Ele perdeu tudo... mas nunca esqueceu.
Bruno Castellani era apenas um garoto quando viu seu pai, um CEO poderoso e respeitado, morrer após ser traído brutalmente por sua própria esposa e seu melhor amigo. Expulso do mundo de luxo que conhecia, Bruno foi jogado em um orfanato onde conheceu o lado mais cruel da humanidade. Sem amor, sem esperança, sem justiça.
Agora, já crescido, Bruno vive nas sombras. Sem sobrenome. Sem futuro. Até o dia em que salva uma mulher de um assalto — uma advogada em crise, desacreditada, derrotada, à beira da demissão. O que começa com um gesto impulsivo, transforma-se em um encontro de destinos.
Ao ouvir a história de Bruno, **Lorena Duarte**, movida por sua dor e pela faísca que nasce entre eles, decide ajudá-lo. Com um banho quente, roupas limpas e um olhar novo sobre si mesmo, Bruno não é mais apenas um sobrevivente — é o herdeiro de uma vingança que pode abalar o império que lhe foi roubado.
Mas nada será simples.
Entre conspirações, reviravoltas, um triângulo amoroso inesperado e um retorno que ninguém imaginava, Bruno enfrentará a justiça que nunca teve — e terá que decidir entre o amor... ou a destruição de todos que o traíram.
Nesta trama onde ninguém é quem parece ser, a verdade pode libertar — ou levar direto para a prisão.
**Personagens principais:**
**Bruno Castellani** – O protagonista marcado por traumas e sede de justiça. Forte, intenso e com um passado que clama por vingança.
**Lorena Duarte** – Advogada talentosa, desacreditada por seus superiores. Seu encontro com Bruno muda sua vida — e talvez seu coração.
**Hugo Meireles** – Antigo melhor amigo do pai de Bruno. Agora um dos homens mais poderosos do país, mas com muitos segredos.
**Verônica Castellani** – A madrasta ambiciosa e fria que articulou a traição. Beleza, veneno e ambição em uma só mulher.
**Rafaela Monteiro** – Sócia de Lorena e amiga fiel, mas que também guarda sentimentos por Bruno... criando um triângulo explosivo.
**Ruína**
A história se inicia no auge do império Castellani. Em uma noite luxuosa de comemoração, o poderoso CEO **Arthur Castellani** brinda à vida ao lado de sua bela esposa **Verônica** e de seu melhor amigo e sócio, **Hugo Meireles**. Tudo parece perfeito... até que, ao final do evento, Arthur recebe uma notificação bancária estranha e documentos escondidos revelam uma traição devastadora.
Minutos depois, ele confronta Verônica e Hugo em seu escritório. O que era uma suspeita vira certeza: eles desviaram fundos, manipularam contratos e colocaram tudo em seus nomes. Ao ouvir Verônica dizer friamente que nunca o amou — e que só queria o poder —, Arthur sofre um infarto fulminante. Eles assistem à sua queda... sem mover um dedo.
Enquanto o mundo da elite chora o “trágico acidente” do magnata, seu filho de oito anos, **Bruno**, é ignorado, rejeitado pela madrasta e internado em um orfanato. De herdeiro a ninguém.
O capítulo acompanha, em cortes emocionais, os primeiros dias de Bruno no orfanato, a perda da infância, os maus tratos e o silêncio da justiça. Ele chora, resiste, se fecha para o mundo... mas nos olhos, já brilha a raiva silenciosa de quem foi roubado — e um dia vai cobrar.
O capítulo termina com uma narração sombria e potente:
*"Eles roubaram tudo. Mas esqueceram de acabar comigo."*
A noite envolvia a cidade com seu manto de luzes cintilantes, refletindo o luxo e o poder que permeavam o topo do arranha-céu onde a festa acontecia. Arthur Castellani, o renomado CEO do Grupo Castellani, brindava ao sucesso ao lado de sua esposa Verônica e de seu melhor amigo e sócio, Hugo Meireles.
O salão estava repleto de convidados ilustres, todos celebrando os lucros recordes da empresa. Arthur, com um sorriso confiante, agradecia a presença de todos, sem imaginar que aquela seria sua última noite de glória.
A cobertura do Grupo Castellani pulsava com música suave, risos abafados e taças de cristal tilintando em brindes intermináveis. O céu noturno da cidade se estendia como um manto de promessas, refletido nas janelas de vidro fumê que cercavam o salão. Tudo ali gritava poder, prestígio, eternidade.
