maquiagem leve com aquele delineado que me deixava mais confiante, meus cabelos longos e enrolados estavam radiantes, e eu... Feliz.
Muitos olhares vieram naquela noite, mas eu não queria ninguém.
Queria só um. E ele estava ali.
Enzo me observava do outro lado da pista, ignorando completamente o cara ao meu lado que tentava me impressionar com alguma história sobre carros ou relógios, sei lá.
Eu sorria, fingindo escutar, mas meus olhos encontravam os dele a cada segundo.
Então, ele veio.
A passos firmes. Focados. Sem sorrir.
O cara ao meu lado parou de falar quando sentiu a sombra de Enzo sobre nós.
— Você já terminou aqui? — ele perguntou, com a voz baixa, mas firme como aço.
O outro engoliu seco e desapareceu em segundos.
— Você tá louco? — perguntei, meio chocada, meio... excitada pela coragem dele.
— Se somos só amigos, você tem que me deixar viver minha vida, não acha?
Ele se aproximou. Muito.
A voz veio rouca, grave, carregada.
— Não. Porque eu não sou seu amigo. Nunca fui. E se mais alguém tentar chegar perto de você, vai ter que passar por mim primeiro.
E antes que eu respondesse, ele me beijou.
Firme. Intenso. Como se tivesse esperado aquele momento desde o primeiro olhar.
E eu... eu deixei. Ou melhor, eu quis.
Mas também o amansei com o toque leve da minha mão em seu rosto, fazendo-o sorrir contra meus lábios. Por um instante, ele não era o herdeiro da máfia. Era só um homem apaixonado.
Mais tarde, naquela mesma noite, enquanto eu ainda tentava entender o que estava acontecendo com meu coração, o celular vibrou.
Número desconhecido.
Atendi com o coração acelerado.
— Giulia? — A voz do outro lado me congelou.
Aquela ligação mudou tudo.
A voz ao telefone era masculina. Fria, direta, com um sotaque que me gelou a espinha.
— Se quiser ver sua mãe viva, venha sozinha. Sem dizer uma palavra. Vou mandar a localização.
Meu coração parou.
Minha mãe? Depois de tantos anos? Depois de tanto silêncio?
— Como eu sei que é verdade? — sussurrei, a garganta apertada.
— Ela tá aqui. Chorando. Implorando para você vir.
A ligação caiu. E com ela, toda a razão que me restava, não podia arriscar, não podia questionar, não tinha tempo.
Eu fui.
Sem pensar, me despedi, neguei ajuda, peguei o celular, enfiei um casaco por cima do vestido e chamei um táxi com as mãos trêmulas. Alana e os outros ficaram — e eu? Eu fugia do meu próprio final feliz.
O endereço me levou para a parte esquecida da cidade. Ruas estreitas, postes apagados, casas que pareciam engolidas pelo tempo.
O carro parou diante de uma construção abandonada. Meu coração gritava, mas minha cabeça só repetia: e se for verdade? E se ela estiver lá?
Entrei.
O chão rangia. O cheiro era de mofo e ferrugem. E silêncio. Um silêncio que berrava.
— Alô? — chamei, hesitante. — Mãe?
E então… ele apareceu.
Um homem alto, rosto coberto por sombras, olhos que não tinham nada. Nem alma, nem piedade.
— Cadê ela? — perguntei, a voz embargando.
Ele sorriu. Um sorriso podre.
— Você veio. Isso é o que importa, seu pai me devia, vou cobrar uma velha dívida.
Corri. Mas não rápido o bastante.
Ele me puxou, me jogou no chão. Bati a cabeça. Senti o sangue. Tentei gritar. As mãos dele em mim. O cheiro dele. O nojo. A dor.
— POR FAVOR! — eu gritava, chorava, implorava. — Não faz isso! Por favor…
Mas ele ria. E eu… eu estava perdendo a consciência. A dor era tanta que o mundo ficou desfocado. Eu não conseguia mais lutar.
Foi quando ouvi.
O estrondo.
A porta explodiu. O som da madeira rachando ecoou como um trovão. Ouvi passos pesados. Uma voz gritar meu nome.
E então, o rosto dele.
Enzo.
Ele entrou como uma tempestade. O olhar assassino. A arma na mão. A raiva viva.
— ENCOSTA NELA DE NOVO, DESGRAÇADO! — ele rugiu.
