**Nicolau Fagundes.**
Hoje é um dia maravilhoso, céu estrelado, aliança comprada e... Estou todo confiante para pedir a mão da minha linda loira, Manuela Brás, em casamento. Estamos namorando há cinco anos, e quero me casar com ela porque ela é perfeita para o Nicolau Fagundes—que sou eu, claro!
O restaurante, conhecido como "Vulgo", na Flórida, às 21:30. Estou de joelhos diante da mulher mais linda e incrível, e ela está emocionada, olhando para o diamante que estou mostrando a ela.
— Minha querida Manuela, você aceita se casar comigo? — pergunto enquanto as mãos dela se juntam ao rosto, incapazes de conter a emoção...
— Sim, SIM! — responde ela, e o restaurante inteiro nos aplaude. Coloco o anel em seu dedo e a beijo com toda a paixão.
Estava tudo perfeito, tudo incrível, até... Sempre tem que haver um "até"! Mas seguimos em frente... Pois, minha querida Manuela Brás, o amor da minha vida, partiu meu coração. Ao chegar no escritório do meu pai, encontro Manuela, a promotora de eventos da empresa, aos beijos com ele! É trágico, mas aconteceu de verdade! Que safado o meu pai, não é? Queria que isso fosse uma mentira, mas não! Acabei dando um pé na bunda da Manuela e cortei relações com meu querido papai, Robert Fagundes! Eu estava prestes a contar tudo à minha mãe, uma santa, mas o safado do meu pai tinha tanta sorte que, no dia em que eu ia revelar a traição dele, ela apareceu grávida... de trigêmeos! Resolvi então me mudar para Paris e estava vivendo feliz da vida lá: sem trabalhar, só gastando, bebendo e aproveitando. Até que recebi um telefonema do advogado da família informando que mamãe e papai morreram em um acidente. Pois é! O feliz Nicolau Fagundes, com 32 anos, teve que voltar para a Flórida porque os três pestinhas estavam órfãos, e eu sou a única coisa que eles têm na vida.
Sabe o que é bom nisso tudo? A fortuna que meu pai deixou só para mim. Eu já tinha uma vida boa, e agora então? A primeira coisa que fiz foi colocar Manuela para fora da empresa e ainda fiz ela implorar de joelhos pelo emprego de volta. Ela ficou de joelhos, mas eu neguei novamente e ainda fiz com que todos soubessem o que ela e meu pai fizeram na sala dele. Mamãe já estava morta, então não tinha nada a perder, e todas as gravações dos dois safados eu coloquei na mídia, assistindo tudo enquanto tomava meu valioso cafezinho.
Os cafés da Flórida não se comparam com os de Paris.
Hoje estou com 34 anos e meus irmãos têm 6, e a babá deles, Dona Leonor, morreu tadinha. Era velha, com 70 anos, e ainda cuidava das pestes—e quando digo pestes é porque são! Temos João, o vigário; tanto nome escolheram logo um de velho! E Katarina, a pior de todas! Ela é a mais chata! Faz tanto escândalo que parece que vai soltar as tripas, mas não vejo uma lágrima se quer!
Os três estão sem babá, e todas que arrumo eles expulsam rapidamente, e eu não sei o que fazer, sério mesmo, porque, olha para mim, eu não nasci para ser um bom homem. Tentei ser, mas fui traído pelo meu próprio pai, sinal de que mulheres só pensam em dinheiro. Eu sou lindo, charmoso, bom de cama, e a Manuela me traiu com o velho do meu pai. Depois, as mulheres culpam os homens sendo que elas que são as safadas! É por isso que meu negócio é "vup", uma transa e pronto! Nada de dois, três encontros; é só um, e se não quiser liberar por frescura, eu procuro outra. Passo por cima mesmo, porque essa história de amor não cola mais comigo.
É por isso que eu odeio casamentos, mas Romeu Andrade está se casando com Charlotte Miller, e ele é meu sócio, coisa que eu detesto. O homem parece um robô e Charlotte é uma docinho—não merece um fim trágico desses. Ouvir esse discurso na cerimônia me deu até ânsia de vômito, e tem alguns que até choram e dizem que o amor é lindo!