Arthur Castellani vestia um terno sob medida italiano, o olhar afiado de quem dominava impérios e corações. Ao seu lado, a esposa Verônica exibia um vestido vermelho sangue, justo o suficiente para destacar sua beleza fatal, largo o bastante para esconder suas intenções. E entre eles, sempre sorridente e leal, o sócio e melhor amigo Hugo Meireles, o braço direito... e o punhal escondido nas costas.
Arthur ergueu a taça, a voz firme ecoando pelo salão:
— Aos nossos lucros, aos nossos sonhos. E ao amor.
Sorrisos. Palmas. Um beijo teatral de Verônica. Tudo falso.
Horas depois, quando o salão já se esvaziava, Arthur caminhou até seu escritório com passos leves — mas a mente já começava a se inquietar. Uma notificação estranha no celular. Um arquivo anônimo anexado. Contratos. Transferências. Fraudes.
E uma assinatura.
A de Hugo.
A de Verônica.
Arthur sentiu o estômago virar. O sangue, que outrora lhe dava poder, agora queimava como veneno nas veias. Eles haviam transferido o controle da empresa, esvaziado contas, manipulado documentos. Tudo por trás dele.
A porta do escritório se abriu sem aviso. Verônica entrou primeiro, o salto batendo no mármore como uma sentença. Hugo a seguia, as mãos nos bolsos, como se não tivesse nada a temer.
— Então... — disse Arthur, mostrando os papéis. — É isso?
Verônica cruzou os braços, os olhos gelados como lâminas.
— Você sempre foi brilhante. Mas lento quando se tratava de quem estava ao seu lado.
— Nós só adiantamos o inevitável — completou Hugo, sorrindo com desprezo. — O mundo muda, Arthur. E você ficou... ultrapassado.
— Você era meu irmão, Hugo. Eu confiei em você! — Arthur gritou, a mão tremendo sobre a mesa.
— E você confiou demais — disse Verônica, aproximando-se. — Nunca te amei. Sabe disso, não sabe?
O silêncio que seguiu foi o mais cruel de todos.
Arthur levou a mão ao peito. Uma dor aguda. Uma pontada que rasgava do peito até a alma. Cambaleou. Caiu.
Hugo deu um passo. Mas não para ajudar.
— Está sofrendo um infarto? — perguntou, com um arquejo de ironia.
— Talvez o coração esteja cobrando por todas as suas arrogâncias.
Arthur tentou alcançar o telefone. Verônica chutou o aparelho para longe.
— Você já perdeu, Arthur. Morra com um pouco de dignidade.
O magnata tombou no chão, os olhos fixos na mulher que um dia amara. Verônica. A mulher que agora lhe assistia morrer como quem vê uma vela se apagar: sem emoção.
A cidade acordou com a manchete:
**“Arthur Castellani, o magnata das telecomunicações, morre aos 49 anos após infarto fulminante.”**
Verônica, agora viúva, chorava em frente às câmeras. Hugo surgia como o novo herdeiro do império, legitimado por uma papelada bem forjada. E nos bastidores, o testamento de Arthur sumia misteriosamente, enquanto o nome do único filho — **Bruno Castellani**, de apenas oito anos — desaparecia dos registros oficiais.
Bruno, órfão da primeira esposa de Arthur, era visto como um empecilho. Verônica se livrou dele como se se livra de uma roupa velha. Internado num orfanato distante, esquecido pela mídia, ignorado pelo sistema. Um herdeiro arrancado de tudo, jogado entre paredes frias, camas de ferro e olhos que não tinham piedade.
**
Anos se passaram.
Bruno cresceu escondendo as lágrimas, engolindo a dor com a mesma fome com que comia os restos da cantina. Era bonito — um menino moreno de olhos claros e feições fortes —, mas isso só lhe causava mais problemas. As cuidadoras o desprezavam. Os colegas o invejavam. E quando os castigos não bastavam, vinham os abusos.
Tentou fugir uma vez, com doze anos. Foi pego. Apanhou. Jurou que nunca mais tentaria. Mas não por medo. Por estratégia. Ele aprenderia a escapar do jeito certo.
Aos vinte anos, Bruno já era alto, sarado de tanto carregar o peso do mundo nas costas. Os olhos, antes inocentes, agora eram espelhos partidos — reflexos de tudo que viram, de tudo que perderam. Naquela noite, uma das cuidadoras tentou invadir seu quarto. Ele a empurrou, pulou pela janela e correu.
Para sempre.
**
As ruas não eram mais cruéis do que o orfanato. Ele sabia se virar. Roubar um lanche. Dormir nos fundos de lojas. Evitar confusão. Mas naquela madrugada chuvosa, o destino decidiu brincar mais uma vez.