O homem tentou correr. Enzo atirou sem pensar. Duas vezes.
Tudo virou borrão. Ouvi gritos. Ouvi silêncio. Senti braços fortes me envolvendo.
— Giulia... ei, Giulia, olha pra mim, princesa. Eu tô aqui. Eu tô aqui agora...
Eu chorava sem parar, soluçando contra o peito dele.
Ele me abraçava com tanta força que parecia que queria me colar de volta à vida.
— Você me seguiu? — sussurrei, quase sem voz.
— Claro que sim, — ele respondeu, os olhos marejados. — Você acha mesmo que eu deixaria você sozinha? Nunca. Eu te jurei, Giulia. Eu sempre vou chegar.
Ele tirou o casaco e me envolveu. Beijou minha testa, acariciou meu rosto com as mãos sujas de sangue.
— Você é tudo que eu tenho. E eu vou matar qualquer um que tentar te tirar de mim.
Ali, no meio do caos, entre sangue e escuridão, eu soube:
Enzo era minha guerra. Mas também era meu porto.
Eu lembro daquela noite como se tivesse sido ontem.
O casamento da Alana estava perfeito. Música boa, gente rindo, a felicidade transbordando pelas paredes da mansão. E ela…
Giulia.
Meu Deus, como ela estava linda.
Vestido colado, olhos brilhando, cabelo solto.
Ela desfilava pela festa como se não soubesse o efeito que causava.
E eu… eu a observava. Como sempre.
Noah ciente do que acontecia me perguntou se eu gostava dela, deixei claro que a nossa relação era de amizade, nem eu acreditava naquilo, mas quando me alertou sobre os olhares que ela ganhava que percebi o quanto outros homens a admiravam, voei até ela, afastei o cara arrancando dela uma reação diferente.
— Se somos só amigos, você tem que me deixar viver minha vida, não acha?
Mal sabia ela o quanto aquilo doía.
Meu beijo a mostrou que não era assim, que ela era minha, e ali a paz reinou.
Mas naquela noite... tudo mudou.
Vi quando ela se afastou, o celular vibrando em sua mão. Vi seu rosto mudar. A expressão se apagar, ela se despediu e saiu correndo, não quis que eu a levasse.
Fui atrás sem pensar.
— Giulia?
Ela estava parada no jardim, imóvel. Olhos arregalados.
— Quem era? — perguntei, a voz baixa.
Ela hesitou. Guardou o celular no bolso como se quisesse esconder o próprio medo.
— Eu... eu preciso sair por um tempo.
— Agora? Que porra é essa? O que aconteceu?
— Me prometeram respostas. Coisas... sobre minha mãe. E eu preciso ir.
Cheguei mais perto, a voz firme:
— Então vamos. Eu levo você.
Ela recuou um passo, os olhos cheios de algo que eu não conhecia: pavor.
— Não, Enzo. Eu tenho que ir sozinha.
— Giulia... — me aproximei mais. — Você tá tremendo. Me diz o que tá acontecendo.
— Se eu contar, ele mata ela. Ele disse que tá com a minha mãe. Que se eu abrir a boca, ela morre.
A fúria que nasceu em mim foi instantânea. Cerrei os punhos, minha mente já passando por todas as possibilidades, todos os nomes, todas as ameaças.
E eu, querendo respeitar o maldito espaço dela, aceitei.
Mas algo dentro de mim gritava.
Então assim que ela saiu eu também saí.
Graças a Deus, eu fui atrás.
Aquela casa…
O cheiro, o silêncio, o pressentimento.
Entrei pronto para matar. E matei.
O desgraçado estava em cima dela. Sangue, lágrimas, dor, queria ressuscitar ele e matar novamente.
A Giulia, minha Giulia, quase sem forças.
Eu o matei sem pensar. Dois tiros. Um por cada grito que ela deu.
A peguei nos braços, ela mal respirava. Levei direto para o hospital.
Enquanto ela era atendida, eu queria destruir o mundo.
Chamei meus homens. Exigi informações.
— Quem era ele?
Silêncio.
— FALEM, PORRA!
Foi Thiago quem falou, engolindo seco:
— Um atravessador russo, senhor. Trabalhou com o pai da Giulia anos atrás. Parece que o cara tentou cobrar uma dívida antiga... usando ela.
