A DAMA DE VERMELHO
O início de tudo
Desde muito nova eu sei qual é o meu lugar. Igualmente as outras meninas, eu fui criada com todo amor e carinho por meus pais, que mesmo tendo de garantir um sucessor para a próxima geração, fizeram questão de dar a mim, e aos meus irmãos uma escolha... na verdade, eles garantiram isso! Porém, eu sempre reconheci a sucessão da máfia Corleone Cortez como meu legado, como se eu estivesse destinada a assumir o posto que hoje é meu. Estudei direito como uma tentativa de me encontrar. Confesso que quase segui a carreira, mas o sangue falou mais alto e não resisti... foi aí que a DAMA DE VERMELHO nasceu.
Quando assumi o meu posto, vim morar na casa da minha vó Maya, ela terminou meu treinamento e garantiu que eu fosse a melhor em tudo. Aprendi estratégia com a tia Isabela, a ser calculista e certeira com uma arma e nem preciso dizer que foi com a tia Ceci que aprendi (risos). Aprendi a arte de detectar uma mentira, por menor que ela seja... Como disse, minha vó se encarregou de que eu fosse a melhor.
Meu ponto forte é o foco e a determinação, algo que do ponto de vista correto deixa minha personalidade ainda mais imponente. Hoje sou a mulher a quem todos mais temem, a mulher que por onde passa deixa no ar um sentimento de medo. Eu até que gosto disso, porém as coisas nem sempre foram assim! Depois de tudo que aconteceu, eu me fechei completamente e isso fez as pessoas me temerem ainda mais. Hoje não existe espaço na minha vida para mais ninguém além da minha família e a Emily... uma amiga que tem o mesmo nome que minha mãe. Nos conhecemos no pior dia da minha vida e desde então, ela é minha única amiga e a única pessoa que me fez confiar depois do que aconteceu.
Tenho sob meu comando um exército de soldados com quase 100 mil homens e aprendi que a vida deles e de suas famílias são minha responsabilidade... sim, isso é coisa da minha mãe. Protegemos cada um deles e auxiliamos suas famílias, em troca cobramos apenas a lealdade que ainda assim esta escarça hoje em dia. Nossos soldados são altamente treinados e capacitados para resolverem qualquer problema e graças a isso, um deles me livrou de uma grande enrascada. Três anos atras eu me apaixonei por um homem incrível e sim, pesquisei toda sua vida desde quando ele foi gerado. Era alguém quem tinha uma índole irrepreensível, agente comunitário que dava a vida por um estranho. Antes de mergulhar de cabeça na relação, o apresentei para minha vó Maya, pois não estava confiando em meu julgamento, já que estava apaixonada. Como meu coração ansiava, ela gostou dele e disse que ele era sincero em suas palavras. Porém fui pega pela pior variação do ser humano! Podemos vasculhar a vida da pessoa por completo, mas não podemos prever o que o ser humano é capaz de se tornar depois de passar por uma grande perda ou algo traumático.
Lembrança:
Era um dia comum para a dama de vermelho. Levantei-me às cinco da manhã e estava me preparando para meu treino matinal quando recebi uma mensagem do Julius... meu noivo. Nesse dia tínhamos marcado de ir ver algumas coisas do casamento e na mensagem ele estava desmarcando sem dizer o motivo. Apenas respondi com um “ok” e voltei para minha rotina normalmente. Nunca fui o tipo de mulher romântica e pegajosa, demostrava meu amor do meu jeito, sem muito apego. E por isso não liguei, depois eu saberia o motivo. Já na academia recebi a ligação de um dos meus soldados mais leais...
Ligação on:
Bella – Sim!
Soldado – Senhorita, estou te mandando uma foto e preciso que me diga o que fazer.
Estranhei sua fala, pois eles não precisam da minha autorização para agir. Não digo nada e apenas afasto o telefone para ver a tal foto... confesso que meu coração gelou no momento e por um momento eu me permiti ser vulnerável, porém, logo me recompus e voltei com o celular para meu ouvido
Bella – Onde ele está?
Soldado – Agora está entrando no carro dos Basile.
Os Basile são um dos nossos maiores inimigo atualmente, mas isso é relativo, pois temos o comando de tudo por aqui e é por isso que eles não podem fazer o que querem.