Viu uma mulher sendo cercada por dois homens. Um a puxava pela bolsa, o outro segurava seu braço. Bruno não pensou. Avançou com raiva acumulada por anos. Um chute, um soco, uma corrida dos agressores.
A mulher caiu sentada na calçada, ofegante. Molhada. Com o salto quebrado e os olhos cheios de lágrimas.
— Você tá bem? — ele perguntou, com a voz rouca.
Ela olhou para ele com espanto. O rapaz parecia uma pintura quebrada — sujo, maltrapilho, mas com um rosto que fazia o coração acelerar.
— Eu... sim. Acho que sim. Eu... perdi tudo hoje. Um caso importante. O chefe disse que se eu não ganhar algo até sexta, tô fora. E agora isso...
Ela começou a rir de nervoso. Depois chorou.
Bruno não sabia o que fazer, então apenas se sentou ao lado dela na calçada.
— Eu sou Bruno — disse.
— Lorena.
O silêncio entre eles foi sincero. Pela primeira vez em anos, Bruno sentiu que podia falar. Contou sobre o orfanato. Sobre o pai morto. Sobre a madrasta. Sobre o sócio. Contou com raiva, com tristeza. Mas também com dignidade. Ele nunca se fez de vítima. Só queria justiça.
Lorena ouvia como se ouvisse um romance trágico. Mas a cada palavra, sentia algo mais forte: propósito. Aquilo não era apenas uma história triste. Era um caso.
— Você sabe que é filho de Arthur Castellani, não sabe? — ela perguntou, com os olhos brilhando.
— Eles fingem que não. Como se eu nunca tivesse existido.
— E se a gente provasse que você é o verdadeiro herdeiro? Que houve fraude, ocultação de herança, falsidade ideológica?
Bruno a olhou com ceticismo.
— E você acha que eles vão pagar pelo que fizeram?
Lorena sorriu. Um sorriso torto, carregado de falhas, derrotas e esperanças feridas.
— Eu perdi todos os meus casos. Mas nunca tive um motivo de verdade pra lutar.
Ela se levantou, estendeu a mão para ele.
— Vamos mudar essa história, Bruno Castellani. Começando pelo seu nome.
Enquanto o sol surgia no horizonte da cidade, Bruno e Lorena caminhavam juntos. Ele, com um novo destino pela frente. Ela, com um novo motivo para acreditar.
Mas nenhum dos dois sabia o que os aguardava: reviravoltas, perigos, armadilhas — e um amor tão perigoso quanto a própria vingança.
A noite era fria. Uma daquelas madrugadas em que a cidade parece suspensa no tempo, onde os faróis dos carros cortam a escuridão como lâminas e os passos ecoam nas calçadas vazias com uma solidão quase cruel.
Bruno se sentava sob a marquise de uma farmácia 24h, enrolado num casaco velho que encontrara no lixo três noites antes. As calças estavam rasgadas nos joelhos, e os tênis — desbotados, desiguais — mal protegiam seus pés do frio que parecia subir da calçada direto para a espinha.
A fome era um incômodo constante, mas já não o desesperava como antes. Havia aprendido a conviver com ela como se fosse uma companhia. Um lembrete de que ainda estava vivo, mesmo que o mundo tentasse lhe apagar.
Enquanto observava os carros passarem, pensava em seu pai. O rosto de Arthur Castellani era uma imagem difusa em sua memória, como se tivesse sido arrancada à força. Mas havia lembranças que teimavam em resistir: a mão forte o conduzindo por corredores de vidro, o perfume caro impregnado no casaco, e aquela frase que ele repetia toda noite antes de dormir:
— Você é meu orgulho, Bruno. Nunca se esqueça disso.
Mas ele se esqueceu. O tempo, os castigos, os socos e silências, tudo ajudou a apagar.
Depois que Arthur morreu, Verônica o levou pessoalmente até o orfanato. Não houve despedida, nem explicação. Apenas uma mala pequena, um papel com o nome falso e a promessa de que seria temporário. Mas ninguém voltou. Nunca.
O orfanato era um casarão antigo em um bairro afastado, onde os adultos gritavam mais do que falavam e a comida tinha gosto de cimento. Bruno sofreu ali o tipo de dor que não deixa marca no corpo, mas dilacera por dentro: foi ignorado.
Ignorado nos aniversários, ignorado quando chorava, ignorado quando adoecia. O abandono é uma forma lenta de morrer em vida.
E depois vieram os outros horrores.