Sigo até o bar dessa linda festa de casamento, peço um uísque com gelo, até que uma maluca pega o meu copo e vira o conteúdo na minha frente.
— Essa bebida era minha, senhora! — digo, e ela me olha com a boca cheia e faz uma careta. Claro, virou o copo todo de uísque, chupa o gelo e cospe de volta no copo e me dá, que nojo!
— Foi mal, mas eu precisava mais do que você. — diz ela, começando a chorar escandalosamente, tocando meu ombro. Peço outra bebida enquanto ela ainda faz escândalo, e isso é exatamente como Katarina, minha irmãzinha.
— Por que o Romeu tinha que convidá-lo? — diz ela! E eu só quero me livrar dessa maluca. Dou passos devagar, e olha que ela vem atrás de mim, falando asneiras.
— Ele me deixou plantada no altar! Agora aparece casado com aquela loira falsa, POR QUÊ? — Ela me abraça, fungando o nariz no meu terno de valor, e eu olho em volta, vendo o povo nos encarando. Quem é essa maluca?
— Eu só queria estrangulá-lo, mas como faço isso? Se estou fugindo dele, Jesus, apaga a luz e me ajuda a fugir daqui! — diz ela de novo em berros, mas lágrima que é bom, não vejo nenhuma. Quer dizer, só baba no meu paletó!
— Clara, quanto tempo! — diz um cara bonitão com uma gata ao lado dele.
— Gustavo! — diz a escandalosa, me abraçando e alisando meu peito com a mão dentro do meu paletó. Que doideira é essa!
— Nossa, você mudou! — diz o cara, e a maluca está sorrindo agora, toda carinhosa comigo.
— E você casou? — pergunta ela ao cara, que beija a loira gostosa.
— Sim, e estamos grávidos também! — diz ele, alisando a barriga da loira. Ai droga! Digo em meus pensamentos, pois a maluca me aperta bem forte, e eu só quero me livrar dela, mas ela não me deixa sair.
— Nossa, parabéns! Eu e o meu noivo vamos nos casar em breve, não é amor? — pergunta ela com um sorriso sínico, e eu a encaro enquanto ela deita a cabeça em meu peito.
— Sim, estamos noivos e eu amo essa coisinha aqui! — mito,apertando a bochecha dela com força. Ela segura minha mão tentando tirá-la da cara dela, pois nem sei quem é essa maluca.
— Que bom! Felicidades ao casal! Vamos aproveitar o casamento. Vejo vocês depois, vocês formam um casal lindo. — fala o cara, saindo com a gata enquanto eu e a maluca nos despeço com um aceno.
— Que palhaçada é essa? Nem te conheço! — digo, empurrando a maluca para longe de mim.
— Esse cara ali me abandonou no altar! Eu só queria que ele soubesse que não sou uma sofredora que não superou o que aconteceu! — terminei meu uísque e ela ainda vem atrás de mim.
— Finge ser meu noivo, só até ele ir embora da festa! Diz que sim, vai! Eu prometo que farei o que você quiser depois, até beijo seus pés! — implora ela, piscando sem parar e juntando as mãos. É como se eu estivesse olhando para a peste da minha irmãzinha Katarina.
— Então diz que sim, vai! — respiro fundo para me acalmar.
— Ok! — digo e ela pula no meu colo como uma louca, e todos nos olham. Que vergonha!
— Prazer, eu sou Clara Garcia e você é quem? Sabe, agora somos noivos, tenho que saber seu nome.
— Sou Nicolau Fagundes! E depois que aquele cara for embora com a gata, você desaparece da minha frente. — ela beija os dedos.
— Prometo que desapareço rapidamente! Jesus, acende a luz, pois hoje eu mostro ao traste como dei a volta por cima! — ela passa o braço dela pelo meu e me puxa para a pista de dança. Que maluca, eu nem sei dançar!
Clara Garcia.
Anos atrás!
