Reino Invertido
Um Outro Mundo, Um Outro Corpo
Lucas
[Lucas - 22 anos - Vida anterior]
“Mais um dia… e mais uma entrega.”
Lucas caminhava pela rua estreita com seu fone de ouvido, desviando de carros e motos. O entregador de aplicativo vivia em São Paulo, ganhando o mínimo para pagar aluguel e ajudar a mãe doente. Entre uma entrega e outra, alimentava o sonho de estudar programação, mas a vida nunca dava trégua.
Lucas
Mal tenho tempo pra respirar… quanto mais estudar. Se ao menos eu tivesse uma chance.
Naquela noite chuvosa, após um dia cansativo, Lucas deitou exausto no colchão fino. Antes de fechar os olhos, sussurrou:
Lucas
“Queria sumir desse mundo… e começar de novo.”
Ele não sabia que alguém — ou algo — estava ouvindo.
voz desconhecida
“Desejo aceito.”
Lucas
[Lucas - Nova realidade]
“Hã? Que lugar é esse?”
Ele acordou em um quarto de pedra, deitado em um colchão de palha. Seu corpo era diferente — mais novo, talvez 16 anos — com roupas humildes e cicatrizes nos braços.
Lucas
“Quem sou eu agora?”
No espelho de metal polido, ele viu um rosto desconhecido. Um nome ecoou em sua mente: Elior.
Lucas
“Elior? Esse é o meu nome agora?”
Uma batida forte na porta o interrompeu.
mãe
“Levante logo, rapaz! O trabalho no estábulo não vai se fazer sozinho!”(fala com uma voz autoritária)
Lucas
(pensando e a olhando)“O que... a mulher aqui manda mesmo. Espera… todas mandam?”
Lucas
“Já vou, mã… senhora.”
Ele saiu e foi direto para as tarefas. Mulheres armadas cavalgavam pela vila, dando ordens aos homens, que pareciam submissos. Um mundo onde as mulheres eram guerreiras, líderes, magas — e os homens, muitas vezes, servos, ajudantes ou até mesmo criados.
velha
“Você é o filho inútil da falecida bruxa Mira? Ela ao menos tinha magia. Você nem isso.”
Lucas
“Magia?”(fala chocado)
Na vila, a magia era rara, mas quem possuía, podia mudar a vida. E agora ele precisava descobrir se Elior tinha esse dom — enquanto resolvia as dívidas da família, um passado desconhecido, e um corpo que não era o seu.
Lucas
“Ok. Não sei quem eu sou aqui. Mas se esse mundo dá poder pra quem tem magia… então eu vou aprender. E mudar meu destino. De novo.”(terminade falar determinado)
O Dom Esquecido
Lucas
[Lucas/Elior - pensativo]
“Se a mãe dele era uma bruxa poderosa… por que ele vivia como um servo?”
Com as mãos sujas de terra e esterco, Lucas — agora no corpo de Elior — se arrastava para o fim do dia. A vila de Lourenne era pequena, mas severa. Comandada por uma ordem matriarcal de magas, guerreiras e nobres, qualquer homem que se mostrasse “inútil” era descartado pela sociedade.
Lucas
[Lucas/Elior - lembrando da velha do mercado]
“Ela disse que minha mãe tinha magia… talvez ainda haja algo escondido.”
Depois do jantar simples e silencioso — onde ele mal olhou nos olhos da nova "mãe" autoritária que agora cuidava dele — Lucas esperou todos dormirem.
Ele foi até o antigo quarto de Mira, a bruxa falecida, trancado há anos.
Lucas
> [Lucas/Elior - sussurrando]
“Espero que magia aqui funcione como nos livros…”
Ele tocou a maçaneta. Um estalo ecoou, e uma runa brilhante se apagou na madeira. A porta se abriu lentamente.
O quarto era coberto por estantes com frascos, grimórios empoeirados e símbolos estranhos desenhados nas paredes. No centro, um espelho coberto por um pano roxo.
Lucas
[Lucas/Elior - espantado]
“Isso é… real.”
Em cima de uma mesa, um diário. Na capa, um nome: Mira El’Lorien.
Lucas
[Lucas/Elior - lendo]
“‘Se meu filho um dia vier a este lugar, que saiba: seu dom foi selado no dia em que nasceu. Por segurança. Pela ordem.’”
Lucas
[Lucas/Elior - chocado]
“Meu poder foi… selado?!”
Um bilhete escondido dentro do diário levava até um local fora da vila: A Caverna do Silêncio, onde Mira supostamente escondeu o selo de Elior.