Uma das cuidadoras, uma mulher de olhos vazios e dentes amarelados, gostava de trancá-lo no porão por qualquer motivo. Escuridão total, o cheiro de mofo e o som dos ratos. Dias ali. Sozinho. E certa vez, um dos coordenadores, um homem de voz doce e intenções sujas, tentou algo mais. Bruno gritou. Lutou. Conseguiu escapar. Mas nunca contou. Porque sabia que ninguém se importaria.
Aos dezesseis, o instinto de sobrevivência falou mais alto. Fugiu pela janela, deixou para trás a cama gelada, o apelido "Ninguém" e uma história que ninguém queria ouvir.
A rua não ofereceu abrigo, mas também não fingia amor. Era honesta em sua crueldade. Após 4 anos morando nas ruas, aprendeu a roubar comida, a correr da polícia, a se esconder da chuva e dos olhos famintos que o viam como um corpo bonito e vulnerável.
Havia dias que não trocava uma palavra com ninguém. Sentia falta de ouvir a própria voz. Começou a falar consigo mesmo, baixinho, às vezes sussurrando contos inventados só para manter a sanidade. "Bruno, o guerreiro invisível", dizia. "Bruno, o filho do rei caído."
Mas a cada novo amanhecer, o mundo parecia zombar dele. O rosto nos jornais, os cartazes com o nome Castellani. Hugo sorrindo em entrevistas, Verônica organizando galas beneficentes. E ele ali, invisível, passando frio na porta de uma farmácia.
A raiva crescia como uma chama baixa e constante. Ele não queria apenas sobreviver. Queria que soubessem. Queria que cada um deles visse o que fizeram. Que sentissem o gosto da dor que ele engoliu todos aqueles anos.
Quando encontrou Lorena naquela noite de assalto, não esperava nada. Salvou-a por impulso. Talvez porque soubesse exatamente o que era estar à beira do desespero.
Mas pela primeira vez, alguém olhou para ele com olhos diferentes. Ela o ouviu. Não com pena, mas com admiração. E algo mais.
Lorena foi embora naquela noite prometendo voltar. E ele não acreditou. Porque promessas, para ele, eram mentiras com laço bonito.
Mas ao raiar do dia seguinte, ela estava lá. Com um saco de roupas limpas, um sanduíche quente e um sorriso que parecia quebrado como o dele. E naquele instante, Bruno soube: sua vida estava prestes a mudar.
Mas não seria fácil.
A vingança não pede pressa.
Pede memória. Fome. E sangue frio.
E Bruno tinha de sobra.
O dia parecia não querer amanhecer. As nuvens pesadas pairavam sobre a cidade, como se o céu soubesse da tempestade prestes a se formar. Bruno acordou, mas não se levantou imediatamente. Ficou ali, deitado no chão frio do pequeno abrigo improvisado, ouvindo os sons da rua lá fora. O som das buzinas, dos gritos distantes, dos carros passando rapidamente. Uma cidade viva que, em seus olhos, não parecia nem um pouco disposta a acolhê-lo.
Ele sentia o cheiro forte de suor e poeira na sua pele, a bagunça de sua vida exposta nas roupas sujas e desgastadas. Mas algo mudara na noite anterior. Algo ele sentiu quando salvou Lorena. O calor daquele pequeno gesto de humanidade parecia ter plantado uma semente no fundo de seu peito, algo que ele não sabia que ainda existia: esperança.
Mas esperança, como sabia, era uma coisa traiçoeira. Era uma promessa não cumprida, uma promessa que as pessoas como ele jamais deveriam fazer.
Quando Lorena apareceu novamente, sua presença pareceu um choque elétrico. Ela estava diferente, mais formal, mas também mais desconfortável. Talvez estivesse se esforçando para ser forte, mas havia algo em seus olhos que denunciava uma inquietação.
— Como você está? — perguntou ela, com uma leve hesitação na voz, entregando-lhe uma bolsa com roupas novas e um café quente. Ele pegou a bebida com as mãos tremendo, mais por falta de costume do que por necessidade.
Bruno deu um pequeno sorriso, mas não respondeu imediatamente. Ele sabia o que ela queria. Sabia o que ela esperava que ele dissesse. Mas ele não tinha palavras boas para ela. Ele nunca soubera como reagir a esse tipo de bondade repentina. O que ele sabia era que o ódio que carregava por dentro não seria facilmente apagado por um café quente e um par de calças novas.
— Estou vivo, isso é o suficiente — respondeu por fim, com um tom seco, olhando para a cidade lá fora, como se ela fosse a única coisa que realmente tivesse alguma importância.
