Folhas de Outono (BakuDeku)
Capítulo 1 – O Garoto Novo
As folhas douradas e alaranjadas dançavam com o vento suave daquela manhã de outono. A escola já estava cheia de vida quando Izuku Midoriya passou pelos portões, segurando a alça da mochila com força. Seus olhos verdes escuros observavam atentos o novo ambiente — era seu primeiro dia no Colégio Musutafu, e o frio na barriga não passava.
Izuku
— Vai dar tudo certo…
Murmurou para si mesmo, tentando ignorar o olhar curioso de alguns alunos que notavam o uniforme ligeiramente desalinhado e o jeito desajeitado com que ele andava.
Izuku tinha 15 anos, era um ano mais jovem que a maioria dos colegas de classe, mas por motivos pessoais — e por ser mais adiantado nos estudos —, acabara entrando no 1º ano do ensino médio naquele colégio.
Mal sabia ele que logo cruzaria com alguém que mudaria sua vida.
A primeira aula foi tranquila. O professor o apresentou rapidamente, e Izuku fez uma reverência tímida.
Professor
— Esse é o Izuku Midoriya . Vai estudar com vocês a partir de hoje. Tratem ele bem.
Alguns alunos sorriram de leve, outros apenas assentiram. Izuku sentou-se ao lado da janela, seu lugar preferido. Mas ao lado dele havia uma cadeira vazia. Por pouco tempo.
A porta da sala se abriu com força. Um garoto alto, de expressão entediada e cabelo espetado entrou sem pedir licença. Jogou a mochila no chão, caiu na cadeira ao lado de Izuku e nem olhou pra ele.
Professor
— Bakugou, chegou atrasado de novo. (resmungou)
Respondeu com desdém, os olhos vermelhos passando rapidamente pela sala antes de parar em Izuku.
Por um segundo, o mundo pareceu silenciar.
Izuku sentiu um arrepio. A intensidade daquele olhar era quase agressiva. Mas ele tentou sorrir.
Izuku
— Oi… Eu sou o Izuku. Izuku Midoriya.
Bakugou
— Ninguém perguntou
(respondeu seco, desviando o olhar.)
Izuku sentiu o coração afundar um pouco, mas não disse nada. Apenas mordeu o lábio e encarou a janela novamente.
Nos dias seguintes, a relação entre eles só piorava. Bakugou zombava de Izuku pelos cadernos cheios de anotações, pelo jeito educado, por ser "certinho demais". Chamava-o de “nerdzinho irritante”. Izuku tentava ignorar, mas em seu peito crescia uma mistura de raiva e... curiosidade.
Por que Bakugou agia daquela forma com ele? E por que sentia seu coração acelerar cada vez que trocavam olhares?
Até que, numa tarde fria, tudo mudou.
Izuku estava ajudando a recolher folhas no jardim da escola como punição por ter “respondido” um professor (na verdade, só tentou se defender de um mal-entendido). Bakugou apareceu do nada, encostado numa árvore, observando em silêncio.
Bakugou
— Se continuar assim, vai virar zelador da escola
(disse, com um meio sorriso sarcástico.)
Izuku o ignorou. Mas quando passou por ele com um saco cheio de folhas, Bakugou segurou seu pulso, sem força, mas com firmeza.
Bakugou
— Por que não revida?
Bakugou
— Eu. Você. Tudo isso. Por que não me enfrenta de verdade?
Izuku ficou em silêncio, encarando aqueles olhos vermelhos cheios de intensidade. Então respondeu:
Izuku
— Porque… eu não quero lutar com você. Eu só queria entender.
Bakugou
— Entender o quê?
(franziu a testa.)
Houve um momento de silêncio entre os dois. O vento soprou com mais força, jogando folhas ao redor deles. Bakugou olhou para o chão, depois de volta para Izuku. E pela primeira vez, sua voz saiu baixa.
Bakugou
— Você é irritante.
Izuku sentiu o coração bater mais rápido.