— Tia Clara, você é a noiva mais linda! — diz minha sobrinha Charlotte, e eu estou sorrindo como nunca. Claro, hoje é meu casamento dos sonhos!
Tudo começou quando, aos 14 anos, eu e minha mãe viemos morar na Flórida com minha irmã mais velha, Nina. Ela se casou com o CEO Eduardo Miller, um cara legal à beça! Sou colombiana e minha história de infância não é bonita. Aos dez anos, eu vi minha irmã sendo expulsa de casa pela nossa mãe. Eu presenciei a minha mãe ser espancada pelo homem que eu deveria chamar de pai, mas que, infelizmente, nunca exerceu esse papel. Depois da brutalidade de bandidos dentro da casa onde morávamos na Colômbia, vi meu pai sendo morto da pior forma na minha frente e na frente da minha mãe, que implorou pela nossa vida. Enfim, minha vida é cheia de traumas, passar por tudo isso e depois descobrir que sua mãe pode morrer com apenas 14 anos por conta de um câncer, e você se ver sozinha no mundo, eu pensava em tantas coisas que me fechei a ponto de não sorrir mais, até que, mexendo no celular, vi uma reportagem onde minha irmã estava sendo uma heroína. Eu fiz de tudo para encontrá-la, e minha mãe e eu pudemos estar novamente com minha irmã Nina, que deu uma nova vida para mim e minha mãe.
A mudança de vida me trouxe novos sorrisos, a nova escola me trouxe novos amigos e uma paixão de adolescência. Eu, inocente de tudo, com medo dos homens, me apaixonei pelo garoto mais lindo da classe, o Gustavo Novais; ele era encantador. Namoramos por três anos e, com 18 anos já formados, ele me pediu em casamento porque eu descobri uma gravidez. A Nina não queria me deixar casar, a mamãe havia acabado de descobrir outro câncer. E minha mente não estava muito boa, mas eu queria formar a minha própria família e amava o Gustavo de todo coração. Só tinha um porém: no dia do nosso noivado, eu passei mal e sangrei muito. Ao ser levada ao hospital, lá, passei por uma cirurgia onde perdi uma trompa; meu bebê estava sendo gerado na trompa esquerda. Sendo assim, eu perdi meu filho, mas quis prosseguir com o casamento, e preparei dia e noite tudo. Acho que eu só queria esquecer que havia perdido meu bebê.
Enfim, eu estava linda, vestida de noiva, só esperando para entrar na igreja com meu cunhado, mas o Gustavo não apareceu, e a Nina me disse isso. Eu só queria esquecer de tudo e fiz toda a família prometer que esse assunto seria apenas um pesadelo.
Continuei a minha vida da forma que eu gosto, estudando para ser a professora que sou hoje. Sou Clara Garcia, estou com 35 anos, estou solteira por escolha própria; sim, para que viver um romance sabendo que só existem homens idiotas? Eu tenho cada encontro que me faz bocejar, mas na verdade eu acho que sou eu quem vejo defeito em todos, porque é só olhar para eles que penso em matá-los por lembrar do que o Gustavo me fez! Sou professora na escola De La Vida há três anos, e meus alunos têm entre cinco a seis anos; essa é a melhor fase. Eu amo crianças e, quem sabe um dia, eu tenha as minhas próprias, por métodos não naturais. Toda minha família acha que eu sou uma pegadora de primeira, mas na verdade eu não transo desde que eu e o Gustavo terminamos; só dei minha "xoxota" a ele. Fico mentindo sobre quem eu sou de verdade, a minha família, e na verdade eu sou uma solteirona que vive em seu apartamento comendo sorvete e assistindo filme romântico lembrando do meu passado. Acho que nunca vou amar novamente,tenho que me conformar em ser só a titia maluca que fala asneiras demais!
Charlotte, minha sobrinha que tem sorte, arrumou um gatão para se casar. O homem é sádico e milionário, e ela está tendo um casamento dos sonhos. A briga pelo buquê é feia; Jesus, apaga a luz, ainda bem que nem me atrevi a pegar.