Bella – Siga-os!
Soldado – OK!
Ligação off
Mas que merda o Julius pensa que está fazendo?
Inicío meu treino no saco e tento tirar toda a tensão que a foto me trouxe. Não consigo entender o porquê disso agora e eu espero que ele tenha uma boa explicação para me dar. Assim que terminei, bebo o restante da água que estava em minha garrafinha e olho para a porta, onde encontro os olhos dos meus pais e logo sei que lá vem bomba por aí.
Bella – O que aconteceu?
Emilly – Precisamos conversar!
Bella – Se for sobre o Julius, eu vou resolver.
Issac – E acha que dá para resolver?
Bella – Pai, é o Julius, tem que ter uma explicação.
Eles se entre olham confusos enquanto pego minhas coisas.
Emilly – Espera, do que você está falando, filha?
Percebo que eles não sabem do Julius com os Basile e isso me deixa intrigada quanto ao que eles se referem.
Bella – Estou falando sobre o fato de o Julius entrar no carro dos Basile hoje. Nós íamos nos encontrar e...
Issac – Espera, ele fez o que?
Bella – Achei que esse era o motivo da preocupação estampada no rosto de vocês.
Emilly – Não, não é isso. Mas agora...
Bella – Como assim? O que aconteceu para estarem tão cedo aqui e com essas caras?
Issac – Recebemos uma denúncia de alguns moradores de que mulheres estavam sendo mantidas em cárcere privado em um vilarejo não muito distante daqui.
Bella – E por que não me avisaram?
Emilly – Seu casamento está perto e pensamos em te deixar preparar tudo em paz.
Bella – Entendo, mas continua.
Issac – Fomos durante a madrugada, a casa era bem vigiada e dentre os homens que estavam lá, o Moreno também estava.
Bella – O Moreno, meu cunhado?
Issac – Sim, tentamos fazer ele se render, mas ele atirou contra nós... seu tio Armando não teve escolha.
Bella – Ele está morto?
Pergunto com meu coração batendo forte
Issac – Não tivemos escolha, filha.
Bella – Tenho certeza de que sim, porém era o Moreno, pai. O Julius vai surtar!
Emilly – Se estava com os Basile, acha que ele não sabe?
Issac – Descobrimos que a tal casa é dos Basile, os homens que estavam ali eram soldados deles.
Bella – Não, o Julius não me trairia assim!
Minha mente vira um turbilhão e só agora me dou conta do quanto ele foi seco na mensagem, diferente do de costume. Merda, o que Julius está fazendo?
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O passado que eu quero esquecer.
Bella
Naquele momento tudo ficou confuso, pois apesar da morte do irmão, não teria sentido ele estar com o filho mais velho dos Basile. Não existia a menor possibilidade de ele ter me enganado assim, além de enganar minha vó. Não, não mesmo! Nada disso faz sentido, talvez ele tenha sido ameaçado já que o Moreno estava envolvido... outra coisa que também não faz o menor sentido.
Respiro fundo tentando não ser levada pela emoção agora, não posso me dar ao luxo de perder o controle.
Bella – Preciso encontrar o Julius!
Emilly – Você não acabou de dizer que ele está com os Basile?
Bella – Eu tenho que entender o que está acontecendo, mãe.
Emilly – Te ensinamos bem o que fazer em situações como essa, filha.
Bella – E se ele estiver sendo mantido refém?
Pergunto não acreditando em minhas próprias palavras, pois a foto que recebi diz o contrário.
Issac – E acredita nisso?
Bella – Não!
Issac – Essa é a última chance que vai ter antes do casamento de descobrir quem seu noivo é de verdade.
Fecho os olhos tentando me controlar e reprimir toda essa raiva e confusão.
Bella – Preciso me trocar, vou resolver essa confusão.
Emilly – Quer nossa ajuda?
Bella – Preciso que descubram o que Moreno fazia naquela casa... não faz sentido, ele era um cara do bem e extremamente contra a violência.
Emilly – Isso está me cheirando armação dos Basile.
Isaac – Também estou achando.
Bella – Se for, Julius caiu direitinho e pensando pelo lado positivo, eles mostraram que realmente meu noivo é antes do casamento, caso contrário, eu seria conhecida como a mulher que matou seu marido!