Talvez aquele outono trouxesse mais do que vento e folhas secas. Talvez ele fosse o começo de algo que nenhum dos dois imaginava.
E, mesmo que ainda fossem inimigos… algo dentro deles já começava a mudar.
Capítulo 2 – Folhas Novas, Laços Novos
O vento de outono soprava mais forte naquela manhã. As árvores da escola balançavam suavemente, cobrindo os corredores externos de folhas alaranjadas e vermelhas. Izuku caminhava com os ombros curvados, encolhido dentro do casaco surrado que sua mãe lhe dera. Ainda era novo ali, ainda sentia todos os olhares, ainda aguentava os comentários ácidos — especialmente de Bakugou.
Desde aquela tarde no jardim, eles não trocaram mais palavras.
Mas os olhares… esses sim, continuavam.
Bakugou o encarava com a mesma intensidade de sempre, como se o desafiasse a entender algo que ele mesmo não queria explicar. Izuku fingia não notar, mas era impossível ignorar. O problema é que quanto mais ele tentava manter distância, mais o coração insistia em se aproximar.
Uraraka
— Midoriya!
(uma voz doce o chamou.)
Izuku se virou e deu de cara com uma garota de cabelos castanho-claro presos num coque redondo e sorriso gentil. Ela se aproximou com um aceno animado.
Uraraka
— Oi! Eu sou a Ochako Uraraka. A gente tá na mesma turma, lembra?
(disse, com um sorriso caloroso.)
Izuku
— Ah, sim! Uraraka-san! Claro… prazer!
(respondeu, um pouco atrapalhado.)
Uraraka
— Vi você sentado sozinho no almoço ontem. Se quiser, pode comer com a gente hoje!
Uraraka
— Sim! Eu e o Todoroki. Quer dizer… o Shoto. Ele não fala muito, mas é gente boa.
Izuku sorriu, sentindo pela primeira vez em semanas um calor diferente no peito. Um tipo de aconchego. Talvez ele finalmente estivesse encontrando um lugar ali.
Na hora do almoço, Izuku se juntou a Uraraka em uma mesa mais afastada do refeitório. Logo, um garoto de cabelos metade vermelhos, metade brancos se sentou ao lado, sem dizer nada. Apenas deu um leve aceno de cabeça.
Uraraka
— Midoriya, esse é o Shoto. Shoto, esse é o Midoriya.
Izuku
— Prazer
(disse, meio nervoso.)
Shoto
— Hm.
(respondeu, sem tirar os olhos da marmita.)
Apesar do silêncio do novo colega, Izuku não se sentia desconfortável. Era como se aquela presença calma equilibrasse tudo ao redor.
Uraraka
— Vi que o Bakugou te perturba muito
(comentou de repente, mexendo no suco.)
Izuku
— E-Ele? Não é nada demais… só provocações bobas…
(engasgou com o arroz.)
Shoto
— Ele não provoca qualquer um
(disse, pela primeira vez olhando diretamente para Izuku.)
Shoto
— Bakugou só cutuca o que chama atenção dele.
Izuku ficou em silêncio. O coração deu uma batida estranha.
Shoto
— Você é diferente. Não baixa a cabeça. Isso irrita ele. Ou confunde ele (completou.)
Izuku corou, desviando os olhos.
Uraraka sorriu e colocou a mão no ombro dele.
Uraraka
— Enfim, agora você tem a gente. Se ele encher o saco de novo, me avisa, tá?
Izuku assentiu, sentindo um nó se desfazer dentro do peito. Pela primeira vez desde que chegara àquela escola, ele não se sentia completamente sozinho.
Na saída, Izuku guardava seus materiais quando sentiu alguém se aproximar. O cheiro familiar de fumaça e folhas queimadas invadiu seu espaço. Ele nem precisou olhar para saber quem era.
Bakugou
— Então agora você tem um clubinho?
(sua voz rouca ecoou atrás dele.)
Izuku
— E daí? (suspirou.)
Bakugou
— Nada. Só achei engraçado.