Esse casamento tem até uns gatinhos milionários; eu podia até dar em cima de um! Quem sabe ser corna e rica não é tão ruim assim! Mas quando penso em jogar meu charme em um cara com um terno que vale os olhos da cara, certamente esse é milionário, eu vejo o traste do meu ex, o Gustavo! Começo a me tremer, e ele não pode saber que eu sou uma fracassada e que não esqueci ele ainda. A raiva que me dá, indo em direção ao bar da festa do casamento da Charlotte, minha sobrinha, é imaginar que ela deixou o Romeu convidar o cretino! Jesus, apaga a luz e não deixa ele me ver.
Roubo a bebida do carinha milionário que eu estava louca para dar o creu nele e chupo até o gelo. O infeliz do Gustavo me vê e ainda esfrega a felicidade dele na minha cara! Ainda bem que convenci essa tal Nicolau Fagundes, que pisa mais no meu pé do que dança, e vai ele pensando que só eu que vou sair com os dedos doloridos.
— Ai, sua louca, meu dedinho! — fala ele, e eu vejo o traste dançando com a loira falsa dele, que puxo meu noivo de mentira para ficar coladinho a mim. Pelo menos ele é bonitão.
— Tô afim de ir embora; a viagem é longa, e esse negócio de fingir algo com uma desconhecida não tô afim. — fala ele, com seu rosto coladinho ao meu, pois quero parecer bem apaixonada.
— Você só vai sair daqui quando o traste for embora! — ordeno.
— Não pense que irei esquecer disso, pois eu sou ótimo em cobrar uma dívida! — fala ele. E nossa dança está perfeita, pois o traste não tira os olhos de nós dois, e eu aproveito e coloco minhas mãos em volta do pescoço do meu noivo falso e sorrio, fingindo ouvir um "eu te amo"! Dou um beijinho de esquimó nele, que resmunga.
— Se aproveitar da minha boca vai te custar mais caro! — fala ele, e quando vejo que o traste está chegando perto da gente, agarro o tal do Nicolau Fagundes, beijo ele mesmo de olho meio fechado, claro, pois quero ver a reação do traste. Mas eu não sei o que deu em mim, acho que fingir que eu era pecadora me causou danos, porque puxo meu noivo de mentira para o escurinho e estou aproveitando não só da boca, mas do corpo todo.
— Droga! Quer transar comigo debaixo de uma árvore? — pergunta ele, pois estou abrindo as calças dele.
— Estamos longe de todo mundo. Droga, cara, eu sou gostosa pra caramba e a última vez que transei eu tinha 19 anos; a minha "xoxota" está virgem novamente, aproveita.
— Sendo assim! — diz ele, me dando uma boa pegada, me colocando entre ele e a árvore, onde estou toda fogosa, pois como ele sabe chupar uma "xoxota" com gosto; ainda bem que a minha está bem lisinha! Jesus, acende tudo, que língua é essa!
Minha mão alisa os cabelos dele, que está explorando minha "xoxota" com sua língua, e quando ele levanta a mão para tampar minha boca, pois eu estou gemendo como uma louca! Eu me tremo tanto que um orgasmo como esse eu nunca senti, e é porque ele ainda nem entrou em mim!
— Eu sou o rei da chupada! — diz ele, limpando a boca dele.
— Isso eu tenho que concordar! — digo, louquinha para ele entrar logo em mim. Ele me beija e força minha cabeça para baixo.
— Agora é sua vez! — diz ele, com o pinto na minha cara.
— Na verdade, eu nunca fiz isso e não sei se é uma boa ideia; sabe, eu tenho nojo! — digo, pois quero ser sincera!
— Como é? Eu te chupo e você não vai me chupar! — fala ele, irritado.
— Já disse, eu tenho nojo, mas podemos continuar; minha "xoxota" está louca para você entrar nela! — digo, me esfregando nele, que me afasta e sobe as calças.
— O que foi? — pergunto.
— Estou fora de malucas até para uma rapidinha! E, se serve de consolo, sua "xoxota" tem um gosto bom, pelo menos! — ele diz isso e sai. Pode uma coisa dessas? E o que eu faço com o fogo todo que ele me deixou?