Respiro fundo tentando abafar a raiva e ódio que tentavam me consumir, pois essa não é uma reação comum da Dama de Vermelho... eu não sou assim!
Emilly – Vamos te atualizando, tome cuidado!
Bella – Serei implacável e rápida, mãe, como sempre!
Isaac – Não precisa fazer isso, estamos aqui!
Bella – Não, se realmente ele me traiu... quem vai lhe matar sou eu!!
Saio dali indo em direção da casa e vou direto para meu quarto. Não vou me permitir chorar e nem ter pena do Julius se realmente ele tiver do lado dos Basile. Traição na máfia é punida com a morte e é isso que vai acontecer!
Entro de baixo do chuveiro ouvindo o som da risada dele, sua voz dizendo que me amava e seu olhar, que sempre me prendeu de um jeito completamente diferente. Se tudo isso for verdade, aqui morre uma parte de mim. Parte essa que vou deixar para trás definitivamente!
Depois de pronta, pego minhas coisas e desço indo em direção a minha garagem. Hoje moro sozinha na casa que meus pais me deram... ela é segura e fica próxima a casa deles e dos meus avós. Outra curiosidade sobre mim, sou apaixonada por motos. Tenho uma Kawasaki ninja H2R preta, a moto mais rápida do mundo. Comprei ela tem uns cinco anos e quase não a uso, só mesmo quando estou estressada e preciso de velocidade para limpar minha mente ou quando tiro uma folga, o que não acontece muito. Geralmente tenho muitos compromissos e não posso perder tempo me trocando, então eu vou de carro.
Soldado – Senhorita, pra onde vamos?
Bella – Só um momento!
Pego meu telefone e ligo para o Rafael, o soldado que está na cola do Julius.
Ligação on
Rafael – Sim!
Bella – Onde estão?
Rafael – Entraram na fazenda dos Basile, não deu pra acompanhar.
Bella – Ok, estou indo!
Rafael - OK!
Ligação off
Guardo meu celular e volto minha atenção para o outro soldado.
Bella – Vamos para a fazendo dos Basile.
Soldado – Qual é a ordem, senhorita?
Bella – Tirar o Julius de lá mesmo contra sua vontade... se ele resistir, vem direto para o quarto de tortura.
Soldados – E quanto aos Basile?
Bella – Eles não vão revidar, mas leve o maior número de soldado para lá imediatamente.
Soldado – Entendido!
Coloco meu capacete e subo na moto enquanto eles se apressam indo na direção do portão. Respiro fundo tentando me preparar para o que está por vir enquanto escuto a voz do Julius me pedindo em casamento... “A TI DEDICAREI TODOS OS MEUS DIAS E TODA MINHA ATENÇÃO. VOCÊ É O MOTIVO DO MEU SORRISO E DA MINHA ALEGRIA, DO MEU RESPIRAR E BEM ESTÁR. CASA COMIGO, MINHA PRINCESA!”
Balanço a cabeça jogando para longe essa lembrança, que agora corta meu coração e ligo a moto saindo rapidamente. Durante o caminho enquanto passo entre os carros em alta velocidade, tento não deixar as lágrimas caírem por ele, a quem entreguei meu coração, o mesmo homem que apunhalou-me pelas costas sem nem me dar a chance de esclarecer tudo. Se realmente Julius foi capaz disso, ele vai se arrepender amargamente!
Não demorou muito para estar de frente ao portão da fazenda dos Basile com meus soldados encarando o segurança deles, que estava tremendo de medo.
Segurança – Senhorita...
Bella – Abra o portão!
Sabendo o que ocorreria se negasse minha ordem, ele abre o portão de cabeça baixa.
Balla – Não precisa avisar seus chefes, sei o caminho!
Um dos meus soldados fica com ele para garantir que os Basile não saibam de minha chegada antes da hora... quando perceberem, já estarão cercados.
Bella – Se dividam e vejam de Julius está sendo mantido refém, quero ter certeza de sua traição antes de lhe condenar.
Eles concordam e se dividem enquanto caminho lentamente até a porta de entrada. A família Basile estava reunida em sua sala confortável... o patriarca da família com sua imponência tenta não se assustar com minha chegada e olha para o filho mais velho Eduardo, a quem rejeitei 4 vezes sua proposta de casamento.