Meu sangue ferveu.
O ar me queimava os pulmões.
A raiva era tanta que tremi.
Ele tentou tocar nela como moeda de troca.
Quando ela acordou, no hospital, eu estava sentado ao lado dela.
Olhos vermelhos, punhos fechados, mas o coração inteiro ali.
— Ei… você tá bem, — murmurei, me inclinando, a mão segurando a dela com força e cuidado ao mesmo tempo.
— Acabou, Giulia. Eu te trouxe de volta. Agora a gente vai para casa.
Ela me olhou, frágil. Ainda assustada.
Mas viva.
Hoje, ela dorme.
Estamos no quarto, só nós dois.
Ela respira devagar, o corpo encolhido sob o lençol. O rosto não carrega mais marcas daquela noite.
Ela está aqui. Comigo.
Sento na beira da cama. Passo os dedos com leveza pelos fios do cabelo dela.
— Você nunca mais vai passar por aquilo, — sussurro, como uma promessa que sangra.
— Não enquanto eu respirar. Juro por tudo que sou, Giulia…
Quem tentar tocar em você de novo, eu vou atrás até o inferno, e volto com a cabeça do filho da puta nas mãos.
Ela se mexe, como se sentisse. Como se soubesse.
E eu beijo sua testa com delicadeza, porque mesmo sendo feito de guerra… com ela, eu só quero paz.
O quarto ainda estava escuro, cortinas pesadas filtrando a luz tímida da manhã.
Tudo ali era silêncio — exceto o som tranquilo da respiração dela contra o meu peito.
E então, devagar, senti seu corpo se mover.
Aquele gesto suave, quase imperceptível… mas que eu conheço tão bem.
Giulia acordava. E como sempre fazia quando queria me encontrar ainda no meio do sonho, ela se enroscou em mim. Os braços ao redor da minha cintura, o rosto escondido no meu pescoço.
— Bom dia, — ela murmurou com a voz arrastada de sono.
— Bom dia, amor.
Beijei o alto da cabeça dela, meu corpo inteiro reagindo àquele toque, àquele calor.
Foi inevitável.
Ela percebeu.
Fez um leve sorriso se formar em seus lábios enquanto se aninhava mais.
— Ah, então você sentiu minha falta enquanto eu dormia? — ela sussurrou, provocando, os dedos já explorando o caminho entre a camiseta e minha pele.
— Você não tem ideia.
Ela ergueu o olhar, os olhos azuis-escuros brilhando de malícia suave e carinho profundo. E então, com a confiança de quem sabe exatamente o lugar que ocupa no meu mundo, Giulia se ergueu e, sem cerimônia, montou em mim, uma perna de cada lado do meu quadril.
— Então deixa eu te lembrar...
A voz era baixa, firme, carregada daquela doçura que só ela sabe usar para desarmar até o homem mais letal.
Ela se inclinou e me beijou. Devagar. Explorando, provocando, me queimando de dentro para fora.
Cada movimento dela sobre mim era sensual, mas carregado de entrega.
Nada urgente.
Nada impaciente.
Era como se estivéssemos dançando uma música que só nós dois ouvimos.
Minhas mãos subiram por suas coxas, até a cintura. Ela fechou os olhos e se moveu lentamente, o corpo inteiro se encaixando no meu como uma promessa.
Ela cavalgava com controle, com graça, com amor.
A respiração entrecortada, os olhos fixos nos meus, os lábios entreabertos.
E mesmo ali, naquele momento de prazer, o que me arrebatava era o sentimento.
A forma como ela confiava em mim. Como se entregava por completo.
— Você é tudo para mim, Giulia, — eu sussurrei contra sua boca, as mãos firmes na curva das costas dela.
Ela sorriu.
Um sorriso pequeno, mas real.
— E você é meu lar.
Os movimentos dela aumentaram, intensos e suaves ao mesmo tempo, e juntos, fomos levados àquele lugar onde nada mais existia além de nós dois.
Quando finalmente colapsamos no abraço, corações disparados, respiração descompassada, não houve palavras por um tempo.
Só toque.
Só presença.
Só certeza.
Ela deitou sobre mim, e eu a envolvi como se o mundo inteiro dependesse daquilo.
E talvez dependa mesmo.
Porque quando Giulia está nos meus braços... nada pode me tocar.
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