Nicolau.
Que maluca eu em! Eu chupo ela explorando a xoxota dela, como ela diz, e ela não quer nem chupar. Meu pintø, fala sério! E eu achando que pelo menos iria ter algo de bom nesse casamento, pois concordo com ela, realmente ela é gostosa e baixinha; amo as baixinhas... Mas eu volto para o casamento, porque ela me carregou para o escurinho entre as árvores, e eu nunca transei no meio das árvores. Estava até empolgado!
— Opa, desculpa, mas você é o noivo da Clara, certo? — Eu ainda tenho que ser um bom rapaz, pois eu podia me vingar da infeliz maluca, mas como eu sou bonzinho, não vou desmentir ela, e esse cara é muito folgado!
— Sim, por quê? — Ele me puxa para o canto.
— É porque eu e ela fomos noivos no passado e eu deixei ela plantada no altar. — Eu olho para trás e vejo ela vindo arrumando o vestido, indo direto para a festa onde os noivos estão!
— É, ela me disse que você foi um babaca idiota com ela e que você nem sabia foder ela direito, como eu a fiz agora há pouco gemer como louca no escurinho, porque você não pega a sua loira gostosa e some daqui! — O cara fica sem graça e abaixa a cabeça.
— Desculpa, eu nunca pude me desculpar, mas diz a ela que eu sinto muito! — Isso tudo me faz lembrar da Manuela. É diferente do meu caso? Sim, mas eu olho para a festa e vejo a maluca bebendo, virando um copo de bebida agora fazendo careta, e eu seguro no colarinho desse cara idiota e digo:
— Eu já disse para sumir daqui, traste, e ver se fica longe da minha garota, se não eu te pego. Eu conheço esse papinho de 'eu sinto muito'! Que matar a saudade aqui pra tu! — Solto ele, que fica até desequilibrado.
— Eu já estou indo, e novamente me desculpa! — Eu bato minhas mãos, arrumo meu terno, mas ao olhar para a maluca, vejo ela chupando o canudo da bebida, e...
— Ei, trate, espera um segundo, e me diz uma coisinha! — Puxo o trate pelo braço, pois...
— Claro, o que você quiser saber, eu sei o quanto eu errei com a Clara. — Nossa, até parece que me engana.
— Para de trelelê. Eu só quero saber se ela te chupou! — Ele faz uma cara de desentendido.
— Como?
— Para de ser idiota! Eu tô perguntando se a Clara já fez um "guloso" em você, chupou o teu pau, porra! — Aperto o ombro dele.
— Não, ela nunca fez isso, mas que importância tem isso? — Eu solto o ombro dele.
— Nada, pode ir agora.
E ele vai, e eu nem sei por que disso me interessou; é melhor eu ir para casa, pois ainda tem um longo caminho de barco. Apesar de tudo, essa ilha é belíssima, e Romeu Andrade está fazendo um belo trabalho na ilha, e minha empresa faz parte disso também, já que sou sócio dele.
Depois de uma longa viagem, eu chego em casa e vejo a babá amarrada na cadeira, dormindo toda torta. Tô dizendo que eu não tenho três irmãos, mas sim três petinhas...
— Moça, acorda! — Chamo por ela, que acorda desorientada gritando.
— me soltem, suas crianças mal-educadas!
— Ei, está tudo bem, as crianças nem estão mais aqui; eu te soltei! — Ela se levanta furiosa e pega a bolsa dela.
— Nunca mais eu piso aqui! E eu vou avaliar essas crianças como as piores, e o senhor nunca mais vai conseguir contratar babás! — Ela esbarra em mim, e eu até caio sentado no sofá.
Essa é a minha vida desde que a dona Leonor morreu, pois os pestinhas só se davam bem com ela, que cuidava deles desde bebês.
E ao subir as escadas, eu vou até o quarto deles, que são inseparáveis, e vejo os três dormindo como anjinhos!