Sra. Basile – Senhorita Bella, o que faz aqui?
Olho para o Eduardo enquanto ele parece bem nervoso
Bella – Vim buscar algo que me pertence!
Sr. Basile – Do que ela está falando, Eduardo?
Eduardo se mantem em silêncio parecendo estar pensando em uma saída.
Jenna – Bella, não tem nada seu aqui... saia da nossa casa!
Olho para a filha mais nova dos Basile e a vejo tremer. Ao olhar toda situação, vejo que nem todos fizeram parte desse esquema ridículo para me pegarem
Bella - Para garantir o sucesso de um plano, você não pode só contar com a sorte, pois existem as variáveis...
Meu telefone toca e vejo ser minha mãe.
Ligação on
Bella – Sim!
Atendo olhando para o Eduardo
Emilly – Moreno não fazia parte dessa podridão... foi tudo um esquema para trazer o Julius para o lado deles. Eduardo queria te atingir e usou o moreno para isso!
Desgraçado!
Emilly – Pelo visto, Julius caiu na armadilha.
Bella – É!
Emilly – Está na casa dos Basile?
Bella – Sim!
Emilly – Quer reforços?
Bella – Não, está tudo bem!
Emilly – Ok, me liga quando terminar!
Bella – Tá bom!
Ligação off
Desligo a ligação com ainda mais raiva sabendo que usaram Moreno para me atingir.
Sr. Basile – Senhorita Bella, pode me explicar o motivo de tudo isso?
Direciono meu olhar para ele
Bella – Vai me dizer que meu noivo não está aqui... vai me dizer que não sabia do plano do seu filho? Que não sabia da casa no vilarejo em que tinha mulheres sendo mantidas em cárcere privado? É sério?
Sra. Basile – Que casa, que mulheres?
Bella – Senhora Basile, seu filho e provavelmente seu marido mantinha uma casa no vilarejo com mulheres presas possivelmente para prostituição.
Só então eu percebi uma jovem no fundo da sala... seus olhos arregalados mostravam pavor e medo, ao mesmo tempo pediam socorro.
Sra. Basile – Isso não é possível!
Eduardo – Vai embora, Bella
Bella – Acha mesmo que vou sair daqui sem o Julius?
Julius – Eu não pensei que teria coragem de vir atrás de mim
Sua voz grossa surge no alto da escada enquanto faz meu coração bater forte...
Bella
Naquele momento, tudo em volta sumiu diante da constatação de que Julius tinha me traído. Seu olhar estava diferente, vazio e sem qualquer rastro do homem que eu conheço... como alguém pode mudar tanto do dia para noite?
Enquanto ele desce as escadas, não consigo parar de encará-lo... não consigo parar de vasculhar seus olhos tentando achar uma única chance de ser mentira, porém, tudo que vejo é ódio. Mesmo imersa completamente naquele momento, meus sentidos detectam os movimentos do Eduardo... o que me faz sacar a arma ainda olhando para o Julius e com muita precisão atirar bem no meio da testa do Eduardo, lhe fazendo cair no chão ao som dos gritos de sua mãe e irmã. A mulher no canto da sala, mesmo assustada parecia agradecer pelo ocorrido, o que me faz pensar que ela pode ser uma prisioneira dos Basile.
Julius – Olha a merda que você está fazendo, já não basta meu irmão?
Nesse momento, eu prefiro manter o silêncio por causa de sua traição... vou resolver com ele lá no meu quarto de tortura. Volto para meu estado Dama de vermelho e olho para o senhor Basile.
Bella – Sr. Basile, creio que saiba do porquê da morte de seu filho. Não é novidade para ninguém que os Corleone Cortez não admitem esse tipo de prática aqui. Se souber que o senhor tem parte nisso, eu vou voltar e te dar o mesmo fim que ele.
Jenna – Sua vadia!
Bella – Quer um tiro também?
Julius – Chega!
Ele grita em um tom de desespero e quando me dei conta do que estava acontecendo, vejo a mulher, que antes assustada e com medo, agora está segurando a arma que Julius estava tentando apontar para mim.
Julius – Solta, sua vadia!