Izuku
— Engraçado mesmo é você estar sempre por perto, mesmo dizendo que me odeia
(rebateu, sem pensar.)
Bakugou
(ficou em silêncio por um momento.)
— Não se ache tanto, nerd.
Mas quando Izuku se virou, viu que ele já estava indo embora, as mãos nos bolsos e o cachecol vermelho esvoaçando com o vento.
Enquanto o céu se tingia de dourado e laranja, Izuku não sabia dizer se o frio que sentia vinha do vento... ou daquela presença que o confundia mais a cada dia.
Mas algo estava mudando. Ele podia sentir.
E mesmo que ainda fossem inimigos, agora Izuku não estava mais sozinho.
Capítulo 3 – Rachaduras no Silêncio
As manhãs se tornavam mais frias, o cheiro de folhas secas no ar mais forte, e o tempo parecia correr mais rápido. Desde que Izuku começara a andar com Uraraka e Shoto, os dias ficavam menos pesados. A rotina na escola deixava de ser apenas suportável — começava a ter momentos bons, quase acolhedores.
Eles estudavam juntos na biblioteca, trocavam mensagens até tarde e até criaram um apelido carinhoso para o trio: “os três da sala do fundo”.
A cada risada de Uraraka ao lado de Izuku, a cada comentário seco mas gentil de Shoto, Katsuki Bakugou parecia ferver um pouco mais. E mostrava isso. Da pior forma.
Bakugou
— Ei, esverdeado, tá competindo pra ver quem fica mais grudado nesses dois?
(disse, largando a mochila com força sobre a carteira de Izuku antes mesmo da aula começar.)
Izuku
— Não tô te dando atenção, Bakugou. (respirou fundo.)
Bakugou
— Isso é novidade. Sempre parece que tá implorando pra alguém olhar pra você.
Uraraka, que estava a poucos passos dali, parou ao ouvir isso. Shoto, sentado ao lado, ergueu os olhos, atento.
Izuku
— Você quer o quê, exatamente?
(virou o rosto, tentando controlar a irritação.)
Bakugou
— Nada. Só tô dizendo que seu novo clubinho de fracassados não vai te proteger pra sempre.
Izuku
— E você acha que eu preciso de proteção contra você?
(se levantou, o tom da voz começando a mudar.)
Bakugou
(sorriu com um canto da boca, como se estivesse esperando por isso.)
— Finalmente tirou a voz do bolso, nerd.
Izuku
— E você finalmente admitiu que me observa o tempo todo.
(rebateu, firme, o coração martelando no peito.)
Izuku
— Tá sempre me provocando, sempre por perto. Isso não é ódio, Bakugou. É obsessão.
Bakugou ficou sério. Por um segundo, seus olhos arderam com algo que Izuku não conseguiu decifrar — raiva, orgulho ferido… ou algo mais profundo.
Bakugou
— Você não sabe nada sobre mim
(disse ele, baixo, antes de sair da sala.)
Mais tarde, no jardim da escola, Izuku chutava pedras pelo caminho, tentando se acalmar. Uraraka e Shoto o seguiram, silenciosos.
Shoto
— Ele te provoca porque sente que tá perdendo o controle
(disse, depois de um tempo.)
Shoto
— Você era a sombra dele. Agora não é mais.
Uraraka
— E ele odeia isso
(completou, com um olhar preocupado.)
Izuku parou. O vento soprou forte, bagunçando seu cabelo. Por dentro, tudo parecia bagunçado também.
Izuku
— Eu tô cansado. De verdade. Eu não sou mais aquele garoto que engolia tudo calado. Se ele quiser guerra… vai ter.
Shoto
(assentiu, sério.)
— Só não se deixe perder no processo. Ele quer te tirar do eixo. Não dá esse gosto pra ele.
Izuku olhou pro céu nublado, sentindo as nuvens dentro de si também se formando.
Bakugou podia continuar provocando. Mas agora… ele não estava sozinho. E não ia mais abaixar a cabeça.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!