Depois de dar um beijo nos três, apago as luzes e sigo para o meu quarto. E sempre antes de entrar nele, eu olho para o quarto dos meus pais e lembro quando minha mãe ficava vigiando, esperando eu chegar em casa; ela só dormia depois que eu chegava. Eu fui embora porque eu não conseguia olhar na cara dela, ver ela elogiar o meu pai, sabendo que ele era um traste que traía ela com a minha noiva. Então, eu preferi ir embora daqui, ficar longe. E agora, olhando essa foto que tem no meu quarto, minha e da minha mãe, eu sinto falta dela, e como eu sinto. E por mais que esses pestinhas sejam as crianças mais bagunceiras, eu devo cuidar delas, pois minha mãe dava o melhor dela a nós.
(...)
— Mas a culpa foi dela, Nic, porque aquela bruxa chamou a Katarina de baleia azul. — diz o João, pois estamos tomando café, e eu estou furioso com eles, pois onde já se viu pintar a cara da babá de tinta e pendurar ela na cadeira com fita!
— O João tem razão! Ela que começou! Pois eu não sou a baleia azul! — Fala a Katarina emburrada.
— Não vamos deixar ninguém humilhar nossa irmã! — Diz o vigário.
— Katarina, você não é uma baleia azul; ela te chamou assim de uma forma carinhosa por você ser gordinha. — Digo.
— Mamãe disse que ninguém podia fazer bullying comigo, Nic! E outra, não quero babá nenhuma, queremos a Leonor de volta! — Tô dizendo que Katarina é a mais escandalosa!
— E eu já disse que a Leonor morreu, ela foi pro Beleléu, então vocês três parem de aprontar e eu vou arrumar outra babá e ai de vocês três se expuserem ela. — Os três ficam emburrados e se levantam para pegar a merenda da escola, e quando eu pensei que teria sossego...
— Nic, você tem que ir à escola hoje. — Fala o vigário, que é o mais calmo dos três.
— Não tenho tempo! — Mexo no celular e vejo fotos do casamento do ano, claro, do Romeu Andrade. Isso pode ser interessante para a minha empresa, essa mídia toda circulando na RMax.
— Nic, mas você tem que ir. — Insiste o vigário, puxando meu paletó!
— Ok, porque eu tenho que ir! — Grito logo.
— Porque hoje é dia da apresentação do pai, e como a gente não tem pai, pensamos que você poderia ir. — Fico em silêncio.
— Esquece, vigário, o Nic nunca tem tempo para ir à escola, e agora ninguém vai, pois só a tia Leonor que ia e ela foi para o céu. Vem, vamos, já peguei seu lanche. — Diz a Katarina, e sabe de uma coisa? Meu pai podia ser o traíra , mas ele nunca deixou de ir à escola por minha causa.
— Quer saber? Eu vou levar vocês e vou dizer sobre minha profissão, porque vocês, seus pestinhas, são tudo o que eu tenho de bom e faço tudo por vocês. — Eles ficam numa alegria só, enquanto eu estou só estressado. Afinal, eu tinha toda razão em não aceitar a parceria com a Miller Design. A minha empresa faz um papel importante divulgando os aplicativos gerados pela RMax, mas Eduardo Miller negou a minha proposta que fiz a ele. E agora Romeu Andrade não é só o genro dele, como sócio. Não vou com a cara daquele cara chato e arrogante. Mas infelizmente minha opinião não conta na RMax.
Chego na escola com os meninos e pensa no trem bom para dor de cabeça! Pois o que é de pirralho, correndo e gritando, e pais como loucos correndo atrás. Ainda bem que os meus três pestinhas estão aqui andando ao meu lado, onde eles me guiam até a sala deles, pois eu nunca estive aqui nessa escola.
— Professora! — Grita a Katarina, correndo até... Calma aí, eu não posso estar alucinado; aquela é...
— Professora, olha só, meu irmão veio, ele veio! — Diz Katarina, e a professora me olha nos olhos. Melhor, estamos nos encarando até...
— Você! — Dizemos nós dois, pois essa é a maluca do casamento, aquela que não quis me chupar no escurinho, a noiva falsa.
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