Lorena não parecia ofendida. Ela o observava com uma mistura de curiosidade e preocupação. Seus olhos brilhavam de uma forma que, para Bruno, era quase irritante. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dele a atraía. Ela parecia ser a única pessoa que o via além da imagem de mendigo sujo que as pessoas estavam acostumadas a ignorar. Ele sabia que isso fazia dela uma ameaça, e a última coisa que ele precisava agora era de mais complicações.
Ela o observava em silêncio, até que finalmente tomou coragem para falar.
— Por que você não me contou sua história ontem? — ela perguntou, virando-se para ele com uma expressão delicada, mas direta. — O que aconteceu com você, Bruno? Por que está aqui, sem nada? Sem ninguém?
As palavras pareciam pesar no ar. Ele sentiu a raiva começar a subir, mas se forçou a manter a calma. Lorena queria saber demais. Mas ele não poderia contar tudo. Não agora.
Ele respirou fundo antes de responder.
— Eu não tenho mais nada... e ninguém — disse, as palavras saindo de sua boca como uma sentença. — Meu pai morreu, e a única coisa que ele me deixou foi o nome. E esse nome não vale nada. Eles me deixaram aqui, nas ruas, como se eu fosse um erro. E talvez eu seja.
Lorena o olhou atentamente, e ele sentiu algo em seus olhos. Uma tristeza que não estava ali para julgá-lo, mas para tentar entender. Algo dentro dele, no entanto, se fechou. Ele não podia mais confiar em ninguém. Não depois de tudo o que passara.
Mas Lorena não desistiu. Ela o forçou a continuar, e, aos poucos, ele começou a se abrir. Falou sobre o orfanato, sobre as marcas que o tempo e as pessoas tinham deixado nele. Sobre a dor de ser tratado como uma sombra. Sobre a luta constante para ser mais do que aquilo que a vida lhe deu.
À medida que ele falava, Lorena se aproximava mais, ouvindo-o com uma atenção que fazia seu coração bater mais rápido. Ele podia ver a confusão em seu rosto, mas também uma empatia genuína. Ela não sabia o que era a dor verdadeira, mas ela queria entender. E isso era mais do que ele poderia esperar.
— Isso não é justo, Bruno — disse ela, com a voz suave, mas firme. — Ninguém deveria passar por isso. Ninguém deveria ser tratado dessa forma. Eu não sei o que posso fazer para mudar a sua vida, mas eu... eu quero tentar. Quero te ajudar.
Ele a olhou, desconfiado. A ideia de ajuda parecia ridícula para ele. Ela era uma advogada. Ela tinha sua vida perfeita. E ele? Ele era apenas um homem quebrado, um pedaço de carne desprezível que andava pelas ruas sem rumo.
— Ajuda? — ele perguntou, o tom de voz carregado de amargura. — Você acha que pode me ajudar? O que você vai fazer, Lorena? Me dar mais uma sopa? Me colocar num lugar melhor para dormir? Isso não vai mudar nada. Nada vai mudar.
Ela hesitou, antes de se aproximar dele, colocando uma mão suave sobre o ombro dele. Algo em seu toque era estranho e reconfortante ao mesmo tempo, como se ela estivesse tentando atravessar as paredes que ele levantara ao redor de si.
— Não, Bruno. Não se trata disso. Eu quero te ajudar a mudar as coisas. Eu quero que você me ajude a fazer justiça. Justiça para você e para todos que sofreram o que você sofreu. Eu sei que você tem mais dentro de si do que está mostrando agora.
Ela o olhou com uma intensidade que ele não soubera como lidar. De repente, Bruno sentiu um turbilhão dentro de si. Algo que se misturava entre o desejo de confiar nela e o medo de se entregar novamente. Ele nunca mais queria ser ferido.
Mas algo dentro dele, uma chama que ele julgava ter se apagado, começou a se reacender. Ele sabia que aquela conversa não seria fácil, nem os dias que viriam. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu uma pequena pontada de esperança.
O olhar de Lorena estava cheio de promessas, mas ele sabia que o caminho à frente seria longo e tortuoso. Havia muito a fazer.
E ele teria que lidar com a verdade: a vingança que ele tanto desejava não seria simples. Ela estava entrelaçada com o que restava de sua humanidade. E isso o tornava vulnerável.
Porém, ele não podia se dar ao luxo de temer mais nada. O tempo de sofrer já havia passado.
Agora, ele estava pronto para lutar. E, por mais que isso o assustasse, ele sabia que não poderia voltar atrás. A vingança estava prestes a ser servida, e ninguém poderia detê-lo. Nem mesmo Lorena.
Mas ele a queria ao seu lado. Ela era a chave. Ela só não sabia disso ainda.
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