Ele a empurra e aponta a arma para ela, mas antes que ele pudesse atirar, acerto sua perna e ele cai no chão antes dos meus soldados entrarem por todas as entradas da casa.
Bella – Levem o Julius daqui!
Soldado – Sim senhorita.
Julius – Me solta, eu não vou a lugar nenhum.
Bella – Você quis conhecer meu lado mafiosa não me dando a chance de esclarecer tudo antes de me trair. Eu amava o Moreno como um irmão e você se bandeou para o lado das pessoas que usaram ele para me atingir... levem ele!
Julius – Do que você está falando, Bella? Não, eu quero saber, me soltem!
Ele é levado para fora da casa e olho para a mulher que está caída do chão e parece estar machucada.
Bella – Você está bem?
Jovem – Sim, só meu pulso que está doendo.
Sr. Basile – Venha para cá, Emily!
Ela me olha com pavor pedindo socorro.
Bella – Seu nome é Emily?
Jovem – Sim!
Bella – É um nome muito bonito, minha mãe se chama Emily. Obrigado por salvar minha vida.
Emily – Não foi nada.
Bella – O que faz aqui?
Sr. Basile – Não é da sua conta... pode se retirar da minha casa!
Olho para ele depois volto minha atenção para a Emily
Emily – Me tira daqui, por favor. Eu faço o que você quiser... só me tira desse inferno!
Sr. Basile – Você não vai sair daqui sua vagabunda!
Bella – Você vem comigo!
Lhe estendo a mão e o senhor Basile avança, mas é contido por meus soldados.
Bella – Me aguarde, senhor Basile... acho que nem precisa saber que não deves sair da cidade, mesmo assim deixarei meus soldados lhe vigiando. Vamos Emily!
Ela segura minha mão ainda tremendo sem acreditar que realmente vai sair dessa casa. Não sei o que fizeram com ela, mas o que vejo em seu olhar é somente desespero. Do lado de fora da casa, ela de frente ao carro dos meus seguranças, apoia as duas mãos nos joelhos com os olhos fechados. O grito que vem em seguida cala qualquer um... um grito de dor e alívio ao mesmo tempo. Por longos minutos, deixei ela extravasar tudo que carregava em seu peito, mas eu sabia que não adiantaria.
Emily – Ahhhhhhhhhhhhh!
Soldado – Senhorita, precisamos ir!
Olho para ele com repreensão e pergunto se tem outro capacete no carro
Soldado – Sim!
Bella – Dê a ela.
Rafael – Tem certeza, senhorita Bella?
Bella – Sim.
Ele olha pro soldado confirmando e ele vai pegar o capacete
Bella – Emily, precisamos sair daqui... você vem comigo.
Ela se levanta fazendo sinal positivo com a cabeça e olha em meus olhos tentando buscar forças. Ali, eu tomei ciência de que Emily não seria só mais uma menina que eu salvei. O sentimento que ela passa em seu olhar é de alguém que recebeu o bem que doou... ela me salvou e eu a salvei.
Bella – Tem medo de andar de moto?
Ela franze a testa meio confusa e lhe dou um pequeno sorriso
Bella – Vem, monta aí!
Lhe entrego o capacete e subo na moto esperando-a colocar o capacete enquanto coloco o meu.
Emily – Você vai devagar, né?
Olha, pra alguém me fazer rir depois de tudo que acabou de acontecer, é porque essa pessoa é muito boa...
Bella – Sobe, vai!
Ela respira fundo e faz o que eu pedi. Não foi nada fácil pilotar com os gritos da Emily no meu ouvido (risos), mas valeu apena ver ela se livrar de toda aquela tensão.
Bella – Melhor?
Pergunto assim que estaciono em minha casa.
Emily – Muito, obrigada.
Descemos da moto e entregamos os capacetes para o soldado.
Bella – Sua família é daqui mesmo?
Emily – Sim, eles moram em um vilarejo aqui perto.
Bella – Posso perguntar o que fazia na casa dos Basile?
Emily – Faz dois anos que eles me levaram para lá... meus pais acham que estou na faculdade, que eles prometeram pagar.
Bella – Oi?
Emily – Estou a dois anos naquele inferno!
Bella – Vem, vamos entrar e você me conta essa história direito.
Ela concorda mesmo com um pouco de medo e respira fundo antes de me seguir.
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