Mas sair da vila à noite era proibido, principalmente para homens.
Lucas
[Lucas/Elior - decidido]
“Se eu quiser sobreviver aqui, entender quem é Elior… e voltar, ou viver nesse mundo… eu preciso ir.”
Ele guardou o diário no casaco, pegou uma lamparina e uma adaga antiga — pequena, mas afiada. Em silêncio, saltou pela janela e correu para a floresta.
Lucas
[Lucas/Elior - correndo]
“Talvez isso tudo seja um pesadelo... mas se for um sonho, que seja o mais épico possível.”
Na floresta escura, ele não estava sozinho. Criaturas das sombras, atraídas por magia selada, começaram a surgir.
Lucas, sem saber usar um feitiço, ficou de frente para um lobo de olhos brancos e presas negras como obsidiana.
Lucas
[Lucas/Elior - ofegante]
“Ok… agora seria uma boa hora pra esse poder voltar.”
O lobo avançou.
E então… o espelho da casa brilhou sozinho.
No reflexo, o rosto de Mira apareceu — e seus olhos se abriram.
O Selo da Herança
A floresta de Lourenne era temida pelos homens e respeitada pelas mulheres. Diziam que ela reconhecia o sangue das bruxas, mas engolia os fracos.
E naquela noite, Elior corria — mesmo com o coração de Lucas acelerado e a adaga tremendo em sua mão.
Lucas
[Encarando o lobo]
“Se eu morrer aqui… nem vou entender quem fui. Ou por que estou nesse corpo.”
O lobo das sombras rosnou. Os olhos dele refletiam a lua cheia, e a saliva caía das presas com um chiado estranho — não era um animal comum.
Quando a criatura pulou, algo dentro de Elior se quebrou.
[Voz feminina misteriosa - eco na mente de Elior]
“Filho de Mira. Quebrar o selo é reconhecer seu nome. Diga quem você é. Agora.”
Lucas
[Instintivamente]
“Eu sou… Elior El’Lorien!”
Uma rajada de vento saiu do chão. O corpo de Elior foi envolto por um brilho azulado. O lobo foi lançado para longe, uivando.
A floresta silenciou. As árvores curvaram-se ligeiramente, como reconhecendo um novo bruxo desperto.
Lucas
[Caindo de joelhos, ofegante]
“Isso… isso foi magia. Eu consegui?”
Ao seu redor, símbolos flutuavam no ar — escritos em uma língua feminina antiga, usada apenas pelas sacerdotisas do Conselho da Lua, a ordem que regia Lourenne e todos os outros reinos vizinhos.
Era uma língua que homens estavam proibidos de aprender.
Lucas
[Observando os símbolos]
“Mesmo aqui… saber demais é um crime, se você for homem.”
[Voz feminina - telepática, ancestral]
“Você herdou o legado de Mira. Uma bruxa poderosa que ousou amar um homem e ensiná-lo magia… e por isso foi caçada.”
Lucas
“Ela... foi morta por ensinar magia a um homem?”
“Neste mundo, as mulheres são as guardiãs do poder. Os homens, ferramentas de sua vontade. Mas você é uma quebra na roda. Um ponto fora do controle. Um erro... ou talvez, um novo começo.”
Lucas agora sabia: esse mundo não era apenas liderado por mulheres. Era controlado por elas — política, religião, magia, guerras.
Homens não herdavam terras, nem saber, nem glória. E um homem com magia? Isso era proibido. Um tabu.
Lucas
[Pensando]
“Eu estou em um mundo onde ser homem é ser invisível. Mas se eu tenho magia... então não sou invisível. Sou perigoso.”
Ao longe, tochas surgiam entre as árvores.
Guardas da Ordem da Lua — todas mulheres — aproximavam-se montadas em cavalos, armadas com lanças encantadas.
Capitã da guarda
“Identifique-se, homem! Você ultrapassou os limites da vila sem permissão. Isso é crime!”
Lucas
[Erguendo as mãos]
“Eu só… eu tive um chamado. Magia. Minha mãe, Mira, ela—”
Capitã da guarda
[Interrompendo, séria]
“Mira El’Lorien foi uma traidora da ordem. Seu nome é proibido.”
As lanças brilharam. Mas antes de qualquer golpe, o espelho que ele carregava no peito — amuleto deixado por Mira — emitiu um brilho. As guardiãs hesitaram.
Capitã da guarda
[Surpresa]
“Isso é… magia de sangue puro?”
Lucas
[voz Firme]
“Sou filho de Mira. E tenho direito à verdade.”
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